Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

segunda-feira, 25 de junho de 2007

ISKCON e Varnasrama-Dharma: Uma Missão Incompleta


ISKCON e Varnasrama-Dharma: Uma Missão Incompleta
Artigo apresentado na “Conferência de 30 anos da ISKCON Alemanha”, em Köln, Alemanha, em 29 de janeiro 1999 por Ravindra Svarupa Dasa (ACBSP)
Impresso com a permissão do Jornal de Comunicação da ISKCON [disponível em http://www.mihet.org/node/4, tradução de Gitamrta Devi Dasi (HdG)


Ravindra Svarupa Dasa (Dr William H. Deadwyler, III), um dos primeiros discípulos de Srila Prabhupada, observa aqui uma das mais controversas instruções de Prabhupada; a necessidade de estabelecer varnasrama-dharma (a organização social de acordo com a qualidade e trabalho dos membros da sociedade). Ele observa a lógica interna do sistema varnasrama e, então, descreve algumas das compreensões desse sistema, as quais têm surgido na ISKCON. A questão de como estabelecer o varnasrama-dharma em um contexto moderno foi a fonte de um debate há muito tempo iniciado dentro da ISKCON, e este artigo de Ravindra Svarupa contribui com o debate por meio de sua análise da situação. Esta análise foca a necessidade de encorajar uma classe brahmínica (intelectual) dentro da sociedade – um cérebro para o corpo social.
No dia 11 de julho de 1966, em Nova York, Srila Prabhupada criou a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna. Naquele momento, Prabhupada já havia descoberto uma audiência para sua exposição do Srimad Bhagavatam, uma exposição que ele caracterizava como “uma apresentação cultural para a re-espiritualização de toda a sociedade humana (Bhag. Canto 1, Prefácio). Em um passo a diante em direção à cultura de “re-espiritualização”, ele estabeleceu a ISKCON. A ISKCON deveria ser uma sociedade exemplar, dentro da qual a cultura do Srimad Bhagavatam seria realizada e pela qual ela seria espalhada por todo o mundo.
Enquanto esse tanto sempre foi uma verdade concreta para os membros da ISKCON, é um fato que durante os trinta e três anos da ISKCON, suas idéias sobre o que a ISKCON deveria ser, em termos de articulação interna, e sobre como ela deveria se relacionar com a sociedade ao seu redor têm sido muito fluida. As idéias de seus membros sofreram mudanças. Parece que mesmo as idéias de Prabhupada mudaram. A razão deste estado não estabelecido tem a ver com as adequações que a teoria deve tornar realidade.
Isso é reconhecido na própria tradição de Prabhupada pela máxima de que mesmo a Verdade Absoluta deve ser afinada com as relatividades de desa-kala-patra - ‘os ambientes circunstanciais de tempo, local e objeto’ (Bhag.1.6.26-30, significado). A freqüente experiência duramente adquirida por fazê-lo é o que se chama de “sabedoria” (em sânscrito, vijñana). Na aplicação do princípio para a prática nós geralmente devemos ter o recurso do método de “tentativa e erro”. “Você aprende com a experiência”, Prabhupada é freqüentemente citado dizendo isso. “E experiência significa que você comete erros”.
Eu espero familiarizar o leitor com parte da história de nossa experiência, de nossos erros. Eu espero que você também encontre exibidos aqui começos de um pouco de sabedoria duramente adquirida. Eu também espero que você obtenha uma boa idéia de algumas dificuldades que estamos enfrentando.
Para compreender estes assuntos, precisa-se se tornar familiarizado com dois ideais, ou modelos, sociais contrastantes transmitidos para nós por Srila Prabhupada. O primeiro é aquele de uma sociedade de vaishnavas, de devotos transcendentais, liberados, que espontaneamente se conduzem de acordo com princípios chamados sanatana-dharma. O segundo é aquele de uma sociedade de seres humanos materialmente condicionados que estritamente se conduzem em obediência às injunções védicas sob o sistema chamado varnasrama-dharma.
Para entender ambos os sistemas, nós precisamos estar esclarecidos quanto ao que significa dizer que alguém é enredado ou condicionado, por um lado, e liberado ou transcendental, pelo outro. Isso é apresentado claramente na Bhagavad-gita (todo o décimo quarto capítulo é dedicado a esta exposição). Ser uma alma enredada ou condicionada quer dizer estar enredado ou condicionado pelos três gunas, ou “modos” da natureza material; eles são chamados de sattva-guna, o modo da bondade, ou da pureza, rajo-guna, o modo da paixão, e tamo-guna, o modo da ignorância, ou da escuridão. Os três modos são mais prontamente reconhecidos no ciclo tripartido da natureza: nós vemos que as coisas vêm a ser, duram por algum tempo e, então, sofrem a aniquilação. Assim, os produtos da aniquilação fornecem a matéria prima para a nova fase da criação conforme o ciclo se inicia novamente. Na compreensão védica, essas três fases exemplificam as categorias fundamentais para entender o mundo material. Quando as coisas são criadas, a natureza é vista como agindo no modo da paixão, rajo-guna. Quando as coisas estão sendo mantidas, a natureza está agindo no modo da bondade, sattva-guna. E quando as coisas estão sofrendo a destruição, a natureza está agindo no modo da ignorância, tamo-guna.
De acordo com a Bhagavad-gita, esses mesmos modos também operam para determinar, ou condicionar, a personalidade humana. Portanto, nós temos uma tipologia psicológica de três categorias. O modo da bondade manifesta uma atitude que é desapegada, sem paixão e interessada no conhecimento por si mesmo. O modo da paixão é evidente relacionada com a falta de ou o desejo por algo que impele esforços desgastantes para obter os objetos dos desejos. O modo da ignorância é manifesto na apatia, indiferença, obviedade e confusão. Quando, por exemplo, a consciência é condicionada em sattva-guna, ela permanecerá alerta e atenta (em relação à quase todo assunto apresentado) e, ao mesmo tempo, desapegada e desinteressada. A consciência condicionada em rajo-guna é excitada e um pouco confusa acerca do objeto de desejo. A consciência condicionada por tamo-guna é ignorante, desatenta, facilmente distraída e predisposta à má percepção crônica.
Eu suspeito que a maioria de nós pode reconhecer esses três estados psicológicos por meio de nossa experiência. Provavelmente já passamos algum tempo em cada um desses modos. Todos os três estão presentes em uma pessoa e entre eles há sempre “uma competição por supremacia”, conforme a Bhagavad-gita (14.10) diz. Entretanto, há uma tendência por um modo particular ou uma combinação dos modos predominar em um dado indivíduo, o conduzindo de acordo com sua própria maneira pragmática para seu fim característico. Por isso, a Bhagavad-gita diz que o modo da bondade condiciona uma pessoa para a felicidade ou satisfação e resulta em conhecimento. O modo da paixão condiciona uma pessoa para a atividade egoisticamente motivada e resulta em miséria (porque desejos apaixonados nunca param de se multiplicar e de nos forçar a agir, nunca resultando em satisfação). O modo da ignorância nos prende à desilusão e resulta em desilusão sistemática ou loucura. Prabhupada caracterizou os três “tipos puros” dos modos da seguinte forma: “Uma pessoa está feliz, outra está muito ativa e outra miserável” (BG. 14.6, significado).
Nós todos já encontramos várias estruturas de pensamento organizadas – seja cultural, filosófica, religiosa, científica ou ideológica – as quais apresentam sistemas de categorias abstratas por meio dos quais podemos apreender e compreender o mundo. Quando nos educamos em tal sistema – freqüentemente tentando entrar nele por meio do método de projeção simpática ou Hineinfühlung – nós às vezes descobrimos que o sistema ilumina ou torna legível certas áreas da experiência que nós não havíamos percebido particularmente anteriormente ou considerado relevante. Se nós, então, aplicarmos esse sistema a nossos empreendimentos práticos e nos descobrimos novamente aptos a lidar com o mundo de uma maneira que parece consistentemente eficaz e produtiva nós premiamos o sistema com a mais alta honra: nós o consideramos como a verdade.
Foi assim par mim – e para muitos devotos – com a Bhagavad-gita, como Prabhupada a apresentou. Eu olhei para aquela sociedade – e para mim – através das lentes da Bhagavad-gita e imediatamente os gunas se destacaram; eu podia vê-los claramente. Enquanto essas categorias podem não ser eficazes para os empreendimentos de um cientista atômico ou um agrônomo, digamos, elas de fato eram imprescindíveis para o propósito da maioria de nós que éramos atraídos à ISKCON: nós estávamos em busca de liberação, de transcendência. E transcendência significava, concretamente, transcender os modos da natureza material. Isso era possível, Prabhupada dizia, para todos: “... se uma pessoa quer, ela desenvolve, pela prática, o modo da bondade e, assim, derrota os modos da ignorância e da paixão... . Apesar de existir os três modos da natureza material, se alguém for determinado ele pode ser abençoado com o modo da bondade e, por transcender o modo da bondade, ele pode se situar em bondade pura, a qual é chamada estado de vasudeva, um estado no qual se pode compreender a ciência de Deus (BG. 14.10, significado).
O resultado inicial do cultivo apropriado da consciência de Krishna deveria ser o desaparecimento dos sintomas dos modos da paixão e da ignorância no praticante. Luxúria, ganância, ira e algo semelhante deveriam desaparecer do coração. Desta fora, uma pessoa se torna estabelecida no modo da bondade. O modo da bondade é uma condição existencial necessária para que poder compreender e experimentar a realidade espiritual. Assim, o modo da bondade é uma plataforma material, um piso de lançamento, como se fosse, a partir do qual se pode fazer a viagem final rumo à transcendência, onde não há nem criação, nem dissolução, mas existência eterna, ou, em outras palavras, sattva pura, imaculada. Desta forma, a teoria dos modos oferece aos devotos um guia de ruas do mundo material, com a saída claramente demarcada.
A teoria dos modos também fornece a base para outro conjunto de categorias: a das quatro varnas. Assim como o corpo humano é equipado pela natureza com cabeça, braços, estômago e pernas, o corpo social é constituído de quatro grupos ocupacionais: os brahmanas, que incluem os pensadores e os professores (a cabeça); os ksatriyas – os governantes e protetores (os braços); os vaisyas – os produtores e comerciantes (o estômago); e os sudras – os trabalhadores e os assistentes em geral (as pernas). Toda sociedade exige uma contribuição desses especialistas no pensar, governar, produzir e trabalhar. Krishna afirma na Bhagavad-Gita (4.13) que esta organização é gerada por Deus, de tal maneira que cada pessoa é naturalmente disposta em direção a uma categoria particular em virtude do guna (os modos da natureza controladores) e do karma (atividade especializada e meios de sobrevivência).
O sistema no qual o guna e o karma assim determinam o varna é chamado daiva-varnasrama-dharma, o sistema divinamente estabelecido. Prabhupada explicitamente contrasta esse sistema divino com o sistema de casta hindu padrão, no qual o nascimento é o único determinante da condição de membro; Prabhupada o chama de asura-varnasrama-dharma, ou o sistema irreligiosamente criado (ver, por exemplo, o significado para CC. Madhya 3.6). Prabhupada e seus mestres predecessores condenaram esse sistema hereditário como um sistema autenticamente corrompido, vendo-o como a maior fonte de injustiça social e caos na Índia. Em várias aulas, Prabhupada inclusive delineia a causa da partição nacional da Índia a partir as injustiças instauradas pelo princípio degradado do “brahmanismo hereditário” (ver, por exemplo, aula sobre Bhag. 1.2.2: Roma, 26 de maio de 1974).
Um brahmana deve de fato estar no modo da bondade, pois a varna é determinada pelo guna. Uma boa maneira para pensar sobre o sistema é imaginar os gunas distribuídos em um contínuo, com a bondade em um final, a ignorância no outro e a paixão ao meio. Em uma linha um tanto arbitrária quando a bondade se torna suficientemente misturada com a paixão a demarcação entre brahmana e ksatriya ocorre. De forma semelhante, quando a paixão se torna suficientemente misturada à ignorância, há a demarcação entre ksatriya e vaisya. Quando a ignorância suficientemente predomina sobre a paixão, há a divisão entre vaisya e sudra. Os indivíduos situados nas regiões de fronteira poderiam, a princípio, ser ocupados em um lado ou do outro, de acordo com variáveis como a educação, treinamento ou aptidão.
As categorias dos gunas e dos varnas são importantes para a compreensão do que Prabhupada concebia como a principal missão social da ISKCON. Uma vez, no início dos anos 70, eu estava presente enquanto a imprensa entrevistava Prabhupada depois de sua chegada a um aeroporto em Nova York. Um repórter lhe perguntou: “Por que o senhor veio ao Oeste”. “Eu vim”, Prabhupada respondeu, “para dar a vocês um cérebro. Uma sociedade”, ele continuou, “está sem cabeça”. Usando a analogia do corpo humano, ele explicou a articulação da sociedade humana dentro dos quatro varnas. Ele, então, declarou que a sociedade ocidental moderna estava com má formação. “Há alguns vaisyas e todo mundo mais é sudra”. Em outras palavras, aqueles agora envolvidos em pesquisa e educação, no governo e na defesa estão, consciente ou inconscientemente, a serviço de um grupo de vaisyas. (A percepção de Prabhupada é talvez apoiada pelo relatado de que na América cinco por cento das famílias agora controlam noventa por cento da riqueza.) Não há brahmanas ou ksatriyas apropriados.A intenção de Prabhupada era re-criar uma classe de brahmanas genuínos. Isso ajudaria retificar as deformidades da sociedade moderna e minimizar os problemas espirituais, psicológicos, sociais, políticos e ecológicos instaurados pelo desenvolvimento econômico hipertrofiado e outros crescimentos exagerados devido ao rajo-guna. Prabhupada observa, “A civilização moderna é considerada avançada de acordo com o padrão do modo da paixão. Anteriormente, a condição avançada era considerada por estar no modo da bondade” (BG. 14.7, significado). Brahmanas genuínos, ele esperava, ajudariam restabelecer as prioridades da civilização avançada.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Felicidade interminável: possível?


Felicidade interminável: possível?
Por Urmila Devi Dasi

Uma felicidade que seja interminável, sempre crescente, interessante e pura: Seria tal felicidade possível?
É possível encontrar felicidade neste mundo? Para muitos de nós, o que chamamos de “felicidade” é o alívio temporário de aflição, ou tristeza. Sem tristeza, não há, praticamente, significado para felicidade dentro de uma concepção material de vida.
Primeiramente, tudo aquilo que tratamos por “felicidade” depende, de certa forma, de algum sofrimento prévio. Nós desfrutamos ao comer porque sentimos a dor da fome; sem fome ou apetite, comer não nos daria nenhum prazer - não importa quão saborosa ou bem preparada seja a comida. Sentimos prazer em dormir, por encontrarmos alívio da fadiga; se se ordena a uma criança, que não está cansada, que “vá dormir”, isto é uma punição e não uma recompensa. Sexo é prazeroso devido à necessidade urgente de satisfazer nossa luxúria. Aqueles que desejam aumentar seu prazer sexual, necessariamente, desejam aumentar sua luxúria. Da mesma forma, na plataforma emocional, ter companhia passa a ser algo muito importante após termos experimentado o sentimento de solidão. Se examinarmos qualquer tipo de prazer material, constataremos que a experiência é prazerosa na mesma proporção em que trás alívio para algum sofrimento. O assim-chamado-prazer, não terá nenhum sentido se não houver sofrimento à priori, ou será, até mesmo, motivo para sofrimento. Para um estômago cheio, mais comida é motivo de aflição, da mesma forma que para uma pessoa descansada, ficar na cama é estressante. Portanto, “felicidade” pode ser definida como “a ausência ou alívio temporário de sofrimento”.
Nós precisamos sentir a falta do prazer para desfrutarmos dele – um complemento à definição. O prazer neste mundo diminui com a exposição ao objeto fonte-do-prazer. Se comermos nossa comida favorita – pizza, por exemplo – no café da manhã, no almoço e na janta, em poucos dias, ou em algumas semanas, não só deixaremos de obter prazer comendo pizza, mas iremos odiar pizza. Uma pessoa que esteja constantemente rodeada por outras pessoas, mesmo que sejam bons amigos, irá gradualmente deixar de sentir prazer em suas companhias e desejará um tempo sozinho. Todo prazer material, portanto, exige um “afastamento” para que se experimente sua ausência. Esse ciclo é designado em sânscrito como “bhoga-tyaga”: o desfrute e em seguida a abstinência de tal desfrute.
O ciclo de desfrute e abstinência do desfrute pode ser percebido em nosso revezamento entre trabalho e férias, comer e não comer, e assim por diante. Simplesmente não há nenhum tipo de atividade que vá dar prazer da mesma forma e intensidade continuamente – é preciso que aconteçam alguns momentos de abstinência para reavivar o apetite de antes, e mesmo assim, o prazer tende a diminuir.
Todavia, o tipo de felicidade descrita acima não é a única que existe. Evidencia disso é que nós, seres humanos, desejamos uma felicidade que não exija abstinência e que não coexista com sofrimento. Nós escrevemos, cantamos e sonhamos com uma felicidade que permaneça eternamente, que seja sempre intensa e crescente, e que não acompanhe nenhuma forma de sofrimento.
Nossas músicas românticas estão sempre prometendo a felicidade eterna, que cresce ao longo do tempo, e nós imaginamos que isso seja nosso progresso ao longo da vida: nos formar, constituir família, conseguir dinheiro e outros itens e realizações. Essas músicas fazem com nossa idéia equivocada de satisfação e felicidade cresça.
Por que desejamos uma felicidade interminável, sempre crescente e que não seja concomitante com nenhuma tristeza, em um mundo que não demonstra nenhuma posição favorável a satisfazer tal desejo? Em outras palavras, se tal felicidade não existe, por que alguém buscaria por ela?
A resposta é que não somos deste mundo, senão que somos seres espirituais eternos, excepcionalmente condicionados em um corpo material em um mundo material. Nós temos, gravadas em nossas lembranças, diversas trocas de amor que compartilhamos com Deus, trocas amorosas que são, de fato, sempre crescentes em êxtase, e que crescem eternamente sem uma gota sequer de sofrimento. Nós buscamos e glorificamos tal felicidade porque é natural para nós, embora não visível no momento. Um animal natural da floresta, temporariamente em um deserto, desejará sombra e água, enquanto que um animal do deserto pode viver sem isso (alguns animais adquirem das plantas que comem toda a água de que necessitam), analogamente, nós, seres espirituais, buscamos arduamente a felicidade, que nos é inerente, mesmo nesta terra que visivelmente não a dispõe.
Claro que, com nossa constatação de que a felicidade é transitória e interdependente de tristeza, alguns concluiriam que toda felicidade se torna enfadonha e enfraquecida caso não tenha períodos de ausência da mesma ou períodos de aflição. Para aqueles que chegaram a essa conclusão seria impossível imaginar, não importando quanto tentassem, que seja possível existir um mundo perpetuamente feliz e nunca desinteressável. Eles consideram o assunto da felicidade espiritual como um mito, ou afirmam que a felicidade constante se tornaria insípida.
Entretanto, há muitas pessoas santas que descrevem a felicidade espiritual como dinâmica e variada. Essa felicidade é baseada em uma relação individual de amor com um Senhor ilimitado, Sri Krsna, que reciproca o sentimento de seus devotos com inesgotáveis arranjos e variadas atividades transcendentais. De fato, há muitos tipos de felicidade espiritual. Algumas delas parecem, externamente, com o que consideraríamos sofrimento – medo, aflição, ansiedade, etc. Devido à similaridade superficial entre esses avançados sentimentos de êxtase e o sofrimento material, muitas das elevadas atividades do Senhor e de Seus devotos são mal compreendidas, devido à projeção de nossas experiências materiais.
Não experimentamos diferentes variedades do mesmo prazer material? Pode-se, por exemplo, comer vários sabores de sorvete. Sorvete de creme é um pouco diferente do de leite condensado, que é radicalmente diferente do de morango. E se forem combinados diferentes sabores com diferentes coberturas, tem-se várias maneiras de se saborear um sorvete. A variedade de prazer espiritual é algo como sabores de sorvete e coberturas.
Os tipos de prazer decorrentes do amor a Deus podem ser entendidos, de certa forma, se examinarmos como as pessoas tentam ser felizes dentro da vida material. Não é raro que as pessoas paguem por filmes e livros que elas sabem que as deixaram assustadas, ou até horrorizadas. De alguma forma, nestas emoções que associamos a falta de felicidade, essas pessoas encontram alguma variedade de prazer.
Na verdade, o prazer que sentem não está nas emoções “negativas” em si, mas, simplesmente, na chance de esquecer os problemas de sua própria vida, ou na necessidade de ter emoções intensas, não importando o tipo.
Ainda que, por mais deturpada e infeliz que seja a busca por felicidade, por exemplo, em um filme de terror do tipo “carnificina”, o ponto é que há muita variedade até mesmo na forma em que as pessoas materialistas buscam por prazer. Por que seria a felicidade espiritual destituída de tal variedade? De fato, por ser o mundo material um reflexo do espiritual, o mundo espiritual tem muito mais possíveis trocas e nuanças amorosas, que, dinamicamente, intensificam o encanto daqueles que amam o Senhor.
Não há dúvidas que amor por Krsna, mesmo neste mundo, pode nos dar uma vida que é fascinante e inovador a cada momento, e na qual não há nenhum espaço para tristeza.


Tradução por Bhagavan dasa (DvS), Revisão por Bhaktin Celeste (DvS).

terça-feira, 19 de junho de 2007

Como Encontrar Conhecimento Perfeito Em Um Mundo Imperfeito


Como Encontrar Conhecimento Perfeito Em Um Mundo Imperfeito a partir de:

Um diálogo com Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada – ComoEncontrar Conhecimento Perfeito Em Um Mundo Imperfeito, este diálogo entre SuaDivina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e o físico Gregory Benfordocorreu em outubro, 1973, no Centro Hare Krishna de Los Angeles. Fonte: RevistaBack to Godhead online (http://btg.krishna.com/main.php?id=607). Tradução deGitamrta Devi Dasi (HdG) Dr. Benford: O senhor está provavelmentefamiliarizado com o que a teologia ocidental chama de “o problema do mal”. Porque o mal existe? Srila Prabhupada: O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é aausência da luz solar. Se você se mantiver sempre na luz, onde fica a questãoda escuridão? Deus é todo-bondoso. Assim, se você se mantiver sempre emconsciência de Deus, então, não haverá o mal. Dr. Benford: Mas por que o mundo foi criado com homens maus? Srila Prabhupada: Por que o departamento de polícia foi criado? Porque há umanecessidade. Semelhantemente, algumas entidades vivas querem desfrutar destemundo material; portanto, Deus o criou. Ele é como um pai que dá um quartoseparado onde seus filhos travessos possam brincar. Se não, os meninosendiabrados sempre o perturbariam. Dr. Benford: Este mundo, então, é algo semelhante a uma prisão? Srila Prabhupada: Sim, é uma prisão. Desta forma, há sofrimento aqui. Em umapenitenciária você não pode esperar conforto, porque a não ser que hajasofrimento, não haverá nenhuma lição para os presos. Isso está declarado naBhagavad-Gita duhkhalayam ashashvatam: Duhkhalayam significa “o lugar para o sofrimento”. Eashashvatam quer dizer “temporário”. Você não pode achar um meio termo e dizer:“Tudo bem, estou sofrendo, mas eu não me importo com isso – eu permanecereiaqui”. Você não pode permanecer aqui; você será enxotado para fora. Agora vocêestá pensando que você é um americano, que é um grande cientista, que estáfeliz, que está recebendo um bom salário... Tudo bem, mas você não podepermanecer nesta posição. O dia virá em que você será retirado. E você não sabese você será um americano, um cientista, um gato, um cachorro ou um semi-deus.Você não sabe. Dr. Benford: Eu acho que provavelmente não serei nada. Srila Prabhupada: Não, este é outro tipo de ignorância. Krishna explica naBhagavad-gita [2.12], dehino ‘smin yatha dehe kaumaram yauvanam jara / tathadehantara-praptih: primeiro você está em um corpo de um menino, então no de umjovem e, no futuro, você estará no corpo de um idoso... Dr. Benford: Mas depois de ser um idoso eu possivelmente não serei nada. Srila Prabhupada: Não, não. Tatha dehantara-praptih: depois da morte vocêpassará para outro corpo. Então, você não pode dizer: “Eu não vou ser nada”.Claro que você pode dizer qualquer coisa, mas as leis são diferentes. Você podeconhecer a lei ou você pode não conhecer a lei. Não importa – a lei agirá. Porexemplo, se você pensar: “Eu tocarei o fogo – ele não me queimará”, esse não éum fato. Ele queimará sim. De forma semelhante, você pode pensar que não hánada após a morte, mas isso não é um fato. Dr. Benford: Por que uma pessoa como eu – alguém que está tentandocompreender o mundo racionalmente – parece não encontrar nenhuma maneira defazê-lo? Srila Prabhupada: Você está tentando conhecer as coisas racionalmente, masvocê não será o professor adequado. Dr. Benford: Mas eu acredito que por estudar o mundo eu possa adquirirconhecimento e há uma maneira de checar esse conhecimento. Você formulahipóteses, faz experimentos, verifica suas idéias e, então, você vê se podeusar essas idéias no mundo prático. Srila Prabhupada: Esse é mais um tipo de ignorância – porque você não sabeque você é imperfeito. Dr. Benford: Oh, eu sei que não sou perfeito. Srila Prabhupada: Então, de que adianta você tentar estudar o mundo esta oudaquela maneira? Você é imperfeito, o resultado será imperfeito. Dr. Benford: Isso é verdade. Srila Prabhupada: Então, por que perder tempo? Dr. Benford: Mas parece não haver nenhuma outra maneira para descobrir oconhecimento. Srila Prabhupada: Mesmo para o conhecimento material, você tem que ir a umauniversidade e consultar um professor. De forma semelhante, quando você queraprender conhecimento espiritual – conhecimento perfeito – você tem que seaproximar de um professor perfeito. Assim você conseguirá conhecimentoperfeito. Dr. Benford: Mas como se sabe quando o professor é perfeito? Srila Prabhupada: Isso não é difícil. Um professor perfeito é aquele queaprendeu de outro professor perfeito. Dr. Benford: Mas isso simplesmente retira o problema para o próximo nível. Srila Prabhupada: Não, porque há um professor perfeito – Krishna – que éaceito por todas as classes de professores. Na Índia, nós ainda encontramos acultura védica, a qual é ensinada por estudiosos védicos. E todos estesprofessores védicos aceitam Krishna como o professor supremo. Eles tomam liçõesde Krishna e as ensinam. Dr. Benford: Então, qualquer um que eu encontre e aceite Krishna como oprofessor perfeito – ele é um professor perfeito? Srila Prabhupada: Sim. Qualquer um que esteja ensinando os ensinamentos deKrishna, ele é a professor perfeito. Dr. Benford: Desta forma, todos os devotos aqui são professores perfeitos? Srila Prabhupada: Sim, porque estão ensinando apenas os ensinamentos deKrishna, e isso é tudo. Eles podem não ser perfeitos, mas o que quer que digamé perfeito porque é ensinado por Krishna. Dr. Benford: Então o senhor não é perfeito? Srila Prabhupada: Não, eu não sou perfeito. Nenhum de nós defende que sejamosperfeitos – nós temos muitos defeitos. Porém, porque não falamos nada além dosensinamentos de Krishna, nosso ensinamento é perfeito. Nós somos como umcarteiro que lhe traz uma remessa de dinheiro de mil dólares. Ele não é umhomem rico, mas se ele lhe entrega o envelope como ele é você será beneficiado.Ele não é um homem rico, mas seus atos perfeitos; seus atos honestos sãoperfeitos. Semelhantemente, nós não somos perfeitos; nós temos muitasimperfeições, mas se não formos além dos ensinamentos de Krishna – esse é onosso processo –, desta forma, nossos ensinamentos serão perfeitos.


How to Find Perfect Knowledge in an Imperfect World by A conversation withHis Divine Grace A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada How to Find Perfect Knowledge in an Imperfect World,, This conversationbetween His Divine Grace A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada and physicistGregory Benford took place in October, 1973, at the Los Angeles Krishna center. Dr. Benford: You are probably familiar with what Western theology calls “theproblem of evil”: Why does evil exist? Srila Prabhupada: Evil is the absence of good, just as darkness is theabsence of sunlight. If you keep yourself always in the light, where is thequestion of darkness? God is all-good. So if you keep yourself always in Godconsciousness, then there is no evil. Dr. Benford: But why was the world created with evil men? Srila Prabhupada: Why was the police department created? Because there is anecessity. Similarly, some living entities want to enjoy this material world;therefore God creates it. He is just like a father who gives a separate room tohis mischievous children to play in. Otherwise, the naughty boys would alwaysdisturb him. Dr. Benford: This world, then, is something like a prison? Srila Prabhupada: Yes, it is’ a prison. Therefore, there is suffering here.In the prison house you cannot expect comfort, because unless there issuffering, there is no lesson for the prisoners. That is stated in theBhagavad-gita duhkhalayam ashashvatam: Duhkhalayam means “the place forsuffering.” And ashashvatam means “temporary.” You cannot make a compromise andsay, “All right, I am suffering, but I don’t care about that—I shall remainhere.” You cannot remain here; you will be kicked out. Now you are thinkingthat you are an American, you are a great scientist, you are happy, you aregetting a good salary…. That’s all right, but you cannot stay in this post. Theday will come when you will be kicked out. And you do not know whether you aregoing to be an American or a scientist or a cat or dog or demigod. You do notknow. Dr. Benford: I think that I will probably be nothing. Srila Prabhupada: No, that is another kind of ignorance. Krishna explains inthe Bhagavad-gita [2.12], dehino ‘smin yatha dehe kaumaram yauvanam jara /tatha dehantara-praptih: first you are in the body of a boy, then a young man,and in the future you will be in the body of an old man— Dr. Benford: But after I’m an old man I might be nothing. Srila Prabhupada: No, no. Tatha dehantara-praptih: after death you will passinto another body. So. you cannot say, “I am going to be nothing.” Of course,you may say anything, , but the laws are different. You may know the law, oryou may not know the law.’ It doesn’t matter—the law will act. For example, ifyou think, “I will touch the fire—it will not burn me,” that is not a fact. Itwill burn. Similarly, you may think there is nothing after death, but it is nota fact. Dr. Benford: Why does a person like me—someone who’s trying to understand theworld rationally—seem to find no way in which to do it? Srila Prabhupada: You are trying to know things rationally, but you are notgoing to the proper teacher. Dr. Benford: But I feel that by studying the world I can acquire knowledge,and there is a way to check that knowledge. You formulate hypotheses, youperform experiments, you verify your ideas, and then you see if you can usethese ideas in the practical world. Srila Prabhupada: That is one more kind of ignorance—because you do not knowthat you are imperfect. Dr. Benford: Oh, I know that I’m not perfect. Srila Prabhupada: Then what is the use of your trying to study the world thisway and that way? If you are imperfect, the result will be imperfect. Dr. Benford: That’s true. Srila Prabhupada: So why waste your time? Dr. Benford: But there doesn’t seem to be any other way of finding knowledge. Srila Prabhupada: Even for material knowledge, you have to go to theuniversity and consult a professor. Similarly, when you want to learn spiritualknowledge—perfect knowledge—you have to approach a perfect teacher. Then youwill get perfect knowledge. Dr. Benford: But how does one know when the teacher is perfect? Srila Prabhupada: It is not difficult. A perfect teacher is one who haslearned from another perfect teacher. Dr. Benford: But that merely removes the problem a step. Srila Prabhupada: No, because there is one perfect teacher—Krishna—who isaccepted by all classes of teachers. In India we still find the Vedic culture,which is taught by Vedic scholars. And all these Vedic teachers accept Krishnaas the supreme teacher. They take lessons from Krishna and teach that. Dr. Benford: So anyone I meet who accepts Krishna as the perfect teacher—heis a perfect teacher? Srila Prabhupada: Yes. Anyone who is teaching the teachings, of Krishna—he isa perfect teacher. Dr. Benford: Then all the devotees here are perfect teachers? Srila Prabhupada: Yes, because they are teaching only Krishna’s teachings,that’s all. They may not be perfect. But whatever they are speaking is perfect,because it is taught by Krishna. Dr. Benford: Then you are not perfect? Srila Prabhupada: No, I am not perfect. None of us claim that we areperfect—we have so many defects. But because we don’t speak anything beyondKrishna’s teachings, our teaching is perfect. We are just like a postman whobrings you a money order for one thousand dollars. He is not a rich man, but ifhe delivers to you the envelope as it is, you are benefited. He is not a richman, but his perfect dealing—his honest dealing—is perfect. Similarly, we arenot perfect; we are full of imperfections. But we don’t go beyond the teachingsof Krishna—that is our process—and therefore our teachings are perfect.


Publicado por Gisele_Gitamrta(dd)HDG - Fonte: Brazilian Forum

Manter o Voto de Cantar 16 Voltas de Japa Sob Quaisquer Circunstância


Manter o Voto de Cantar 16 Voltas de Japa Sob Quaisquer Circunstância
Por Romapada Svami

Pergunta: Diz um devoto, depois de ser iniciado, ter sido incapaz de cantar suas 16 voltas de japa em um dia ou alguns dias, devido à doença ou alguma outra coisa desse tipo. Isso é quebra de voto, certo? Então, o que o devoto deve fazer em tal situação?
Ao fazer o solene voto ante o mestre espiritual, ante os Vaisnavas e as Deidades, nós recebemos também o poder, ou seja, somos empossados da capacidade de manter o voto sob toda e qualquer circunstância, exceto em muitas raras e excepcionais emergências. Um discípulo deve então estar determinado a manter seu voto a todo custo, com a convicção que a habilidade para cumpri-lo está latente dentro deste compromisso – nós simplesmente temos que estar desejosos de fazê-lo.
Isto significa fazer todos os necessários esforços para fazer isto acontecer – tais como dar ao canto a primeira prioridade do dia, dedicando um tempo específico nas primeiras horas da manhã para esta atividade que é a mais importante, antes que outros deveres demandem sua atenção, arranjando nossa vida de tal maneira que isso seja possível.
Isto também significa manter boa associação estudando as escrituras, dentre outras práticas, para assegurar-se que o fogo de nossa determinação pelo cantar bem se mantenha saudável e forte. Então, mesmo quando desafios surjam no nosso dia-a-dia, tais como doenças ou outras exigências, nós seremos capazes de agüentar pela virtude da força devocional. Em resumo, o compromisso de cantar 16 voltas envolve progressivos esforços e estarmos seguros de não criarmos circunstâncias para nós mesmo, em meio às quais não seremos capazes de cumprir nosso compromisso.
Se, depois de todos os sinceros esforços de nossa parte, devido a alguma inevitável situação de emergência, alguém seja incapaz de completar o cantar prescrito num dia ocasional, então esse alguém deve sentir-se genuinamente arrependido e esforçar-se por recuperar aquelas voltas no próximo dia ou na oportunidade mais próxima – esta foi a recomendação feita por Prabhupada.
A precaução, entretanto, é que isto não deve se tornar uma prática comum, uma fraqueza racionalmente introduzida dentro de nossa interna resolução de cumprir nossos votos. Há uma tendência comum nas almas condicionadas de relaxar quanto aos seus compromissos e encarar seus votos solenes de modo mais leve ou desleixado por um período de tempo; estes lapsos ocasionais são lamentáveis e, tomando voto de cantar mui seriamente, essa tendência pode ser refreada, e as ofensas por negligência podem ser evitadas.

Tradução por Bhaktin Celeste (DvS), Revisão por Bhagavan dasa (DvS).

terça-feira, 5 de junho de 2007

Vaticanistas vêem rigor e conservadorismo em texto papal




Por Valquíria ReyDe RomaExtraído do www.bbcbrasil.com


Vaticanistas italianos afirmam que o documento que rege a celebração de missas divulgado nesta terça-feira no Vaticano reforça a face conservadora e rígida do papa Bento 16.No documento, intitulado Sacramentum Caritatis, o papa reafirma a posição da Igreja sobre o celibato, o matrimônio entre homossexuais e a comunhão de divorciados, confirmando o conservadorismo do atual papado. Quando determina novidades, o papa nada mais faz do que voltar ao passado."É um documento muito conservador. O papa não utilizou as recomendações do Sínodo dos Bispos de maneira progressista", diz Bruno Bartoloni, vaticanista do jornal Corriere della Sera, à BBC Brasil. "Em vez disto, ele foi rigoroso".Entre as alterações, o papa propôs um maior uso do latim na igreja, tanto por parte dos padres como pelos fiéis, e dos cantos gregorianos, pedindo que não sejam utilizados gêneros musicais que desrespeitem o sentido da liturgia."É necessário que se valorize adequadamente o canto gregoriano como próprio da liturgia romana. É necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de gêneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia", diz o documento.CritériosCom relação à homilia, sermão feito pelo sacerdote no decorrer da missa após a leitura do Antigo e do Novo Testamento, Bento 16 pede que sejam evitados temas genéricos ou abstratos.O papa diz que é "oportuno oferecer, prudentemente, homilias temáticas aos fiéis que tratem, ao longo do ano litúrgico, dos grandes temas da fé cristã".No documento, de 140 páginas, consta um veto às penitências e absolvições em grupo e um pedido de moderação no momento da saudação da paz, quando os fiéis se cumprimetam antes de receber a comunhão, limitando o gesto apenas a quem está mais próximo."O papa apresenta critérios muito precisos de como quer a sua missa", diz o vaticanista Ignazio Ingrao. "Ele não rompe com os princípios do Concílio Vaticano 2º. O documento não representa um retorno total ao passado, mas apresenta uma reforma muito rígida."Bento 16 defendeu a realização de celebrações eucarísticas em pequenos grupos e a limitação de grandes concelebrações com numerosos padres, que só devem ser realizadas em situações extraordinárias.Na opinião de Ingrao, o papa não quis alterar a posição da Igreja com relação a temas polêmicos e mostrou claramente como é a missa dele, como quer que ela seja celebrada.Arquitetura sacraBento 16 não proibiu o acesso à comunhão aos políticos que se dizem católicos, mas votam em leis contra a moral da Igreja.Divorciados que se casaram pela segunda vez, no entanto, não podem comungar. O documento não diz que eles estão proibidos de estar nas missas, mas recomenda que os bispos estejam atentos e vigilantes.Aos muçulmanos polígamos que se tornam católicos, o papa recomenda que eles abandonem suas mulheres.Em sua exortação apostólica, ele fala sobre a arquitetura sacra, a posição do sacerdote com relação ao altar e o lugar adequado do sacrário (a caixa onde é guardada a eucaristia) após a celebracão, dentro das igrejas.Bento 16 também propõe mudanças na consagração na tradição italiana e diz como quer que seja feita a saudação de despedida no final da celebração eucarística.
Postado por Rasananda Dasa

Cantar japa


Cantar japa não significa realmente cantar, no sentido de melodias, etc., e sim apenas entoar, pronunciar o mantra. A palavra japa em si pode ser traduzida como murmurar.
Instruções sobre como cantar japa.1. Segure a japa (rosário com 108 contas) na mão direita. Se você não tiver acesso a uma japa-mala pode até mesmo utilizar um barbante com 108 nós.2. Mantenha a japa entre os dedos polegar e médio, na primeira conta depois da principal.3. Passe suavemente para a conta seguinte, à medida que entoe o maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Pode fazer bem baixinho, de forma que apenas você consiga ouvir, ou pode fazer mais alto, conforme preferir ou for conveniente.4. Passe para a conta seguinte e cante novamente o maha-mantra. Em seguida, passe para a próxima e repita o processo, assim por diante.5. Ao chegar à última conta antes da principal (que não é cantada), vire a japa e continue a cantar, começando com a conta na qual você terminou a volta (uma volta tem 108 contas).6. Cante uma ou mais voltas por dia, de acordo com suas possibilidades, mas tente nunca cantar menos do que o número que você determinou-se a cantar. Os devotos iniciados do movimento Hare Krishna cantam pelo menos 16 voltas por dia. O importante é manter um compromisso fixo e não falhar. Isso é o item mais importante de seu saddhana.Embora não existam regras fixas e inflexíveis para cantar os santos nomes de Deus, apresentamos adiante algumas dicas que podem ajudá-lo neste processo:a) Cante com sentimento, como se você fosse uma criança clamando pela presença da sua mãe.b) Cante com nitidez, ouvindo cada sílaba e fixando a mente no som do maha-mantra.c) Cante sem interrupções, como um rio fluindo para o oceano.d) Cantar bem cedo, antes mesmo do sol nascer, é recomendável. Sentirá como é mais fácil fixar sua mente nos santos nomes nesses horários. Também, por ser a prática mais importante do seu dia, é bom dar prioridade a isso, antes que as exigências do dia lhe roubem todo seu tempo.e) O objetivo é apenas ouvir seu cantar. Tente não pensar em mais nada, nem mesmo em assuntos de natureza transcendental. Cantar japa atentamente não é fácil, mas deve ser seu objetivo constante. Sempre que sua mente lhe arrastar para qualquer outro assunto enquanto canta japa (o que vai acontecer muito!), traga-a de volta aos santos nomes. Nunca desanime. Mesmo o cantar desatento é extremamente poderoso. Portanto, o segredo é continuar sempre cantando, fazendo seu melhor e dependendo da misericórdia de Krishna.Lembre-se também que sempre que estiver falando (ou mesmo escrevendo) sobre Deus, ou qualquer assunto diretamente ligado a Ele, está praticando o “cantar”, pois toda divulgação das glórias, nomes, atividades, devotos, livros, etc. de Deus é também pura bhakti-yoga.Na medida que avançar, assimilando bem os conhecimentos através da prática do item anterior (ouvir) e realizando-as através do cantar, poderá e deverá transmitir seu conhecimento transcendental, em especial divulgar o cantar dos santos nomes de Deus, como puder, dentro de suas possibilidades. Apenas não seja um farsante! Transmita apenas aquilo que compreendeu, sem modificar ou acrescentar nada. Mais fácil ainda, apenas divulgue seus bons resultados com as práticas de bhakti-yoga (e pode ter certeza que se praticar terá bons resultados!), recomendando que as pessoas sigam o mesmo caminho que está trilhando agora.


Manual de Bhakti-yoga
P/ Giridhari Das

Emergência Espiritual e a Crise Global




A ciência moderna dispõe de todo conhecimento necessário para eliminar a maioria das enfermidades, combater a pobreza e a inanição e gerar abundância de energia segura e renovável. Contamos com recursos e mão-de-obra suficientes para realizar os mais desvairados sonhos da humanidade.Contudo, mesmo com todo esse progresso, estamos cada vez mais longe de um futuro feliz, livre de sofrimentos. Os mais importantes triunfos tecnológicos- a energia atômica-, a cibernética, a química e a bacteriologia – voltaram-se para propósitos belicosos, criando um poder destrutivo inimaginável. Centenas de milhões de pessoas morrem de fome e de doenças, que poderiam ser remediadas pelos bilhões de dólares gastos anualmente na loucura da corrida armamentista. Além disso, vários cenários plausíveis de hecatombe global, da gradual destruição ambiental de vários tipos à devastação repentina e imediata pelo holocausto nuclear, deixa-nos com o dúbio privilégio de sermos a primeira espécie da história do planeta a desenvolver o potencial para cometer suicídio coletivo e, o que é pior, destruir com esse ato todas as outras formas de vida.Diante dessa perigosa situação, é vital identificarmos as raízes da crise global e desenvolvermos remédios eficazes para aliviá-la. A maioria das atuais abordagens dos governos e de outras instituições tem como foco medidas militares, políticas, administrativas, legais e econômicas que refletem as mesmas estratégias e atitudes que criaram a crise, atacando antes os sintomas do que as causas e, por essa razão, produzem, quando o conseguem, resultados limitados.Se temos os meios e o conhecimento tecnológico para alimentar a população do planeta, garantir a todos um padrão de vida razoável, combater a maioria das enfermidades, reorientar as indústrias para fontes de energia inesgotável e evitar a poluição, o que nos impede de dar esses passos positivos?A resposta está no fato de todas as situações difíceis acima mencionadas serem sintomas de uma única crise fundamental: os problemas que enfrentamos não são, em última análise, apenas econômicos, políticos e tecnológicos. Eles são reflexos do estado emocional, moral e espiritual da humanidade contemporânea. Dentre os aspectos mais destruidores da psique humana, estão a agressão mal-intencionada e o consumismo insaciável. Trata-se de forças responsáveis pelo desperdício inimaginável da beligerância moderna. Elas também impedem uma divisão mais adequada dos recursos entre pessoas, classes e nações, bem como a reorientação para prioridades ecológicas essenciais à continuidade da vida neste planeta. Esses elementos destruidores e autodestrutivos na atual condição humana são uma conseqüência direta da alienação da humanidade moderna tanto de si mesma como da vida e dos valores espirituais.Em vista desses fatos, um dos poucos movimentos encorajadores e auspiciosos do mundo de hoje é o renascimento do interesse pelas antigas tradições espirituais e pela busca mística. Pessoas que passaram por intensas experiências de transformação e conseguiram aplicá-las à sua vida cotidiana exibem mudanças muito nítidas em seus valores. Esse resultado encerra uma grande promessa para o futuro do mundo, uma vez que representa um movimento que se desvia das características destruidoras e autodestrutivas da personalidade, bem como o surgimento de características que promovem a sobrevivência individual e coletiva.As pessoas envolvidas nos processos de emergência espiritual tendem a desenvolver uma nova apreciação de todas as formas de vida, bem como reverência por elas, ao lado de uma nova compreensão da unidade de todas as coisas, o que costuma levar a intensas preocupações ecológicas e a uma maior tolerância diante dos outros seres humanos. A consideração por toda a humanidade, a compaixão por todos os elementos da vida e o pensamento em termos do planeta como um todo passam a ter prioridade diante dos interesses estreitos das pessoas, das famílias, dos partidos políticos, das classes, das nações, e dos credos. Aquilo que nos une mutuamente e aquilo que temos em comum se torna mais importante do que as nossas diferenças, vistas antes como fator de aperfeiçoamento do que como ameaças. Podemos ver, nas atitudes típicas da emergência espiritual, o contraponto da intolerância, da irreverência para com a vida e da falência moral – raízes da crise global. Dessa maneira é nossa esperança que o crescente interesse pela espiritualidade e a grande incidência de experiências místicas espontâneas sejam o arauto da mudança da consciência da humanidade numa direção que vai ajudar a reverter o nosso atual curso de autodestruição.Vimos que pessoas que passam por emergências espirituais obtêm enormes benefícios de abordagens que apóiam o potencial transformador desses estados. Essas novas estratégias também podem ter efeitos muito benéficos no ambiente humano imediato dessas pessoas – a família, os amigos, e os conhecidos. É estimulante considerar que essas atividade pode , além disso, ter relevância para a sociedade humana como um todo, ajudando a minorar a crise por que todos passam.


Stanislav Grof e Christina Grof