Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Sadhana: A Importância Da Prática Espiritual Diária

Sadhana
A Importância Da Prática Espiritual Diária
Por Braja Dasi

Muitos elementos se combinam para compor nossa vida espiritual, contudo a coluna vertebral de tudo é nosso sadhana, ou práticas espirituais diárias.
“O único método ou meio (sadhana) nesta era é o santo nome do Senhor. A única meta (sadhya) a ser atingida nesta era é Krishna-prema (amor de Krishna)” (Hari-nama Cintamani).
Entender a importância do sadhana e seus efeitos torna sua execução prazerosa. Afinal de contas, é nossa ligação com Krishna a fonte suprema de todo o prazer. Krishna faz menção específica da qualidade da firmeza no Bhagavad-gita (13.8-12), e Srila Prabhupada, no seu significado a estes versos, diz: “Firmeza significa que se deveria ser muito determinado em fazer progresso na vida espiritual. Sem tal determinação, a pessoa não pode fazer progresso tangível.”
A energia material é uma força sutil poderosa cuja habilidade para solapar nossa força espiritual não conhece nenhum limite. Manter uma firmeza em sadhana constrói a base de nossa força espiritual e protege nossa devoção. "A pessoa não deveria se tornar um meditador oficial. A vida deve ser moldada de forma que sempre se tenha oportunidade para pensar em Krishna. Deve-se sempre agir de tal modo que todas as atividades diárias estejam em relação com Krishna” (Bhagavad-gita, 18.65, Significado). O desempenho de tais ações eleva a pessoa à consciência de Krishna.
Modo Da Bondade - Crucial Para A Manutenção
Srila Prabhupada escreve na introdução ao Bhagavad-gita: “A alma condicionada está sofrendo as ações e reações das suas atividades passadas, contudo estas atividades podem ser mudadas quando o ser vivo estiver no modo da bondade, e entender quais atividades ele deve adotar.”
No modo da bondade, a pessoa ganha iluminação e conhecimento das coisas como elas realmente são, sem a contaminação da ignorância e paixão. A bondade é representada pela manutenção, um fator de sadhana, e a manutenção daquele sadhana fortalece a posição da pessoa. Da bondade, a bondade pura (shuddha-sattva) é atingida.
"Ó Filho de Pritha aquela determinação que é inquebrantável e mantida com firmeza através da prática de yoga e assim controla as atividades da mente, vida e sentidos é determinação no modo da bondade” (Bg., 18.33).
Meditação em Krishna
“Aquele que medita em Mim como a Suprema Personalidade de Deus, a sua mente constantemente ocupada em lembrança de Mim, sem desvio do seu caminho, ele, O Partha, com certeza me alcançará.”
Neste verso, o Senhor Krishna acentua a importância de se lembrar d’Ele. A lembrança de Krishna é despertada com o canto do maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.
Somos facilmente encobertos pela energia ilusória, conhecida como maya. Naquele estado, esquecemos que nosso real interesse está em Krishna, e sofremos no mundo material. Nosso egoísmo nos leva a buscar abrigo em soluções temporárias que só levam a miséria adicional. A força da energia material é tal que a proteção vigilante de nossa devoção deve ser mantida por sadhana que inclui recordação diária de Krishna, canto diário do maha-mantra e adoração diária do guru.
A importância do sadhana talvez possa ser melhor resumida nas próprias palavras de Krishna: "A pessoa deve se tornar firme como uma vela em um lugar sem vento” (Bg., 6.19).

Om e Hare Krishna

Om e Hare Krishna
Por Krishna Kripa Dasa

Como seres espirituais, somos diferentes de nosso corpo material. Cantar sons transcendentais como om ajuda a nos liberar do condicionamento material e nos ajuda a realizar nosso eu. Om é uma representação sonora espiritual do Senhor Supremo. Muitos grupos que têm alguma ligação com a Índia vibram o om como parte do seu serviço. O Senhor Krishna menciona no Bhagavad-gita (7.8) que Ele é a sílaba om nos mantras védicos, e Ele conta como as pessoas aperfeiçoadas em yoga vibram a sílaba om e se lembram do Senhor Supremo na hora da morte, e assim entram no reino de Deus (verso 8.13).
Tanto om como o santo nome de Deus podem liberar a pessoa da existência material. Embora às vezes om seja considerado uma representação impessoal de Deus, os seis Goswamis, seguidores diretos do Senhor Caitanya, dizem que ela indica o Senhor Supremo no seu aspecto pessoal, juntamente com Suas energias, que também são pessoas: “Om é composto das três letras ‘a’ ‘u’ e ‘m’, em que ‘a’ refere-se ao Senhor Krishna, ‘u’ refere-se a Radha, a energia espiritual de Krishna, e ‘m’ refere-se aos seres vivos como nós mesmos, que são todos, em seus estados puros, servos amorosos de Radha e Krishna.”
Embora om seja um som espiritual transcendental, os devotos no movimento Hare Krishna não enfatizam o canto do om porque nós somos os seguidores do Senhor Caitanya, que enfatizou o canto dos nomes de Krishna. Especificamente, Ele acentuou o canto do maha-mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Este mantra aparece em alguns poucos lugares na literatura védica e seus suplementos e é o mantra indicado para a iluminação espiritual nesta era de Kali (desavenças). Qualquer benefício obtido com o canto de om também pode ser obtido cantando-se Hare Krishna, e, ademais, a pessoa pode desenvolver a perfeição mais elevada de amor ao Supremo, cuja consecução faz a liberação da escravidão material parecer muito insignificante. Assim, embora o canto de om promova realização espiritual, o cantar do maha-mantra Hare Krishna é melhor.

O Que São os Vedas?

O Que São os Vedas?

Por Dhanvantari Swami

No dia 6 de outubro de l969 no Conway Hall de Londres, na Inglaterra, Prabhupada fez uma conferência sobre os ensinamentos dos Vedas. A audiência era constituída por damas e cavalheiros da sociedade londrina e também por cultos Indianos radicados naquela cidade. O assunto virou introdução a seu livro Sri Isopanisad e, como não poderia deixar de ser, apresenta pontos ilustrativos e super interessantes nos quais podemos nos aprofundar muito.
Prabhupada conduziu sua apresentação de forma que sua heterogênea audiência pudesse facilmente entender qual o objetivo dos Vedas e como eles podem ser compreendidos nesta era contemporânea.
Mas, o que são os Vedas, qual é seu objetivo, e como definitivamente pode-se compreendê-los?
A palavra Veda significa conhecimento, e Vedas são as escrituras compiladas pelo grande sábio Vyasadeva. Originalmente o conhecimento era transmitido por via oral, porém, com o advento da era de Kali, quando o homem perde poder de concentração, inteligência e memória, se fez necessário codificar os Vedas em forma escrita. Os quatro Vedas são Rg, Yajur, Sama e Atharva, mas também se considera como literatura Védica toda aquela que esteja de acordo com o sidhanta Védico, o qual poderia ser resumido na descrição sobre conhecimento encontrada no Bhagavad Gita, (13.8-12): "aceitar a importância da auto-realização e buscar a Verdade Absoluta." O objetivo dos Vedas, portanto, é proporcionar respostas plausíveis para o candidato em busca filosófica acerca da Verdade Absoluta.
Em sua palestra, Srila Prabhupada, menciona que o homem, como toda alma condicionada, está sujeito a quatro tipos de limitações. 1- Pramada: tem a tendência a cometer erros. Isto ocorre até mesmo por simples falta de atenção. 2- Bhrama: tendência a se iludir especialmente sobre sua própria identidade. A alma condicionada pensa ilusoriamente que é o corpo material no qual está habitando. 3- Vipralipsa: tendência a enganar outros. Devido a nossa vasta experiência, esta limitação do homem dispensa aqui maiores comentários; E, 4- Karanapatava: tem sentidos imperfeitos. Nossos olhos, por exemplo, são tão incapazes de ver o que se encontra por trás de uma parede como de nos revelar Deus.
De acordo com a epistemologia Védica há dez processos para se adquirir conhecimento. Diferentes escolas filosóficas da Índia adotam diferentes combinações desses processos como métodos realmente válidos. A seguir mencionaremos os dez pramanas ressaltando os três últimos, os quais, foram classificados por Prabhupada em sua palestra como os três tipos de evidências.
Arsa - Declaração de um semideus ou um sábio reconhecido. Kapila, Gautama e Patanjali são alguns dos sábios que apresentam a filosofia védica. Para os vaishnavas este tipo de evidência carece de confirmação nas escrituras.
Upamana - Comparação. Compara-se os objetos conhecidos com outros desconhecidos.
Arthapatti - Pressuposição. Faz-se uma suposição para explicar um fato conhecido, que, de outro modo, seria inexplicável.
Abhava - Ausência. Através do funcionamento de pelo menos um dos cinco sentidos percebe-se a ausência de algum objeto conhecido. Abhava pramana é às vezes considerada uma categoria de evidência à parte por não consistir do contato definitivo do instrumento do sentido com seu objeto, como existiria numa percepção sensorial comum.
Sambhava - Inclusão. Conclui-se que uma grande quantidade contém uma quantidade igual ou menor do mesmo objeto.
Aitihya - Tradição. Aceita-se como um fato alguma informação adquirida por tradição cultural, ainda que de fonte desconhecida.
Chesta - Gestos. O conhecimento é transmitido através de gestos. Ex : O "V" da vitória.
Pratyaksa - Percepção direta. Toma-se conhecimento através do contato dos sentidos com seus objetos. Pode ser de dois tipos, externa, quando percebida por um ou mais dos cinco sentidos para adquirir conhecimento; E interna, quando se percebe emoções como dor, amor, ódio, através do sentido interno, a mente. Devido aos quatro tipos de limitações dos seres condicionados, e por nos limitar a perceber apenas o presente e nunca o passado ou futuro, pratyaksa nem sempre é considerada como um meio de se obter conhecimento válido. No que se refere à experiência pura de pratyaksa de Vaishnavas puros, ela é considerada sem defeitos e é chamada de “Pratyaksa Mística” ou Vaidusya Pratyaksa.
Anumana - Dedução. A palavra anumana significa literalmente "conhecer depois". Trata-se de uma sugestão, portanto, não é considerada como perfeita. Pode ser de dois tipos, Dedução Pessoal, quando se chega a uma conclusão depois de se perceber o mesmo fenômeno ocorrer repetidamente sem variações; E, Dedução Induzida Para Outros, que é conseqüência da dedução pessoal e segue uma fórmula silogística composta por cinco etapas, a)Proposição. Que se baseia em percepção direta. Ex: Há fogo na montanha; b) Razão. Aquilo que leva o sujeito a pensar no assunto. Ex: Porque percebe-se fumaça na direção da montanha; c) Princípio Geral. O conhecimento experienciado antes; Ex: Na cozinha sempre que há fumaça é porque há fogo; d) Aplicação. Utilizando-se de experiência anterior, observa-se um fenômeno atual. Ex: Há fumaça na montanha; E, e) Conclusão ou Dedução Induzida Para Outros. Deduz-se que o fenômeno atual é semelhante ao fenômeno previamente conhecido, portanto, pode-se convencer outros. Ex: Há fogo na montanha. Para exemplificar como anumana deixa de ser uma evidência perfeita, imaginemos se, ao olhar para a montanha, o pensador do exemplo acima tivesse pensado ser fumaça o que de fato era neblina. Ele teria errado duas vezes, a primeira por, através da percepção direta, pratyaksa, confundir neblina com fumaça e a Segunda por deduzir que havia fogo na montanha.
Shabda - Revelação. Literalmente a palavra shabda significa "som". Trata-se do som original através do qual o conhecimento transcendental foi transmitido do mundo espiritual para o primeiro ser criado. Apauruseya-sabda-pramana significa evidência revelada através de instruções vindas diretamente do mundo espiritual. Essas instruções foram colocadas de forma escrita na literatura Védica. Sabda pramana é considerada a evidência livre de defeitos. Diferentemente de pratyaksa, sabda pramana, além do presente, também pode nos revelar o passado e o futuro. Srila Jiva Goswami diz que sabda pramana tem significado restrito ao conhecimento revelado nos Vedas ou ao conhecimento que é revelado por fonte sobre-humana, pela Suprema Personalidade de Deus, e que é transmitido por sucessão discipular através de gurus genuínos.
Depois de discorrer sobre a importância de se obter conhecimento genuíno através da fonte certa e de citar o Bhagavad Gita (15.15), tanto para revelar o objetivo dos Vedas, como para vincular a pessoa de Krishna ao conceito védico de Suprema Personalidade de Deus, Prabhupada ainda fala sobre a importância do mestre espiritual no caminho do conhecimento transcendental, em seguida ele glorifica o Srimad Bhagavatam como a escritura védica produzida por Vyasadeva em sua maturidade para explicar o Vedanta-Sutra que é o resumo total do conhecimento védico e conclui pedindo humildemente a sua exigente audiência que tente compreender a explicação do conhecimento védico recorrendo ao Bhagavad Gita e ao Srimad Bhagavatam.