Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mantendo a fé com Srila Prabhupada

Mantendo a fé com Srila Prabhupada

Traduzido por Krishna Jivani devi dasi

Junho de 1996

Este é um artigo de posicionamento do Corpo Governamental da ISKCON (GBC) que visa demonstrar que aqueles que mantêm sua fé em Srila Prabhupada não podem seguir S. S. Narayana Maharaja. Apresentado pelo GBC Executivo e pelo Comitê de Padrões Filosóficos.
Sua Santidade Bhaktivedanta Narayana Maharaja recentemente começou sua turnê de pregação pelo ocidente. Seu itinerário o leva exclusivamente a templos, comunidade e congregações da ISKCON. Antes de embarcar na Índia, Narayana Maharaja se encontrou com representantes do GBC e fez as seguintes declarações sobre sua turnê:
1) Ele é um bem-querente da ISKCON. Ele não é um inimigo da ISKCON. Ele considera Srila Prabhupada como seu siksa-guru.
2) Quando Srila Prabhupada estava pregando no ocidente, ele mandou cartas a Narayana Maharaja, convidando-o a pregar também. Naquela época, Narayana Maharaja não teve interesse. Entretanto, agora esta turnê surgiu sem esforço excessivo, e ele considera isso como arranjo de Srila Prabhupada.
3) Cheio de respeito e veneração por Srila Prabhupada, Narayana Maharaja quer visitar os templos que Srila Prabhupada estabeleceu no ocidente. Eles são tirthas. Se os devotos da ISKCON o impedirem de entrar, ele oferecerá seus respeitos do portão e partirá. Mas a ISKCON permite que todos visitem seus templos, mesmo pessoas que debocham, então por que não ele? Se o expulsarmos, seus próprios seguidores verão isso como uma ofensa.
4) Quando questionado sobre se Narayana Maharaja manifestaria discordâncias com os pontos de vista filosóficos, políticos, e assim por diante, da ISKCON/GBC, ele assegurou que não faria tal coisa. Ele disse que o que quer que ele fale ou deixe de falar durante sua visita, depende de nós.
Os líderes da ISKCON não duvidam de que por muitos anos Srila Prabhupada tenha convidado Narayana Maharaja para visitá-lo. Eles também reconhecem que desde então, Narayana Maharaja agiu diversas vezes como um bem-querente da ISKCON. Entretanto, os líderes da ISKCON agora têm certeza de que Srila Prabhupada não desejaria mais estender o mesmo convite a Narayana Maharaja. Além disso, embora Narayana Maharaja possa ter algum dia recebido algum siksa de Srila Prabhupada, os líderes da ISKCON – GBC e presidentes de templos – estão convencidos de que Narayana Maharaja não pode mais representar apropriadamente Srila Prabhupada. Ao invés disso, Narayana Maharaja fala e age de formas diametralmente opostas às instruções e exemplos de Srila Prabhupada. Mesmo que Narayana Maharaja possa se considerar um bem-querente, na verdade seu comportamento frente à ISKCON é tal que poderia causar grandes danos à ISKCON. Ou seja, os líderes da ISKCON estão fortemente convencidos que as diferenças que separaram Narayana Maharaja de Srila Prabhupada são tão significativas e têm tantas implicações de longo alcance que tornam impossível que seguidores sinceros e fiéis de Srila Prabhupada se associem intimamente com ele.
Esta conclusão pareceu estranha a alguns seguidores de Narayana Maharaja. Eles dizem que isso é contrário ao conselho das escrituras de que não há melhor maneira de alguém avançar em vida espiritual do que pela associação com sadhus. Além disso, testemunhos recentes de alguns ex-devotos da ISKCON que agora se associam com Narayana Maharaja parecem apoiar sua alegação de ser um admirador de Srila Prabhupada e apoiador da ISKCON. Por que, então, os líderes da ISKCON pensam diferente? Eles deveriam verificar os fatos e, acima de tudo, a justificativa que as escrituras oferece sobre tais convicções.
O GBC reconhece que não está em posição de dizer a Narayana Maharaja que ele não pode pregar no ocidente. Entretanto, o GBC também reconhece que tem uma dívida para com Sirla Prabhupada, para decidir se Narayana Maharaja poderia pregar dentro da ISKCON. Aí está o problema. Se Narayana Maharaja estiver pregando para pessoas sem contato com a ISKCON, embora o GBC possa não concordar completamente com tudo o que ele diz ou faz, não há objeção. Entretanto, alguém que não é um membro da ISKCON não tem prerrogativas de trabalhar dentro da ISKCON a menos que seja convidado por um dos líderes para fazê-lo.
Na própria organização Gaudiya Matha de Narayana Maharaja – em qualquer Gaudiya Matha, sobre esse assunto – é considerado uma ofensiva quebra de etiqueta um estranho pregar para os próprios membros da Matha sem a aprovação e cooperação dos líderes da Matha. Ainda assim, toda a turnê de Narayana Maharaja envolve a ISKCON: arranjos foram feitos por ex-devotos da ISKCON nas casas de membros da congregação da ISKCON. Suas audiências são devotos da ISKCON, congregação, membros vitalícios e bhaktas. Ele está fazendo tudo isso sem a sanção do GBC.
Consequentemente, o GBC, como representantes designados por Srila Prabhupada, têm o direito e o dever de informar aos membros da ISKCON sobre todas as diferenças existentes entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada. Todos aqueles que tomaram abrigo da ISKCON têm o direito de ser protegidos do perigo de ofender Srila Prabhupada, e o GBC tem a obrigação de protegê-los. Eles devem entender claramente que seguir Narayana Maharaja os levará para longe de Srila Prabhupada, da ISKCON e do avanço no movimento de sankirtana, e não para mais perto. Este artigo mostrará os fatos e evidências das escrituras que apóiam esta conclusão.
Os membros da ISKCON começaram a sentir dificuldades com Narayana Maharaja quando ele declarou sua intenção de introduzir a prática de raganuga-bhakti na ISKCON. Ele anunciou sua intenção em um número de funções públicas da ISKCON para o qual havia sido convidado. Com esta finalidade, ele começou a sistematicamente instruir um número de devotos seniores da ISKCON que, a despeito dos desmandos de seus pares , regularmente querem ouvir o que eles têm a dizer. Embora Narayana Maharaja assegure a esses devotos que os tópicos em discussão não eram para divulgação pública, esses discursos foram gravados em fitas, e seus seguidores os publicaram eventualmente. A "confidencialidade" tornou-se uma ilusão. Os líderes da ISKCON tiveram agora que reconhecer que a ênfase singular de Narayana Maharaja em raganuga-sadhana é diretamente oposta às instruções dadas por Srila Prabhupada, que alerta que tal ênfase irá resultar em sahajiyanismo.
É certamente verdade que acaryas anteriores discutiram explicitamente as práticas de raganuga-sadhana. Sri Caitanya Mahaprabhu transmitiu ensinamentos sobre esse assunto a Srila Rupa Goswami e outros. Entretanto, ao ver as condições caídas da sociedade humana nos tempos modernos e entender como raganuga-bhakti poderia ser – e de fato tem sido – incompreendida e mal aplicada, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Srila Prabhupada alertaram de forma veemente sobre as tentativas das pessoas de concentrar suas atenções aos tópicos confidenciais de Radha e Krsna, e entrar prematuramente nas práticas de raganuga-bhakti.
Há cerca de vinte anos atrás, na ISKCON, um pequeno grupo de discípulos de Prabhupada começaram a se encontrar com o propósito de cultivar sentimentos espirituais mais elevados. Eles ficaram famosos como o "Clube Gopi-bhava". Srila Prabhupada interferiu pessoalmente para interromper suas atividades impróprias. Surpreendentemente, um fenômeno muito semelhante tem renascido agora sob a forma de Narayana Maharaja e seus seguidores. Seré benéfico que nós ouçamos de agora em diante como Srila Prabhupada tratou este assunto. A narrativa foi extraída do livro de Hari Sauri Dasa, A Transcendental Diary [Um diário Transcendental, inédito em português], vol. 2 (pp. 268-269):
[O líder do "Clube Gopi-bhava"] tentou assegurar a ele [Srila Prabhupada] que não estavam tentando imitar o amor das gopis por Krsna; eles simplesmente estudavam as descrições para que pudessem desenvolver tais desejos. Prabhupada enrubesceu, seu lábio superior tremeu ligeiramente. "Primeiro mereça, depois deseje! Não se discute desejo a menos que a pessoa já esteja realmente liberada. Até aquele ponto, você deve simplesmente fazer qualquer serviço que esteja oferecendo. Enquanto houver qualquer fração de desejo material, não há possibilidade de desejos na plataforma espiritual!" Ele disse que as gopi-lilas íntimas foram discutidas pelo Senhor Caitanya apenas entre Seus três associados mais confidentes – Svarupa Damodara, Ramananda Raya, Sikhi Mahiti. Siddha Deha é para almas liberadas – e mais ninguém. [Outro membro do grupo] disse que eles pensaram que estivesse tudo bem porque estava nos livros de Prabhupada, e eles estavam apenas lendo seus livros. Prabhupada disse a eles que só porque a farmácia tem todos os tipos de drogas, não quer dizer que se deve tomá-las sem prescrição. O médico prescreve de acordo com a doença. Ele disse isso para os estágios iniciais de serviço devocional até as rasas mais elevadas, tudo está nesses livros, mas nem tudo deve ser estudado imediatamente.
Este incidente revela uma diferença significativa entre as formas que Narayana Maharaja e Srila Prabhupada explicam a filosofia Gaudiya Vaisnava. De sua parte, Narayana Maharaja declara que mesmo se a pessoa estiver ainda materialmente condicionada, pode ouvir tópicos avançados que digam respeito aos passatempos conjugais de Krsna. Srila Prabhupada, por outro lado, enfatiza claramente que um devoto deve estar liberado do mundo material para ser qualificado a ouvir tais tópicos. A compreensão absurdamente clara de Srila Prabhupada é que ninguém deve se aprofundar nesses tópicos enquanto ainda tiver anarthas em seu coração.
Se devotos se interessarem prematuramente em tópicos sobre Krsna e as gopis, que problemas podem ter? Krsna-katha não é puro e purificador? Srila Prabhupada respondeu a essas perguntas. Ele explica que uma vez que os assuntos amorosos entre Krsna e as gopis lembram de intercâmbios materiais entre rapazes e moças, a própria pessoa faria sua luxúria aumentar ao se concentrar nesses assutnos, e assim seu avanço espiritual pode ficar em cheque.
Quando a pessoa é liberada e ouve os casos amorosos do Senhor Krsna e Radha, ela não fica inclinada a ter desejoso luxuriosos. Um patife mundano uma vez disse que quando vaisnavas cantam o nome 'Radha, Radha', ele simplesmente se lembra da esposa de um barbeiro chamada Radha. Este é um exemplo prático. A menos que a pessoa seja liberada, não deve tentar ouvir sobre os casos amorosos entre Radha e Krsna. Se alguém que não é liberado ouve a relação da dança da rasa, pode se lembrar de suas atividades mundanas e conexões ilícitas com outra mulher cujo nome também seja Radha. No estágio condicionado, a pessoa não deve sequer tentar lembrar de tais coisas. Praticando os princípios regulativos, ela deverá se elevar à plataforma de atração espontânea por Krsna. E só então pode ouvir sobre a radhakrsna-lila. Embora esses casos possam ser muito agradáveis tanto para as almas condicionadas quanto para as liberadas, as condicionadas não devem tentar ouvi-los. (Caitanya-caritamrta, Madhya 8.225, significados).
Sob a luz dessas declarações inequívocas feitas por Srila Prabhupada, pode-se perguntar como Narayana Maharaja supõe que seja seu serviço a Srila Prabhupada propagar rasa-katha. Como ele pode servir Srila Prabhupada de uma maneira que viola as instruções explícitas deixadas por Prabhupada?
Algumas pessoas, entretanto, preferem achar que estamos dando muita ênfase a essas declarações de Srila Prabhupada. Podem pensar que os líderes da ISKCON estão seguindo Srila Prabhupada de forma tão limitada e, fazendo assim, tiram a ISKCON da "cena" Gaudiya. Para responder a essas pessoas, gostaríamos de citar algums recentes observações feitas por um sannyasi sênior da Gaudiya Matha, S. S. Bhaktipramoda Puri Maharaja, que é irmão espiritual de Srila Prabhupada?
Rasa-katha é para ser estudado apenas por devotos que já têm adhikara [qualificação] para discutir tais assuntos. Antes de ousar permitir discussões livres sobre os passatempos íntimos de Krsna com as gopis, temos que avaliar honestamente o condicionamento de nossas mentes. Estamos completamente atentos ao Nam Prabhu? Ou quando vemos um papagaio voar entre as árvores enquanto cantamos japa permitimos que nossa mente também voe para entre as árvores? Se isso acontece, não há adhikara ali. Se vemos uma bela mulher, a atração surge na mente? Se surge, não há adhikara ali. Se escutamos que Krsna coloca Sua mão sobre os seios de uma gopi, qual é a natureza de nosso interesse nessa descrição? Se houver a menor mácula, então adhikara não está ali.
O guru que fala abertamente sobre tais tópicos pode achar que está dando adhikara aos ouvintes apenas por sua associação, mas Puri Maharaja conta a história de um guru que tinha uma barba, e estava falando publicamente sobre o amor de Radharani por Krsna. Uma mulher que assistia subitamente começou a lacrimejar. O guru pensou consigo mesmo, "Ah, agora ela está adquirindo adhikara". Na verdade, ela olhava para a barba do guru e se lembrava da barba de uma cabra que tivera há um tempo, a qual ela ficara bastante apegada. Aquela cabra, que falecera recentemente, era chamada de Radha. Agora, enquanto a mulher ouvia o guru falar sobre o amor de Radha, e via a barba que lembrava a da cabra Radha, ela sentia muito pela separação de sua Radha de quatro pernas, e não conseguia segurar sua lobha interna pela associação com Radha.
Puri Maharaja também lembrou que ele mesmo conheceu muito bem o mestre espiritual de Narayana Maharaja, S. S. Keshava Prajna Maharaja. Ele disse que Kesava Maharaja nunca falou sobre esses tópicos. "Então", considera Puri Maharaja, "é um mistério de onde Narayana Maharaja está trazendo esses tópicos rasika".
Certamente não de Srila Prabhupada, como já demonstramos. Mas será que houve alguns intercâmbios confidenciais entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada? Parece que não. Quando um devoto sênior da ISKCON perguntou a Narayana Maharaja se ele já havia discutido assuntos "rasika" com Srila Prabhupada, Narayana Maharaja confessou que nunca tiveram esse tipo de intercâmbio. Ele disse que era a política em sua própria instituição não discutir tais assuntos; eles poderiam ao invés disso falar sobre Dhruva Maharaja, Prahlada Maharaja, e outros. Narayana Maharaja garantiu aos líderes da ISKCON que cocnhecia Srila Prabhupada melhor do que eles, mantendo uma relação de confidentes. Entretanto, isso é duvidoso porque ele mesmo já admitiu que não houveram intercâmbios entre ele e Srila Prabhupada. Então a pertinente pergunta de Puri Maharaja persiste.
A política na própria organização de Narayana Maharaja é hoje a mesma que era então. Mesmo agora, a proclivity de Narayana Maharaja por discutir abertamente tais assuntos – que parece aumentar com o passar do tempo – é vista com desaprovação e alarma outros líderes seniores de sua própria instituição.
Nós devemos, portanto, manter a fé com Srila Prabhupada e seguir seu exemplo. Qualquer um que estude as aulas e conversas de Srila Prabhupada, especialmente aquelas dadas em Vrndavana, verá que ele falou sobre a lila íntima de Krsna superficial e cuidadosamente, mantendo as referências dentro do contexto da filosofia básica. Além disso, Srila Prabhupada freqüntemente criticou narradores que focam exclusivamente na rasa-lila, especialmente ao se apresentarem para audiências neófitas.
As conversas de Narayana Maharaja em Vrndavana apresentam um estudo em contraste. Ele dá extensos discursos sobre os mui confidenciais passatempos de Radha-Krsna e as gopis (contando, por exemplo, como Krsna se vestia de gopi para poder ver Radha, colocando grandes flores sob Seu sari para fazer belos seios, e assim por diante). Tais conversas eram ditas a quem quer que estivesse presente, incluindo bhaktas e bhaktins. Teria Srila Prabhupada se demorado nesses tópicos ou feito deles as bases para suas pregações? Ao contrário, Prabhupada enfatizou que o Senhor Caitanya em Pessoa discutia tais assuntos apenas por trás de portas fechadas e somente com um ou dois de Seus seguidores mais avançados. Ainda assim, não é incomum ouvir seguidores até mesmo recém-iniciados de Narayana Maharaja falando livremente sobre esses tópicos. Como podemos esperar que eles façam diferente, com o exemplo dado por seu guru?
Resumindo: Narayana Maharaja age na direção contrária de Srila Prabhupada ao divulgar a prática de ouvir extensivamente sobre os passatempos conjugais de Krsna por aqueles que ainda estão no estágio condicionado. Além disso, ele faz de tais tópicos o foco para seus discursos públicos. Srila Prabhupada se opunha explicitamente a tais práticas, e, caso ela começasse a ocorrer na ISKCON, ele imediatamente rompia. Portanto, aquele que deseja permanecer fiel a Srila Prabhupada e salvaguardar seu legado não seguirá Narayana Maharaja.
Há outra diferença notável entre a apresentação de Narayana Maharaja e a de Srila Prabhupada. Narayana Maharaja insinua sobre sua identidade espiritual na relação com Krsna. Ele diz que para estar na linha de Sri Rupa e Sri Raghunatha, a pessoa deve estar situada em madhurya-bhava. Narayana Maharaja encomendou uma série de quadros, um dos quais representa Radha e Krsna juntos em um bosque. Cada uma das quatro pinturas do conjunto mostra uma manjari atendente. Os seguidores de Narayana Maharaja meditam nele como uma dessas servas manjari – uma cópia da pintura que supostamente apresenta a forma de manjari de Narayana Maharaja é vista em seus altares – e eles cultivam seus desejos de se juntar a ele em um humor similar.
Além disso, Narayana Maharaja já anunciou publicamente sua opinião de que Srila Prabhupada também seria uma paliya-dasi (serva) de Srimati Radhika. Há aqui uma implicação de que os seguidores de Prabhupada podem se qualificar para servir seu próprio guru em sua forma eterna se forem treinados por um guia apropriado (tal como Narayana Maharaja).
Srila Prabhupada, em contraste, não fez ou permitiu qualquer tipo de declaração pública sobre si mesmo. Ao invés disso, em um humor reservado, Srila Prabhupada se apresentou simplesmente como o servo humilde de seu mestre espiritual e Sri Caitanya Mahaprabhu, embora no Sri Caitanya-caritamrta (Adi 1.46, sign.) ele instrua: "O mestre espiritual é sempre considerado como um dos associados confidenciais de Srimati Radharani ou uma representação manifesta de Srila Nityananda Prabhu". Em dias de aparecimentos e outras celebrações, alguns Gaudiya Vaisnavas podem se referir a seus mestres espirituais ou a acaryas anteriores nos termos de suas relações eternas com Krsna, mas foi raro que Srila Prabhupada assim o fizesse. De fato, quando um discípulo perguntou a Srila Prabhupada sobre sua própria relação eterna com Krsna, Srila Prabhupada respondeu que não é apropriado para um discípulo fazer tais perguntas. Devemos ser reservados ao discutir tais assuntos, assim como foi Srila Prabhupada.
Esse caso traz luz a duas diferenças fundamentais. A primeira, como vimos, é que Narayana Maharaja dá insinuações sobre sua rasa com Krsna, algo que Srila Prabhupada nunca fez. A segunda é que Narayana Maharaja acentua que só alguém situado em madhurya-bhava pode ser verdadeiramente considerado um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Prabhupada, por outro lado, enfatiza que alguém que dá sua vida á missão de Sri Caitanya Mahaprabhua é um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha, independentemente de sua rasa.
Srila Prabhupada encorajou todos nós a acreditar que, a despeito de nossas presentes desqualificações, poderemos um dia ser dignos de carregar o nome de "Rupanugas", seguidores genuínos de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Narayana Maharaja não apenas diz que para ser um verdadeiro Rupanuga, a pessoa deve estar em madhurya-bhava, mas também ensina que a pessoa deve ser guiado por um "rasika Vaisnava" para cultivar o estado de bhava. Essa fórmula para se tornar um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha, como dada por Narayana Maharaja, contém dois ingredientes principais: a pessoa estar situada em madhurya-bhava, e ter a associação com um rasika Vaisnava.
Em primeiro lugar, Srila Prabhupada não tinha devotos gastando tempo contemplando tais assuntos como suas rasas com Krsna até que estivessem muito qualificados para isso. "Primeiro mereça; depois deseje". E mais, de acordo com Srila Prabhupada, tornar-se um pregador da consciência de Krsna é tanto o meio quanto o método para se tornar um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Apenas pregando a consciência de Krsna podemos entrar no humor de Sri Caitanya Maharpabhu e Nityananda Prabhu, e apenas por Sua misericórdia sem causa, dada ao reciprocar nosso serviço, nossos corações se tornam purificados dos anarthas. É isso que aprendemos pela associação com Srila Prabhupada. Pela associação com Narayana Maharaja, por outro lado, a pessoa é levada a crer que o verdadeiro avanço espiritual não é baseado na pregação, mas na prática de raganuga-sadhana.
Narayana Maharaja falou sobre esses assuntos em seu livro Sri Prabandha-vali:
Porque o Swamiji [Srila Prabhupada] tinha pouco tempo, ele enfatizou mais vaidhi-bhakti. Há tantos estágios de bhakti, mas em última análise, bhakti significa apenas raganuga-bhakti. Ele também queria pregar no ocidente aquilo que Rupa Goswami deixou no Ujjvala-nilamani, e o que foi escrito por acaryas como Raghunatha dasa Goswami e Krsna dasa Kaviraja Goswami, mas ele não pôde fazer isso naquela época. (p. 12)
Há dois tipos de sraddha – vaidhi e raganuga. Swamiji deixou apenas vaidhi-bhakti porque naquele momento não era apropriado para ele explicar raganuga-bhakti. Ele escreveu algumas coisas sobre isso em seus livros, mas porque a maioria dos leitores não estava qualificada o suficiente para aprender sobre isso naquela época, ele não explicou em detalhes. Mas por praticar vaidhi-bhakti, podemos até entrar em raganuga-bhakti, que aumenta no sraddha que está cheio de ganância. (p. 13)
Em muito pouco tempo, ele [Srila Prabhupada] fez tudo isso, mas ele realmente queria outorgar manjari-bhava, então não podemos ficar satisfeitos meramente com o que recebemos dele naquela época. Acho que se ele estivesse presente hoje, nos instruiria sobre raganuga-bhakti. (p. 16)
Um pouco antes do Swamiji partir deste mundo… disse que uma vez que não seria capaz de deixar [para os devotos ocidentais] tudo no curto tempo que estivesse neste mundo, ele queria que eu desse as instruções posteriores sobre bhakti e que sempre o ajudasse de qa forma que pudesse. Ele também me pediu para realizar a cerimônia que o depositou no samadhi (p. 16)
Eu o considero [Srila Prabhupada] como meu siksa-guru, e ele sempre vive no templo do meu coração porque tive tal amizade íntima com ele. Acho que ele está sempre presente aqui conosco, e oro para que ele possa derramar sua misericórdia sobre nós para que todos possamos alcançar raganuga-bhakti e prema-bhakti ainda nesta vida. (p. 17)
A mais elevada meditação virá no horário do sadhana matinal, quando a escuridão causada pelos anarthas da pessoa desaparece completamente. Para alcançar esse estágio, o devoto precisa praticar diversas variedades de sadhana e cantar constantemente nama-sankirtana. Bhaktivinoda Thakura diz que quem deseja ser um devoto exclusivo deve se ocupar em raganuga-bhajana. Sem raganuga, o sentimento de exclusividade não surgirá, e o bhajana da pessoa estará incluído na categoria vaidi-bhakti. Então o devoto pensará: "Krsna é Narayana; não há diferença especial entre Eles. Ele também é Ramacandra e Nrsimha". Depois disso, ele poderá pensar que não há diferença entre Dvarakadhisa e Govinda. (pp. 142-143)
Mas atualmente essa luz não está acesa em nossos corações porque a conexão não está ali. A lâmpada está em nossos corações, e nosso guru é o único que pode fazer a conexão. A corrente vem através dos devotos que praticam lobhamayi-bhakti. Quando o guru aperta o interruptor, imediatamente a corrente de bhava começa a fluir. (p. 144)
Esses excertos do livro de Narayana Maharaja mostram ainda como a abordagem de Narayana Maharaja sobre o despertar dos estágios mais elevados de consciência de Krsna difere daquela dada por Srila Prabhupada.
Narayana Maharaja enfatiza a necessidade do devoto adquirir um guru raganuta, que irá "apertar o interruptor" para ligar a "corrente de bhava". A primeira dúvida que surge a um seguidor de Srila Prabhupada é esta: Se ter um guru raganuga é tão importante como necessidade para alcançar devoção espontânea, por que então o próprio Srila Prabhupada não praticou raganuga-sadhana sob a orientação de um guru rasika? Alguns opinam que Prabhupada não fez isso porque era um maha-bhagavata, nitya-siddha, saktyavesa-avatara. Portanto, ele não precisaria fazê-lo. Mas nós sim.
Este argumento é inconsistente. Pelo mesmo princípio, Srila Prabhupada não deveria ter aceito um diksa-guru regular, não tendo necessidade alguma de fa\ê-lo. Sabemos, entretanto, que mesmo almas liberadas aceitam gurus visando firmar um exemplo para as pessoas comuns. Portanto, se aceitar um guru raganuga fosse necessário para uma pessoa comum avançar até os estágios mais elevados de consciência de Krsna, Srila Prabhupada em pessoa teria aceito um guru instrutor raganuga. Ou se ele tivesse recebido tal instrução de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, teria mencionado isso e recomendado esse processo para seus discípulos.
Se aceitar um guru raganuga fosse realmente tão necessário para nosso avanço posterior, então certamente seria esperado que Srila Prabhupada mencionasse este fato vital durante seus últimos dias. Ele poderia certamente ter dito algo como: "Meus caros discípulos, vocês já têm a essência de minha missão de pregação, e estou muito satisfeito com vocês por isso. Mas agora é hora de avançarem para os estágios mais elevados da consciência de Krsna. Suas atividades de pregação já levaram vcs até o estágio de anartha-nivrtti. Logo, alguns de vocês alcançaram o ponto da plataforma de raganuga bhakti. Infelizmente, eu não estarei mais presente para guiá-los nesse estãgio tão importante. Portanto, vcs devem procurar por um siksa guru vitalício que possa instruir e guiar vocês sobre assuntos tão importantes". Se o assunto fosse tão importante, por que ele não mencionou explicitamente? Ao invés disso, ele falou: "Apenas continuem o que estão fazendo, e terão sucesso". Ele não queria que alterássemos o processo que havia nos ensinado.
Deveríamos nós aceitar o apelo de Narayana Maharaja para modificar significativamente nosso legado de Srila Prabhupada? Devemos primeiro considerar os trechos seguintes deixados por Srila Prabhupada, falados durante uma conversa no quarto em 16 de agosto de 1976, em Bombain:
Por que essa Gaudiya Matha fracassou? Porque eles tentaram ser mais que o guru. Ele, antes de abandonar o corpo, ele deu todas as instruções e nunca disse que 'Este homem deve ser o próximo acarya'. Mas essa gente, assim que ele abandonou o corpo, começaram a brigar, quem deveria ser acarya. Essa é a falha. Eles nunca pensaram: 'Por que Guru Maharaja deixou tantas instruções, por que ele nunca disse que este homem deveria ser acarya?' Eles queriam criar artificialmente algum acarya e tudo falhor. Eles não consideram sequer o bom senso que se Guru Maharaja quisesse apontar alguém como acarya, por que não teria dito? Ele falou tantas coisas, e deixou isso de lado? O ponto principal? E eles insistiram nisso. Declararam algumas pessoas não-merecedoras como acarya. Então chegou outro homem, então outro, acarya, outro acarya. Então é melhor continuar um tolo perpetuamente do que ser orientado por Guru Maharaja. Essa é a perfeição.
Essas declarações esclarecem quanta importância Srila Prabhupada atribuía à fidelidade às instruções do acarya tal como foram deixadas – sem adicionar ou subtrair nada. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada falou para formar um GBC para assumir a missão. A Gaudiya Matha falhou nesse pnto. Este é um caso de subtração. E nomear um acarya para encabeçar a missão é um caso de adição.
Srila Prabhupada claramente lembrou do assinto com máxima seriedade. Então, se os líderes da ISKCON forem fiéis à instrução de sempre ser direcionados pela ordem do mestre espiritual, não há dúvidas que ouvirão sinos de alarmes tocando quando for dito que eles devem agora apresentar o conceito de raganuga-sadhana e rasika-guru especiais na ISKCON. Eles poderiam desobedecer Srila Prabhupada ao adicionar algo às suas instruções diretas.
Devemos nos perguntar: Por que, durante seus últimos dias, Srila Prabhupada não avisou diretamente seus discípulos sobre procurar por um siksa guru raganuga? Ele falava sobre tantas coisas. O que poderia ser mais importante que os meios de atingir a meta da consciência de Krsna? Por que ele teria negligenciado um ponto tão importante?
Na verdade, por que ele não disse: "Meus caros discípulos, vocês já absorveram a essência da minha missão de pregação e estou satisfeito com vocês por isso. Mas isso só vai levá-los até aí. Agora, eu pedi a Sripad Narayana Maharaja para dar a vocês mais instruções que os conduzam pelo resto do caminho". Além disso, Srila Prabhupada, que era tão meticuloso com cada detalhe, nunca nos instruiu dessa forma. Narayana Maharaja disse que Srila Prabhupada pediu a ele que nos ajudasse. Mesmo assim, se Srila Prabhupada planejasse algo tão importante quanto isso, ele certamente teria dito algo a seus próprios discípulos.
Primeiramente, a qualificação inicial para qualquer um guiar devotos da ISKCON é seguir estritamente a ordem de Srila Prabhupada, quem, como vimos, dedicava concentrada atenção a assuntos como as lilas conjugais de Krsna para aqueles já livres do desejo sexual. Como também vimos, Narayana Maharaja não observava tal restrição. Como então pode qualquer seguidor de Prabhupada aceitar instruções dele? Associação com vaisnavas avançados é certamente um princípio devocional, mas tal associação não nos ajuda se fizer com que percamos nossa associação com nosso mais avançado professor, Srila Prabhupada, ao desobedecermos suas instruções. Quaisquer avanços que obtenhamos depende completamente de mantermos a fé em Srila Prabhupada.
De fato, vamos esclarecer completamente a conseqüência de aceitar as orientações de Narayana Maharaja. A implicação das declarações de Narayana Maharaja é aceitá-lo como o próximo acarya da ISKCON após Prabhupada. Se refletirmos sobre a interpretação extensiva de Narayana Maharaja sobre que aquilo que ele diz seria um pedido de Prabhupada para que ele nos ajude, e a crença de Narayana maharaja de que introduzir raganuga-sadhana é o que Prabhupada faria se estivesse presente para completar seu trabalho, a conclusão é difícil de ser evitada. Narayana Maharaja seria o guru rasika da ISKCON, apontado, inclusive, por Srila Prabhupada para tomar o lugar que ele deixou. O problema com isso é que Srila Prabhupada deixou cuidadosamente para seus discípulos instruções para o futuro da ISKCON, e manteve a Gaudiya Matha como um exemplo para nós sobre exatamente o que não fazer: "Por que essa Gaudiya Matha fracassou? Porque eles tentaram se tornar mais que o guru. Ele, antes de abandonar o corpo, ele deixou todas as orientações e nunca disse que 'Este homem deverá se o próximo acarya'". Se nós seguirmos Narayana Maharaja, então estaremos exatamente recapitulando o erro fatal da Gaudiya matha. Narayana Maharaja dificilmente seria o primeiro sannyasi da Gaudiya Mahta a tentar a ISKCON com cantos da sereia que prometem nos levar a "ensinamentos mais avançados" que Prabhupada ofereceu. Mantendo a fé em Srila Prabhupada, devemos continuar a rejeitar firmemente quaisquer alusões a desobedecer sua ordem.
Alguns ainda podem se perguntar como alcançaremos os mais elevados estágios de consciência de Krsna se não praticarmos raganuga-sadhana sob a orientação de alguém como Narayana Maharaja. Prabhupada assegurou que se formos conscientes em seguir o programa que ele meticulosamente nos deixou, podemos confiar em nosso completo sucesso. Em uma aula do Bhagavad-gita dada em Los Angeles em 27 de novembro de 1968, Srila Prabhupada deu sua resposta a um discípulo que perguntou sobre desenvolver gopi-bhava:
Então primeiro todos vocês devem abandonar essa vida condicionada. Então a questão de servir às gopis surgirá. Não fiquem, no momento presente, muito ansiosos para servir às gopis. Apenas tente abandonar sua vida condicionada. Então chegará a hora em que serão capazes de servir gopis... Mas Krsna nos dá oportunidades para aceitar serviço nesta arca-marga. Assim como mantemos a Deidade de Krsna, oferecemos prasada sob certas regulações, sob princípios. Então temos que fazer avanços nessa forma, cantando, ouvindo e adorando no templo, arati, fazendo prasada. Assim, faremos avanço, então automaticamente Krsna Se revelará a você e você compreenderá sua posição, como deve... Gopis devem estar sempre, constantemente ocupadas nos eviço ao Senhor. Então a relação eterna será revelada. Então, temos que esperar por isso. Não podemos imediatamente imitar o serviço das gopis. É uma boa idéia que você deva servir as gopis, mas isso leva tempo. Não é imediato. Imediatamente, temos que seguir as regras e regulações e a rotina de trabalho.
Esta foi apenas uma das diversas declarações similares que podem ser encontradas ao procurar no banco de dados FOLIO de Prabhupada, sob as palavras "Revelação automática". A indicação freqüentemente dada por Srila Prabhupada é que por realizar conscienciosamente as atividades rotineiras do serviço devocional, algum dia sairemos do estágio condicionado da vida, e então Krsna automaticamente revelará internamente nossa posição verdadeira, enquanto externamente continuaremos a seguir as mesmas práticas rotineiras que nos levaram até o estágio liberado. Esse processo requer paciência? Sim, mas é melhor ser paciente que ficar envolvido em um processo artificial e, em última análise, auto-destrutivo, tentando pular passos do processo, correndo o risco de se desiludir sobre seu verdadeiro estágio de avanço.
Srila Prabhupada escreveu para Satsvarupa em 21 de março de 1967 o seguinte conselho:
Nós, quando estivermos no estágio perfeito de serviço devocional, poderemos conhecer nosso relacionamento eterno com Krsna e como tal um dos associados do Senhor Krsna se tornará nosso líder ideal. Aceitar essa liderança de um dos associados eternos do Senhor não é artificial. Portanto, não tente no momento presente. Isso será revelado automaticamente a você no tempo certo.
Aqui há algumas outras citações de Srila Prabhupada durante uma conversa no jardim, em Nova Vrndavana, 23 de junho de 1976:
Primeiro de tudo, tente retificar, então fale de svarupa. Onde está sua svarupa? Simplesmente perdendo tempo. Um homem deseja, ele pensa, "Quando serei curado, devo comer, ir a esse hotel, eu devo comer assim". Primeiro de tudo a cura, então fale sobre comer isso ou aquilo. Svarupa, quando você estiver curado, isso é svarupa. Enquanto você não estiver curado, pra quê falar sobre svarupa? Primeira coisa é se curar. Anartha-nivrtti, isso é anartha-nivrtti. Então svarupa virá.
Aqui a declaração de Prabhupada revela claramente a diferença fundamental entre sua abordagem e a de Narayana maharaja. A abordagem de Narayana maharaja leva a pessoa a falar sobre svarupa e suas atividades, antes de alcançar svarupa, justamente para atingi-la. Srila Prabhupada indica outro processo: "Onde está sua svarupa?" Ele pergunta, sarcástico. "Não fale desnecessariamente. Primeiro de tudo, alcance svarupa, depois fale de svarupa". Seria difícil ser mais claro. Prabhupada continua e diz:
Então, qual a utilidade em falar utopias? A primeira coisa é anartha-nivrtti syat. Adau sraddha tathah sadhu-sango 'tha bhajana-kriya tato anartha-nivrtti syat. Adote esses meios que você terá completa fé que "A consciência de Krsna irá me salvar". Então viva com os devotos que estão similarmente determinados. Então execute seu serviço devocional. Então anartha-nivrtti syat, ficará livre de todos esses… esses são os estágios. Aqui… Sobre anartha-nivrtti, temos que lutar arduamente e com determinação, e tudo automaticamente virá.
O seguinte excerto é tirado de uma conversa em Bombay, 25 de abril de 1977:
Prabhupada: "Svarupa-siddhi significa quando ele é realmente liberado, compreende qual é sua relação com Krsna. Isso é svarupa-siddhi. Sakhya... Isso é bem mais além. A menos... se ele for tão tolo, então onde está svarupa-siddhi?" Tamala Krsna? "Então tal realização não advém por meio de alguma iniciação com algum babaji". Prabhupada: "Ela vem automaticamente quando… ele estiver liberado, não antes".
Qualquer um que pesquise sobre o assunto cuidadosamente verá que Srila Prabhupada constantemente ensinou que os estágios mais elevados da consciência de Krsna – entendimento da svarupa e rasa de alguém, encontrar seu guia eterno, etc – são assuntos que serão automaticamente revelados a nós se permanecermos praticando consciência de Krsna exatamente como fomos instruídos por ele. A realização automática virá "quando estivermos no perfeito estágio do serviço devocional".
Entretanto, alguém pode achar que um elemento necessário incluído nessa "revelação automática" seria descoberto, por revelação divina, um raganuga-guru especialista para quem praticar raganuga-sadhana sob sua supervisão. Tal interpretação das declarações de Prabhupada não pode ser aceita. Não apenas acrescenta algo ao que Srila Prabhupada não disse explicitamente, como o que acrescenta contradiz as declarações diretas dos significados deixados por Srila Prabhupada para a expressão "revelação automática". O Dicionário de Inglês Oxford declara que a raiz da palavra "automática" é "agir por si só, ter o poder de mover ou realizar alguma ação em si mesmo".
Srila Prabhupada não disse que no estágio não-liberado alguma prática especial de raganuga-sadhana sob a orientação de um guru raganuga seria necessária para revelar a svarupa e a rasa de alguém. Ele apenas disse para praticar os princípios rotineiros conscienciosamente até alcançar o estágio liberado e tudo seria automaticamente revelado. Devemos ser fiéis a esta instrução de Srila Prabhupada e levar a sério seu aviso de que alguém que ensina algo diferente do que ele deixou não é um siksa-guru apropriado para nós.
Os excertos tirados do livro de Narayana Maharaja revelam o que tornou um tema geral de sua pregação: primeiro, que a missão de Srila Prabhupada está incompleta, e segundo, que Narayana Maharaja é o escolhido para completá-la. Enquanto todos na ISKCON ouviram que Srila Prabhupada declarou que sua missão estava apenas cinquenta por cento concluída, a parte que faltava não era raganuga-sadhana bhakti, mas o estabelecimento do varnasrama dharma, que a pregação mais desenvolvida tornaria necessário. Ele não esperava que raganuga bhakti se tornasse o foco das práticas e ensinamentos diferentes daqueles que já havia nos deixado. Srila Prabhupada seguia perfeitamente o exemplo de seu Guru Maharaja, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, ao demonstrar que a potência da pregação é o primeiro sintoma de avanço em consciência de Krsna. Entusiasmo na pregação não é meramente uma qualificação para algo maior. Pregação entusiasmada é por si só um sintoma de tal estágio elevado.
Srila Prabhupada e seu Guru Maharaja ensinavam por seu próprio exemplo que a purificação dos anarthas e o gosto por Krsna-katha sãoalcançados e exibidos ao espalhar o movimento de sankirtana. Isso é muito mais importante para esses dois acaryas recentes que tentar "cultivar o humor dos brijbasis". Colocando de outra forma, em sua potência como incansável pregador, Srila Prabhupada revelou os sintomas de um verdadeiro Brjbasi, um real Vaisnava rasika. Ele nos mostrou o que um verdadeiro rasika Brijbasi faz neste mundo, tanto na Índia quanto no ocidente: prega o Bhagavad-gita e o Srimad Bhagavatam.
Narayana Maharaja ainda diz em particular que não aprecia o Bhagavad-gita, nem tem atração por Puri ou Dvaraka, não se interessa por Rama ou Narasingha. Na Índia, podemos freqüentemente ouvir gurus usando tais declarações como um meio codificado para revelar seu alto nível de avanço. Em primeiro lugar, qualquer que seja o nível de Narayana Maharaja, que exemplo esse tipo de conversa dá a seus seguidores, que inevitamelmente virão a saber e repetir suas declarações? Em segundo lugar, Srila Prabhupada sempre demonstrou um gosto genuíno pelo Bhagavad-gita. Devemos entender que Srila Prabhupada estava situado no mais extraordinário nível de devoção espontânea, o qual se expressava em suas pregações do Bhagavad-gita com entusiasmo e gosto incansável. Nós nos perguntamos se Narayana Maharaja teria apreciado isso.
Resumindo, Srila Prabhupada enfatizou que não precisamos acrescentar nenhum empreendimento externo ao que ele deixou para percebermos nossa relação com Krsna; no momento apropriado, guru e Krsna nos revelarão o que for necessário. Enquanto isso, devemos continuar fixos rendendo serviço sincero aos pés de lótus de nosso mestre espiritual e sua missão. Quando nossos corações estiverem compeltamente puros, tudo será revelado. O tempo todos, devemos nos comportar estritamente de acordo com os princípios de vaidhi-sadhana-bhakti. Qualquer exemplo diferente desse simplesmente criará confusão tanto nos outros quanto em nós mesmos.
Sabemos, além disso, que o movimento para a consciência de Krsna de Caitanya Mahaprabhu tem como meta final distribuir o mais elevado amor por Radha e Krsna. Será que isso não é especial o suficiete para que os devotos da ISKCON possam fazer antes da liberação para se tornarem qualificados para os estágios mais elevados de consciência de Krsna?
Sobre isso, Srila Prabhupada sempre enfatizou a maior potência do programa básico do movimento para a consciência de Krsna: cantar os Santos Nomes e pregar. Ao pregarmos e cantarmos os Santos Nomes, nós adquirimos a misericórdia de Srila Prabhupada e dos acaryas anteriores, que nos permite alcançar a perfeição mais alta. Esse programa básico é muito especial. Em consciência de Krsna, o fim e os meios são iguais, e o "programa básico" de cantar Hare Krsna está de fato diretamente associado com Radha-Krsna. A natureza especial e a potência de nosso programa básico se torna progressivamente manifesta quanto mais aumenta a qualidade de nosso envolvimento. Quanto mais cuidamos para evitar ofensas ao cantar e mais nos tornarmos enérgicos em espalhar a mensagem de Krsna para todo lugar, mais nos tornaremos elegíveis a obtermos progresso em devoção espontânea. Como disse Srila Prabhupada, "A maneira de desenvolver o amor das gopis por Krsna é espalhar consciência de Krsna por todo o mundo".
Qual é o humor das gopis? Elas foram preparadas para fazer qualquer coisa, sacrificar tudo para agradar Krsna. Uma vez que Krsna fica o mais satisfeito quando Seu devoto está satisfeito, devemos portanto agir de forma desinteressada para agradar o amado devoto de Krsna e seus representante – Srila Prabhupada. Uma vez que Krsna e Srila Prabhupada ficaem especialmente satisfeitos com pregação, devemos pregar desinteressadamente e incansavelmente como fez o próprio Srila Prabhupada.
Absorto em emoções extáticas de Srimati Radharani, o Senhor Caitanya orou: "Não Me importo com Minha angústia pessoal. Tudo o que desejo é que Krsna viva feliz, pois Sua felicidade é a meta da Minha vida" (Cc, Antya 20.52). No significado deste verso, Srila Prabhupada explica a renúncia de um devoto:
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura diz que o devoto não se importa com sua própria felicidade e sofrimento; ele só se interessa em ver se Krsna está feliz, e para isso ocupa-se em diversas atividades... Aqueles que são materialistas, entretanto, que são muito orgulhosos da riqueza material e não têm nenhum conhecimento espiritual, como os prakrta-sayajiyas, acham que sua própria felicidade é a meta da vida.
Srila Prabhupada vê o exemplo de tal renúncia na atividade de pregação:
Às vezes os representantes do Senhor se ocupam em pregação e conhecem várias assim-chamadas dificuldades. Isso aconteceu com o Senhor Nityananda quando Ele liberou as duas almas caídas Jagai e Madhai, e similarmente com o Senhor Jesus Cristo, que foi crucificado pelos descrentes. Mas tais dificuldades são alegremente toleradas pelos devotos que pregam porque em tais atividades, apesar de aparentemente causarem muito sofrimento, os devotos do Senhor encontram prazer transcendental porque o Senhor está satisfeito... Não há interesse egoísta em tal serviço. Devotos puros como Narada e Nityananda Prabhu aceitam a ordem do mestre espiritual como o mantimento de suas vidas. Eles não se importam com o que será o futuro de suas vidas. (SB 2.8.6, significado)
Há muitos exemplos na história de devotos do Senhor que arriscaram suas vidas para espalhar a consciência de Deus... Agora podemos imaginar quão misericordioso é Krsna para aqueles ocupados em Seu serviço, arriscando tudo por Ele. Portanto é certo que tais pessoas devam alcançar o planeta supremo após deixar o corpo (Bhagavad-Gita 11.55, significado).
Srila Prabhupada sempre glofigicou a pregação como o degrau mais elevado, e ele condenava com igual veemência os sahajiya babajis e outros que denigrem a pregação. Por exemplo:
Prabhupada: "Vrndavana, lá há tantos perigos. Todos aqueles babajis, eles são... 'Oh, eu não saio de Vrndavana'. Mas ele tem conecção com tantas mulheres. Então qual a utilidade? Você já viu disso? Ele está apegado a mulheres e fazendo todo tipo de atividades pecaminosas em Vrndavana. Isso acontece, fabricando bidi, f umando bidi, com as roupas de Rupa Goswami, de tanga, grande tilaka, kanthi, e o que está fazendo? Fazendo bidi. Você viu? Prithu-putra: Já vi alguns deles fazendo isso, ... Prabhupada: Nem todos eles. Mas eles também declaram estar no estágio de Rupa Goswami. Estamos pregando – estamos em um estágio inferior. Essa é a opinião deles. Estamos pregando por todo o mundo; estamos em um estágio inferior. E porque ele imita as vestes de Rupa Goswami – ele é mais elevado. Isso acontece. (conversa, 28 de janeiro de 1977)
Srila Prabhupada freqüentemente citava a declaração de Srila Bhaktivinoda Thakura que "Um uttama-adhikari Vaisnava pode ser reconhecido por sua habilidade em converter muitas almas caídas ao vaisnavismo" (Néctar da Instrução 5, significado).
Srila Bhaktivinoda Thakura disse que a posição de um vaisnava pode ser testada pelo quanto ele se parece com uma pedra filosofal – ou seja, por quantos vaisnavas ele fez durante sua vida. Um vaisnava deve ser uma pedra filosofal que pode converter outros ao vaisnavismo por sua pregação, mesmo que as pessoas sejam caídas como o caçador. Há tantos devotos que se consideram avançados, sentados em um lugar isolado para seu próprio benefício. Eles não saem para pregar e converter outros ao vaisnavismo, e portanto certamente não podem ser chamados de sparsa-mani, devotos avançados (Cc, Madya 24.277, significado).
A respeito dessa declaração, Srila Prabhupada disse o seguinte: "tal pai, tal filho". Ele pregava extensivamente por todo o mundo com sucesso sem precedentes, e ordenou que pregássemos da mesma forma. A ponto que ao seguirmos a instrução de Srila Prabhupada para pregar, ele estará satisfeito, e nos abençoará com a misericórdia da sucessão discipular, e nós seremos exitosos.
Srila Prabhupada instruiu que pregássemos e explicou a qualificação necessária para isso:
Devotos kanistha-adhikari não podem transformar os outros em vaisnavas, mas um madhyama-adhikari pode fazer isso por meio da pregação. Sri Caitanya Mahaprabhu alertou Seus seguidores para aumentar o número de vaisnavas:
are dekha, tare kaha 'krsna'-upadesa
mara ajnaya guru hana tara' ei desa
(Cc Madhya 7.128)
Era desejo de Sri Caitanya Mahaprabhu que todos se tornassem vaisnavas e gurus. Seguindo as instruções de Sri Caitanya Mahaprabhu e Sua sucessão discipular, a pessoa pode se tornar um mestre espiritual, pois o processo é muito simples. A pessoa pode ir a todo e qualquer lugar para pregar as instruções de Krsna. O Bhagavad-gita é a instrução de Krsna; portanto, o dever de todo vaisnava é viajar e pregar o Bhagavad-Gita, em seu país ou em outro. Este é o teste para um sparsa-mani, seguir os passos de Narada Muni" (Cc Madhya, 24.277, significado).
Os membros do movimento para a consciência de Krsna cantam um mínimo de dezesseis voltas por dia, o que pode ser feito sem dificuldades, mas ao mesmo tempo eles devem pregar o culto a Caitanya Mahaprabhu de acordo com o Bhagavad-Gita Como Ele É. Alguém que faz isso pode se tornar um mestre espiritual para o mundo inteiro (Cc Antya 4.103, significado).
Sob a luz de tudo o que foi mencionado e discutido acima, devemos considerar agora como encarar as afirmativas de Narayana Maharaja onde ele coloca Srila Prabhupada como seu siksa guru e a si mesmo como bem-querente da ISKCON. Deve estar muito claro o motivo pelo qual não podemos aceitá-lo por sua própria avaliação. A lição que Narayana Maharaja sente que pode passar à ISKCON irá prejudicar a ISKCON ao desviá-la da direção deixada por Srila Prabhupada. Conseqüentemente, a ISKCON não tem alternativa que não seja restringiu seus seguidores da interação com Narayana Maharaja. A seguinte resolução do GBC, proclamada em 1995, explica o que se espera dos devotos da ISKCON e as conseqüências para os violadores:
Para satisfazer os desejos dos acaryas anteriores por um mundo unido em pregação organizado para expandir a missão de Sri Caitanya Mahaprabhu, Srila Prabhupada fundou a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna como um galho distinto da Brahma Madhva Gaudiya Vaisnava sampradaya. Portanto, ele é o Fundador-Acarya da ISKCON.
a. Srila Prabhupada é o siksa-guru fundador para todos os devotos da ISKCON porque ele realizou e apresentou os ensinamentos dos acaryas anteriores da Brahma Madhva Gaudiya sampradaya de forma apropriada para a era moderna.
1. A: Em obediência às instruções de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o GBC orienta que os membros da ISKCON devem respeitar todos os devotos seniôres da Gaudiya Vaisnava fora da ISKCON, mas não devem se associar intimamente com eles, pessoalmente, ou através de mídias impressas ou gravadas, para orientação, aulas, instruções ou iniciações uma vez que suas apresentações da consciência de Krsna comumente divergem daquela de Srila Prabhupada em ênfase, balanço e outros aspectos tanto na teoria quanto na prática.
B: Esta resolução deve ser aplicada categoricamente a todos os membros da ISKCON. Os líderes da ISKCON têm como primeira responsabilidade dar orientação, direcionamento e conselhos a respeito disso a qualquer devoto da ISKCON afetado pessoalmente por esta resolução, assim como trazê-lo de volta ao caminho indicado por Srila Prabhupada.
2. Em qualquer caso, aqueles que continuarem a agir violando esta resolução estão sujeitos a sanções por parte dos presidentes de templo e secretários zonais do GBC, que podem exercitar sua discrição ao proibir qualquer de tais devotos de viver nas propriedades da ISKCON ou exercer funções na ISKCON.
Dadas as notórias diferenças entre a pregação de Narayana Maharaja e os ensinamentos de Srila Prabhupada, como alguém pode se perguntar por que a ISKCON foi levada a adotar tais resoluções? Ainda que uma discípula sênior de prabhupada, que recentemente tornou pública sua aliança com Narayana Maharaja, declarou com surpreendente ingenuidade?
Sobre a forma como Srila Narayana Maharaja se apresenta para a ISKCON [como discípulo siksa de Prabhupada e bem-querente da ISKCON], há um medo aparente dele que existe dentro do GBC. Tenho lutado para reconciliar tal dicotomia que existe com seu doce e respeitável comportamento de sadhu e o tratamento que a ISKCON dedica a ele.
Ela explica que sua decisão de seguir Narayana Maharaja é "baseada na minha realização de que os ensinamentos de Srila Prabhupada devem ter precedentes sobre qualquer decisão tomada nos últimos dias por parte do GBC".
Alguám pode se perguntar como ela falhou ao ver que a verdadeira dicotomia está entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada. Não apenas as decisões do GBC são completamente condizentes com os ensinamentos de Srila Prabhupada, como elas de fato são demandas de tais ensinamentos.
Essa escritora continua, ecoando uma queixa de Narayana Maharaja que diz que "não há notícias no shastra, no Srimad Bhagavatam ou Caitanya caritamrta onde um vaisnava ou grupo de vaisnavas teriam proibido alguém de ouvir algo de outro vaisnava bona fide. Essa política está contra Guru, Sadhu e Sastra".
Apenas alguém completamente ignorante ou esquecido da longa história das ações de Srila Prabhupada em relação a alguns de seus irmãos espirituais poderia fazer tal reclamação. É compreensível que Narayana Maharaja possa não estar familiarizado com as instruções de Srila Prabhupada, mas como uma discípula sênior se tornar tão ignorante? Ou ela não considera mais Srila Prabhupada e seus ensinamentos como "guru e shastra"?
Aqueles que conheceram Srila Prabhupada e permanecem fiéis a ele não podem se esquecer das diversas ocasiões na Índia quando Srila Prabhupada tinha que proteger seus discípulos de ações adversas por parte de alguns de seus irmãos espirituais. Essas ações incluem:
(1) minimizar a posição de Srila Prabhupada e encolher suas conquistas, (2) minimizar a importância da pregação em favor de bhajans, ou promover outras práticas que levam ao sahajiyanismo, (3) interferir no gerenciamento da ISKCON, (4) apresentar idéias que Prabhupada considerava incorretas, e (5) reiniciar discípulos de forma imprópria.
Quando Srila Prabhupada mandou seus primeiros discípulos para pregar na Índia, antes que diversos templos da ISKCON tenham sido estabelecidos, ele às vezes permitia que eles ficassem temporariamente em instituições da Gaudiya Matha. Mais tarde, entretanto, os problemas apontados acima se tornaram uma fonte constante de dificuldades, de modo que Srila Prabhupada finalmente sentiu necessidade de restringir a associação de seus discípulos com membros da Gaudiya Matha. Esta carta para Rupanuga Maharaja de 28 de abril de 1974 ilustra o nível de preocupação de Srila Prabhupada:
Então é melhor não se misturar intimamente com meus irmãos espirituais porque ao invés de inspirar nossos alunos e discípulos, eles podem às vezes poluí-los. Essa tentativa já foi feita por eles, especialmente [nomes dos irmãos espirituais apagados] mas de um jeito ou de outro eu salvei a situação. Isso está acontecendo. Devemos ser muito cuidadosos com eles e não nos misturarmos. Esta é minha instrução a todos vocês. Eles não podem nos ajudar em nosso movimento, mas são muito competentes em estragar nosso progresso natural. Então devemos ter muito cuidado com eles.
Em 9 de novembro de 1975, Srila Prabhupada escreveu algo parecido para Visvakarma Dasa:
Por favor, aceite minhas bênçãos. Sobre sua carta datada de 3 de setembro de 1975, com a declaração sobre [nome apagado]. Então agora eu emiti ordens para que todos os meus discípulos evitem todos os meus irmãos espirituais. Eles não devem tratar com eles nem por correspondência, nem devem dar nenhum de meus livros ou pagar por algum dos livros deles, nem devem visitar nenhum de seus templos. Por favor, evitem.
Essas cartas mostram quanto Srila Prabhupada estava preparado para proteger seu movimento da contaminação por agentes externos, mesmo aqueles tão próximos como seus irmãos espirituais. A política geral de Srila Prabhupada era limitar a associação de seus discípulos com pessoas externas, e a recente preocupação do GBC com a influência de Narayana Maharaja sobre os membros da ISKCON é certamente de acordo com a atitude de Prabhupada e, de fato, sua política bem documentada.
Além disso, podemos lembrar que os mesmos problemas que surgiram durante a época de Prabhupada em relação aos seus irmãos reapareceram com Narayana Maharaja: (1) minimizar a posição de Srila Prabhupada e encolher suas conquistas, (2) minimizar a importância da pregação em favor de bhajans, ou promover outras práticas que levam ao sahajiyanismo, (3) interferir no gerenciamento da ISKCON, (4) apresentar idéias que Prabhupada considerava incorretas, e (5) reiniciar discípulos de forma imprópria.
Embora Narayana Maharaja glorifique Srila Prabhupada, é o tipo de glorificação que leva a críticas explícitas como aquelas que objetivam os nomes que Prabhupada deu a Deidades (Rukmini-dvarakadisha, Radha-Parthasarathi) e às mulheres iniciadas por Prabhupada com o mantra Brahma gayatri. Além disso, uma minimização implícita de Prabhupada está contida quando Narayana Maharaja diz que os ensinamentos de Prabhupada eram rudimentares e necessitam de complementos.
Narayana Maharaja também reiniciou discípulos de gurus da ISKCON. Ele ataca a ISKCON e seus líderes, reinicia devotos da ISKCON e confunde a congregação com ensinamentos diferentes daqueles de Prabhupada – tudo isso, a despeito das garantias dadas por dois seguidores de Narayana Maharaja, ambos antigos membros da ISKCON reiniciados (um deles discípulo de um guru padrão), que escreveram:
Gostaríamos de acalmar seus medos de qualquer esforço sistemático de nossa parte para investigar. Maharaja declarou publicamente diversas vezes que não está interessado em dar diksha, "re-iniciar" ninguém, coletar fundos, ou de alguma forma invalidar a posição espiritual dos devotos, porque ele está ciente de que isso causaria confusão. Esta seguramente não é sua posição, pois ele quer apenas encorajar os devotos em seu amor por Srila Prabhupada, ISKCON e Sri Gauranga. Sua missão é dar respeitos a Srila Prabhupada e oferecer sua amizade.
Esta é de fato uma carta estranha de se receber de alguém que, embora um discípulo de um respeitado guru da ISKCON, foi a apenas uma semana antes reiniciado por Narayana Maharaja. Nem seu caso é único: outros devotos da ISKCON com gurus dentro do padrão têm sido reiniciados, freqüentemente com o dispositivo transparente de receber novos nomes de "pets" espirituais e receber a segunda iniciação. Esses atos transgridem a etiqueta vaisnava, e também o acordo há muito estabelecido entre várias Gaudiya Matha. Em 1984, Narayana Maharaja disse que em sua instituição, se um membro toma diksa ou siksa de outra matha, ele pede que saia. Dez anos atrás, quando outro líder da Gaudiya Matha começou a reiniciar membros da ISKCON e tirá-los da ISKCON, Narayana Maharaja declarou com grande ênfase: "Nenhum vaisnava fará isso. Isso é avaisnava". Agora, contudo, ele parece cometer os mesmos atos que uma vez condenou sem heistar.
Além disso, Narayana Maharaja não mantém os mesmos padrões rigorosos para iniciação que Srila Prabhupada estabeleceu. Outro discípulo de Prabhupada que se tornou um novo admirador de narayana Maharaja tenta justificar a liberalidade de Narayana Maharaja em dar iniciações com essas palavras:
Ouvi reclamações dizendo: "mas ele está iniciando devotos sem o período mínimo obrigatório de um ano". Quem disse que é "obrigatório"? Vi Srila Prabhupada iniciar uma mulher que sequer havia sido recomendada a ele, que veio um dia, foi iniciada no outro, e ninguém nunca mais a viu.
O escritor parece ter perdido sua memória sobre Srila Prabhupada, que no início fez várias coisas para estabelecer o movimento para a consciência de Krsna, mas que mais tarde insistiu pessoalmente que algumas qualificações básicas todo candidato deveria apresentar, e uma delas era completar um período probatório de seis meses e uma recomendação por algum presidente de templo. Durante esse período, o devoto deveria supostamente demonstrar capacidade de seguir o padrão mínimo de Prabhupada: seguir estritamente os quatro princípios regulativos e cantar dezesseis voltas de japa por dia. Narayana Maharaja, entretanto, tem um padrão consideravelmente menor para dar a primeira iniciação.
Por causa de sua fé na ordem de seu mestre espiritual, Srila Prabhupada – e mais ninguém – assumiu todos os riscos para trazer a consciência de Krsna para todo o mundo. Pela graça de Krsna, seus esforços foram coroados com sucesso sem precedentes. Entretanto, nós, seus seguidores, o aceitamos como acarya para a pregação mundial da consciência de Krsna. Acreditamos que Krsna deu a ele em particular a inteligência necessária para determinar as práticas padrões para o movimento Hare Krsna global. Sob a luz de todos esses argumentos, nos empenhamos em manter nossa fé em Srila Prabhupada.
Entre todos os padrões estabelecidos por Prabhupada estavam o seguimento dos quatro princípios regulativos e o cantar de dezesseis voltas por dia. Também entre esses padrões estava a insistência em que medidas rigorosas deveriam ser tomadas para manter como confidenciais os tópicos sobre Radha-Krsna-lila, evitando que se tornassem um discurso comum das almas condicionadas. Também entre esses padrões estava a obrigação de que todo devoto fosse "incendiado" com o entusiasmo para espalhar a missão do Senhor Caitanya, pois tal entusiasmo de espalhar a consciência de Krsna transportaria o devoto ao mais confidencial serviço para Krsna.
Narayana Maharaja, entretanto, tem uma percepção diferente da maneira de pregar a consciência de Krsna. Ele quer modificar as decisões de Srila Prabhupada sobre esse assunto. Não podemos aceitar que ele seja qualificado para fazê-lo. Aqueles da ISKCON que foram ensinados por Srila Prabhupada, e que agora têm bastante experiência em pregar fora da Índia, têm fortes dúvidas sobre os esforços de Narayana Maharaja. Temos premonições de desastres que ocorrem quando vemos alguém iniciar despreocupadamente muitas pessoas desqualificadas e então inserir essas pessoas em uma cultura onde tópicos rasika são o centro.
Embora Narayana Maharaja encontre defeitos na ISKCON e acredite representar algo superior, ainda assim ele – como outros sannyasis da Gaudiya Matha – parece pensar que é continuamente dependente da pregação da ISKCON. Como um deles candidamente declarou há pouco tempo, "Estamos simplesmente comendo a prasad de Swami Maharaja [Prabhupada]".
Narayana Maharaja tem suas próprias realizações, diferentes das de Srila Prabhupada, sobre a maneira de apresentar consciência de Krsna. Se ele deseja pregar fora da Índia e testar suas realizações na prática, desejamos que tenha sucesso e não ficaremos em seu caminho. Afinal, existem cinco bilhões de pessoas no mundo para pregar, sendo que apenas uma pequenina fração delas está na ISKCON. Assim, ele não deveria interferir na ISKCON, mas deixar que a ISKCON maneje seus próprios membros da maneira ensinada por Srila Prabhupada, e que Narayana Maharaja derrame sua misericórdia sobre todos os demais cinco bilhões. Então veremos quem terá sucesso.
Portanto, pedimos a Narayana Maharaja e seus seguidores que não perturbem os esforços da ISKCON para pregar de acordo com as instruções de Srila Prabhupada, e que não levem os membros da ISKCON para longe dessas diretrizes. E também pedimos a todos aqueles que são parte da ISKCON que compreendam claramente que as políticas e práticas de Narayana Maharaja são significativamente diferentes daquelas de Srila Prabhupada, como mostramos acima. Para recapitular: Srila Prabhupada insistia que se concentrar em tópicos sobre lilas conjugais é apenas para aqueles completamente livres de desejos sexuais. Tais tópicos nunca deveriam se tornar recorrentes em discursos públicos. Prabhupada silenciou quaisquer discussões sobre sua própria relação interna com Krsna, e condenou como impróprias as perguntas de seus discípulos sobre o assunto. Ele enfatizou que a qualificação para avançar a estágios superiores de consciência de Krsna devem ser alcançadas por meio de ouvir e cantar cuidadosamente, e por aumentar o empenho do devoto em trazer almas caídas de volta a Krsna. Essas práticas em si mesmas levarão os devotos à plataforma da perfeição, e ele nunca nos disse para eventualmente encontrarmos um guru rasika e nos ocuparmos em práticas diferentes sob sua orientação. Qualquer seguidor fiel de Srila Prabhupada observará cuidadosamente suas orientações e não comprometerá seus ensinamentos com outras coisas.
Todos aqueles que vêm na linha de Srila Prabhupada devem manter a fé nele e adorar suas ordens, seguindo-as estritamente. Aqueles que assim o fizerem, estão garantidos por Prabhupada que alcançarão as maiores bênçãos possíveis de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada, de Srila Rupa Goswami Prabhupada, de Sri Caitanya Mahaprabhu, e de Sri Sri Radha-Krsna.
Traduzido por Krishna Jivani devi dasi

Junho de 1996

Este é um artigo de posicionamento do Corpo Governamental da ISKCON (GBC) que visa demonstrar que aqueles que mantêm sua fé em Srila Prabhupada não podem seguir S. S. Narayana Maharaja. Apresentado pelo GBC Executivo e pelo Comitê de Padrões Filosóficos.
Sua Santidade Bhaktivedanta Narayana Maharaja recentemente começou sua turnê de pregação pelo ocidente. Seu itinerário o leva exclusivamente a templos, comunidade e congregações da ISKCON. Antes de embarcar na Índia, Narayana Maharaja se encontrou com representantes do GBC e fez as seguintes declarações sobre sua turnê:
1) Ele é um bem-querente da ISKCON. Ele não é um inimigo da ISKCON. Ele considera Srila Prabhupada como seu siksa-guru.
2) Quando Srila Prabhupada estava pregando no ocidente, ele mandou cartas a Narayana Maharaja, convidando-o a pregar também. Naquela época, Narayana Maharaja não teve interesse. Entretanto, agora esta turnê surgiu sem esforço excessivo, e ele considera isso como arranjo de Srila Prabhupada.
3) Cheio de respeito e veneração por Srila Prabhupada, Narayana Maharaja quer visitar os templos que Srila Prabhupada estabeleceu no ocidente. Eles são tirthas. Se os devotos da ISKCON o impedirem de entrar, ele oferecerá seus respeitos do portão e partirá. Mas a ISKCON permite que todos visitem seus templos, mesmo pessoas que debocham, então por que não ele? Se o expulsarmos, seus próprios seguidores verão isso como uma ofensa.
4) Quando questionado sobre se Narayana Maharaja manifestaria discordâncias com os pontos de vista filosóficos, políticos, e assim por diante, da ISKCON/GBC, ele assegurou que não faria tal coisa. Ele disse que o que quer que ele fale ou deixe de falar durante sua visita, depende de nós.
Os líderes da ISKCON não duvidam de que por muitos anos Srila Prabhupada tenha convidado Narayana Maharaja para visitá-lo. Eles também reconhecem que desde então, Narayana Maharaja agiu diversas vezes como um bem-querente da ISKCON. Entretanto, os líderes da ISKCON agora têm certeza de que Srila Prabhupada não desejaria mais estender o mesmo convite a Narayana Maharaja. Além disso, embora Narayana Maharaja possa ter algum dia recebido algum siksa de Srila Prabhupada, os líderes da ISKCON – GBC e presidentes de templos – estão convencidos de que Narayana Maharaja não pode mais representar apropriadamente Srila Prabhupada. Ao invés disso, Narayana Maharaja fala e age de formas diametralmente opostas às instruções e exemplos de Srila Prabhupada. Mesmo que Narayana Maharaja possa se considerar um bem-querente, na verdade seu comportamento frente à ISKCON é tal que poderia causar grandes danos à ISKCON. Ou seja, os líderes da ISKCON estão fortemente convencidos que as diferenças que separaram Narayana Maharaja de Srila Prabhupada são tão significativas e têm tantas implicações de longo alcance que tornam impossível que seguidores sinceros e fiéis de Srila Prabhupada se associem intimamente com ele.
Esta conclusão pareceu estranha a alguns seguidores de Narayana Maharaja. Eles dizem que isso é contrário ao conselho das escrituras de que não há melhor maneira de alguém avançar em vida espiritual do que pela associação com sadhus. Além disso, testemunhos recentes de alguns ex-devotos da ISKCON que agora se associam com Narayana Maharaja parecem apoiar sua alegação de ser um admirador de Srila Prabhupada e apoiador da ISKCON. Por que, então, os líderes da ISKCON pensam diferente? Eles deveriam verificar os fatos e, acima de tudo, a justificativa que as escrituras oferece sobre tais convicções.
O GBC reconhece que não está em posição de dizer a Narayana Maharaja que ele não pode pregar no ocidente. Entretanto, o GBC também reconhece que tem uma dívida para com Sirla Prabhupada, para decidir se Narayana Maharaja poderia pregar dentro da ISKCON. Aí está o problema. Se Narayana Maharaja estiver pregando para pessoas sem contato com a ISKCON, embora o GBC possa não concordar completamente com tudo o que ele diz ou faz, não há objeção. Entretanto, alguém que não é um membro da ISKCON não tem prerrogativas de trabalhar dentro da ISKCON a menos que seja convidado por um dos líderes para fazê-lo.
Na própria organização Gaudiya Matha de Narayana Maharaja – em qualquer Gaudiya Matha, sobre esse assunto – é considerado uma ofensiva quebra de etiqueta um estranho pregar para os próprios membros da Matha sem a aprovação e cooperação dos líderes da Matha. Ainda assim, toda a turnê de Narayana Maharaja envolve a ISKCON: arranjos foram feitos por ex-devotos da ISKCON nas casas de membros da congregação da ISKCON. Suas audiências são devotos da ISKCON, congregação, membros vitalícios e bhaktas. Ele está fazendo tudo isso sem a sanção do GBC.
Consequentemente, o GBC, como representantes designados por Srila Prabhupada, têm o direito e o dever de informar aos membros da ISKCON sobre todas as diferenças existentes entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada. Todos aqueles que tomaram abrigo da ISKCON têm o direito de ser protegidos do perigo de ofender Srila Prabhupada, e o GBC tem a obrigação de protegê-los. Eles devem entender claramente que seguir Narayana Maharaja os levará para longe de Srila Prabhupada, da ISKCON e do avanço no movimento de sankirtana, e não para mais perto. Este artigo mostrará os fatos e evidências das escrituras que apóiam esta conclusão.
Os membros da ISKCON começaram a sentir dificuldades com Narayana Maharaja quando ele declarou sua intenção de introduzir a prática de raganuga-bhakti na ISKCON. Ele anunciou sua intenção em um número de funções públicas da ISKCON para o qual havia sido convidado. Com esta finalidade, ele começou a sistematicamente instruir um número de devotos seniores da ISKCON que, a despeito dos desmandos de seus pares , regularmente querem ouvir o que eles têm a dizer. Embora Narayana Maharaja assegure a esses devotos que os tópicos em discussão não eram para divulgação pública, esses discursos foram gravados em fitas, e seus seguidores os publicaram eventualmente. A "confidencialidade" tornou-se uma ilusão. Os líderes da ISKCON tiveram agora que reconhecer que a ênfase singular de Narayana Maharaja em raganuga-sadhana é diretamente oposta às instruções dadas por Srila Prabhupada, que alerta que tal ênfase irá resultar em sahajiyanismo.
É certamente verdade que acaryas anteriores discutiram explicitamente as práticas de raganuga-sadhana. Sri Caitanya Mahaprabhu transmitiu ensinamentos sobre esse assunto a Srila Rupa Goswami e outros. Entretanto, ao ver as condições caídas da sociedade humana nos tempos modernos e entender como raganuga-bhakti poderia ser – e de fato tem sido – incompreendida e mal aplicada, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Srila Prabhupada alertaram de forma veemente sobre as tentativas das pessoas de concentrar suas atenções aos tópicos confidenciais de Radha e Krsna, e entrar prematuramente nas práticas de raganuga-bhakti.
Há cerca de vinte anos atrás, na ISKCON, um pequeno grupo de discípulos de Prabhupada começaram a se encontrar com o propósito de cultivar sentimentos espirituais mais elevados. Eles ficaram famosos como o "Clube Gopi-bhava". Srila Prabhupada interferiu pessoalmente para interromper suas atividades impróprias. Surpreendentemente, um fenômeno muito semelhante tem renascido agora sob a forma de Narayana Maharaja e seus seguidores. Seré benéfico que nós ouçamos de agora em diante como Srila Prabhupada tratou este assunto. A narrativa foi extraída do livro de Hari Sauri Dasa, A Transcendental Diary [Um diário Transcendental, inédito em português], vol. 2 (pp. 268-269):
[O líder do "Clube Gopi-bhava"] tentou assegurar a ele [Srila Prabhupada] que não estavam tentando imitar o amor das gopis por Krsna; eles simplesmente estudavam as descrições para que pudessem desenvolver tais desejos. Prabhupada enrubesceu, seu lábio superior tremeu ligeiramente. "Primeiro mereça, depois deseje! Não se discute desejo a menos que a pessoa já esteja realmente liberada. Até aquele ponto, você deve simplesmente fazer qualquer serviço que esteja oferecendo. Enquanto houver qualquer fração de desejo material, não há possibilidade de desejos na plataforma espiritual!" Ele disse que as gopi-lilas íntimas foram discutidas pelo Senhor Caitanya apenas entre Seus três associados mais confidentes – Svarupa Damodara, Ramananda Raya, Sikhi Mahiti. Siddha Deha é para almas liberadas – e mais ninguém. [Outro membro do grupo] disse que eles pensaram que estivesse tudo bem porque estava nos livros de Prabhupada, e eles estavam apenas lendo seus livros. Prabhupada disse a eles que só porque a farmácia tem todos os tipos de drogas, não quer dizer que se deve tomá-las sem prescrição. O médico prescreve de acordo com a doença. Ele disse isso para os estágios iniciais de serviço devocional até as rasas mais elevadas, tudo está nesses livros, mas nem tudo deve ser estudado imediatamente.
Este incidente revela uma diferença significativa entre as formas que Narayana Maharaja e Srila Prabhupada explicam a filosofia Gaudiya Vaisnava. De sua parte, Narayana Maharaja declara que mesmo se a pessoa estiver ainda materialmente condicionada, pode ouvir tópicos avançados que digam respeito aos passatempos conjugais de Krsna. Srila Prabhupada, por outro lado, enfatiza claramente que um devoto deve estar liberado do mundo material para ser qualificado a ouvir tais tópicos. A compreensão absurdamente clara de Srila Prabhupada é que ninguém deve se aprofundar nesses tópicos enquanto ainda tiver anarthas em seu coração.
Se devotos se interessarem prematuramente em tópicos sobre Krsna e as gopis, que problemas podem ter? Krsna-katha não é puro e purificador? Srila Prabhupada respondeu a essas perguntas. Ele explica que uma vez que os assuntos amorosos entre Krsna e as gopis lembram de intercâmbios materiais entre rapazes e moças, a própria pessoa faria sua luxúria aumentar ao se concentrar nesses assutnos, e assim seu avanço espiritual pode ficar em cheque.
Quando a pessoa é liberada e ouve os casos amorosos do Senhor Krsna e Radha, ela não fica inclinada a ter desejoso luxuriosos. Um patife mundano uma vez disse que quando vaisnavas cantam o nome 'Radha, Radha', ele simplesmente se lembra da esposa de um barbeiro chamada Radha. Este é um exemplo prático. A menos que a pessoa seja liberada, não deve tentar ouvir sobre os casos amorosos entre Radha e Krsna. Se alguém que não é liberado ouve a relação da dança da rasa, pode se lembrar de suas atividades mundanas e conexões ilícitas com outra mulher cujo nome também seja Radha. No estágio condicionado, a pessoa não deve sequer tentar lembrar de tais coisas. Praticando os princípios regulativos, ela deverá se elevar à plataforma de atração espontânea por Krsna. E só então pode ouvir sobre a radhakrsna-lila. Embora esses casos possam ser muito agradáveis tanto para as almas condicionadas quanto para as liberadas, as condicionadas não devem tentar ouvi-los. (Caitanya-caritamrta, Madhya 8.225, significados).
Sob a luz dessas declarações inequívocas feitas por Srila Prabhupada, pode-se perguntar como Narayana Maharaja supõe que seja seu serviço a Srila Prabhupada propagar rasa-katha. Como ele pode servir Srila Prabhupada de uma maneira que viola as instruções explícitas deixadas por Prabhupada?
Algumas pessoas, entretanto, preferem achar que estamos dando muita ênfase a essas declarações de Srila Prabhupada. Podem pensar que os líderes da ISKCON estão seguindo Srila Prabhupada de forma tão limitada e, fazendo assim, tiram a ISKCON da "cena" Gaudiya. Para responder a essas pessoas, gostaríamos de citar algums recentes observações feitas por um sannyasi sênior da Gaudiya Matha, S. S. Bhaktipramoda Puri Maharaja, que é irmão espiritual de Srila Prabhupada?
Rasa-katha é para ser estudado apenas por devotos que já têm adhikara [qualificação] para discutir tais assuntos. Antes de ousar permitir discussões livres sobre os passatempos íntimos de Krsna com as gopis, temos que avaliar honestamente o condicionamento de nossas mentes. Estamos completamente atentos ao Nam Prabhu? Ou quando vemos um papagaio voar entre as árvores enquanto cantamos japa permitimos que nossa mente também voe para entre as árvores? Se isso acontece, não há adhikara ali. Se vemos uma bela mulher, a atração surge na mente? Se surge, não há adhikara ali. Se escutamos que Krsna coloca Sua mão sobre os seios de uma gopi, qual é a natureza de nosso interesse nessa descrição? Se houver a menor mácula, então adhikara não está ali.
O guru que fala abertamente sobre tais tópicos pode achar que está dando adhikara aos ouvintes apenas por sua associação, mas Puri Maharaja conta a história de um guru que tinha uma barba, e estava falando publicamente sobre o amor de Radharani por Krsna. Uma mulher que assistia subitamente começou a lacrimejar. O guru pensou consigo mesmo, "Ah, agora ela está adquirindo adhikara". Na verdade, ela olhava para a barba do guru e se lembrava da barba de uma cabra que tivera há um tempo, a qual ela ficara bastante apegada. Aquela cabra, que falecera recentemente, era chamada de Radha. Agora, enquanto a mulher ouvia o guru falar sobre o amor de Radha, e via a barba que lembrava a da cabra Radha, ela sentia muito pela separação de sua Radha de quatro pernas, e não conseguia segurar sua lobha interna pela associação com Radha.
Puri Maharaja também lembrou que ele mesmo conheceu muito bem o mestre espiritual de Narayana Maharaja, S. S. Keshava Prajna Maharaja. Ele disse que Kesava Maharaja nunca falou sobre esses tópicos. "Então", considera Puri Maharaja, "é um mistério de onde Narayana Maharaja está trazendo esses tópicos rasika".
Certamente não de Srila Prabhupada, como já demonstramos. Mas será que houve alguns intercâmbios confidenciais entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada? Parece que não. Quando um devoto sênior da ISKCON perguntou a Narayana Maharaja se ele já havia discutido assuntos "rasika" com Srila Prabhupada, Narayana Maharaja confessou que nunca tiveram esse tipo de intercâmbio. Ele disse que era a política em sua própria instituição não discutir tais assuntos; eles poderiam ao invés disso falar sobre Dhruva Maharaja, Prahlada Maharaja, e outros. Narayana Maharaja garantiu aos líderes da ISKCON que cocnhecia Srila Prabhupada melhor do que eles, mantendo uma relação de confidentes. Entretanto, isso é duvidoso porque ele mesmo já admitiu que não houveram intercâmbios entre ele e Srila Prabhupada. Então a pertinente pergunta de Puri Maharaja persiste.
A política na própria organização de Narayana Maharaja é hoje a mesma que era então. Mesmo agora, a proclivity de Narayana Maharaja por discutir abertamente tais assuntos – que parece aumentar com o passar do tempo – é vista com desaprovação e alarma outros líderes seniores de sua própria instituição.
Nós devemos, portanto, manter a fé com Srila Prabhupada e seguir seu exemplo. Qualquer um que estude as aulas e conversas de Srila Prabhupada, especialmente aquelas dadas em Vrndavana, verá que ele falou sobre a lila íntima de Krsna superficial e cuidadosamente, mantendo as referências dentro do contexto da filosofia básica. Além disso, Srila Prabhupada freqüntemente criticou narradores que focam exclusivamente na rasa-lila, especialmente ao se apresentarem para audiências neófitas.
As conversas de Narayana Maharaja em Vrndavana apresentam um estudo em contraste. Ele dá extensos discursos sobre os mui confidenciais passatempos de Radha-Krsna e as gopis (contando, por exemplo, como Krsna se vestia de gopi para poder ver Radha, colocando grandes flores sob Seu sari para fazer belos seios, e assim por diante). Tais conversas eram ditas a quem quer que estivesse presente, incluindo bhaktas e bhaktins. Teria Srila Prabhupada se demorado nesses tópicos ou feito deles as bases para suas pregações? Ao contrário, Prabhupada enfatizou que o Senhor Caitanya em Pessoa discutia tais assuntos apenas por trás de portas fechadas e somente com um ou dois de Seus seguidores mais avançados. Ainda assim, não é incomum ouvir seguidores até mesmo recém-iniciados de Narayana Maharaja falando livremente sobre esses tópicos. Como podemos esperar que eles façam diferente, com o exemplo dado por seu guru?
Resumindo: Narayana Maharaja age na direção contrária de Srila Prabhupada ao divulgar a prática de ouvir extensivamente sobre os passatempos conjugais de Krsna por aqueles que ainda estão no estágio condicionado. Além disso, ele faz de tais tópicos o foco para seus discursos públicos. Srila Prabhupada se opunha explicitamente a tais práticas, e, caso ela começasse a ocorrer na ISKCON, ele imediatamente rompia. Portanto, aquele que deseja permanecer fiel a Srila Prabhupada e salvaguardar seu legado não seguirá Narayana Maharaja.
Há outra diferença notável entre a apresentação de Narayana Maharaja e a de Srila Prabhupada. Narayana Maharaja insinua sobre sua identidade espiritual na relação com Krsna. Ele diz que para estar na linha de Sri Rupa e Sri Raghunatha, a pessoa deve estar situada em madhurya-bhava. Narayana Maharaja encomendou uma série de quadros, um dos quais representa Radha e Krsna juntos em um bosque. Cada uma das quatro pinturas do conjunto mostra uma manjari atendente. Os seguidores de Narayana Maharaja meditam nele como uma dessas servas manjari – uma cópia da pintura que supostamente apresenta a forma de manjari de Narayana Maharaja é vista em seus altares – e eles cultivam seus desejos de se juntar a ele em um humor similar.
Além disso, Narayana Maharaja já anunciou publicamente sua opinião de que Srila Prabhupada também seria uma paliya-dasi (serva) de Srimati Radhika. Há aqui uma implicação de que os seguidores de Prabhupada podem se qualificar para servir seu próprio guru em sua forma eterna se forem treinados por um guia apropriado (tal como Narayana Maharaja).
Srila Prabhupada, em contraste, não fez ou permitiu qualquer tipo de declaração pública sobre si mesmo. Ao invés disso, em um humor reservado, Srila Prabhupada se apresentou simplesmente como o servo humilde de seu mestre espiritual e Sri Caitanya Mahaprabhu, embora no Sri Caitanya-caritamrta (Adi 1.46, sign.) ele instrua: "O mestre espiritual é sempre considerado como um dos associados confidenciais de Srimati Radharani ou uma representação manifesta de Srila Nityananda Prabhu". Em dias de aparecimentos e outras celebrações, alguns Gaudiya Vaisnavas podem se referir a seus mestres espirituais ou a acaryas anteriores nos termos de suas relações eternas com Krsna, mas foi raro que Srila Prabhupada assim o fizesse. De fato, quando um discípulo perguntou a Srila Prabhupada sobre sua própria relação eterna com Krsna, Srila Prabhupada respondeu que não é apropriado para um discípulo fazer tais perguntas. Devemos ser reservados ao discutir tais assuntos, assim como foi Srila Prabhupada.
Esse caso traz luz a duas diferenças fundamentais. A primeira, como vimos, é que Narayana Maharaja dá insinuações sobre sua rasa com Krsna, algo que Srila Prabhupada nunca fez. A segunda é que Narayana Maharaja acentua que só alguém situado em madhurya-bhava pode ser verdadeiramente considerado um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Prabhupada, por outro lado, enfatiza que alguém que dá sua vida á missão de Sri Caitanya Mahaprabhua é um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha, independentemente de sua rasa.
Srila Prabhupada encorajou todos nós a acreditar que, a despeito de nossas presentes desqualificações, poderemos um dia ser dignos de carregar o nome de "Rupanugas", seguidores genuínos de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Narayana Maharaja não apenas diz que para ser um verdadeiro Rupanuga, a pessoa deve estar em madhurya-bhava, mas também ensina que a pessoa deve ser guiado por um "rasika Vaisnava" para cultivar o estado de bhava. Essa fórmula para se tornar um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha, como dada por Narayana Maharaja, contém dois ingredientes principais: a pessoa estar situada em madhurya-bhava, e ter a associação com um rasika Vaisnava.
Em primeiro lugar, Srila Prabhupada não tinha devotos gastando tempo contemplando tais assuntos como suas rasas com Krsna até que estivessem muito qualificados para isso. "Primeiro mereça; depois deseje". E mais, de acordo com Srila Prabhupada, tornar-se um pregador da consciência de Krsna é tanto o meio quanto o método para se tornar um seguidor de Sri Rupa e Sri Raghunatha. Apenas pregando a consciência de Krsna podemos entrar no humor de Sri Caitanya Maharpabhu e Nityananda Prabhu, e apenas por Sua misericórdia sem causa, dada ao reciprocar nosso serviço, nossos corações se tornam purificados dos anarthas. É isso que aprendemos pela associação com Srila Prabhupada. Pela associação com Narayana Maharaja, por outro lado, a pessoa é levada a crer que o verdadeiro avanço espiritual não é baseado na pregação, mas na prática de raganuga-sadhana.
Narayana Maharaja falou sobre esses assuntos em seu livro Sri Prabandha-vali:
Porque o Swamiji [Srila Prabhupada] tinha pouco tempo, ele enfatizou mais vaidhi-bhakti. Há tantos estágios de bhakti, mas em última análise, bhakti significa apenas raganuga-bhakti. Ele também queria pregar no ocidente aquilo que Rupa Goswami deixou no Ujjvala-nilamani, e o que foi escrito por acaryas como Raghunatha dasa Goswami e Krsna dasa Kaviraja Goswami, mas ele não pôde fazer isso naquela época. (p. 12)
Há dois tipos de sraddha – vaidhi e raganuga. Swamiji deixou apenas vaidhi-bhakti porque naquele momento não era apropriado para ele explicar raganuga-bhakti. Ele escreveu algumas coisas sobre isso em seus livros, mas porque a maioria dos leitores não estava qualificada o suficiente para aprender sobre isso naquela época, ele não explicou em detalhes. Mas por praticar vaidhi-bhakti, podemos até entrar em raganuga-bhakti, que aumenta no sraddha que está cheio de ganância. (p. 13)
Em muito pouco tempo, ele [Srila Prabhupada] fez tudo isso, mas ele realmente queria outorgar manjari-bhava, então não podemos ficar satisfeitos meramente com o que recebemos dele naquela época. Acho que se ele estivesse presente hoje, nos instruiria sobre raganuga-bhakti. (p. 16)
Um pouco antes do Swamiji partir deste mundo… disse que uma vez que não seria capaz de deixar [para os devotos ocidentais] tudo no curto tempo que estivesse neste mundo, ele queria que eu desse as instruções posteriores sobre bhakti e que sempre o ajudasse de qa forma que pudesse. Ele também me pediu para realizar a cerimônia que o depositou no samadhi (p. 16)
Eu o considero [Srila Prabhupada] como meu siksa-guru, e ele sempre vive no templo do meu coração porque tive tal amizade íntima com ele. Acho que ele está sempre presente aqui conosco, e oro para que ele possa derramar sua misericórdia sobre nós para que todos possamos alcançar raganuga-bhakti e prema-bhakti ainda nesta vida. (p. 17)
A mais elevada meditação virá no horário do sadhana matinal, quando a escuridão causada pelos anarthas da pessoa desaparece completamente. Para alcançar esse estágio, o devoto precisa praticar diversas variedades de sadhana e cantar constantemente nama-sankirtana. Bhaktivinoda Thakura diz que quem deseja ser um devoto exclusivo deve se ocupar em raganuga-bhajana. Sem raganuga, o sentimento de exclusividade não surgirá, e o bhajana da pessoa estará incluído na categoria vaidi-bhakti. Então o devoto pensará: "Krsna é Narayana; não há diferença especial entre Eles. Ele também é Ramacandra e Nrsimha". Depois disso, ele poderá pensar que não há diferença entre Dvarakadhisa e Govinda. (pp. 142-143)
Mas atualmente essa luz não está acesa em nossos corações porque a conexão não está ali. A lâmpada está em nossos corações, e nosso guru é o único que pode fazer a conexão. A corrente vem através dos devotos que praticam lobhamayi-bhakti. Quando o guru aperta o interruptor, imediatamente a corrente de bhava começa a fluir. (p. 144)
Esses excertos do livro de Narayana Maharaja mostram ainda como a abordagem de Narayana Maharaja sobre o despertar dos estágios mais elevados de consciência de Krsna difere daquela dada por Srila Prabhupada.
Narayana Maharaja enfatiza a necessidade do devoto adquirir um guru raganuta, que irá "apertar o interruptor" para ligar a "corrente de bhava". A primeira dúvida que surge a um seguidor de Srila Prabhupada é esta: Se ter um guru raganuga é tão importante como necessidade para alcançar devoção espontânea, por que então o próprio Srila Prabhupada não praticou raganuga-sadhana sob a orientação de um guru rasika? Alguns opinam que Prabhupada não fez isso porque era um maha-bhagavata, nitya-siddha, saktyavesa-avatara. Portanto, ele não precisaria fazê-lo. Mas nós sim.
Este argumento é inconsistente. Pelo mesmo princípio, Srila Prabhupada não deveria ter aceito um diksa-guru regular, não tendo necessidade alguma de fa\ê-lo. Sabemos, entretanto, que mesmo almas liberadas aceitam gurus visando firmar um exemplo para as pessoas comuns. Portanto, se aceitar um guru raganuga fosse necessário para uma pessoa comum avançar até os estágios mais elevados de consciência de Krsna, Srila Prabhupada em pessoa teria aceito um guru instrutor raganuga. Ou se ele tivesse recebido tal instrução de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, teria mencionado isso e recomendado esse processo para seus discípulos.
Se aceitar um guru raganuga fosse realmente tão necessário para nosso avanço posterior, então certamente seria esperado que Srila Prabhupada mencionasse este fato vital durante seus últimos dias. Ele poderia certamente ter dito algo como: "Meus caros discípulos, vocês já têm a essência de minha missão de pregação, e estou muito satisfeito com vocês por isso. Mas agora é hora de avançarem para os estágios mais elevados da consciência de Krsna. Suas atividades de pregação já levaram vcs até o estágio de anartha-nivrtti. Logo, alguns de vocês alcançaram o ponto da plataforma de raganuga bhakti. Infelizmente, eu não estarei mais presente para guiá-los nesse estãgio tão importante. Portanto, vcs devem procurar por um siksa guru vitalício que possa instruir e guiar vocês sobre assuntos tão importantes". Se o assunto fosse tão importante, por que ele não mencionou explicitamente? Ao invés disso, ele falou: "Apenas continuem o que estão fazendo, e terão sucesso". Ele não queria que alterássemos o processo que havia nos ensinado.
Deveríamos nós aceitar o apelo de Narayana Maharaja para modificar significativamente nosso legado de Srila Prabhupada? Devemos primeiro considerar os trechos seguintes deixados por Srila Prabhupada, falados durante uma conversa no quarto em 16 de agosto de 1976, em Bombain:
Por que essa Gaudiya Matha fracassou? Porque eles tentaram ser mais que o guru. Ele, antes de abandonar o corpo, ele deu todas as instruções e nunca disse que 'Este homem deve ser o próximo acarya'. Mas essa gente, assim que ele abandonou o corpo, começaram a brigar, quem deveria ser acarya. Essa é a falha. Eles nunca pensaram: 'Por que Guru Maharaja deixou tantas instruções, por que ele nunca disse que este homem deveria ser acarya?' Eles queriam criar artificialmente algum acarya e tudo falhor. Eles não consideram sequer o bom senso que se Guru Maharaja quisesse apontar alguém como acarya, por que não teria dito? Ele falou tantas coisas, e deixou isso de lado? O ponto principal? E eles insistiram nisso. Declararam algumas pessoas não-merecedoras como acarya. Então chegou outro homem, então outro, acarya, outro acarya. Então é melhor continuar um tolo perpetuamente do que ser orientado por Guru Maharaja. Essa é a perfeição.
Essas declarações esclarecem quanta importância Srila Prabhupada atribuía à fidelidade às instruções do acarya tal como foram deixadas – sem adicionar ou subtrair nada. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada falou para formar um GBC para assumir a missão. A Gaudiya Matha falhou nesse pnto. Este é um caso de subtração. E nomear um acarya para encabeçar a missão é um caso de adição.
Srila Prabhupada claramente lembrou do assinto com máxima seriedade. Então, se os líderes da ISKCON forem fiéis à instrução de sempre ser direcionados pela ordem do mestre espiritual, não há dúvidas que ouvirão sinos de alarmes tocando quando for dito que eles devem agora apresentar o conceito de raganuga-sadhana e rasika-guru especiais na ISKCON. Eles poderiam desobedecer Srila Prabhupada ao adicionar algo às suas instruções diretas.
Devemos nos perguntar: Por que, durante seus últimos dias, Srila Prabhupada não avisou diretamente seus discípulos sobre procurar por um siksa guru raganuga? Ele falava sobre tantas coisas. O que poderia ser mais importante que os meios de atingir a meta da consciência de Krsna? Por que ele teria negligenciado um ponto tão importante?
Na verdade, por que ele não disse: "Meus caros discípulos, vocês já absorveram a essência da minha missão de pregação e estou satisfeito com vocês por isso. Mas isso só vai levá-los até aí. Agora, eu pedi a Sripad Narayana Maharaja para dar a vocês mais instruções que os conduzam pelo resto do caminho". Além disso, Srila Prabhupada, que era tão meticuloso com cada detalhe, nunca nos instruiu dessa forma. Narayana Maharaja disse que Srila Prabhupada pediu a ele que nos ajudasse. Mesmo assim, se Srila Prabhupada planejasse algo tão importante quanto isso, ele certamente teria dito algo a seus próprios discípulos.
Primeiramente, a qualificação inicial para qualquer um guiar devotos da ISKCON é seguir estritamente a ordem de Srila Prabhupada, quem, como vimos, dedicava concentrada atenção a assuntos como as lilas conjugais de Krsna para aqueles já livres do desejo sexual. Como também vimos, Narayana Maharaja não observava tal restrição. Como então pode qualquer seguidor de Prabhupada aceitar instruções dele? Associação com vaisnavas avançados é certamente um princípio devocional, mas tal associação não nos ajuda se fizer com que percamos nossa associação com nosso mais avançado professor, Srila Prabhupada, ao desobedecermos suas instruções. Quaisquer avanços que obtenhamos depende completamente de mantermos a fé em Srila Prabhupada.
De fato, vamos esclarecer completamente a conseqüência de aceitar as orientações de Narayana Maharaja. A implicação das declarações de Narayana Maharaja é aceitá-lo como o próximo acarya da ISKCON após Prabhupada. Se refletirmos sobre a interpretação extensiva de Narayana Maharaja sobre que aquilo que ele diz seria um pedido de Prabhupada para que ele nos ajude, e a crença de Narayana maharaja de que introduzir raganuga-sadhana é o que Prabhupada faria se estivesse presente para completar seu trabalho, a conclusão é difícil de ser evitada. Narayana Maharaja seria o guru rasika da ISKCON, apontado, inclusive, por Srila Prabhupada para tomar o lugar que ele deixou. O problema com isso é que Srila Prabhupada deixou cuidadosamente para seus discípulos instruções para o futuro da ISKCON, e manteve a Gaudiya Matha como um exemplo para nós sobre exatamente o que não fazer: "Por que essa Gaudiya Matha fracassou? Porque eles tentaram se tornar mais que o guru. Ele, antes de abandonar o corpo, ele deixou todas as orientações e nunca disse que 'Este homem deverá se o próximo acarya'". Se nós seguirmos Narayana Maharaja, então estaremos exatamente recapitulando o erro fatal da Gaudiya matha. Narayana Maharaja dificilmente seria o primeiro sannyasi da Gaudiya Mahta a tentar a ISKCON com cantos da sereia que prometem nos levar a "ensinamentos mais avançados" que Prabhupada ofereceu. Mantendo a fé em Srila Prabhupada, devemos continuar a rejeitar firmemente quaisquer alusões a desobedecer sua ordem.
Alguns ainda podem se perguntar como alcançaremos os mais elevados estágios de consciência de Krsna se não praticarmos raganuga-sadhana sob a orientação de alguém como Narayana Maharaja. Prabhupada assegurou que se formos conscientes em seguir o programa que ele meticulosamente nos deixou, podemos confiar em nosso completo sucesso. Em uma aula do Bhagavad-gita dada em Los Angeles em 27 de novembro de 1968, Srila Prabhupada deu sua resposta a um discípulo que perguntou sobre desenvolver gopi-bhava:
Então primeiro todos vocês devem abandonar essa vida condicionada. Então a questão de servir às gopis surgirá. Não fiquem, no momento presente, muito ansiosos para servir às gopis. Apenas tente abandonar sua vida condicionada. Então chegará a hora em que serão capazes de servir gopis... Mas Krsna nos dá oportunidades para aceitar serviço nesta arca-marga. Assim como mantemos a Deidade de Krsna, oferecemos prasada sob certas regulações, sob princípios. Então temos que fazer avanços nessa forma, cantando, ouvindo e adorando no templo, arati, fazendo prasada. Assim, faremos avanço, então automaticamente Krsna Se revelará a você e você compreenderá sua posição, como deve... Gopis devem estar sempre, constantemente ocupadas nos eviço ao Senhor. Então a relação eterna será revelada. Então, temos que esperar por isso. Não podemos imediatamente imitar o serviço das gopis. É uma boa idéia que você deva servir as gopis, mas isso leva tempo. Não é imediato. Imediatamente, temos que seguir as regras e regulações e a rotina de trabalho.
Esta foi apenas uma das diversas declarações similares que podem ser encontradas ao procurar no banco de dados FOLIO de Prabhupada, sob as palavras "Revelação automática". A indicação freqüentemente dada por Srila Prabhupada é que por realizar conscienciosamente as atividades rotineiras do serviço devocional, algum dia sairemos do estágio condicionado da vida, e então Krsna automaticamente revelará internamente nossa posição verdadeira, enquanto externamente continuaremos a seguir as mesmas práticas rotineiras que nos levaram até o estágio liberado. Esse processo requer paciência? Sim, mas é melhor ser paciente que ficar envolvido em um processo artificial e, em última análise, auto-destrutivo, tentando pular passos do processo, correndo o risco de se desiludir sobre seu verdadeiro estágio de avanço.
Srila Prabhupada escreveu para Satsvarupa em 21 de março de 1967 o seguinte conselho:
Nós, quando estivermos no estágio perfeito de serviço devocional, poderemos conhecer nosso relacionamento eterno com Krsna e como tal um dos associados do Senhor Krsna se tornará nosso líder ideal. Aceitar essa liderança de um dos associados eternos do Senhor não é artificial. Portanto, não tente no momento presente. Isso será revelado automaticamente a você no tempo certo.
Aqui há algumas outras citações de Srila Prabhupada durante uma conversa no jardim, em Nova Vrndavana, 23 de junho de 1976:
Primeiro de tudo, tente retificar, então fale de svarupa. Onde está sua svarupa? Simplesmente perdendo tempo. Um homem deseja, ele pensa, "Quando serei curado, devo comer, ir a esse hotel, eu devo comer assim". Primeiro de tudo a cura, então fale sobre comer isso ou aquilo. Svarupa, quando você estiver curado, isso é svarupa. Enquanto você não estiver curado, pra quê falar sobre svarupa? Primeira coisa é se curar. Anartha-nivrtti, isso é anartha-nivrtti. Então svarupa virá.
Aqui a declaração de Prabhupada revela claramente a diferença fundamental entre sua abordagem e a de Narayana maharaja. A abordagem de Narayana maharaja leva a pessoa a falar sobre svarupa e suas atividades, antes de alcançar svarupa, justamente para atingi-la. Srila Prabhupada indica outro processo: "Onde está sua svarupa?" Ele pergunta, sarcástico. "Não fale desnecessariamente. Primeiro de tudo, alcance svarupa, depois fale de svarupa". Seria difícil ser mais claro. Prabhupada continua e diz:
Então, qual a utilidade em falar utopias? A primeira coisa é anartha-nivrtti syat. Adau sraddha tathah sadhu-sango 'tha bhajana-kriya tato anartha-nivrtti syat. Adote esses meios que você terá completa fé que "A consciência de Krsna irá me salvar". Então viva com os devotos que estão similarmente determinados. Então execute seu serviço devocional. Então anartha-nivrtti syat, ficará livre de todos esses… esses são os estágios. Aqui… Sobre anartha-nivrtti, temos que lutar arduamente e com determinação, e tudo automaticamente virá.
O seguinte excerto é tirado de uma conversa em Bombay, 25 de abril de 1977:
Prabhupada: "Svarupa-siddhi significa quando ele é realmente liberado, compreende qual é sua relação com Krsna. Isso é svarupa-siddhi. Sakhya... Isso é bem mais além. A menos... se ele for tão tolo, então onde está svarupa-siddhi?" Tamala Krsna? "Então tal realização não advém por meio de alguma iniciação com algum babaji". Prabhupada: "Ela vem automaticamente quando… ele estiver liberado, não antes".
Qualquer um que pesquise sobre o assunto cuidadosamente verá que Srila Prabhupada constantemente ensinou que os estágios mais elevados da consciência de Krsna – entendimento da svarupa e rasa de alguém, encontrar seu guia eterno, etc – são assuntos que serão automaticamente revelados a nós se permanecermos praticando consciência de Krsna exatamente como fomos instruídos por ele. A realização automática virá "quando estivermos no perfeito estágio do serviço devocional".
Entretanto, alguém pode achar que um elemento necessário incluído nessa "revelação automática" seria descoberto, por revelação divina, um raganuga-guru especialista para quem praticar raganuga-sadhana sob sua supervisão. Tal interpretação das declarações de Prabhupada não pode ser aceita. Não apenas acrescenta algo ao que Srila Prabhupada não disse explicitamente, como o que acrescenta contradiz as declarações diretas dos significados deixados por Srila Prabhupada para a expressão "revelação automática". O Dicionário de Inglês Oxford declara que a raiz da palavra "automática" é "agir por si só, ter o poder de mover ou realizar alguma ação em si mesmo".
Srila Prabhupada não disse que no estágio não-liberado alguma prática especial de raganuga-sadhana sob a orientação de um guru raganuga seria necessária para revelar a svarupa e a rasa de alguém. Ele apenas disse para praticar os princípios rotineiros conscienciosamente até alcançar o estágio liberado e tudo seria automaticamente revelado. Devemos ser fiéis a esta instrução de Srila Prabhupada e levar a sério seu aviso de que alguém que ensina algo diferente do que ele deixou não é um siksa-guru apropriado para nós.
Os excertos tirados do livro de Narayana Maharaja revelam o que tornou um tema geral de sua pregação: primeiro, que a missão de Srila Prabhupada está incompleta, e segundo, que Narayana Maharaja é o escolhido para completá-la. Enquanto todos na ISKCON ouviram que Srila Prabhupada declarou que sua missão estava apenas cinquenta por cento concluída, a parte que faltava não era raganuga-sadhana bhakti, mas o estabelecimento do varnasrama dharma, que a pregação mais desenvolvida tornaria necessário. Ele não esperava que raganuga bhakti se tornasse o foco das práticas e ensinamentos diferentes daqueles que já havia nos deixado. Srila Prabhupada seguia perfeitamente o exemplo de seu Guru Maharaja, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, ao demonstrar que a potência da pregação é o primeiro sintoma de avanço em consciência de Krsna. Entusiasmo na pregação não é meramente uma qualificação para algo maior. Pregação entusiasmada é por si só um sintoma de tal estágio elevado.
Srila Prabhupada e seu Guru Maharaja ensinavam por seu próprio exemplo que a purificação dos anarthas e o gosto por Krsna-katha sãoalcançados e exibidos ao espalhar o movimento de sankirtana. Isso é muito mais importante para esses dois acaryas recentes que tentar "cultivar o humor dos brijbasis". Colocando de outra forma, em sua potência como incansável pregador, Srila Prabhupada revelou os sintomas de um verdadeiro Brjbasi, um real Vaisnava rasika. Ele nos mostrou o que um verdadeiro rasika Brijbasi faz neste mundo, tanto na Índia quanto no ocidente: prega o Bhagavad-gita e o Srimad Bhagavatam.
Narayana Maharaja ainda diz em particular que não aprecia o Bhagavad-gita, nem tem atração por Puri ou Dvaraka, não se interessa por Rama ou Narasingha. Na Índia, podemos freqüentemente ouvir gurus usando tais declarações como um meio codificado para revelar seu alto nível de avanço. Em primeiro lugar, qualquer que seja o nível de Narayana Maharaja, que exemplo esse tipo de conversa dá a seus seguidores, que inevitamelmente virão a saber e repetir suas declarações? Em segundo lugar, Srila Prabhupada sempre demonstrou um gosto genuíno pelo Bhagavad-gita. Devemos entender que Srila Prabhupada estava situado no mais extraordinário nível de devoção espontânea, o qual se expressava em suas pregações do Bhagavad-gita com entusiasmo e gosto incansável. Nós nos perguntamos se Narayana Maharaja teria apreciado isso.
Resumindo, Srila Prabhupada enfatizou que não precisamos acrescentar nenhum empreendimento externo ao que ele deixou para percebermos nossa relação com Krsna; no momento apropriado, guru e Krsna nos revelarão o que for necessário. Enquanto isso, devemos continuar fixos rendendo serviço sincero aos pés de lótus de nosso mestre espiritual e sua missão. Quando nossos corações estiverem compeltamente puros, tudo será revelado. O tempo todos, devemos nos comportar estritamente de acordo com os princípios de vaidhi-sadhana-bhakti. Qualquer exemplo diferente desse simplesmente criará confusão tanto nos outros quanto em nós mesmos.
Sabemos, além disso, que o movimento para a consciência de Krsna de Caitanya Mahaprabhu tem como meta final distribuir o mais elevado amor por Radha e Krsna. Será que isso não é especial o suficiete para que os devotos da ISKCON possam fazer antes da liberação para se tornarem qualificados para os estágios mais elevados de consciência de Krsna?
Sobre isso, Srila Prabhupada sempre enfatizou a maior potência do programa básico do movimento para a consciência de Krsna: cantar os Santos Nomes e pregar. Ao pregarmos e cantarmos os Santos Nomes, nós adquirimos a misericórdia de Srila Prabhupada e dos acaryas anteriores, que nos permite alcançar a perfeição mais alta. Esse programa básico é muito especial. Em consciência de Krsna, o fim e os meios são iguais, e o "programa básico" de cantar Hare Krsna está de fato diretamente associado com Radha-Krsna. A natureza especial e a potência de nosso programa básico se torna progressivamente manifesta quanto mais aumenta a qualidade de nosso envolvimento. Quanto mais cuidamos para evitar ofensas ao cantar e mais nos tornarmos enérgicos em espalhar a mensagem de Krsna para todo lugar, mais nos tornaremos elegíveis a obtermos progresso em devoção espontânea. Como disse Srila Prabhupada, "A maneira de desenvolver o amor das gopis por Krsna é espalhar consciência de Krsna por todo o mundo".
Qual é o humor das gopis? Elas foram preparadas para fazer qualquer coisa, sacrificar tudo para agradar Krsna. Uma vez que Krsna fica o mais satisfeito quando Seu devoto está satisfeito, devemos portanto agir de forma desinteressada para agradar o amado devoto de Krsna e seus representante – Srila Prabhupada. Uma vez que Krsna e Srila Prabhupada ficaem especialmente satisfeitos com pregação, devemos pregar desinteressadamente e incansavelmente como fez o próprio Srila Prabhupada.
Absorto em emoções extáticas de Srimati Radharani, o Senhor Caitanya orou: "Não Me importo com Minha angústia pessoal. Tudo o que desejo é que Krsna viva feliz, pois Sua felicidade é a meta da Minha vida" (Cc, Antya 20.52). No significado deste verso, Srila Prabhupada explica a renúncia de um devoto:
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura diz que o devoto não se importa com sua própria felicidade e sofrimento; ele só se interessa em ver se Krsna está feliz, e para isso ocupa-se em diversas atividades... Aqueles que são materialistas, entretanto, que são muito orgulhosos da riqueza material e não têm nenhum conhecimento espiritual, como os prakrta-sayajiyas, acham que sua própria felicidade é a meta da vida.
Srila Prabhupada vê o exemplo de tal renúncia na atividade de pregação:
Às vezes os representantes do Senhor se ocupam em pregação e conhecem várias assim-chamadas dificuldades. Isso aconteceu com o Senhor Nityananda quando Ele liberou as duas almas caídas Jagai e Madhai, e similarmente com o Senhor Jesus Cristo, que foi crucificado pelos descrentes. Mas tais dificuldades são alegremente toleradas pelos devotos que pregam porque em tais atividades, apesar de aparentemente causarem muito sofrimento, os devotos do Senhor encontram prazer transcendental porque o Senhor está satisfeito... Não há interesse egoísta em tal serviço. Devotos puros como Narada e Nityananda Prabhu aceitam a ordem do mestre espiritual como o mantimento de suas vidas. Eles não se importam com o que será o futuro de suas vidas. (SB 2.8.6, significado)
Há muitos exemplos na história de devotos do Senhor que arriscaram suas vidas para espalhar a consciência de Deus... Agora podemos imaginar quão misericordioso é Krsna para aqueles ocupados em Seu serviço, arriscando tudo por Ele. Portanto é certo que tais pessoas devam alcançar o planeta supremo após deixar o corpo (Bhagavad-Gita 11.55, significado).
Srila Prabhupada sempre glofigicou a pregação como o degrau mais elevado, e ele condenava com igual veemência os sahajiya babajis e outros que denigrem a pregação. Por exemplo:
Prabhupada: "Vrndavana, lá há tantos perigos. Todos aqueles babajis, eles são... 'Oh, eu não saio de Vrndavana'. Mas ele tem conecção com tantas mulheres. Então qual a utilidade? Você já viu disso? Ele está apegado a mulheres e fazendo todo tipo de atividades pecaminosas em Vrndavana. Isso acontece, fabricando bidi, f umando bidi, com as roupas de Rupa Goswami, de tanga, grande tilaka, kanthi, e o que está fazendo? Fazendo bidi. Você viu? Prithu-putra: Já vi alguns deles fazendo isso, ... Prabhupada: Nem todos eles. Mas eles também declaram estar no estágio de Rupa Goswami. Estamos pregando – estamos em um estágio inferior. Essa é a opinião deles. Estamos pregando por todo o mundo; estamos em um estágio inferior. E porque ele imita as vestes de Rupa Goswami – ele é mais elevado. Isso acontece. (conversa, 28 de janeiro de 1977)
Srila Prabhupada freqüentemente citava a declaração de Srila Bhaktivinoda Thakura que "Um uttama-adhikari Vaisnava pode ser reconhecido por sua habilidade em converter muitas almas caídas ao vaisnavismo" (Néctar da Instrução 5, significado).
Srila Bhaktivinoda Thakura disse que a posição de um vaisnava pode ser testada pelo quanto ele se parece com uma pedra filosofal – ou seja, por quantos vaisnavas ele fez durante sua vida. Um vaisnava deve ser uma pedra filosofal que pode converter outros ao vaisnavismo por sua pregação, mesmo que as pessoas sejam caídas como o caçador. Há tantos devotos que se consideram avançados, sentados em um lugar isolado para seu próprio benefício. Eles não saem para pregar e converter outros ao vaisnavismo, e portanto certamente não podem ser chamados de sparsa-mani, devotos avançados (Cc, Madya 24.277, significado).
A respeito dessa declaração, Srila Prabhupada disse o seguinte: "tal pai, tal filho". Ele pregava extensivamente por todo o mundo com sucesso sem precedentes, e ordenou que pregássemos da mesma forma. A ponto que ao seguirmos a instrução de Srila Prabhupada para pregar, ele estará satisfeito, e nos abençoará com a misericórdia da sucessão discipular, e nós seremos exitosos.
Srila Prabhupada instruiu que pregássemos e explicou a qualificação necessária para isso:
Devotos kanistha-adhikari não podem transformar os outros em vaisnavas, mas um madhyama-adhikari pode fazer isso por meio da pregação. Sri Caitanya Mahaprabhu alertou Seus seguidores para aumentar o número de vaisnavas:
are dekha, tare kaha 'krsna'-upadesa
mara ajnaya guru hana tara' ei desa
(Cc Madhya 7.128)
Era desejo de Sri Caitanya Mahaprabhu que todos se tornassem vaisnavas e gurus. Seguindo as instruções de Sri Caitanya Mahaprabhu e Sua sucessão discipular, a pessoa pode se tornar um mestre espiritual, pois o processo é muito simples. A pessoa pode ir a todo e qualquer lugar para pregar as instruções de Krsna. O Bhagavad-gita é a instrução de Krsna; portanto, o dever de todo vaisnava é viajar e pregar o Bhagavad-Gita, em seu país ou em outro. Este é o teste para um sparsa-mani, seguir os passos de Narada Muni" (Cc Madhya, 24.277, significado).
Os membros do movimento para a consciência de Krsna cantam um mínimo de dezesseis voltas por dia, o que pode ser feito sem dificuldades, mas ao mesmo tempo eles devem pregar o culto a Caitanya Mahaprabhu de acordo com o Bhagavad-Gita Como Ele É. Alguém que faz isso pode se tornar um mestre espiritual para o mundo inteiro (Cc Antya 4.103, significado).
Sob a luz de tudo o que foi mencionado e discutido acima, devemos considerar agora como encarar as afirmativas de Narayana Maharaja onde ele coloca Srila Prabhupada como seu siksa guru e a si mesmo como bem-querente da ISKCON. Deve estar muito claro o motivo pelo qual não podemos aceitá-lo por sua própria avaliação. A lição que Narayana Maharaja sente que pode passar à ISKCON irá prejudicar a ISKCON ao desviá-la da direção deixada por Srila Prabhupada. Conseqüentemente, a ISKCON não tem alternativa que não seja restringiu seus seguidores da interação com Narayana Maharaja. A seguinte resolução do GBC, proclamada em 1995, explica o que se espera dos devotos da ISKCON e as conseqüências para os violadores:
Para satisfazer os desejos dos acaryas anteriores por um mundo unido em pregação organizado para expandir a missão de Sri Caitanya Mahaprabhu, Srila Prabhupada fundou a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna como um galho distinto da Brahma Madhva Gaudiya Vaisnava sampradaya. Portanto, ele é o Fundador-Acarya da ISKCON.
a. Srila Prabhupada é o siksa-guru fundador para todos os devotos da ISKCON porque ele realizou e apresentou os ensinamentos dos acaryas anteriores da Brahma Madhva Gaudiya sampradaya de forma apropriada para a era moderna.
1. A: Em obediência às instruções de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o GBC orienta que os membros da ISKCON devem respeitar todos os devotos seniôres da Gaudiya Vaisnava fora da ISKCON, mas não devem se associar intimamente com eles, pessoalmente, ou através de mídias impressas ou gravadas, para orientação, aulas, instruções ou iniciações uma vez que suas apresentações da consciência de Krsna comumente divergem daquela de Srila Prabhupada em ênfase, balanço e outros aspectos tanto na teoria quanto na prática.
B: Esta resolução deve ser aplicada categoricamente a todos os membros da ISKCON. Os líderes da ISKCON têm como primeira responsabilidade dar orientação, direcionamento e conselhos a respeito disso a qualquer devoto da ISKCON afetado pessoalmente por esta resolução, assim como trazê-lo de volta ao caminho indicado por Srila Prabhupada.
2. Em qualquer caso, aqueles que continuarem a agir violando esta resolução estão sujeitos a sanções por parte dos presidentes de templo e secretários zonais do GBC, que podem exercitar sua discrição ao proibir qualquer de tais devotos de viver nas propriedades da ISKCON ou exercer funções na ISKCON.
Dadas as notórias diferenças entre a pregação de Narayana Maharaja e os ensinamentos de Srila Prabhupada, como alguém pode se perguntar por que a ISKCON foi levada a adotar tais resoluções? Ainda que uma discípula sênior de prabhupada, que recentemente tornou pública sua aliança com Narayana Maharaja, declarou com surpreendente ingenuidade?
Sobre a forma como Srila Narayana Maharaja se apresenta para a ISKCON [como discípulo siksa de Prabhupada e bem-querente da ISKCON], há um medo aparente dele que existe dentro do GBC. Tenho lutado para reconciliar tal dicotomia que existe com seu doce e respeitável comportamento de sadhu e o tratamento que a ISKCON dedica a ele.
Ela explica que sua decisão de seguir Narayana Maharaja é "baseada na minha realização de que os ensinamentos de Srila Prabhupada devem ter precedentes sobre qualquer decisão tomada nos últimos dias por parte do GBC".
Alguám pode se perguntar como ela falhou ao ver que a verdadeira dicotomia está entre Narayana Maharaja e Srila Prabhupada. Não apenas as decisões do GBC são completamente condizentes com os ensinamentos de Srila Prabhupada, como elas de fato são demandas de tais ensinamentos.
Essa escritora continua, ecoando uma queixa de Narayana Maharaja que diz que "não há notícias no shastra, no Srimad Bhagavatam ou Caitanya caritamrta onde um vaisnava ou grupo de vaisnavas teriam proibido alguém de ouvir algo de outro vaisnava bona fide. Essa política está contra Guru, Sadhu e Sastra".
Apenas alguém completamente ignorante ou esquecido da longa história das ações de Srila Prabhupada em relação a alguns de seus irmãos espirituais poderia fazer tal reclamação. É compreensível que Narayana Maharaja possa não estar familiarizado com as instruções de Srila Prabhupada, mas como uma discípula sênior se tornar tão ignorante? Ou ela não considera mais Srila Prabhupada e seus ensinamentos como "guru e shastra"?
Aqueles que conheceram Srila Prabhupada e permanecem fiéis a ele não podem se esquecer das diversas ocasiões na Índia quando Srila Prabhupada tinha que proteger seus discípulos de ações adversas por parte de alguns de seus irmãos espirituais. Essas ações incluem:
(1) minimizar a posição de Srila Prabhupada e encolher suas conquistas, (2) minimizar a importância da pregação em favor de bhajans, ou promover outras práticas que levam ao sahajiyanismo, (3) interferir no gerenciamento da ISKCON, (4) apresentar idéias que Prabhupada considerava incorretas, e (5) reiniciar discípulos de forma imprópria.
Quando Srila Prabhupada mandou seus primeiros discípulos para pregar na Índia, antes que diversos templos da ISKCON tenham sido estabelecidos, ele às vezes permitia que eles ficassem temporariamente em instituições da Gaudiya Matha. Mais tarde, entretanto, os problemas apontados acima se tornaram uma fonte constante de dificuldades, de modo que Srila Prabhupada finalmente sentiu necessidade de restringir a associação de seus discípulos com membros da Gaudiya Matha. Esta carta para Rupanuga Maharaja de 28 de abril de 1974 ilustra o nível de preocupação de Srila Prabhupada:
Então é melhor não se misturar intimamente com meus irmãos espirituais porque ao invés de inspirar nossos alunos e discípulos, eles podem às vezes poluí-los. Essa tentativa já foi feita por eles, especialmente [nomes dos irmãos espirituais apagados] mas de um jeito ou de outro eu salvei a situação. Isso está acontecendo. Devemos ser muito cuidadosos com eles e não nos misturarmos. Esta é minha instrução a todos vocês. Eles não podem nos ajudar em nosso movimento, mas são muito competentes em estragar nosso progresso natural. Então devemos ter muito cuidado com eles.
Em 9 de novembro de 1975, Srila Prabhupada escreveu algo parecido para Visvakarma Dasa:
Por favor, aceite minhas bênçãos. Sobre sua carta datada de 3 de setembro de 1975, com a declaração sobre [nome apagado]. Então agora eu emiti ordens para que todos os meus discípulos evitem todos os meus irmãos espirituais. Eles não devem tratar com eles nem por correspondência, nem devem dar nenhum de meus livros ou pagar por algum dos livros deles, nem devem visitar nenhum de seus templos. Por favor, evitem.
Essas cartas mostram quanto Srila Prabhupada estava preparado para proteger seu movimento da contaminação por agentes externos, mesmo aqueles tão próximos como seus irmãos espirituais. A política geral de Srila Prabhupada era limitar a associação de seus discípulos com pessoas externas, e a recente preocupação do GBC com a influência de Narayana Maharaja sobre os membros da ISKCON é certamente de acordo com a atitude de Prabhupada e, de fato, sua política bem documentada.
Além disso, podemos lembrar que os mesmos problemas que surgiram durante a época de Prabhupada em relação aos seus irmãos reapareceram com Narayana Maharaja: (1) minimizar a posição de Srila Prabhupada e encolher suas conquistas, (2) minimizar a importância da pregação em favor de bhajans, ou promover outras práticas que levam ao sahajiyanismo, (3) interferir no gerenciamento da ISKCON, (4) apresentar idéias que Prabhupada considerava incorretas, e (5) reiniciar discípulos de forma imprópria.
Embora Narayana Maharaja glorifique Srila Prabhupada, é o tipo de glorificação que leva a críticas explícitas como aquelas que objetivam os nomes que Prabhupada deu a Deidades (Rukmini-dvarakadisha, Radha-Parthasarathi) e às mulheres iniciadas por Prabhupada com o mantra Brahma gayatri. Além disso, uma minimização implícita de Prabhupada está contida quando Narayana Maharaja diz que os ensinamentos de Prabhupada eram rudimentares e necessitam de complementos.
Narayana Maharaja também reiniciou discípulos de gurus da ISKCON. Ele ataca a ISKCON e seus líderes, reinicia devotos da ISKCON e confunde a congregação com ensinamentos diferentes daqueles de Prabhupada – tudo isso, a despeito das garantias dadas por dois seguidores de Narayana Maharaja, ambos antigos membros da ISKCON reiniciados (um deles discípulo de um guru padrão), que escreveram:
Gostaríamos de acalmar seus medos de qualquer esforço sistemático de nossa parte para investigar. Maharaja declarou publicamente diversas vezes que não está interessado em dar diksha, "re-iniciar" ninguém, coletar fundos, ou de alguma forma invalidar a posição espiritual dos devotos, porque ele está ciente de que isso causaria confusão. Esta seguramente não é sua posição, pois ele quer apenas encorajar os devotos em seu amor por Srila Prabhupada, ISKCON e Sri Gauranga. Sua missão é dar respeitos a Srila Prabhupada e oferecer sua amizade.
Esta é de fato uma carta estranha de se receber de alguém que, embora um discípulo de um respeitado guru da ISKCON, foi a apenas uma semana antes reiniciado por Narayana Maharaja. Nem seu caso é único: outros devotos da ISKCON com gurus dentro do padrão têm sido reiniciados, freqüentemente com o dispositivo transparente de receber novos nomes de "pets" espirituais e receber a segunda iniciação. Esses atos transgridem a etiqueta vaisnava, e também o acordo há muito estabelecido entre várias Gaudiya Matha. Em 1984, Narayana Maharaja disse que em sua instituição, se um membro toma diksa ou siksa de outra matha, ele pede que saia. Dez anos atrás, quando outro líder da Gaudiya Matha começou a reiniciar membros da ISKCON e tirá-los da ISKCON, Narayana Maharaja declarou com grande ênfase: "Nenhum vaisnava fará isso. Isso é avaisnava". Agora, contudo, ele parece cometer os mesmos atos que uma vez condenou sem heistar.
Além disso, Narayana Maharaja não mantém os mesmos padrões rigorosos para iniciação que Srila Prabhupada estabeleceu. Outro discípulo de Prabhupada que se tornou um novo admirador de narayana Maharaja tenta justificar a liberalidade de Narayana Maharaja em dar iniciações com essas palavras:
Ouvi reclamações dizendo: "mas ele está iniciando devotos sem o período mínimo obrigatório de um ano". Quem disse que é "obrigatório"? Vi Srila Prabhupada iniciar uma mulher que sequer havia sido recomendada a ele, que veio um dia, foi iniciada no outro, e ninguém nunca mais a viu.
O escritor parece ter perdido sua memória sobre Srila Prabhupada, que no início fez várias coisas para estabelecer o movimento para a consciência de Krsna, mas que mais tarde insistiu pessoalmente que algumas qualificações básicas todo candidato deveria apresentar, e uma delas era completar um período probatório de seis meses e uma recomendação por algum presidente de templo. Durante esse período, o devoto deveria supostamente demonstrar capacidade de seguir o padrão mínimo de Prabhupada: seguir estritamente os quatro princípios regulativos e cantar dezesseis voltas de japa por dia. Narayana Maharaja, entretanto, tem um padrão consideravelmente menor para dar a primeira iniciação.
Por causa de sua fé na ordem de seu mestre espiritual, Srila Prabhupada – e mais ninguém – assumiu todos os riscos para trazer a consciência de Krsna para todo o mundo. Pela graça de Krsna, seus esforços foram coroados com sucesso sem precedentes. Entretanto, nós, seus seguidores, o aceitamos como acarya para a pregação mundial da consciência de Krsna. Acreditamos que Krsna deu a ele em particular a inteligência necessária para determinar as práticas padrões para o movimento Hare Krsna global. Sob a luz de todos esses argumentos, nos empenhamos em manter nossa fé em Srila Prabhupada.
Entre todos os padrões estabelecidos por Prabhupada estavam o seguimento dos quatro princípios regulativos e o cantar de dezesseis voltas por dia. Também entre esses padrões estava a insistência em que medidas rigorosas deveriam ser tomadas para manter como confidenciais os tópicos sobre Radha-Krsna-lila, evitando que se tornassem um discurso comum das almas condicionadas. Também entre esses padrões estava a obrigação de que todo devoto fosse "incendiado" com o entusiasmo para espalhar a missão do Senhor Caitanya, pois tal entusiasmo de espalhar a consciência de Krsna transportaria o devoto ao mais confidencial serviço para Krsna.
Narayana Maharaja, entretanto, tem uma percepção diferente da maneira de pregar a consciência de Krsna. Ele quer modificar as decisões de Srila Prabhupada sobre esse assunto. Não podemos aceitar que ele seja qualificado para fazê-lo. Aqueles da ISKCON que foram ensinados por Srila Prabhupada, e que agora têm bastante experiência em pregar fora da Índia, têm fortes dúvidas sobre os esforços de Narayana Maharaja. Temos premonições de desastres que ocorrem quando vemos alguém iniciar despreocupadamente muitas pessoas desqualificadas e então inserir essas pessoas em uma cultura onde tópicos rasika são o centro.
Embora Narayana Maharaja encontre defeitos na ISKCON e acredite representar algo superior, ainda assim ele – como outros sannyasis da Gaudiya Matha – parece pensar que é continuamente dependente da pregação da ISKCON. Como um deles candidamente declarou há pouco tempo, "Estamos simplesmente comendo a prasad de Swami Maharaja [Prabhupada]".
Narayana Maharaja tem suas próprias realizações, diferentes das de Srila Prabhupada, sobre a maneira de apresentar consciência de Krsna. Se ele deseja pregar fora da Índia e testar suas realizações na prática, desejamos que tenha sucesso e não ficaremos em seu caminho. Afinal, existem cinco bilhões de pessoas no mundo para pregar, sendo que apenas uma pequenina fração delas está na ISKCON. Assim, ele não deveria interferir na ISKCON, mas deixar que a ISKCON maneje seus próprios membros da maneira ensinada por Srila Prabhupada, e que Narayana Maharaja derrame sua misericórdia sobre todos os demais cinco bilhões. Então veremos quem terá sucesso.
Portanto, pedimos a Narayana Maharaja e seus seguidores que não perturbem os esforços da ISKCON para pregar de acordo com as instruções de Srila Prabhupada, e que não levem os membros da ISKCON para longe dessas diretrizes. E também pedimos a todos aqueles que são parte da ISKCON que compreendam claramente que as políticas e práticas de Narayana Maharaja são significativamente diferentes daquelas de Srila Prabhupada, como mostramos acima. Para recapitular: Srila Prabhupada insistia que se concentrar em tópicos sobre lilas conjugais é apenas para aqueles completamente livres de desejos sexuais. Tais tópicos nunca deveriam se tornar recorrentes em discursos públicos. Prabhupada silenciou quaisquer discussões sobre sua própria relação interna com Krsna, e condenou como impróprias as perguntas de seus discípulos sobre o assunto. Ele enfatizou que a qualificação para avançar a estágios superiores de consciência de Krsna devem ser alcançadas por meio de ouvir e cantar cuidadosamente, e por aumentar o empenho do devoto em trazer almas caídas de volta a Krsna. Essas práticas em si mesmas levarão os devotos à plataforma da perfeição, e ele nunca nos disse para eventualmente encontrarmos um guru rasika e nos ocuparmos em práticas diferentes sob sua orientação. Qualquer seguidor fiel de Srila Prabhupada observará cuidadosamente suas orientações e não comprometerá seus ensinamentos com outras coisas.
Todos aqueles que vêm na linha de Srila Prabhupada devem manter a fé nele e adorar suas ordens, seguindo-as estritamente. Aqueles que assim o fizerem, estão garantidos por Prabhupada que alcançarão as maiores bênçãos possíveis de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada, de Srila Rupa Goswami Prabhupada, de Sri Caitanya Mahaprabhu, e de Sri Sri Radha-Krsna.