Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Visita a Um Sadhu


Visita a Um Sadhu


Passei dois excelentes dias na Chapada dos Guimarães com Rasananda Prabhu. Antes de mais nada, eu gostaria de lhes pedir que não interpretassem as palavras deste diário como um relatório formal da situação dele. Simplesmente, eu vim me associar com um irmão espiritual que vive suas transformações pessoais. Afinal, vinte anos de sannyasi não é uma brincadeira! “Será que posso ajudá-lo?” Antes dessa pergunta, faço outras para mim mesmo: “Será que ele precisa de ajuda?”, “Será que eu tenho capacidade de ajudá-lo?”...
Logo que nos encontramos no aeroporto, ele me perguntou sorrindo: “Veio me tirar de Maya?” Bom sinal, pensei eu. Quem está mesmo em Maya não quer se expor assim. Diante de sua pergunta, fiquei meio sem graça e minha resposta foi um sorriso amarelo. Passado bastante tempo, eu lhe disse; “Se eu percebo que você realmente está me Maya, eu vou tentar, sim, tirá-lo de Maya”, pois espero que alguém me tire de Maya sempre que eu precisar. Mas, quem não está em Maya? De um modo geral, quando um Vaishnava sannyasi “joga a toalha” temos a tendência de pensar: “Ele está em Maya!”, “Eu sabia, eu já havia percebido ‘isto’ ou ‘aquilo’ em seu comportamento”. Krishna nos deu algum poder de discriminação, mas temos que ser cuidadosos com a tendência de ver defeitos.
Numa de suas definições sobre “sadhu”. Srila Prabhupada diz no Terceiro Canto do Srimad-Bhagavatam, “Sadhu significa aquele que segue os princípios das escrituras e ao mesmo tempo é um devoto do Senhor”. Fico feliz em lhes dizer que esta visita a Rasananda foi, de fato, uma visita a um Sadhu. Também, numa de suas aulas da Bhagavad-gita (4.19.25) em Los Angeles (Janeiro 69,) Srila Prabhupada diz: “Sadhu significa quem está cultivando a consciência de Krishna com grande interesse espiritual”. Esta foi uma constatação bastante agradável: Rasananda está, acima de tudo, focando sua vida espiritual. Ele vive num lugar muito belo e mora num chalezinho de madeira muito legal. No seu altar, a deidade central é Srila Prabhupada e, mesmo sozinho, ele acorda as 4, depois do banho desperta sua murti de Srila Prabhupada e as 4 e meia canta o Gurvastaka. Canta japa até as 6 e meia e, depois disso, ouve diariamente uma aula de Srila Prabhupada. Seu quarto está cheio de caixas de livros de Srila Prabhupada e ele consegue sua manutenção através das vendas deste livro. Um exemplo. Sabemos que a visão “popular” de um sadhu de barba e com vestes açafroadas nada tem a ver com as escrituras. Muito menos com a visão de Srila Prabhupada. O que define um Sadhu é sua devoção a Krishna e sua ocupação constante em bhajana-kriya. De forma semelhante, a idéia de sannyasi é um devoto de danda, cabeça raspada e vestes específicas. Mas, a renúncia tem que estar dentro do coração. Rasananda tem estudado e cantado muito, e falou por diversas vezes que a situação em que ele se encontra é temporária e que ele vai sair para pregar nos Templos. Mas, não agora. Mas, ele continua pregando através da distribuição de livros.
Ele revelou sentir falta de mais amor e maior amizade entre os Vaishnavas do mesmo “calibre”. “Isto ajuda na compreensão das coisas”, disse ele. Mas, ele está tranqüilo e por diversas vezes disse, “Tudo o que Krishna faz é bom”. Ou seja, sua realização é que tudo está melhor assim.
Particularmente, eu acho que todos nós estamos tão absortos em nossos deveres que não dispomos de tempo para cultivar amizade verdadeira com aqueles que, comprovadamente, dedicaram tantos anos de serviço a ISKCON. Na realidade, todos nós precisamos de atenção. Quem não gosta disso? Temos que ser cuidadosos para não dedicarmos especial atenção somente àqueles que são recém-chegados ao Movimento. É claro isto é importante, mas nunca podemos deixar de lado devotos que têm anos de dedicação ao serviço de Srila Prabhupada. Inclusive, Rasananda lembrou que ele admira que Srila Acaryadeva dá mais atenção à seus irmãos espirituais do que aos discípulos.
Ele canta diariamente 24 voltas, ouve diariamente um ou duas aulas de Prabhupada.
Ele tem lido muito os livros de Prabhupada, pois, segundo ele, “Estou querendo me associar muito com Prabhupada”. Quanto à decisão dele deixar a ordem de sannyasi, ele diz sentir um alívio. “Neste momento da minha vida, a idéia de ser um sannyasi cheio de holofote em cima de mim não me atrai. Quero ter tempo para pensar em mim, sem a pressão de ser como as pessoas da Instituição querem ou esperam que eu seja”. “Estou fazendo a minha própria curva, a curva do renascimento. Quero perder os meus conceitos errados. Estou analisando e re-analisando a vida toda. Arrumando a gaveta, “isto serve e isto não serve”, sem compromisso institucional.
Para mim, ele continua com a sinceridade de sempre, a devoção de sempre e completa fidelidade a Srila Prabhupada, como nós sempre constatamos na sua pessoa. É lógico que conversamos sobre diferentes assuntos. Que Srila Prabhupada nos abençoe e nos proteja sempre, em todas as situações.


Escrito por Chandramukha Swami às 13h26[] [envie esta mensagem]