Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A ciência do Ayurveda


A ciência do Ayurveda

Krishna Kishora Dasa(*)




A ciência do Ayurveda, a medicina védica milenar, é o mais antigo sistema de medicina codificada que a humanidade conhece. Há e houve inúmeros intentos para estabelecer uma data de origem deste conhecimento, assim como esforços para encontrar um precursor.

Como toda ciência védica, a sua origem se perde no tempo em que a história se confunde com o mito. Na verdade, a necessidade de estabelecer um marco histórico, cronológico, é só uma necessidade acadêmica, pois para os estudiosos praticantes, essa referência é irrelevante e inexata.

O Ayurveda é aceito como uma medicina espiritual, um caminho iniciático, uma parte de acesso a alma, através da compreensão das bioenergias do corpo, e, como tal, uma revelação divina. Revelação não tem data, só descobre um véu ilusório para mostrar o que sempre existiu.

O Ayurveda vê o corpo, assim como todo o Universo, como uma interação de três bioenergias. A que gera o movimento e faz que tudo funcione, se transporte, se una, se separe. A que transforma, que metaboliza, digere, destrói e mantém a temperatura. E a que armazena o metabolizado e digerido, para formar massa, estrutura. A primeira dessas bioenergias é chamada vata; a segunda, pitta; e a terceira, kapha.

No ser humano, encontramos a primeira no oxigênio que circula através do corpo, nos impulsos nervosos, nos neurotransmissores que levam informação sensação e consciência. A segunda, no processo digestivo encabeçado pela bile e as poderosas enzimas, suco pancreático e sistema endócrino, e também no processo racional de formação de idéias. A terceira, na ação anabólica da formação de tecidos e líquidos do corpo, encarregada da solidificação das estruturas, das formas, das paredes dos órgãos e das coberturas do corpo.

Estas bioenergias interagem constantemente possibilitando a ação de cada uma. Quando esta interação se realiza harmoniosamente, isto é chamado de equilíbrio, requisito fundamental para a saúde. Já que é ação energética, devemos observar que o movimento se efetua no plano físico e psíquico também. A informação logo é processada, digerida e forma estrutura de pensamento, opiniões e memória.

O conceito de saúde no Ayurveda se poderia resumir assim: boa digestão; boas eliminações; sentidos aguçados; mente pacífica, feliz e satisfeita. A boa digestão é ponto de partida para a saúde. Sem ela, não só não há possibilidade de um bom aproveitamento do que se come, como também não há uma boa discriminação – separação do que deve ficar no corpo por ser útil e o que deve ser expulso por ser nocivo.

A digestão se realiza primeiramente no estômago, duodeno e intestino delgado, porém, depois, ela se realiza no organismo inteiro. Tal qual a luta do bem contra o mal, o fogo sagrado da digestão, agni, combate o mal, as toxinas. Dependendo da eficiência da digestão, o sagrado ar vital ou prana, através de seus diferentes movimentos de ar, vata, se encarrega de expulsar o indesejado, na forma de excreções – fezes, urina, suor, menstruação. Um corpo sadio elimina fácil e diariamente ou regularmente. No caso da menstruação, de forma indolor e sem alterar o ânimo.

Quando a atividade física se realiza perfeitamente, a mente também fica aliviada. Pois, um corpo, com boa digestão, também terá uma boa digestão mental. Ou seja, saberá separar o que serve, o que ensina, o que acrescenta, o que dá felicidade, o que nos confunde, nos degrada e nos aflige.

Boa digestão mental também significa eliminar mágoas, rancores, traumas, apegos. Estando assim a mente limpa, ela também fica ágil, dinâmica, e os sentidos ficam claros, agudos, atuantes, ágeis. A mente é o espaço final a ser atingido. Mais do que isto, ela é o objetivo principal, pois, sem que ela esteja em paz, não há possibilidade alguma de felicidade e bem-estar.

As doenças em grande parte se originam nas emoções, por isso são chamadas dehomanasa (deho = corpo; manasa = mente), que é o mesmo que psicossomáticas (psiquis = mente ou alma: soma = corpo). A mente é tão enigmática e enganosa como um labirinto e nos faz pensar que está tudo sobre controle. Poderíamos classificar as doenças em três categorias: adiatmikas – originadas pelo corpo e pela mente; adibhauticas – originadas por outras entidades; adidaiviksa – originadas pela ação dos deuses.

Doenças adiatmikas podem se considerar as próprias e as herdadas. As herdadas são aquelas que chegam pela história genética, doenças familiares quase que já instaladas nos genes da família. Em linhas gerais, os homens herdam da família da mãe, e as mulheres, da família do pai. Porém, há exceções, tais como a depressão, que vem em linha reta: mãe depressiva, filha depressiva; e o mesmo no caso de pai e filho. Também são hereditárias as adquiridas da mãe durante a gravidez. O tipo de alimentação, ou de circunstâncias especiais, durante esse período, são fatores que resultam na constituição do filho e sua conseqüente saúde e fortaleza.

As próprias podem ser de duas naturezas – as que se adquirem por maus hábitos alimentares ou vícios e as que se provocam por desequilíbrios emocionais. Estas últimas são as mais freqüentes e são difíceis de tratar só com remédios. Os remédios aliviam, mas, como há uma questão de fundo, se não se praticam terapias desintoxicantes e rejuvenescedora, somadas a mudanças de dieta e hábitos, além de práticas espirituais, dificilmente se obterá um resultado completo.

Doenças adibhaitikas são as que se adquirem por influência de outras entidades, como, por exemplo, contágios com vírus, bactérias, picadas, mordidas, agressões físicas e coisas similares, e as provocadas por entidades em corpo sutil – fantasmas. Estes últimos se hospedam como parasitas espirituais e causam doenças em órgãos determinados, ou causam dores, ou afetam o sistema nervoso, já que eles se alojam no ar vital, e este é o alimento dos nervos.

Quaisquer que sejam as manifestações da doença, elas são reconhecidas como influências de obsessores quando são difíceis de diagnosticar. Não se detectam nos exames técnicos, nem de análises. Nesses casos, não se obtêm resultados satisfatórios usando medicina química, o tratamento tem que ser natural. O uso de mantras e talismãs protetores ajudam.

As doenças adidaivikas são causadas pelos controladores celestiais – os devas. Elas ocorrem, por um lado, sob influência do clima, da temperatura ambiente, das bruscas mudanças destes, das catástrofes naturais etc. e, por outro, mais profundo e misterioso, em decorrência do karma – a lei de causa e efeito, que move o Universo. É muito complexo explicar como funciona o karma, mas podemos entender que, quando cometemos alguma falta que afete a alguém, o nível de sofrimento que causamos é proporcional ao que recebemos. A doença é uma ansiedade e um sofrimento, por isso é que a padecemos.

Quando nascemos, já se mostram em nosso corpo saúde e fraqueza em certos órgãos, identificadas pelo biótipo físico ao qual a pessoa pertence e que lhe foi designado. Também podemos identificá-las astrologicamente. No horóscopo de uma pessoa, aparecem os planetas que têm muita ou boa força e aqueles que estão debilitados. Estes últimos são os que indicam onde está a fraqueza orgânica e que tecidos não são fortes e bem formados.

Cada uma das doze casas zodiacais, que formam o horóscopo, correspondem a alguma região do corpo. Então, se alguma delas esta afetada pela presença de algum planeta maléfico, ou, se o planeta regente dessa casa se encontra desfavorável, isto indica a possibilidade de doença e de que tipo. As doenças deste tipo se apresentam geralmente devido aos trânsitos planetários, quando algum planeta se manifesta proeminente perante os outros.

A abordagem que a medicina Ayurveda faz é holística, utilizando todos os métodos e recursos que a natureza oferece. Dieta é fundamental para começar o processo. Há uma máxima Ayurveda que diz: “sem uma boa alimentação, a medicina não funciona, e, com uma boa alimentação, a medicina não faz falta”.

E uma boa alimentação significa uma dieta apropriada ao biótipo da pessoa. Porque saudável não é só o alimento que é natural, e sim o alimento que é apropriado para a pessoa em questão. Pois o que é comida para um pode ser veneno para outro.

Além da correta dieta, uma pessoa deve observar bons hábitos, em todo sentido – bons hábitos de higiene, boa conduta social e principalmente hábitos espirituais, meditação, oração, Yoga e atividades devocionais para incrementar a fé. Charaka, o pai do Ayurveda moderno, sentenciou no seu famoso tratado, o Charaka Samhita, que “o princípio da doença é falta de fé em Deus”.

(*) Krishna Kishora Dasa é terapeuta de Ayurveda, pesquisador da cultura védica, e discípulo de A. C. Bhaktiedanta Swami

Apreço pelos Escritos Sagrados


Apreço pelos Escritos Sagrados



É moda na sociedade secular moderna tratar a literatura sagrada como o entretenimento mitológico de pessoas menos desenvolvidas intelectualmente. As escolas ensinam que com nossos atuais avanços, como a física, a medicina, a psicologia, a democracia e assim por diante, as escrituras religiosas têm pouca utilidade fora do campo artístico-literário. Aqueles que aceitam as escrituras de forma literal são tachados com termos pejorativos, como “fundamentalistas”, por exemplo. Talvez seja chique roubar algumas idéias das escrituras Védicas, como yoga, meditação e cantar de mantras, mas viver de acordo com as leis escriturais é visto como algo simplista e fora de moda.Para se conseguir benefícios espirituais do processo do cantar dos nomes de Krsna, todavia, é preciso ter reverência por Krsna em todas as Suas formas, incluindo Sua forma como as escrituras. Krsna apareceu na Terra, em Sua forma original, há cerca de cinco mil anos. Após retornar à Sua morada eterna, Sua “encarnação literária”, Vyasadeva, compilou o néctar das escrituras Védicas na forma do Srimad-Bhagavatam. Srila Prabhupada escreveu que ler essa escritura é como ver Krsna pessoalmente, sem nenhuma diferença. Porque as palavras do Bhagavatam descrevem Krsna, elas são espiritualmente idênticas a Ele. Se blasfemamos o Bhagavatam, outros livros Védicos, ou alguma literatura de acordo com a versão Védica, ofendemos o santo nome, o que dificulta em muito o nosso processo do cantar.A que se refere “literatura Védica”? Diferente dos acadêmicos modernos, Srila Prabhupada não usava o termo Védico para denotar apenas um período particular da história da Índia. Tendo como referência os mestres espirituais anteriores de sua linha e lançando mão de sua razão, ele usou o termo para se referir a todos os tradicionais livros sagrados da Índia. E “literatura de acordo com a versão Védica” se refere a qualquer livro que, como fazem os Vedas, direcionem-nos para nossa relação com Deus.Evitamos essa ofensa contra o santo nome de Krsna se aceitamos o conceito de escritura revelada de maneira geral, reverenciamos as escrituras autênticas de outras tradições diferentes da nossa, respeitamos mas evitamos escrituras que ensinem práticas religiosas válidas todavia inferiores, e se rejeitamos pseudo-escrituras que se opõem ao amor por Deus como meta última.Também evitamos essa ofensa ao adorarmos Krsna com nossa inteligência através de cuidadoso estudo e aplicação da literatura sagrada. Tal estudo nos dota tanto com o entusiasmo por servir Krsna quanto com as direções para tal. Encontramos a verdadeira felicidade ao explorarmos cada detalhe que lemos das escrituras Védicas. E com o uso de nossa razão, aceitamos a consistência, veracidade e aplicabilidade dos escritos por eles mesmos e também pelo exemplo de almas liberadas.Uma Cultura para a IluminaçãoUma razão para as pessoas rejeitarem o conceito de escritos sagrados é porque a palavra escritura lhes evoca sociedades que proibiam o riso durante o sabá ou que declaravam que o processo para a perfeição era um sistema de procedimentos ritualísticos intrincados que poucos poderiam fazer parte e ainda menos poderiam entender. As escrituras também trazem histórias fantásticas de milagres e acontecimentos sobrenaturais que a ciência moderna afirma há muito tê-los desmentido. E, além do mais, não são as escrituras produto de pessoas imperfeitas?A verdade é que, quando corretamente entendidas e aplicadas, as escrituras genuínas agem como um guia e manual de instruções para a vida humana e o cosmo. Elas são o manual de fábrica da máquina da criação material. Das escrituras, casadas com a tradição oral, aprendemos sobre métodos de elevação espiritual, como o cantar do santo nome. Das escrituras aprendemos sobre a vida de santos e sábios do passado e sobre as encarnações de Krsna. De fato, as histórias das escrituras, sejam transmitidas pela escrita ou pela tradição oral, são a base para a transmissão e estabelecimento de uma cultura que tenha por fim a iluminação.Entendendo o FantásticoCertamente, diversas histórias dos escritos sagrados parecem fantásticas para nosso mundo científico. Mas muitas das maravilhas tecnológicas atuais também pareceriam fantásticas e ficcionais há algumas décadas. Não é, portanto, implausível que sociedades antigas tenham tido habilidades e perícias técnicas que não são disponíveis hoje. É virtualmente impossível, por exemplo, recriar a arquitetura milenar do Peru usando qualquer recurso moderno de que dispomos. A idéia de que a tecnologia sempre progrediu, e que não possa jamais ter existido uma superior à atual, talvez seja incorreta. Mesmo os estudos recentes de história indicam que muito do conhecimento que existia na Grécia se perdeu na Europa da Idade Média e foi gradualmente restabelecido. É lógico e racional, então, assumir que aquilo que é comum hoje, como televisão e internet, talvez se perca e seja esquecido no futuro, para ser restabelecido apenas mais tarde.Vale adicionar que, mesmo hoje, há muitas fortes evidências empíricas para a existência do sobrenatural. Mas porque a atual ciência não pode explicar as evidências, elas são omitidas.Os Vedas – com suas informações acerca do espírito e da matéria sutil – provêem uma visão de mundo que faz o aparentemente-impossível ser facilmente aceito como verdade. Uma vez que você entenda que o espírito, ou a vida, por exemplo, é independente da matéria, é muito fácil acreditar que entidades vivas possam viver em qualquer lugar do universo e fazer todo o tipo de coisas incríveis.Níveis de InstruçãoUma queixa válida acerca das escrituras por parte de pessoas espiritualmente inclinadas é que elas se focam muito em rituais e ganhos materiais. Krsna valida esse sentimento quando Ele diz a Seu amigo Arjuna que aqueles que praticaram yoga em vidas passadas estão acima da maior parte dos ritos escriturais. A dura verdade, todavia, é que poucas pessoas estão interessadas em genuína realização espiritual. Portanto, Krsna e Seus grandes devotos dão instruções e exemplos nas escrituras para todo o tipo de pessoas. Há diferentes escrituras para várias classes de pessoas com diversas inclinações e desejos. Daí ter vários níveis e tipos de instrução no mesmo cânone escritural.O Senhor, ou Seu representando ou filho, talvez ensine verdades eternas em nível mais baixo ou de alguma maneira enevoada a depender do tempo, local ou circunstância. Escrituras nascidas de tais ensinamentos talvez ensinem menos do que o puro e desmotivado amor devocional pelo Senhor, mas elas têm sua função de gradualmente conduzir as pessoas ao pináculo da realização espiritual. Sabendo que a perfeição é, de forma geral, obtida após muitas vidas, uma pessoa absorta no cantar do mantra da verdade absoluta ajuda e encoraja cada pessoa em diferentes níveis.Escrituras autorizadas vêm, por excelência, diretamente de Deus ou de almas livres das imperfeições e egoísmos das pessoas comuns. A verdade inadulterada pode fluir através de uma pessoa conectada com Deus e livre dos desejos egoístas da mesma forma que se pode ver o céu azul lá fora através de uma janela limpa.Nosso Dever de DiscriminarAinda, não se deve simplesmente aceitar qualquer escrito como sagrado simplesmente porque ele o diz ser. Parte da ofensa de blasfemar as escrituras é aceitar uma filosofia contrária ao serviço devocional à forma pessoal do Senhor. Também, se um sistema “religioso” afirma que outros livros e métodos genuínos são pecaminosos, esse deve ser evitado por sua mentalidade simplória e sectarista. Devemos rejeitar também qualquer sistema ou filosofia que negue a alma, a Personalidade de Deus, ou a meta da vida como o sucesso no processo de obtenção do amor puro por Ele. Portanto, cantar Hare Krsna enquanto se mantém uma postura monista – pensando que a verdade última é apenas energia e luz – é parte dessa ofensa ao santo nome.Um devoto de Krsna deve depender unicamente das tradições que estudam e promovem bhakti – devoção amorosa à personalidade de Krsna. Oferecendo respeitos à distância, deve-se evitar escrituras que promovam poderes místicos, trabalhos caridosos com recompensas celestiais, ou salvação fora de bhakti, para não dizer de formas inferiores de adoração que visam poderes obtidos através da negociação com seres demoníacos e fantasmagóricos.O Harinama Cintamani de Srila Bhaktivinoda Thakura enumera nove princípios essenciais de krsna-bhakti. Podemos identificar as escrituras de bhakti como aquelas que promovem estes nove princípios:(1) Há um único Senhor Supremo, Krsna. (2) Ele é aquele que possui todas as energias. (3) Krsna é a fonte dos relacionamentos transcendentais e está situado em Sua morada espiritual, onde Ele compraz todas as entidades vivas. (4) As entidades vivas são partículas do Senhor, ilimitadas em número, infinitesimais em tamanho, e conscientes. (5) Algumas entidades vivas estão condicionadas a universos materiais desde tempos imemoriais, tendo sido atraídas por prazeres ilusórios. (6) Algumas entidades vivas são eternamente liberadas e se ocupam em adorar Krsna; elas residem com Ele como Seus associados no mundo espiritual e se relacionam amorosamente com Ele. (7) Krsna existe com Suas energias – material, espiritual, e as entidades vivas – em um estado de igualdade e diferença simultâneas, permeando tudo e, ao mesmo tempo, existindo à parte. (8) Há nove processos que caracterizam o processo pelo qual a entidade viva realiza Krsna: ouvir sobre Krsna, cantar, lembrar, servir, adorar, orar, agir como um servo, ser amigo do Senhor, e se render completamente. (9) A meta última de uma entidade via é bhakti – amor desmotivado por Krsna, que Krsna desperta em uma alma devido a Sua misericórdia.Se uma pessoa aceita a mais pura das escrituras, rejeita as várias tradições mundanas que se vendem sagradas, e respeita as escrituras genuínas que estão em um nível inferior; ainda assim, é preciso estudar com muito cuidado essa escritura. Mesmo uma tradição eterna de escritos imaculados, ou de revelação oral de mesma natureza, pode ser distorcida através de interpretações inventadas e más aplicações. Para mostrarmos respeito para com as escrituras, devemos entendê-las através do significado mais claro e direto possível, estudando a vida dos devotos anteriores que seguiram a cabo suas instruções como verdadeiros devotos puros de Krsna. Devemos, também, abordar as escrituras através da direção de um guru, que nos dará instruções específicas quanto ao que há de mais relevante para a nossa atual condição. Interpretações ou aplicações equivocadas podem ser mais perigosas do que a negação completa das escrituras. Um lobo em pele de cordeiro é muito mais perigoso do que um lobo aparente.Nós Precisamos das EscriturasCom tantas considerações e complicações em relação às escrituras, não seria melhor simplesmente cantar Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare, e esquecer de vez as escrituras? É verdade que simplesmente por se cantar pode-se alcançar a perfeição; mas para tanto, é precisa que o cantar seja sem ofensas, o que exige uma atitude reverencial perante as escrituras sagradas genuínas.E quanto prazer e consolo podemos obter das escrituras! Podemos nos tornar muito felizes e confiantes lendo o Bhagavad-gita, as palavras diretas de Krsna. E também podemos encontrar semelhantes benefícios em trabalhos de escritores contemporâneos – devotos que tomam os princípios trazidos por Krsna e os colocam dentro da vida familiar moderna, por exemplo.Claro que consolo e deleite não são os únicos motivos para lermos os escritos sagrados. Nós precisamos das escrituras. Na busca pela verdade sem as escrituras, não temos outra escolha senão nos basearmos em nossas próprias faculdades sensoriais e mental e na de outros com as mesma limitações que nós. Isso pode nos dar apenas conhecimento parcial e relativo. Nossos sentidos são imperfeitos, mesmo com o suporte de sofisticados instrumento. Cometemos erros devido a maus hábitos, falta de atenção ou por preconceitos inconscientes. Temos a tendência a enganar os outros e a nós mesmos. E quando identificamos o corpo como o eu, vivemos uma grande ilusão. Portanto, as verdades axiomáticas – o ponto de partida para conclusões lógico-sensoriais – devem partir de uma fonte livre de defeitos se quisermos basear nossas ações em um conhecimento infalível.Quando nossa base de conhecimento vem da verdade absoluta, o cantar do santo nome de Krsna rapidamente nos conduz a Ele. Ouvir das escrituras sobre a beleza, a forma e as incríveis atividades de Krsna no mundo espiritual irá nos inspirar a cantar com o intenso desejo de obter Seu serviço amoroso. Satisfeito com nosso desejo, Krsna irá nos purificar com Sua misericórdia resplandecente como sol, e nosso progresso se fará nítido.


por Urmila Devi Dasi

Tradução por Bhagavan dasa (DvS)