Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Bhagavad-Gita. Como Ele Nunca Foi

Tradução dedicada aos sankirtaneiros Nityananda, Abhirama, Raja-Rama e Diego.

O Bhagavad-Gita
Como Ele Nunca Foi

Praghosa dasa

Tradução livre

Capítulo 1:

Observando os Karmis

Vendo que a avenida estava completamente congestionada de carros e ônibus, Arjuna das, acomodado em uma grande van de sankirtan, pediu ao seu líder de sankirtan, Krsna das, para soar a buzina da van, após o que o motorista à frente soou a sua buzina e os motoristas à sua frente também soaram suas respectivas buzinas e logo toda a rua estava buzinando, e o som arrancado dessas diferentes buzinas tornou-se estrondoso. Vibrando ao longo do congestionamento, o buzinaço abalou os corações dos guardas de trânsito.

Naquele momento, Arjuna disse as seguintes palavras:

“Ó infalível líder de sankirtan Krsna, por favor, estaciona a minha van de sankirtan de modo que eu possa ver e decidir onde é melhor distribuir livros. Deixa-me ver as pessoas que saíram hoje para fazer compras”.

Quando Arjuna viu as faces estressadas dos consumidores, ele falou as seguintes palavras:

“Meu querido líder de sankirtan, quando vejo todos esses tolos, patifes e velhacos comprando em tal espírito belicoso, sinto os membros de meu corpo tremer e minha boca secar. Todo o meu corpo está tremendo, meus pêlos estão arrepiados, meus livros estão escorregando de minha mão, e já não sou capaz de continuar aqui. Por favor, encontra para mim uma Lan House ou mesmo um banheiro! Estou esquecendo-me de mim mesmo e minha mente está girando. Parece que tudo traz infortúnio, ó condutor de minha van de sankirtan. Não consigo ver qual o bem que decorreria de parar esses capitalistas, nem posso eu desejar uma boa pontuação”.

“Ó Krsna, embora esses homens, com seus corações dominados pela cobiça, estejam comprando coisas inúteis, por que deveríamos nós, que sabemos que estão completamente fora de si, destruir seu espírito de desfrute?”.

“Que prazer obteremos em fazer farol ou arrastão nesta rua o dia todo? A artrite nos dominará se tentarmos salvar esses consumidores. E que reconhecimento ganharíamos mesmo se o nosso resultado fosse lido em frente aos devotos reunidos em Nova Gokula ou publicado na carta mensal de sankirtana no fórum do prabhu Avyakta? Além disso, todos esses compradores não sabem que é proibido vender livros no estacionamento do supermercado; por que deveríamos nós, que entendemos ser crime semelhante venda, tentar pará-los por 5 reais, ou arriscar queimá-los pedindo que levem pelo menos pelas moedinhas no bolso da camisa?”.

“Por que estamos tentando com estes livros destruir a tradição eterna da família levando seus jovens a trancarem a faculdade e passarem um ano no Seminário de Campina Grande? Quando esses rapazes cortarem o cabelo para morar em Vraja ou Goura, suas mães se poluirão ficando viciadas no pecado de jogar Bingo”.

Arjuna, tendo falado essas palavras próximo ao Shopping, na rua entre o calçadão e a pracinha, pôs de lado sua bolsa de sankirtan e sentou-se em sua van na maior mental.

Capítulo 2:

Resumo do Conteúdo da Mente

Vendo Arjuna com seus olhos rasos d’água, Krsna disse as seguintes palavras:

“Meu querido Arjuna, como foi que tal mental se desenvolveu em ti? Ela não condiz com um homem que conhece o valor do laksmi. Ela não conduz à venda do Gita de luxo, mas à venda de incensos e meia dúzia de Gosto Superior. Não cedas a essa impotência degradante. Isto não te fica bem. Abandona essa patifaria, levanta-te e fala teu mantra de venda, ó vendedor sem recibo!”.

Arjuna disse:

“Ó matador da mente descontrolada, como é que no sankirtan posso distribuir Isopanisads a homens como aquele cantarolando Calipso ou aquele que enrolou na cabeça a camisa do Flamengo?”.

“É preferível viver trabalhando no Govinda do que viver à custa de tentar parar alguém na saída das Casas Bahia. Tampouco sabemos o que é melhor – fazer ônibus, metrô ou porta a porta. Se eu fosse tirar este dia de folga, eu descansaria um pouco as costas e os pés, então agora estou confuso quanto a meu dever, pois essas pessoas são muito pão duras e dificílimas de parar. Nesta condição, estou te pedindo que me digas com certeza o que é melhor para mim, pois eu não ficaria em êxtase nem mesmo se me dessem cinquentinha em um Gita de bolso”.

Tendo falado essas palavras, Arjuna disse: “Prabhu, hoje não farei sankirtan”, e começou a jogar um joguinho no celular. Então, Krsna, sorrindo em meio aos karmis já no campo de batalha do estacionamento do Shopping, sorriu e disse as seguintes palavras:

“Enquanto pareces falar palavras sábias, estás é de falso ego. Nunca houve um tempo em que nós sankirtaneiros não fizéssemos os Shoppings; e, no futuro, nenhum de nós deixará de fazer, pois sempre haverá pobres almas que passam seguidamente da loja infantil à loja de skate e à loja de antiquários, e, chegando o novo salário, a pobre alma retoma novamente o mesmo percurso no Shopping tornando seu dinheiro inteiro em trocadinhos. Um sankirtaneiro sóbrio não fica confuso ao ser pago com moedas de 5 e 10”.

“Ó filho da mataji, o aparecimento transitório de boas vendas e vendas ruins são como o aparecimento e o desaparecimento de musiquinhas de políticos, e, quando a venda é ruim, é preciso aprender a tolerar ver teu nome embaixo do nome de um prabhu que nunca ouviste falar”.

“Quem não se deixa perturbar diante de tudo isso decerto está qualificado para alcançar a posição de facilitador de cursos de sankirtan. Aqueles que vendem livros até em escada rolante concluíram que boa distribuição permanente é praticamente não-existente. Isto eles concluíram estudando a natureza da carta de sankirtan. Aprenda a elevar-te à plataforma brahma-bhuta no que diz respeito ao anartha da falta de troco”.

“Ó poderosíssimo servo da BBT, é sem dúvida muito difícil parar um karmi inquieto; refugia-te, no entanto, no conhecimento de que, cedo ou tarde, a resistência dele cederá. Portanto, luta, ó guerreiro do sankirtan, ou então voltarás para o anonimato dos lavadores de roupa suja. Para alguém que já venceu uma maratona de Prabhupada, tornar-se um dobhi walla é um destino pior do que aquele descrito no Quinto Canto”.

“Considerando teu dever específico de sankirtaneiro, deves saber que não há melhor ocupação para ti do que voltar para a van com a bolsa vazia. Felizes são os distribuidores de livros a quem aparece a oportunidade de vender uma coleção do Bhagavatam, abrindo-lhes as portas para uma pontuação celestial. Se não executares teu dever de sair hoje em sankirtan, na certa incorrerás em pecado e prejudicarás tua imagem como um distribuidor quase tão bom quanto o prabhu Prana-natha, e, para um sankirtaneiro respeitável, a desonra é pior do que a morte”.

“Os grandes presidentes de templo que têm na mais alta estima tua pontuação individual e de teu templo pensarão duas vezes antes de te presentear com a nova camisa da BBT, que faz par com o moletom da BBT e com a garrafinha de água da BBT, e você mesmo terá que comprar para ti teu mp4 caso o atual seja roubado”.

“Vende pelo simples fato de querer dar prazer ao guru e a Krsna, sem levar em consideração se é Gita de luxo ou de bolso, se vais ganhar um prato especial de maha-prasada ou se vais levar amaciada, se a doação cobrirá o custo do livro ou se terás de interar do dinheiro que estavas guardando para visitar a Índia – e adotando este procedimento nunca pararás de fazer sankirtan”.

“Até aqui, descrevi a ti este conhecimento teórico; agora vai e pára alguém colocando um livro em sua mão, impedindo-lhe de te deixar falando sozinho; e lembra-te que, para que no esforço de sankirtan não haja nem perda nem diminuição, guarda sempre dentro da tua meia as notas grandes que acaso ganhes, pois, caso sejas assaltado, estarás protegido do mais perigoso tipo de medo: Perder o dinheiro com o qual comprarias os livros do dia seguinte”.

“Aqueles que estão neste caminho que conduz para dentro do Shopping podem ser resolutos em seu objetivo, mas, com inteligência, iremos pegá-los na entrada de modo que sua avidez por começarem a ver as vitrines os motive a comprar logo um livro para se verem livres de nós”.

“Aqueles sankirtaneiros que vendem pouco são irresolutos e têm várias distrações. Eles são apegados a bancos de praça e são capazes de se convencer de que é perfeitamente normal reservar uma hora e meia do dia para comer algumas maçãs e ir ao banheiro. Por estarem ávidos por ficar no ar-condicionado das Lojas Americanas, eles dizem que isso é tudo o que existe”.

“Nas mentes daqueles que estão muito apegados a bhoguinhas e a ver TV, e que ficam atônitos quando chove, não ocorre a determinação resoluta de estar entre os dez primeiros da maratona internacional de dezembro”.

“Ó meu querido Arjuna, a televisão trata principalmente do tema três modos da programação material – a bondade da TVE, a paixão da SporTV e a ignorância dos horrendos programas de culinária. Ó Arjuna, fica sabendo que a mente pode ser a melhor amiga ou a maior inimiga. Agora, por favor, ouve enquanto te explico como torná-la tua melhor amiga. Entra em contato com prabhu Nityananda Ray pelo e-mail natunidauno@ig.com.br ou pelo telefone (21) 2644-7213 e compra a maravilhosa série conhecida como Novela de Prabhupada e coloca um dos discos em um DVD conectado à TV e aperta play. Com a ajuda da TV, a pessoa deve libertar-se, e não se degradar”.

“Faz isso religiosamente toda noite após o sankirtan e acordarás pronto para cantar empolgadíssimas dezesseis voltas, e cada dia de sankirtan será mais glorioso do que o anterior. Desta maneira, teu presidente de templo ficará novamente satisfeito contigo e terás atingido a perfeição!”.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS)