Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

terça-feira, 6 de março de 2007

Firmando uma Parceria Sadia e Produtiva com a Mente




Firmando uma Parceria Sadia e Produtiva com a Mente


Por Bir Krishna Prabhu (DVS),

Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização – IBAR.

Uberaba, MG. 02/03/2007.

Tenho notado que é matéria recorrente nos tablóides da mídia escrita e televisiva que devido a extenuantes jornadas de trabalho, desemprego, e insegurança em relação ao futuro, um contingente cada vez maior de pessoas, afoga-se nos grandes males do século – a depressão e o stress, vitima de uma mente desgovernada e implacável, incapaz de lidar com o volume de solicitações e informações que cresce diariamente, exigindo uma presteza acima das possibilidades do frágil e delicado aparato psicofísico do ser humano. Mergulhados nesta atmosfera um tanto insana, a debilitar seriamente a saúde, da qual poucos se dão conta, a válvula de escape para apaziguar a mente, tem sido para grande maioria buscar algum prazer nas ofertas de diversão disponibilizadas pela industria do entretenimento, ou em algumas drogas legais ou ilícitas, afogando-se deste modo, numa espécie de entorpecimento que contribui para deixar a mente ainda mais volúvel e fraca.

No contexto acima delineado, as práticas de alguns sistemas de yoga que podiam ser um lenitivo para o caos mental instituído, são refutadas por serem consideradas de fato inadequadas em sua grande maioria, a realidade que vive o homem moderno. Ainda que a eficiência de tais práticas não seja questionada, é do senso comum que poucas são as pessoas que conseguem realmente ter acesso aos resultados que se pode esperar delas. Neste sentido, deixa-me compartilhar contigo, caro leitor, a experiência de Arjuna, um príncipe guerreiro, chefe de família, à frente de muitos afazeres na administração do reino, em fim um homem pratico. Isso não lhe lembra um pouco o cotidiano de muitos para colocar a mesa o pão de cada dia. Pois bem, Arjuna sendo instruído pelo seu mestre espiritual Sri Krishna a estabelecer-se firmemente em yoga, após ouvir-lhe atentamente as preciosas instruções que preconizavam seguir regras e regulações estritas segundo as quais para se ter êxito em semelhante prática de auto-realização, ele devia refugiar-se num lugar sagrado, focalizar a mente na Superalma, refrear os sentidos e a mente, observar celibato, ficar sozinho, etc, dirige-lhe as seguintes palavras:

yo yam yogas tvaya proktah
samyena madhusudana
etasyaham na pasyami
cancalatvat sthitim sthiram

cancalam hi manah krsna
pramathi balavad drdham
tasyaham nigraham manye
vayor iva su-duskaram

(Bg. 6. 33-34).
“Ó Madhussudana, o sistema de yoga que resumiste parece-me impraticável e inviável, pois a mente é inquieta, instável, turbulenta, obstinada e muito forte, ó Krishna, e parece-me que subjugá-la é mais difícil do que controlar o vento”. Imagine meu caro leitor, se há cinco mil anos atrás, Arjuna que tinha condições mais propicias do que nós temos agora, como bem salienta Srila Prabhupada, não obstante, achou impossível submeter-se a dhyana (meditação) – uma disciplina de auto-realização que achava incompatível com a sua índole de príncipe guerreiro, então que se dizer de nós, nos dias atuais? Ao recusar-se a adotar a prática de dhyana, Arjuna de certa forma, queria que o Senhor Krishna lhe recomendasse um sistema de yoga que lhe permitisse estar no mundo, sem ser do mundo.

Se pouco levamos a serio a auto-realização por meios simples ou que dizer de adotarmos difíceis procedimentos de yoga como os que foram recomendados a Arjuna, outrora, numa época cuja atmosfera era mais favorável à transcendência, mas, então qual a saída para este impasse? O próprio Senhor Sri Krishna, a Divindade Suprema, dá-nos uma pista segura para termos êxito na dificílima tarefa de fazer da mente uma grande parceira em meio a circunstâncias tão adversas como hoje:

sri-bhagavan uvaca
asamsayam maha-baho
mano durnigraham calam
abhyasena tu kaunteya
vairagyena ca grhyate

asamyatmana yogo
dusprana iti me matih
vasyatmana tu yatata
sakyo vaptum upayatah
(Bg. 6. 35-36).


“O Senhor Sri Krishna disse: Ó poderosíssimo filho de Kunti, é sem duvida muito difícil refrear a mente inquieta, mas isso é possível pela prática adequada e pelo desapego. Para alguém cuja mente é desenfreada, a auto-realização é tarefa difícil. Mas aquele cuja mente é controlada e que se empenha com meios apropriados com certeza terá sucesso. Esta é minha opinião”.

Ao ouvir isso, um dos meus inúmeros “eus” a reivindicar a hegemonia do meu mundo interno, está a me dizer palavras que eu bem sei reconhecer quando ele dá o ar de sua graça: “Ah sei! Disse tudo, mas não disse nada. Me engana que eu gostou, eu quer é saber qual prática é essa, quais são esses meios apropriados? Eu é que sei o quanto a mente me atazana o tempo todo sem parar, você ai que fala bonito, bem sabe o que eu quero dizer”. Mas, sabe caro leitor, deixa falar, eu não ligo para “intriga da oposição”, pois, em seus significados bhaktivedanta para as preciosas instruções acima do Senhor Krishna, Srila Prabhupada nos dá o “pulo do gato” que terei a satisfação de reproduzir na integra para esfregá-lo na cara do “meu linguarudo inquilino” e oferecê-lo a ti, querido leitor, para o deleite de sua alma, de tão sublime e esclarecedor é o conteúdo. Parafraseando o eminente professor de yoga Hermógenes, ler é pouco. Meditando sobre este significado bhaktivedanta especifico e vivendo-o no dia-a-dia, é que podemos superar e transcender, em fim, firmar uma parceria sadia e produtiva com a nossa mente. Assim Srila Prabhupada instrui:

“Na era atual, ninguém pode seguir as regras e regulações estritas segundo as quais deve se refugiar num lugar sagrado, focalizar a mente na Superalma, refrear os sentidos e a mente, observar celibato, ficar sozinho, etc. Entretanto, pela prática da consciência de Krishna, podemos nos ocupar em nove classes de serviço devocional ao Senhor. A primeira e mais importante dessas ocupações devocionais é ouvir sobre Krishna. Este é um poderosíssimo método transcendental que elimina da mente todas as duvidas. Quanto mais ouvimos sobre Krishna, mais nos iluminamos e nos desapegamos de tudo o que afasta a mente de Krishna. Impedindo que a mente se interesse por atividades não devotadas ao Senhor, é muito fácil aprender vairagya.

Vairagya significa desapegar-se da matéria e ocupar a mente no espírito. O desapego impessoal é mais difícil do que fazer a mente se apegar às atividades de Krishna. Isto é pratico porque, ouvindo sobre Krishna, logo nos apegamos ao Espírito Supremo. Este apego chama-se pareshanubhava, satisfação espiritual. É exatamente como o sentimento de satisfação que um homem faminto experimenta a cada bocada de alimento que come. Quanto mais come quando tem fome, mais ele sente satisfação e força.

De modo semelhante, pela execução do serviço devocional sentimos satisfação transcendental à medida que a mente se desapega dos objetos materiais. É como curar a doença por meio de tratamento hábil e dieta adequada. Ouvir sobre as atividades transcendentais do Senhor Krishna é, portanto, um competente tratamento para a mente louca, e comer alimento prashadam – alimento oferecido a Krishna é a dieta apropriada para o paciente. Este tratamento é o processo da consciência de Krishna”. Srila Prabhupada, ki jay! krishna-katha (audição dos passatempos transcendentais do Senhor Krishna) ki jay!


HARE KRISHNA