Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Abrandando o Enredamento da Existência Material

Abrandando o Enredamento da Existência Material
Por Bir Krishna Das (DVS), Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização – IBAR. Uberaba, MG. 23/02/2007.

Nesses dias de inicio de ano, vinha meditando sobre o quanto, eu estava ainda mergulhado em consciência material e como é de fato difícil livrar-se de tal condicionamento. Dei-me conta que após sete anos de uma entusiasta sadhana-bhakti (fase pratica do cultivo da devoção ao Senhor Krishna), ainda muito pouco havia suplantado desta consciência mundana – de querer assenhorear-me de todos os recursos a minha volta para meu próprio desfrute sensorial. O que me impedia de certa maneira de me situar de modo mais efetivo em consciência de Krishna (ou divina) que ao contrario da consciência mundana, impulsiona-nos a usar tudo para satisfação da Pessoa Suprema, Sri Krishna. Ademais, percebia nitidamente o quanto esta consciência mundana não me permitia lembrar e perceber Krishna em todas as coisas com as quais entrava em contato.
Mas, ocupando-me regularmente em krishna-katha (a audição dos passatempos transcendentais do Senhor Krishna), obteve pela misericórdia de Krishna uma resposta a minha meditação. O Senhor Krishna mostrou-me que seu discípulo e amigo Arjuna havia tido a mesma preocupação – isto é, como perante a uma atmosfera que leva a grande maioria das pessoas a pensar materialmente como podia ele lembrar de Krishna? Na realidade, como disse Srila Prabhupada: “A esta altura do seu colóquio com o Senhor Krishna, Arjuna estava convencido de que seu amigo, Krishna, é a Divindade Suprema, mas ele queria conhecer o processo geral pelo qual o homem comum pode perceber a onipresença do Senhor”. Assim, Arjuna disse:
katham vidyam aham yogims
tvam sada paricintayan
kesu kesu ca bhavesu
cintyo si bhagavan maya
(Bg. 10.17).
“Ó Krishna, ó místico supremo, como devo pensar constantemente em Ti, e como devo conhecer-Te? Quais as Tuas varias formas que devem ser lembradas, ó Suprema Personalidade de Deus?”. Logo no inicio do seu significado para este verso, Srila Prabhupada alerta-nos que a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna é coberta por Sua yoga-maya (energia ilusória) e só as almas rendidas e os devotos puros podem vê-lo. Essas palavras logo remeteram-me a uma maravilhosa oração do Sri Isopanishad, onde o devoto implora fervorosamente a misericórdia do Senhor para que levante o véu (tejah – refulgência) que lhe cobre o semblante, dando-lhe olhos de ver.
pusann ekarse yama surya prajapatya
vyuha rasmin samuha
tejo yat te rupam kalyana-tamam
tat te pasyami yo sav asau purusah so ham asmi
(Sri Isopanishad, mantra 16).
“Ó meu Senhor, filósofo primordial, mantenedor do Universo, ó principio regulador, destino dos devotos puros, benquerente dos progenitores da humanidade, por favor, remove essa refulgência, teus raios transcendentais, para que eu possa ver Tua forma de bem-aventurança. O Senhor é a Suprema Personalidade de Deus eterna, parecida como o Sol, como eu”. Essa oração me apontou nitidamente a posição que devia adotar para abrandar minha mentalidade materialista crassa. Abrandar, segundo o dicionário Aurélio, significar dizer tornar brando, suavizar, amolecer. Usei essa palavra no titulo deste artigo para lembrar a mim mesmo o quanto este enredamento na existência material é forte, e, dar-me conta que libertar-se do mesmo é um processo gradativo e suave e que acima de tudo devemos contar com a misericórdia de Krishna, pois, Ele é o senhor desta yoga-maya que se interpõe entre nós e Ele. E, portanto, Krishna pode ordenar a esta senhora impetuosa (yoga-maya) que pare definitivamente de exercer sua força coerciva e ilusória sobre nós.
O fato, neste verso do Bhagavad-gita, objeto deste artigo, que deve merecer a nossa apreciação, como diz Srila Prabhupada, é que: “estas perguntas de Arjuna são para pessoas mergulhadas em consciência mundana. E que Arjuna sendo um devoto puro se preocupa não só com a compreensão por ele obtida, mas com a compreensão que toda a humanidade pode obter. Então Arjuna, por sua misericórdia, por ser um vaisnava, está desvendando para o homem comum, a compreensão acerca da onipresença do Senhor Supremo”. Alguém poderá perguntar em que consiste esta natureza onipresente do Senhor? Ele mesmo a define nos dois versos finais deste décimo capitulo do Bhagavad-gita.
yad yad vibhutimat sattvam
srimad urjitam eva va
tat tad evavagaccha tvam
mama tejo-mas-sambhavam
(Bg. 10.41).
“Fica sabendo que todas as criações opulentas, belas e gloriosas emanam de uma mera centelha do Meu esplendor”. E o Senhor Krishna conclui após descrever longamente e em minúcia sua onipresença, onipenetrância, a Arjuna:
atha va bahunaitena
kim jnatena tavarjuna
vistabhyaham idam krtsnam
ekamsena sthito jagat
(Bg. 10.42).
“Mas qual a necessidade, Arjuna, de todo esse conhecimento minucioso? Com um simples fragmento de Mim mesmo, Eu penetro e sustento todo este Universo”. De modo pratico, qual fora então a orientação do Senhor Krishna a Seu amigo e discípulo Arjuna para perceber e apreciar-lhe a Sua onipresença e conseqüentemente suplantar a consciência mundana? Srila Prabhupada resume a orientação do Senhor Krishna do seguinte modo: “Porque não podem compreender Krishna espiritualmente, os materialistas são aconselhados (pelo Senhor Krishna) a concentrar a mente nos elementos físicos para tentarem ver como Krishna manifesta-se nas representações físicas”.
Assim, para abrandar definitivamente meu condicionamento material, passei a apreciar as varias formas que o Senhor Krishna havia apontado a Arjuna para poder se lembrar e pensar nEle constantemente e conseqüentemente conhecê-lo. Portanto, passei a ver o Senhor Krishna no Sol radiante, num belo luar, nas belas chamas do fogo, nas montanhas imponentes, no vasto oceano, na gigantesca figueira-de-bengala, num belo cavalo, na força viva do elefante, na bela serpente, no senhor dos mares, o temido tubarão, em todos os rios, principalmente o Ganges, na realeza do leão, na singularidade de cada estação do ano, na morte que tudo devora, no sexo que procria, na linguagem afável, memória, inteligência, firmeza e paciência das mulheres. Por saber que o Senhor Krishna é tudo isso, mas principalmente por ouvi-lo dizer: yajnanam japa-yajno smi (Bg. 10.25) – “Dos sacrifícios, sou o cantar dos santos nomes (japa)”, eu continuo ocupando-me em sadhana-bhakti, cantando hare krishna, hare krishna, krishna krishna, hare hare/ hare rama hare rama, rama rama, hare hare, na certeza que no devido tempo, pela graça do Senhor, o condicionamento material que agora me parece intransponível e exerce uma pressão muito grande sobre mim será mitigado e já não terá mais influência em minha vida.
HARE KRISHNA

Seguir os Passos dos Acharyas Anteriores


Seguir os Passos dos Acharyas Anteriores
Por Bir Krishna Prabhu (DVS), Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização – IBAR. Uberaba, MG. 23/03/2007.


O acharya, através do seu próprio exemplo de vida, ensina a sua realização pessoal da verdade absoluta – Deus. Como bem salienta o ditado popular, mais vale um exemplo do que mil palavras. Srila Rupa Goswami em seu Upadeshamrta – um pequeno manual de instrução para o aspirante à senda espiritual, recomenda sato-vrtteh, seguir os passos dos acharyas anteriores. A este respeito, Srila Prabhupada costumava sempre alertar, seguir o acharya, não significa imitá-lo. Com isso, Srila Prabhupada incentivava todos a buscarem compreender a natureza essencial da realização espiritual do acharya. No Bhagavad-gita, o próprio Senhor Krishna aponta diversos desses aspectos. Mas dentro dos limites deste artigo, me contentarei em apresentar apenas um deles, o que será suficiente para posicionar-nos corretamente na operacionalização desta recomendação escritural - sato-vrtteh. Neste caso, o que seguir e como seguir? Assim, o Senhor Krishna declara:
vita-raga-bhaya-krodha
man-maya mam upasritah
bahavo jnana-tapasa
puta mad-bhavam agatah
(Bg. 4.10).
“Estando livre do apego, do medo e da ira, estando plenamente absortas em Mim e refugiando-se em Mim, muitas e muitas pessoas no passado purificaram-se através do conhecimento a respeito de Mim – e com isso todas alcançaram transcendental amor por Mim”. Trocando isso em miúdos, para buscarmos compreender como salientado anteriormente os aspectos fundamentais da realização espiritual do acharya, é preciso entender que semelhante grande alma é:
1. desapegada, isto é, está sempre situado além do conceito de vida corpóreo que deixa a grande maioria de nos identificados e confusos, ansiando o tempo todo por coisas materiais;
2. destemida, porque confia plenamente na proteção do Senhor Krishna em todas as circunstâncias;
3. firmemente situado além do jugo da ira e seus correlatos que a psicologia moderna chama das paixões irracionais como inveja, luxuria, gula, preguiça etc, denominados na teologia cristã como os sete pecados capitais;
4. constantemente absorta e busca sempre refugio no santos nomes do Senhor – hare krishna, hare krishna, krishna krishna, hare hare/ hare rama hare rama, rama rama, hare hare, meditando neles vinte quatro horas por dia.
Por ter a vida alicerçada nestes quatro aspectos, o acharya ergue-se à plataforma última de auto-realização, alcançando perfeito e pleno conhecimento acerca da Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna, e absorve-se em amor puro a Ele. Isso resume para nós, o que seguir e como seguir o exemplo de vida do acharya. Para nos auxiliar nesta empreitada, Srila Rupa Goswami, em seu famoso compendio Bhakti-rasamrta-sindhu (1.4.15-16), a ciência do serviço devocional aponta a escada que conduz a realização de Deus cujos degraus são estes, comentados pessoalmente por Srila Prabhupada:
* sraddha ( fé ), no começo, é preciso ter um desejo preliminar de auto-realização;
* sadhu-sanga (associação), com isto, o indivíduo sentir-se-á inclinado a associar-se com pessoas espiritualmente elevadas;
* bhajana-kriya (iniciação), na fase seguinte, ele é iniciado pelo mestre espiritual elevado, e, sob a sua instrução, o devoto neófito começa o processo do serviço devocional;
* anartha-nivrtih (purificação), pela execução do serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele se livra de todo o apego material;
* nistha (estabilidade), assim alcança firmeza na auto-realização;
* ruci (sabor), e adquire gosto por ouvir sobre a Absoluta Personalidade de Deus, Sri Krishna;
* saktis (apego), este gosto continua propiciando o seu avanço, e ele então desenvolve apego à consciência de Krishna;
* bhava (êxtase), este apego ao amadurecer, manifesta-se em constante absorção nesta fase preliminar do transcendental amor a Deus;
* prema (amor puro), o verdadeiro amor por Deus chama-se prema, a mais elevada etapa de perfeição de vida. Na fase prema, há uma constante ocupação no transcendental serviço amoroso ao Senhor. Então, pelo prolongado processo do serviço devocional, sob a instrução do mestre espiritual autêntico, é possível alcançar a fase mais elevada, livrando-se de todo o apego, deixando de ter medo de adquirir a sua própria personalidade espiritual individual e eliminando as frustrações que resultam em filosofia vazia. Então, atinge-se por fim a morada do Senhor Supremo.
Srila Prabhupada trilhou este caminho como acharya, apesar de ser uma alma eternamente liberada que adveio só para incutir em nossos corações krishna-prema, amor puro a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna. Srila Prabhupada, para nos deixar como legado, o seu próprio exemplo de vida, percorreu degrau por degrau esta escada apontada por Srila Rupa Goswami sob a cuidadosa orientação de Sua divina Graça Om Vishnupada Paramahamsa Parivrajacacharya Astottara-sata Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja Prabhupada. Portanto, cantemos um hino a seu louvor, seguindo-lhe sempre os passos, e assim sermos bem sucedidos no caminho de volta ao Supremo.
nama om vishnu-padaya krsna-presthaya bhuta-le
srimate bhaktivedanta-svamin iti namine
namas te sarasvate deve goura-vani-pracharine
nirvisesha –sunyavadi-paschatya-desha-tarine
“Ofereço minhas respeitosas reverências à Sua Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que é muito querido pelo Senhor Sri Krishna, pois se refugiou em Seus pés de lótus. Dirigimos a ti nossas respeitosas, ó mestre espiritual, servo de Sarasvati Goswami. Estás bondosamente pregando a mensagem do Senhor Chaitanyadeva e libertando os países
ocidentais, que estão cheios de impersonalismo e niilismo”.
HARE KRISHNA