Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

quinta-feira, 10 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Oito De Março
2011, Século XXI, Terceiro Milênio da Era Cristã.
Por Dhanvantari Swami

O Brasil ferve hoje o caldo de seu último dia de Carnaval. Festas, alegria, cores, descontração, desfiles, samba, axé, maracatu, culto a celebridades, vaidade, muito suor, cerveja e dinheiro derramados, é o que se vê pelas avenidas...

Para a sorte de alguns há, por aí, redutos de sobriedade que reúnem refugiados da ilusão. Entre esses redutos o Movimento oferece Nova Gokula, Vraja Bhumi, Goura Vrindávana, Vraja Dhama, Paraíso dos Pandavas, Campina Grande... Mas, paralelo a tudo isso, há uma comemoração hoje que é digna de nossa reflexão. Trata-se do DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Por que apontar um dia específico para as mulheres? A história diz que em 8 de março de 1910, cento e cinqüenta mulheres foram mortas depois de se rebelarem contra uma abusiva carga horária de trabalho na Europa em desenvolvimento tecnológico e industrial. Pode ser que no século XXII esta comemoração já não seja necessária, mas, por enquanto, é preciso apontar esta extravagância da história da civilização humana reservando um dia dedicado à reflexão sobre a mulher...

O tempo está passando. Cem anos depois da chacina das 150 operárias o panorama é muito diferente e nos revela igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres. Porém, a despeito dos avanços, algo assustador ainda permanece. Na intimidade da vida a dois (ou mais), onde as paixões evoluem e se transformam em ira, onde a cama e a mesa são o enredo do samba do lar, a mulher permaneceu como o sexo fraco e alvo da violência machista.

Alguns dizem que são elas que dão o primeiro passo na dança da violência. Já ouvi contar que elas arremessam contra seus maridos tudo que encontram pela frente. Algumas jogam ventiladores; outras, pratos vazios (?) e outras, a própria japa mala com saquinho e tudo. Sim, claro que estou falando dos devotos! Claro que minha reflexão é sobre a problemática da violência no lar dos devotos, no ashrama de grhastha.

Neste ponto preciso pedir desculpas aos devotos antigos, pioneiros do Movimento, que sempre se remetem ao passado como um tempo absolutamente glorioso, onde a presença de Prabhupada automaticamente fazia de nós, seres humanos melhores. Peço desculpas para discordar. E discordo com o testemunho de um “dinossauro” que sou. Mesmo no tempo de Prabhupada as mulheres em nosso Movimento eram definitivamente desprivilegiadas e muitas vezes, alvo da violência dos Prabhus.

Reconhecer isso aí não é vergonhoso nem sacrilégio. Vergonhoso é não reconhecer, é não parar pra pensar, é não refletir nas conseqüências de nossas ações, sejam como membros comuns, sejam como líderes da Instituição...

Quantas mulheres inteligentes, educadas e nascidas em “berço de ouro” tiveram que se afastar de nosso Movimento por sentirem-se desprotegidas e sem oportunidades? Dificilmente faremos uma pesquisa retrospectiva para responder a este questionamento. Mas, muitos de nós lembramos de várias delas...

Há detalhes das relações homem/mulher em nosso Movimento que são realmente enigmáticos. Por exemplo, no começo pregava-se para que todos os brahmacaris permanecessem em seu ashrama ou se esforçassem para aceitar a ordem renunciada de vida, sannyasa. Mas, ao mesmo tempo, pregava-se que toda devota devia se casar bem jovem e ter filhos... Com quem elas deveriam se casar??? Não foi a toa que pelo menos três delas se casaram com motoristas de ônibus. Dos mesmos ônibus onde elas distribuíam os livros de Prabhupada...

Bom, vamos voltar para a violência do lar. Não, não é essa minha proposta. “Para trás, nem pra tomar impulso”. Vamos voltar a refletir sobre o tema da violência no lar.

Antigamente agíamos como se pensássemos que tomar providências contra a violência no lar fosse atribuição da liderança da ISKCON, e que a elevada consciência de Krishna, fosse o único nível de aprimoramento que precisávamos adotar.

Hoje em dia, a liderança do Movimento ficou esperta. Passamos a olhar o mundo com a visão de quem quer interagir e não se isolar; Passamos a olhar com a maturidade filosófica de que tudo pertence a Krishna, mesmo aqueles recursos que não tenham Sua divina “assinatura”... Contamos, portanto, com a Delegacia da Mulher, a lei Maria da Penha e a consciência de cidadania para resolvermos eventuais atitudes de violência contra a mulher devota.

Claro que nossa reflexão como espiritualistas que somos, bem que pode ir mais adiante do simples recurso da cidadania. Podemos aprofundar nosso conhecimento das escrituras melhorando assim nossa capacidade de visão crítica à Instituição que fazemos parte e à qual foi fundada pelo acarya e devoto puro de Krishna, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Podemos aplicar nossa coragem para aprimorar-nos na condição temporária de seres humanos, melhorando assim as condições espirituais para nossos filhos, netos, e devotos e devotas que ainda vão ler os livros de Prabhupada por aí... Podemos identificar os modos da natureza material que atuam em nós, e evitar a paixão que se transforma em ira e segue sua metamorfose levando-nos de volta à ignorância e à sarjeta da ilusão. Podemos cultivar o modo da bondade e, principalmente, a devoção à Radha e Krishna, que nos remete a Seus associados particulares e nos faz enxergar os devotos e devotas como servos dos servos dos servos do casal transcendental...

Prabhupada nos deu tudo, seu exemplo, suas instruções, sua devoção... ao refletirmos devemos ter Prabhupada como referencial. Lembro de um episódio sobre violência contra a mulher descrito por Satsvarupa Maharaj, no livro “Néctar de Prabhupada” da BBT.

Foi um caso de violência dentro de casa. Um marido bateu em sua esposa. Ao tomar conhecimento Prabhupada comentou que na Índia se diz que pode-se bater em três situações: na Mrdanga, no iogurte (pra fazer manteiga) e na mulher... E completou dizendo que nossas devotas não são mulheres, elas são devotas de Krishna, que pertencem a Krishna e que não devem ser tratadas como mulheres comuns.

Este episódio traz muitas lições, uma delas é óbvia e serve para orientar Prabhus e Prabhvis, ou Matajis, de que todos são servos de Krishna e o nível de inter-relacionamento deve comprovar essa verdade. Outra é para alertar-nos sobre as características da cultura meramente indiana. Aqueles que são fãs da Índia como ela é, precisam compreender profundamente o que Prabhupada pensava sobre isso. Mas, isso é assunto para outras conversas... não, para hoje.
Hoje é o dia internacional das Mulheres e devemos reconhecer que ao compartilharmos as oportunidades de servir a Krishna e pregar a consciência de Krishna com elas, podemos mais rapidamente realizar os sete propósitos da ISKCON, enunciados por Prabhupada.

Reverências a todas as devotas da ISKCON.

Civilização e Amor a Deus


Bhaktivedanta Archieves

Civilização e Amor a Deus


O que segue é uma palestra de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o acharya-fundador da ISKCON e da BBT, proferida na cidade de Nova Iorque, no dia 26 de novembro do ano de 1966.

* * *

veda-sastra-kahe—‘sambandha’, ‘abhidheya’, ‘prayojana’
‘krsna’—prapya sambandha, ‘bhakti’—praptyera sadhana

abhidheya-nama ‘bhakti’, ‘prema’——prayojana
purusartha-siromani prema maha-dhana

“A literatura védica fornece informação sobre o relacionamento eterno da entidade viva com Krsna, que se chama sambandha. O entendimento da entidade viva desse relacionamento e sua conduta condizente se chama abhidheya. Retornar ao lar, voltar ao Supremo, é a meta última da vida e se chama prayojana. O serviço devocional, ou a atividade sensorial para a satisfação do Senhor, chama-se abhidheya porque pode desenvolver o amor original do indivíduo por Deus, que é a meta da vida. Essa meta é o principal interesse da entidade viva e seu maior tesouro. Deste modo alcança-se a plataforma do transcendental serviço amoroso ao Senhor”. – Caitanya-caritamrta, Madhya-lila 20.124-125

Agora, os Vedas ou as escrituras, por que são criados? Não são criados na prática, mas estão descendo pelo processo tradicional, pela audição. Assim como aceitamos o nosso pai pela audição. A criança nasce, e, quando a criança vê com seus olhos irmãos e irmãs chamando um cavalheiro de “pai”, ela também começa a falar: “Pai”. Não há questão de estudo. Por ouvir. Como a criança aprende a chamar o pai de pai? Porque ela ouve. Outros estão chamando “pai”, então ela também chama: “Pai”. Não há evidência. Não há estudo. De modo semelhante, o conhecimento védico estava vindo pela audição. Não havia necessidade de livro. Mas, quando esta era, Kali-yuga, começou, cinco mil anos trás, eles foram registrados. Os Vedas, primeiro havia apenas um Veda, o Atharva Veda. Então, Vyasadeva, apenas para deixar claro, dividiu em quatro e encarregou seus vários discípulos de se responsabilizarem de uma escola do Veda. Ele, em seguida, fez o Mahabharata, os Puranas, simplesmente para tornar o conhecimento védico compreensível para o homem comum de diferentes maneiras. Mas o princípio é o mesmo.
Assim, o Senhor Caitanya diz que o propósito do Veda é... Veda-sastra kahe—‘sambandha’. Sambandha. Qual é a nossa relação? A nossa relação é, como o Vedanta-sutra diz, janmady asya yatah [SB 1.1.1]. Deste modo, a relação com Deus é que estamos... Tudo nasce a partir da energia de Deus. Então, também nascemos. Portando, chamamos Deus de “pai”. Isso é aceito em toda religião. Não há discussão. Agora, qual é a relação entre o pai e o filho? A relação é apenas extorquir do pai? O filho não tem dever, simplesmente pegar do pai? Não. Há dever. Se um filho é sensível e crescido, ele sabe: “Tenho o meu dever: amar meu pai”. Isto é algo muito simples, amar o pai. “O pai fez tanto por mim, irei simplesmente me apropriar da herança do pai, e estou desfrutando da renda do meu pai. Então, não é meu dever mostrar respeito para com meu pai?”.
Então, aqueles que são contra o princípio de Deus, aqueles que não são inclinados a Deus, eles são as criaturas mais baixas. Eles são as criaturas mais baixas. Na maà duskrtino mudhah prapadyante naradhamah: [Bg. 7.15] “Qualquer um que não reconheça Deus, ele é a mais baixa das mais baixas criaturas”. Duskrtino mudhah. Esses termos foram usados. Assim como o mudha, asno; duskrtina, canalha; e naradhamah, e o mais baixo da humanidade. A humanidade se destina ao reconhecimento. Isso é a vida. Na vida animal, a pessoa não pode reconhecer que há Deus e que tudo está vindo de Deus. Eles não podem ler os Vedas, ou as escrituras. Eles não podem receber nenhuma instrução. Então, estes Vedas e estas escrituras estão disponíveis para os seres humanos. Portanto, um ser humano, assim chamado ser humano, embora tenha duas mãos e duas pernas, ele é um animal, aquele que não aceita a autoridade da escritura e que não aceita a existência de Deus. O Bhagavad-gita, portanto, descreve-os muito bem, naradhamah. Naradhamah significa os mais baixos da humanidade. Assim, a nossa civilização ruma para uma sociedade dos mais baixos da humanidade. E nós estamos, nós estamos tentando nos anunciar como alguém que está avançando, mas... Ontem, um rapaz veio: “Quem é Deus? Eu sou Deus”. Ele estava falando assim. Vejam. E ele parece ser um estudante instruído. A partir de sua aparência, parece que ele é instruído. Então, essa educação está em andamento, que serão os mais baixos da humanidade. O propósito da educação é tornar o homem o mais elevado da humanidade, mas a educação moderna está ensinando a ser o mais baixo da humanidade. E, se alguns dos estudantes são ensinados a se tornarem os mais elevados da humanidade, seus responsáveis se perturbam: “Oh, meu filho será o mais elevado da humanidade? Swamiji, o senhor está fazendo algo perigoso”. Oh, Vejam só. O Swamiji está falando: “Não, não fumem. Não bebam chá. Não tenha conexão ilícita com mulheres. Sejam honrados. Sejam devotos”. “Oh, o Swamiji é perigoso”. E, se alguém ensina: “Meus queridos rapazes, usem LSD, vão para o inferno e se tornem loucos. Vão para o hospício”, “Oh, isso é...”. O que pode ser feito? Essa é a situação.
Então, estamos situados em uma sociedade dos mais baixos da humanidade. Sempre se lembrem disto, que estamos situados em uma civilização que é a mais baixa da humanidade. Não estou falando apenas de seus Estados Unidos... Por todo o mundo. Mesmo na Índia, onde tanta cultura se fez para compreende Deus, este governo tolo, eles também estão ensinando isso. Vejam. Então, esta é a, quero dizer, era. Não pensem que estou criticando particularmente algum país ou comunidade. Esta é a era, Kali. Ela se chama Kali. Hipocrisia, apenas hipocrisia. Kali significa repleta de hipocrisia. Então, temos que ser muito cuidadosos. Temos que... Daivi hy esa guna-mayi mama maya. E a energia ilusória é muito forte. A qualquer momento, uma pequena negligência... Então, isto é... Na verdade, devemos compreender. Então, o Senhor Caitanya diz que essa sambandha significa que temos que reviver, temos que restabelecer o nosso relacionamento com Krsna, ou Deus. Isso é civilização. A relação já está lá porque nasci. A causa suprema é Krsna, ou Deus. Mas eu, de uma maneira ou outra, esqueci-me disso. Portanto, estas escrituras—os Vedas, este Bhagavata, o Srimad-Bhagavata, o Bhagavad-gita—essas escrituras estão me lembrando. Elas são criadas para me lembrar que: “Seu relacionamento com Krsna é eterno. Por que você se esqueceu? Você, por causa disso, está sofrendo”. Discutimos o sloka, verso, de que bhayam dvitiyabhinivesatah syad isad apetasya viparyaya-smrtih. Porque aceitamos uma posição contrária nos esquecendo do Supremo, somos colocados em ansiedade. Porque aceitamos uma posição contrária. “Quem é Deus?”. Viparyaya-smrtih. Precisamente esta palavra é utilizada. Viparyaya significa “de ponta-cabeça”. “Sua memória ficou de ponta-cabeça. Portanto, você está sofrendo”. Mas ele não concordará. “Não, ajustaremos. Faremos leis. Faremos agitação. Formaremos um partido e prosseguiremos desafiando Deus, e seremos felizes dessa maneira”. Assim, a civilização ateísta está gerando agora o partido comunista. Então, a posição perigosa, estamos indo.
Então, de qualquer maneira, aquele que se refugia em Krsna, ele não será colocado em perigo. Estejam certos. Então, ‘krsna’—sambandha, ‘bhakti’—praptyera sadhana. Então, tenho de reviver meu relacionamento. O relacionamento está lá; eu simplesmente esqueci. Então, tenho que o reviver, ou me lembrar dele, que: “Oh, sou tal e tal”. Vasudevah sarvam iti sa mahatma su-durlabhah [Bg. 7.19]. Tenho que me tornar uma grande alma rendendo-me a Deus. Assim, esse processo de rendição é bhakti, ou serviço devocional. Meu relacionamento é eterno com o Supremo. Eu me esqueci disso. Agora, esse relacionamento é que Ele é o pai original de tudo, e somos todos filhos. Então, temos que nos tornar... Temos... Até então procedemos de modo desobediente. Agora, temos que nos tornar obedientes. Isso é tudo. Esta obediência significa que... Como se chama? Obediência, a primeira lei da disciplina. Desta forma, tão logo as pessoas deste mundo, assim chamado mundo avançado, tornarem-se obedientes a Deus, então haverá disciplina e haverá paz. Não há disciplina agora. Eles não estão de acordo quanto a seguirem regras e regulações. Todos são Deus. Todos são cachorros. Todos podem fazer qualquer coisa, tudo o que queiram. Assim, não há disciplina. Então, bhakti, o serviço devocional, significa nos submetermos a um sistema disciplinar de vida de modo que automaticamente revivamos a nossa relação perdida com o Senhor, Deus, e nos tornemos felizes. Isso se chama bhakti. Abhidheya-nama ‘bhakti’, ‘prema’—prayojana. E por quê? Qual é a utilidade? Suponham que não revivamos a nossa relação. Vocês, então, ficarão perturbados. Vocês estão buscando por paz e prosperidade.
Então, qual é a base da paz? A base da paz é o amor. Você acha que, você não amando ninguém, você ficará em paz? Não. Como isso é possível? Portanto, se você ama Deus, então você pode amar todos. E, se você não ama Deus, então você não pode amar ninguém. Porque Ele é o centro. Assim como na nossa... É claro que, aqui, o seu sistema familiar é diferente. Na Índia, há um sistema familiar conjunto. Suponham que uma moça vem... Os pais, eles ocupam as moças e os rapazes. Digamos que uma moça pertencia a uma família diferente. Mas, quando se casa, ela vem para a família, e, porque o esposo e a esposa têm vínculo, imediatamente o irmão do esposo passa a ter vínculo, a mãe do esposo passa a ter vínculo, o pai do esposo passa a ter vínculo. Todos imediatamente passam a ter vínculo. O ponto central é o esposo. Antes disso, antes de qualquer conexão com esse ponto central, o pai e o irmão do rapaz não tinham nenhuma relação com aquela moça. Vêem? Então, o ponto central tem que estar presente. Assim, se você pode amar Deus, então você pode amar tudo em relação a Deus. Você pode amar todo homem. Você pode amar seu país. Você pode amar sua sociedade. Você pode amar seu amigo. Todos. Esse é o ponto. Eles estão pensando de uma maneira diferente: “Por que devo amar apenas Deus? Por que devo amar Deus? Amarei minha família. Amarei meu país. Amarei minha...”. Oh, não, você não pode amar. Isso não é possível. Porque você está desconsiderando o ponto central. Esses são os fatos. Harav abhaktasya kuto mahad-guna [SB 5.18.12]. Aquele que não ama Deus, ele não pode ter nenhuma boa qualificação. Por quê? Mano-rathena asato dhavato bahih. Porque ele simplesmente especulará no plano mental e cairá sob o encanto desta energia material. Ele não tem base. Independente de quanta qualificação material, acadêmica, ele possa ter, é claramente declarado no Srimad-Bhagavatam que yasyasti bhaktir bhagavaty akincana. Demos a vocês a lista: vinte e seis qualificações. À medida que avançamos no serviço devocional, todas essas boas qualidades automaticamente se desenvolverão. Não há necessidade de legislação. Não há necessidade de nada, mas todas essas qualidades se desenvolverão. Do contrário, qual é o sentido da consciência de Krsna? Trata-se de um sentimento ou fanatismo? Não. Trata-se de uma ciência. Se você segue sistematicamente as regras e regulações, então todas essas qualidades se desenvolverão. Vocês verão na prática. E, tão logo essas qualidades estão presentes, então você de fato se torna amante de seu país, você se torna amante de seu colega. Você se torna amigo de Deus, tudo.
Então, todo e cada homem se torna assim... É claro que não se espera que todo e cada homem ficará assim. Caso pelo menos dez por cento da população se torne consciente de Krsna, há garantia de paz no mundo; porque ekas candra... Não precisamos de muitas luas no céu. Apenas uma lua é suficiente para remover a escuridão. Varam eka guni putra na ca murkha-satair api. Canakya Pandita diz: “É melhor ter um filho qualificado do que ter centenas de tolos”. Então, a civilização moderna está prosseguindo dessa maneira, civilização ateísta. Se alguma porcentagem dos seres humanos civilizados se tornarem conscientes de Krsna, isso trará paz. Do contrário, isso não é possível. Trata-se, portanto, de necessidade. O Senhor Caitanya diz, abhidheya ‘bhakti’, ‘prema’—prayojana. Prayojana significa que é necessidade. Purusartha-siromani prema maha-dhana. A pregação do Senhor Caitanya Mahaprabhu era baseada neste princípio: prema pumartho mahan. Qual é o objetivo da vida humana? Ele disse que: “O objetivo da vida humana é obter amor por Deus”. Isso é tudo. Isso o torna perfeito, nada mais. Sua missão foi descrita por um dos acaryas, Visvanatha Cakravarti. Ele estudou. Ele disse que a missão do Senhor Caitanya é aradhyo bhagavan vrajesa-tanaya: “Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, é aradhya”. Aradhya significa que Ele é adorável. Ele é a única personalidade adorável. Aradhyo bhagavan vrajesa-tanaya tad-dhamam vrndavanam: “E, assim como o Senhor Krsna é adorável, Seu lugar de passatempos, Vrndavana-dhama, também é adorável”. Aradhyo bhagavan vrajesa-tanaya tad-dhamam vrndavanam. E qual é o melhor tipo de adoração a Krsna? Agora, ramya kacid upasana vraja-vadhu-vargena ya-kalpita: “O tipo mais elevado de adoração é como demonstrado pelas donzelas de Vrndavana, as namoradas de Krsna”. Sim. Elas não tinham adulteração alguma. Elas simplesmente estavam sempre pensando em Krsna. Krsna está saindo da vila, e elas estavam pensando em casa: “Oh, a sola”, quero dizer, “de Krsna é tão macia. Como Ele está vagando na selva? Há tantas partículas de pedra. Certamente estão ferindo”. Desta maneira. Krsna está lá; elas estão em casa, mas estão pensando em Krsna, como Ele está caminhando, como Seus macios pés estão sofrendo. Desta maneira, elas estão sempre absortas em consciência de Krsna. Elas não são vedantistas. Elas não são brahmanas. Elas não são instruídas. Elas eram vaqueiras. Mas o amor delas por Krsna era tão intenso que o Senhor Caitanya recomenda: “Oh, não há melhor adoração do que aquela demonstrada pelas donzelas de Vrndavana”. Ramya kacid upasana vraja-vadhu-vargena ya kalpita. Então, qual é a fonte para compreender Krsna? Srimad-Bhagavatam. Amalam puranam. Se você estuda o Srimad-Bhagavatam, então você aufere todas essas coisas. Sri-caitanya-mahaprabhor matam idam. E prema pumartho mahan.
Então, o livro, o Srimad-Bhagavatam; a adoração ideal, as donzelas de Vrndavana; Krsna é o objeto adorável; e a necessidade da vida é obter amor por Deus. Essa é toda a missão de Caitanya Mahaprabhu, a essência. Portanto, Caitanya Mahaprabhu está dizendo aqui, purusartha-siromani prema maha-dhana. As pessoas têm seu objetivo de vida, todos. Dharmartha-kama-moksa. Seu objetivo de vida é... É claro que, hoje em dia, as pessoas são diferentes. Antigamente,... É a versão védica, dharma, torná-los religiosos. Portanto, toda nação civilizada tem alguma sorte de religião. Porque, sem se tornar religioso, não há possibilidade de paz e prosperidade. Então, essa é uma das metas da sociedade humana, religiosidade. E por que religiosidade? Dharma-artha. A condição econômica, então, será melhor. Se todas as pessoas forem religiosas, então a condição econômica será melhor. Dharma-artha. E por que se quer uma condição econômica melhor? Kama. Kama significa que, então, as necessidades de sua vida serão bem satisfeitas. Dharma, artha, kama e moksa. Deste modo, qual é o fim? Que, se você é pacífico na sociedade, então você pode ter seu cultivo visando sua liberação. Então, dharmartha-kama-moksa; assim, geralmente, esses quatro princípios são a meta da sociedade humana. Mas Caitanya Mahaprabhu diz que: “Sim, tudo bem quanto a isso”. Mas prema pumartho mahan: “Com todas essas coisas, se você não tem amor pelo Supremo, tudo isso é disparate. Tudo disparate. Portanto, tentem amar Deus e tudo ficará bem”. Essa é a missão de Caitanya Mahaprabhu, prema pumartho mahan. Então, prema. Aqui, o Senhor Caitanya diz que devemos compreender o nosso relacionamento com Deus. Devemos agir dessa maneira. Isso significa em devoção. Então, teremos a perfeição mais elevada da vida, o amor a Deus, e a nossa missão da vida humana será cumprida.
Obrigado.