Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

domingo, 8 de novembro de 2009

A inteligência feminina



“Que mulher, senão uma esposa muito afortunada, partiria do mundo material antes de seu esposo?”.

- Caitanya-Bhagavata Adi-khanda 14.187

Hare Krsna, devotos e devotas! Minhas reverências, por favor. Todas as glórias a Srila Prabhupada! Todas as glórias à Guru-Vrksa da ISKCON!

É interessante notar que embora Krsna diga que a mulher é menos inteligente no verso 9.32 – de forma a incluí-la no Seu rebanho, embora seja excluída de outros naturalmente menos relevantes do que o do Senhor Supremo –, Krsna, logo no capítulo seguinte [10.34], diz que, entre as mulheres, Ele é a inteligência.

A conciliação dessas duas informações é por muitas vezes conciliada pelo conceito de inteligências múltiplas – o que já ouvi de Maharaja Dhanvantari e de Acaryadeva –, ou seja, a mulher é menos inteligente em algum âmbito de inteligência que não a priva do mais importante na vida, ser uma Vaisnavi [9.32], enquanto que é munida de uma sorte de inteligência que é a favorita de Krsna [10.32], uma inteligência com algum borogodó que falta no homem.

Outra explicação que já ouvi, de Devamrta Svami, é que a mulher é menos inteligente no sentido de inocência, de sempre acreditar no que lhe dizem. O exemplo que Devamrta Svami dá é de um homem dizendo que nunca esteve similarmente apaixonado como está pela mulher com quem fala. Essa tendência da mulher a se render é o que faz com que se degrade caso os líderes da sociedade degradem-se também. A ausência de inteligência da mulher – ou a inteligência inocente – é perigosa somente quando voltada para a rendição de alguém indigno, daí o medo de Arjuna de não haver abrigos dignos, como Drona, Yudhisthira, Bhisma e tantos outros que poderiam ser mortos. Essa inteligência da mulher, contudo, é perfeita para Krsna, pois se uma mulher deposita sua inocência e tendência a acreditar e se render em Krsna, ela está completamente segura, pois Krsna nunca Se degrada ou desenvolve mentalidade de exploração, dado que é respectivamente o controlador dos gunas e auto-satisfeito.

Arjuna quer que os refúgios das mulheres continuem vivendo para que elas fiquem protegidas, visto que a sociedade em que ele se inseria já estava assim estruturada; já Kapiladeva – corrijam-me se eu disser algum disparate – sabe que o refúgio oferecido pelo homem é fugidio, pois Sua mãe foi deixada por Seu pai, que tomou sannyasa, e Ele, o filho único, também poderia morrer a qualquer momento ou ser vitimado por maya (supondo que Ele fosse uma pessoa comum, o que Ele não é, como sabemos). Diante dessa situação, Ele torna Sua mãe independente munindo a inteligência dela com conhecimento transcendental. A mentalidade de Arjuna é em um contexto distante do nosso, isto é, proteger as mulheres ali na Índia de 5000 anos atrás mantendo a formação que elas e a sociedade tinham em todas as diferentes estruturas, enquanto que Kapila pensa em dar uma nova formação para Sua mãe, tornando-a inviolável por qualquer mudança externa. Convenhamos que a proteção de Kapila é a mais relevante para o nosso contexto de pregação, onde não há sequer duas dúzias de homens que foram treinados para proteger a mulher em sua estrutura emocional, espiritual, etc. Tanto o homem como a mulher devem receber formação intelectual absoluta, de forma que sejam independentes, e quando duas pessoas independentes e completas se unem, isso significa um casamento vitalício, como gosta Prabhupada. Na minha opinião, Kapila é o epítome da proteção à mulher: proteção sem dependência, o que vem da oferta de amplo conhecimento espiritual ao intelecto; então se a mulher conseguir proteção financeira, emocional, etc. “é lucro”, mas, sem isso, ela também não ficará de todo desalentada,
como acontece em países onde se mantém a posição subordinada da mulher, mas não se mantém a posição de austeridade, autocontrole e treinamento ariano intenso do homem. Se somarmos a proteção também material de Arjuna que dura enquanto o protetor dura, mais a proteção de Kapila baseada na inteligência, que acompanha a mulher eternamente – a segunda sendo mais importante do que a primeira –, então a mulher na ISKCON estará segura até a volta ao lar.

Nota-se também curiosamente que, embora a mulher não fosse formada intelectualmente de forma tão recorrente, numerosa e intensa como o homem na Índia ou na Grécia antigas, por exemplo; na teogonia de ambas as tradições e de muitas outras, a deidade que preside a inteligência é uma mulher. Na tradição védica especificamente, a deidade da inteligência em si, chamada Medha, é esposa de Dharma, a entidade viva encarregada da religião. Srmti, a memória, é irmã da inteligência, e também é uma mulher; enquanto que Vak, a deidade da eloqüência – isto é, a exteriorização da inteligência – é filha do senhor Brahma.

Enfim, não quero com este argumentar extensivamente sobre o assunto, mas vim, na verdade, fazer um merchandising transcendental! : )

A siksa-guru mulher mais influente mundialmente na ISKCON, acredito, é mataji Urmila devi dasi, e gostaria de recomendar a leitura de seu livro, o qual está em anexo. Sua escrita, além de mostrar sua inteligência, mostra também sua sensibilidade e competência para transmitir conceitos profundos e complexos de forma acessível e assimilada. Esse livro atende um público muito amplo, sendo apreciado por quem não sabe nada sobre a nossa filosofia e também por quem já sabe bastante, o que constatei dando-o de presente a duas pessoas bem diferentes. Fora isso, esse livro sequer saiu em inglês ainda e mataji Urmila bondosamente confiou em mim de que eu o traduziria para o português para os devotos brasileiros e não distribuiria o material original de modo algum, pois o mesmo ainda será comercializado. É uma grande misericórdia termos esse livro, não apenas pelo livro em si, mas como um exemplo de quão exímia a mulher Vaisnava é em todos os âmbitos da consciência de Krsna.

Ah! E falando em mulher inteligente! Minha noiva foi iniciada ontem no todo-auspicioso seminário de Campina Grade! : ) Hari bole! Ela que antes atendia por Bhaktin Flávia, agora se chama Prema-vardhana devi dasi! : ) A bênção de todos, por favor, para a nova tripulante oficial do barco de Prabhupada! : ) Jaya!

Hare Krsna!

Vosso servo,

Bhagavan dasa BhS (DvS)


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Usar ou não usar o Dhoti? 3

Usar ou não usar o Dhoti? 3
"Sim, se aumenta a nossa distribuição de livros o uso de roupas quentes e calças no inverno, não tenho objeção, vocês podem usá-las." (Srila Prabhupada em 3 de Dezembro de 1971 à Damodara)
"Quanto aos membros de nossos grupos de Sankirtana vestirem-se como Hippies para aumentar a distribuição de livros, este não é um bom plano...isto deve parar - não devemos dar a ninguém o motivo para nos chamar de Hippies. Mas os devotos podem vestir-se com roupas respeitáveis como senhoras e senhores para distribuir meus livros sob circunstâncias especiais, mas mesmo este programa não deve tornar-se amplo." (Srila Prabhupada em 23 de Novembro de 1972 à Kurusrestha)
"Não há objeção de sair com roupas ocidentais para distribuir meus livros. Não é necessário que sempre usemos as roupas de devotos, mas devemos sempre conservar a Sikha e a Tilaka. Porém, pode-se usar uma peruca ou chapéu, como você descreve. Devemos adoptar qualquer que seja a posição favorável para executar a Consciência de Krsna. Não se esqueçam de nossos princípios. Mas as vezes podemos adaptar estes meios para ajudar a distribuir os livros. De um modo ou de outro distribuam livros, e se vocês podem induzir um pouco as pessoas a cantarem, então não importa a roupa de vocês." (Srila Prabhupada em 6 de Dezembro de 1974 numa conferência)
"Quanto a vender livros com roupa de Karmi. Sim, pode-se fazer isto, não há mal.(Srila Prabhupada em 31 de Outubro de 1974 à SS Hridayananda Dasa Goswami)
"Estou contente de saber do sucesso da distribuição de livros de Tripurari em Chicago. Foi relatado que ele fez isto de Dhoti, mas Karandhara diz que Dhoti atrapalha. Então se ele pode distribuir 105 Gitas e 105 Isopanisads num só dia em Chicago de Dhoti, porque não tentar isto em outro lugares também?" (Srila Prabhupada em 17 de Abril de 1970 à SS Jayapataka Maharaja)
"Quanto as técnicas para a distribuição de livros, está bem que os devotos se vistam como os jovens a quem eles vendem os livros. O principal é que os inocentes recebam os livros e a chance de se tornarem conscientes de Krsna lendo-os. Você tem que cuidar que nossos distribuidores de livros também estejam lendo meus livros e seguindo todos os princípios reguladores, então está certo vender em público desta forma." (Srila Prabhupada em 16 de Junho de 1972 à Madhudvisa)
"É bom que vocês continuem a distribuir a BTG. Se a roupa de Karmi é favorável, então continuem com a roupa de Karmi. Temos de executar actividades missionárias, a roupa não é fundamental." (Srila Prabhupada em 13 de Junho de 1972 à Bhargava)
Carta de 26 de Novembro de 1976 de Hari Sauri Pabhu, aprovada por Srila Prabhupada:O seguinte é um trecho de uma aula do SB 5.6.3 dada em 25 de novembro de 1976.Srila Prabhupada pediu que ela fosse enviada a todos os Templos e GBC:"Se voces passarem a mão na cabeça de seus subordinados, isto aumentará seus maus hábitos, e se voces corrigirem-nos, eles vão melhorar.Por isso aconselha-se que você sempre corrija o seu filho ou discípulo - jamais deixe de fazê-lo; se voce não corrigir, logo aparecerão muitas faltas.Agora, para nossa vida prática, somos conhecidos no mundo todo como cabeças rapadas, não é?Agora estamos ficando cabeludos.Estamos esquecendo-nos de rapar a cabeça.Porque não existe a correção, logo aparecem coisas defeituosas.Então devemos ser conhecidos como cabeças rapadas e não como cabeludos.Isso é uma discrepância.Pelo menos uma vez por mês vocês devem estar com a cabeça bem rapada.Na quinzena brilhante, no dia de Purnima, quatro dias depois de Ekadasi, uma vez por mes, devemos estar de cabeça rapada.Não é desejável que em idade adulta vocês também sejam corrigidos.Isto também é difícil, porque quando o discípulo ou filho é adulto, se ele for corrigido, então ele quebra.Então antes de sermos castigados devemos ter consciência de que estas são as nossas regras e regulações que devemos observar......então, de mãos postas, eu lhes peço que não se tornem hippies de novo deixando o cabelo crescer.Mantenham a cabeça limpa pelo menos uma vez por mês.Este é o meu pedido.Nem eu posso corrigir vocês - sou velho e vocês são jovens."
Conversa depois da conferênciaDevoto 1 : Em geral rapamos a cabeça a cada quinze dias porque mesmo depois de quinze dias ela parece um pouco suja.Devoto 2 : Você pode arranjar boas perucas.Prabhupada : Não. Não é preciso. Isto também é invenção mental.Hoje vocês podem sair de casaco, calças e cabeça rapada. Ninguém vai criticar. Virou moda. Os russos usam; Kruschev, eu vi - de cabeça rapada."
"Para que serve uma peruca? Mantenha o cabelo de um cavalheiro. Não é preciso usar roupa cor de açrafão. Se com roupa comum você pode vender mais livros, não há necessidade de roupa cor de açafrão." (5 de Novembro de 1972 à Sudama)
"Você pode ir com roupa civil porque será mais fácil viajar nesta parte do mundo." (21 de Fevereiro de 1972 à Bhaktadasa)
Srimad Bhagavatam 7.5.7
"Em nosso Movimento da Consciência de Krsna, é necessário usarmos a tática de nos vestirmos como Karmis comuns porque, no reino demoníaco, ninguém aceita os ensinamentos Vaisnavas. Os demônios desta era actual não vêem com bons olhos a Consciência de Krsna. Logo que vislumbram um Vaisnava vestido com roupas açafroadas e usando contas no pescoço e Tilaka na testa, ficam irritados. Querendo criticar os Vaisnavas, eles, com sarcasmo, dizem Hare Krsna, porém algumas pessoas também cantam Hare Krsna com sinceridade. Em qualquer caso, já que Hare Krsna é absoluto, quer alguém cante com sinceridade ou por pilhéria, o canto surtirá efeito. Os Vaisnavas ficam satisfeitos quando os demônios cantam Hare Krsna porque isto mostra que o Movimento Hare Krsna está ganhando terreno. Demônios de grande vulto tais como Hiranyakasipu, estão sempre dispostos a castigar os Vaisnavas , e tentam fazer arranjos de modo que os Vaisnavas não saim para distribuir livros nem preguem a Consciência de Krsna. Aquilo que era feito por Hiranyakasipu, há muito e muito tempo , hoje em dia continua a ser feito. esta é a vida materialista. Os demônios ou materialistas não gostam nem um pouquinho do avanço da Consciência de Krsna , e eles tentam impedi-lo de diversas maneiras. Todavia, com o propósito de pregar, os membros da Consciência de Krsna devem continuar avante - com suas roupas Vaisnavas ou com alguma outra indumentária."
Srimad Bhagavatam 7.13.9
"Para os Paramahamsas, ou Sannyasis da ordem Vaisnava, pregar é o primeiro dever. Para pregar, estes Sannyasis podem aceitar os símbolos de Sannyasa, tais como a Danda e o Kamandalu, ou às vezes podem dispensá-los. De um modo geral, os Sannyasis Vaisnavas, sendo Paramahamsas, são automaticamente chamados de Babajis, e não carregam um Kamandalu ou uma Danda. Tal Sannyasi tem liberdade de aceitar ou rejeitar as insígnias de Sannyasa. Seu único pensamento é: "Onde existe a oportunidade de espalhar a Consciência de Krsna?" Às vezes, o movimento da Consciência de Krsna envia os seus representantes Sannyasis a países estrangeiros onde a Danda e o Kamandalu não são muito apreciados. Enviamos, então, nossos pregadores vestidos em roupas comuns para que apresentem nossos livros e filosofia.Nossa única preocupação é atrair as pessoas para a Consciência de Krsna. Podemos conseguir isto vestidos de Sannyasis ou usando as vestes de um cavalheiro comum. Nosso único propósito é infundir em todos o interesse pela Consciência de Krsna."
Notas pessoais:
Um devoto(a) pregador irá usar roupa ocidental sem radicalismo quando necessário, ou roupa de Hare Krsna sem inibição quando necessário.
Vantagens dos trajes ocidentais
Sankara Pandita Dasa:"A adoção de traje ocidental baseia-se em ocupar aqueles que não estão familiarizados com o traje Vaisnava e também para conseguir entrar em lugares como Centros Comerciais para divulgar a Consciência de Krsna.É uma questão individual, e o devoto deve ter o incentivo dos outros para se vestir como desejar.Mas embora usem traje ocidental, os devotos jamais devem negar sua identidade como devotos Hare Krsna.Não acho que se devam usar perucas porque há alguns anos recebemos muitas queixas de que as perucas eram fraudulentas.É melhor que os devotos usem chapéu."
Vantagens do traje de devoto
Lilavatara Dasa:"Os devotos viajam muito rápido e vão a todos os lugares.Se eles estiverem vestidos como devotos, milhões verão os devotos num só dia, e verão que o Movimento Hare Krsna está vivo, e ajudarão, porque há muitos devotos andando com livros por aí. (Obs particular: Muitas pessoas perguntam-me actualmente: "Onde estão vocês?", "Antes vocês estavam muito presente nas ruas.")Em alguns países os devotos usam perucas, calças e casacos só para comprar leite. Isto está errado.Não há problema em ir a uma loja com roupa de devoto.Basta lembrar como se fez o primeiro devoto na Rússia.Syamasundara andava por Moscou com a cabeça rapada e de Dhoti, e um jovem indiano e um jovem russo viram-no e aproximaram-se.Se Syamasundara tivesse saído com roupas ocidentais, ele os teria perdido.E em Nova Iorque as pessoas viram Srila Prabhupada com roupa de Sannyasa e foram atraídos."
É perfeitamente compreensível que alguns devotos sintam-se constrangidos com algumas situações.Existem muitos detalhes que devem ser observados ao saírmos na rua seja com roupa devocional ou não.Afinal, estamos representando Srila Prabhupada e a ISKCON
Por exemplo:A Sikha desamarrada,manchas de Tilaka na testa,Kurta aberta sem botões mostrando o peito,o cordão de Brahmana enrolado nas contas,o Dhoti muito curto até ao joelho,(deve ser até abaixo do calcanhar - o melhor tecido é a viscose)a Kurta muito curta,(deve ser até quase o joelho)meias de cores diferentes,chinelo de dedos,casacos de cores diferentes não condizendo,etc.
O mesmo aplica-se as devotas.
As autoridades dos Templos devem ser muito cuidadosas neste sentido para que todos os devotos vistam-se de uma forma uniformizada, harmoniosa e com "bom gosto".Todas as instituições religiosas são muito estritas neste sentido.
Isto tudo torna um grupo de devotos e devotas muito atrativos.
Quanto aos trajes ocidentais, não sair com "Jeans" e t-shirts desbotadas e coisas do gênero.Não podemos ter uma aparência de classe baixa. É preciso ter um estilo pessoal para representar bem a ISKCON de Prabhupada.
Mas, obviamente estas são algumas sugestões pessoais.
Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari

Vestes de Vaikuntha - Vaikuntha Dress

iskcon-network.com

Vestes de Vaikuntha

Vaikuntha Dress

Sua Santidade Danavir Gosvami Maharaja

Muitas pessoas ao redor do mundo adotam as vestes de Vaikuntha devido à influência de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada e de seu movimento da consciência de Krsna. Neste artigo, falaremos sobre alguns dos ideais proeminentes de Srila Prabhupada conectados às vestes religiosas e introduzidos a seus discípulos em razão desses padrões serem propícios para a execução do serviço devocional (anukulyasya sankalpa). Talvez pareçam indianos (da Índia), mas, na verdade, de acordo com Sua Divina Graça, essas vestes são de Vaikuntha, o mundo espiritual.

“Na minha opinião, brahmacharis e grhasthas de cabeça bem raspada e em vestes açafrão parecem como anjos de Baikunta”. - Carta a Damodara - 13 de outubro de 1967

Embora as vestes sejam externas, elas dizem bastante sobre a pessoa dentro delas. Mesmo Srila Prabhupada recusou-se a deixar de vestir suas vestes padrão de sannyasi apesar de solicitações contrárias de seus compatriotas.

“Antes de mim, muitíssimos svamijis foram lá [para países ocidentais, como a América]. Eles não deram, mas eles pegaram algo e voltaram para cá [Índia] e se anunciaram como sannyasis retornados do exterior e exploraram as pessoas. Eles perderam até mesmo sua vestimenta original. Todos sabem, eu nunca mudei minha veste. Ao contrário, eu dei a veste para os estrangeiros, e eles a adotaram. Os membros da missão Ramakrishna vieram me pedir para vestir-me com casaco, calça, chapéu. Porque eles estão vestindo. Seus assim chamados svamis, eles estão vestindo casaco, calça, chapéu. Assim, isso é uma cultura”. - Srila Prabhupada, aula do Srimad-Bhagavatam 1.9.48 - Mayapura, 14 de junho de 1973

No mundo espiritual, o Senhor Krsna, o Senhor Visnu e Seus devotos vestem dhotis, tilaka, etc., e, naturalmente, quando vêm a este planeta para realizarem passatempos, vestem o mesmo. Não é surpreendente, portanto, que Srila Prabhupada encorajasse seus seguidores a trajarem as vestes de Vaikuntha.

Mas as vestes de Vaikuntha são práticas hoje?

É prático os devotos dos dias modernos vestirem? Para a maioria, sim. Exceções seriam onde essa veste pudesse provocar violência por parte de fanáticos ou enquanto realizando algum trabalho pesado ou sujo. De outra forma, vestir trajes [robes*], como Srila Prabhupada frequentemente se referia a dhotis e sáris, é o traje mais prático para um devoto.

* Robes: vestidura que serve de insígnia de alguma entidade (Michaelis ing-port. Segunda acepção).

Assim como um soldado sente energia quando vestindo seu uniforme e assim como um policial uniformizado torna-se facilmente reconhecível aos cidadãos, os devotos se sentem vivificados ao vestirem-se no estilo de devotos, o que também faz com que outros pensem em Krsna. O ponto não é que a pessoa não possa servir o Senhor sem trajar as tradicionais vestimentas devocionais; contudo, uma vez que isso é favorável, elas devem ser aceitas.

“As vestes açafrão e a cabeça raspada não são essenciais, embora criem uma boa situação mental, da mesma forma que um militar, quando apropriadamente vestido, obtém energia – ele se sente como um militar”. - Ciência da Auto-Realização, 5

VESTES VAISNAVAS DO HOMEM
Dhoti
Sikha (com a cabeça raspada)
Barba (sem)
Brincos (sem)

VESTES VAISNAVAS DA MULHER
Sári
Cabelo trançado (partido)

VESTES VAISNAVAS DO HOMEM E DA MULHER
Tilaka
Kanthi-mala,
Sem couro

Syamasundara: Estes são Kalki dasa e Ambika devi dasi [esposo e esposa].

Prabhupada: Agora, com essa veste, vocês parecem muito bonitos. Essa veste Védica também é boa, muito bonita. Aumenta-se a beleza centenas de vezes vestindo essa roupa. – Iniciações, 2 de abril de 1972, Sydney

DO HOMEM #1: O DHOTI

O dhoti é uma peça de pano (em geral, feita de algodão ou seda), medindo de 3,50 metros a 4,50 metros de comprimento e entre 1,20 metro e 1,50 metro de altura, usado como uma peça de roupa para a parte de baixo do corpo pelos cultos homens da sociedade Védica.

“Dhoti, na Índia, eles usam dhoti; cerca de 4,50 metros, um dhoti”. - Aula de Srila Prabhupada do Caitanya-caritamrita, Madhya-lila 20.66-96, 21 de novembro de 1966, Nova Iorque

Depois que o dothi está seguro ao redor da cintura, o restante do pano de ambos os lados é dobrado com pregas e enfiado na cintura do dothi no centro da frente e no centro atrás. A peça de pano passada por entre as pernas e colocada na faixa da cintura atrás se chama kacha. Srila Prabhupada introduziu tais dhotis a seus discípulos homens brahmacaris e grhasthas nos anos 60. Srila Prabhupada pessoalmente vestiu tais dhotis quando no grhastha asrama.

“A foto mostra Abhay no final dos anos 20. Ele é magro e escuro, com um grande bigode. Sua testa é ampla; seus olhos, escuros e limpos. Ele veste uma kurta e um dhoti brancos e sandálias negras e rasteiras” - Srila Prabhupada Lilamrta.

Se não há kacha atrás, ou, em outras palavras, se não há pano pregueado trazido da parte da frente e enfiado no centro da cintura do dothi atrás, a veste é conhecida como lunghi. Algumas vezes, tal lunghi é referido como mukta-kacha, “sem kacha”. Esse tipo de lunghi se destina ao uso de sannyasis, como exemplificado por Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami Maharaja e por Srila Prabhupada, etc.

Ao longo de toda a era da presença de Srila Prabhupada na ISKCON de 1966 até sua partida em 1977, os brahmacaris e chefes de família da ISKCON vestiram os tradicionais dhotis com kacha presa atrás. Desde sua partida, contudo, alguns homens na ISKCON começaram a vestir lunghis ao invés de dhotis embora não estejam no asrama de sannyasa. Isso não foi introduzido por Srila Prabhpada, e é nossa opinião que lunghis não devem ser usados dentro da ISKCON por chefes de família e brahmacaris.

Colocando de lado o padrão de dhotis que nos foi dado por Srila Prabhupada, aventuramo-nos por escuras terras desconhecidas. Cada item introduzido por Srila Prabhupada é um instrumento perfeito para o cultivo da consciência de Krsna.

Personalidades Ilustres que Vestiram Dhoti

O termo dhoti (dhuti em bengali) é diretamente utilizado no Sri Caitanya Caritamrta no tempo em que Sanatana Gosvami foi ver o Senhor Caitanya em Benares.

tabe misra puratana eka dhuti dila
tenho dui bahirvasa-kaupina karila

“Quando Tapana Misra deu a Sanatana Gosvami um dhoti usado, Sanatana imediatamente o rasgou para fazer dois conjuntos de peças externas e de roupa íntima” - Caitanya Caritamrta, Madhya 20.78

O Senhor Caitanya Mahaprabhu permaneceu na casa de um chefe de família de primeira classe, Tapana Misra, quem o Caitanya Caritamrta designa especificamente como trajante de um dhoti, e não de um lunghi.

Embora a palavra “dhoti” não seja especificamente mencionada em sânscrito, o Srimad-Bhagavatam indica que dhotis foram sim vestidos há milhões de anos por Maharaja Prithu.

maha-dhane dukulagrye paridhayopaviya ca

maha-dhane—muito valioso; dukula-agrye—vestido com um dhoti; paridhaya—na parte superior do corpo; upaviya—disposto como um cordão sagrado; ca—também.

“Ele [Maharaja Prithu] vestia um dhoti muito valioso, e havia uma manta sobre a parte superior de seu corpo”. - Srimad-Bhagavatam 4.21.18

A exata palavra sânscrita usada é dukula. O dicionário sânscrito-inglês Sir Monier-Williams; Motilal Banarsidass Publishers, Delhi; 1995, traz: “dukula significa 'uma veste ou indumentária excelente feita da casca interna desse planta [a planta dukula]”. Uma vez que Prabhupada, como o consumado e versado sanscritólogo bem familiarizado com a cultura Védica, traduziu a palavra dukula e outras palavras sânscritas, como vasa, vesha, kauseya, etc., como dhoti, seria sábio de nossa parte aceitar que dhotis eram sim usados nos tempos Védicos.

5.000 anos atrás, o rei Yudhisthira e seus convidados vestiram dhotis para o sacrifício Rajasuya.

“Todos os homens brilhavam ali como semideuses. Eles estavam adornados com brincos de pedras preciosas, guirlandas de flores, turbantes, coletes, dhotis de seda e valiosos colares de pérolas”. - Srimad-Bhagavatam 10.75.24, No sacrifício Rajasuya de Maharaja Yudhisthira

Krsna Realmente Vestiu Dhoti?

Há pouco tempo, um sanscritólogo acadêmico foi ouvido comentando sarcasticamente em relação às pinturas mostrando o Senhor Krsna trajando um dhoti no campo de batalha de Kuruksetra. Ele apresentou sua opinião de que o dhoti seria, provavelmente, a veste mais imprática. Não devemos esquecer, entretanto, que a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krsna, exibe a qualidade de lalita, ou aquele que se veste meticulosamente, e, como tal, Ele faz tudo em grande estilo.

“Vendo tais vestes coloridas e guirlandas de diferentes flores, alguns grandes sábios oraram: ‘O Senhor Krsna está indo para o campo de batalha de Kuruksetra não para lutar, mas para agraciar todos os devotos com Sua presença’.”. - Néctar da Devoção, 24, A Aparência de Krsna e as Guirlandas

Os Sacerdotes de Vasudeva Também Vestiam Dhoti

“Meu querido Maharaja Pariksit, os sacerdotes de Vasudeva e os membros oficiadores da assembléia, vestidos em dhotis de seda e ornamentados com pedras preciosas, estavam tão refulgentes que pareciam estar na arena sacrificial de Indra, aquele que matou Vritra”. - Srimad-Bhagavatam 10.84.50

Também se encontra no comentário de Srila Sanatana Gosvami ao Sri Brihad Bhagavatamrta a seguinte referência às vestes do Senhor Narayana: “Seu dhoti e Sua veste superior são amarelos como os raios do sol”. - Volume 2, capítulo 4, texto 67

“Kirtanananda foi o primeiro a vestir dhoti, e Srila Prabhupada lhe mostrou como colocá-lo, no estilo que você falou. Kirtanananda havia dito a Srila Prabhupada que ele queria usar as vestes. Quando Kirtanananda voltou da Índia em 1976, ele disse aos devotos que eles podiam usar roupas de karmi. Quando Srila Prabhupada descobriu isso, ele ficou insatisfeito e escreveu uma carta declarando que ele nunca havia dito tal coisa. Ele disse que quando via os devotos com bandeiras [sikhas] e dhotis, que ele considerava que eles pareciam como anjos de Vaikuntha”.

“Recebi minha segunda iniciação em Montreal em 1968, mas eu havia ido para Montreal sem um dhoti, pois nós não nos preocupávamos muito com essas coisas na época. Quando a cerimônia começou, Srila Prabhupada me perguntou: ‘Onde está o seu dhoti?’. Himavati então me deu um pedaço de pano que, de alguma forma, fiz de dhoti; mas Srila Prabhupada não queria fazer a iniciação a não ser que eu estivesse de dhoti”. - Umapati Svami

DO HOMEM #2: SIKHA (com a cabeça raspada)

Desde tempos imemoriais, os devotos de Krsna do sexo masculino usam sikha e cabeça raspada como um sinal de rendição ao mestre espiritual, que fica satisfeito vendo seus discípulos entrando na vida consciente de Krsna.

“Eles estão, após serem iniciados no Vaisnavismo, raspando a cabeça e mantendo sikha e yajna-sutra e se adornando com doze tilakas, ocupando-se em Hari-sankirtana. Tudo isso não é um orgulho para nós indianos?”. - Carta de Srila Prabhupada, 28 de setembro de 1976

O termo sânscrito sikha significa literalmente um tufo de cabelo no topo da cabeça, ou, às vezes, coroa, ou pináculo. Srila Prabhupada também se referia à sikha como “bandeira” - um termo que parece bastante adequado com a idéia de que o corpo é um templo de Deus, daí a bandeira no topo.
“Não tenho objeção se os membros da Sociedade se vestirem como bons cavalheiros americanos; mas, em nenhuma circunstância, o devoto pode deixar de usar tilaka, bandeira sobre a cabeça e contas no pescoço. Esses são aparatos essenciais ao Vaisnava”. - Carta de Srila Prabhupada a Brahmananda, 14 de outurbro 1967

De acordo com a cultura Védica, quando alguém se submete à cuda-karana-samskara (a cerimônia do corte de cabelo) e à upanayana (a iniciação Védica), ele deve raspar sua cabeça deixando um tufo de cabelo chamado sikha. Deve-se ter sikha para se realizar qualquer tipo de yajna. Em razão disso, na tradição indiana, todos os brahmanas, Vaisnavas ou não, mantêm uma sikha.

“De acordo com o sastra, todos que usam tilaka e sikha e kanti sobre e sob a veste Vaisnava ou sannyasi Vaisnava deve ser aceito [como um membro fidedigno da cultura Védica], especialmente enquanto canta o mantra Hare Krsna em sacos de contas”. - Carta de Srila Prabhupada a Syamasundara dasa, 8 de abril de 1974

Outras referências Védicas indicam que a sikha se posiciona na porção de trás do topo da cabeça, cobrindo e protegendo a parte macia. Tradicionalmente, os estudantes, brahmanas, sannyasis e Vaisnavas védicos raspam sua cabeça e usam sikhas indicando sua renúncia do mundo material e dedicação ao Senhor Krsna. Os Mayavadis e os Budistas, que não são inclinados ao serviço a Krsna, não aceitam a sikha.

“Até a atualidade, todos os devotos de Sri Caitanya Mahaprabhu, seguindo Seus passos, aceitam a ordem de sannyasa e mantêm o cordão sagrado e o tufo de cabelo não raspado. Os ekadandi-sannyasis da escola Mayavadi abandonam o cordão sagrado e não mantêm um tufo de cabelo. Eles, portanto, não são capazes de compreender o significado da tridanda-sannyasa, e, deste modo, não são inclinados a dedicarem suas vidas ao serviço de Mukunda”. - Caitanya Caritamrta, Madhya 3.6 Significado

O servo pessoal de Srila Prabhupada, Nanda-kumara dasa, lembra Sua Divina Graça dizendo: “A sikha Gaudiya Vaisnava tem uma polegada e meia [3,80 cm] de largura – não mais do que isso. Sikhas maiores significam outra sampradaya. E elas têm que ser amarradas”. (SPL 40: Ao Redor do Mundo, Mas Absorto em Bombaim). “Amarradas” significa que a sikha é presa em um nó corrediço entrelaçando, dobrando e laçando-a, de acordo com uma fotografia de perfil de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura. Outras tradições religiosas compartilham de uma liturgia similar chamada “tonsura”: 1. Ato de raspar a cabeça ou parte da cabeça, especialmente como um ato preliminar ao sacerdócio ou ao ingresso em uma ordem monástica. 2. A parte da cabeça de um monge ou sacerdote que foi raspada. - Dicionário The American Heritage.

É dito que Krsna tira o devoto do mundo material, de volta ao Supremo, pela sikha. O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu certa vez resgatou Seu servo Krsnadasa das garras de bandidos pela sikha.

bhattathari-ghare maha uthila krandana
kese dhari’ vipre lana karila gamana

“Enquanto havia muita gritaria e barulho na comunidade Bhattathari, Sri Caitanya Mahaprabhu agarrou Krsnadasa pelo cabelo e levou-o embora”. - Caitanya Caritamrita, Madhya 9.234

Para o público, tais sinais, como a sikha, são constantes lembretes de que os devotos de Deus estão presentes, e, portanto, a sikha, indiretamente, lembra todos de Krsna.

“Em relação ao que é um Vaisnava, Vaisnava significa que, quando outros o vêem, eles também cantarão Hare Krsna. Então, por que não dar a eles a chance de verem [um Vaisnava] vestindo contas, tilaka e sikha? Você não é um paramahamsa que você pode fazer o que quer. Assim, o meu conselho para você é que você se mantenha um Vaisnava ideal, interna e externamente, e todos irão respeitá-lo”. - Carta de Srila Prabhupada a Sudama, 10 de dezembro de 1973

Famosos pela Cabeça Raspada

A combinação de cabeça raspada e sikha revelou-se bem-sucedida pelo mundo; os devotos ficaram famosos praticamente por esses dois itens. Na conversa que se segue, Sua Divina Graça cunha a expressão “sementes hippies” indicando o uso de cabelo longo.

Prabhupada: [Você] parece muito bonito mantendo cabelo. Qual é essa explicação?

Bhagavat: Fui aconselhado que, como eu estava indo para os países europeus para pregar por algum tempo, que...

Prabhupada: Mas eles, eles, eles...

Bhagavat: ...seria necessário manter esse cabelo.

Prabhupada: ...nharam uma vitória na corte por manterem o cabelo raspado.

Hari-sauri: Eles ganharam uma vitória na corte por manterem a cabeça raspada.

Bhagavat: Eu pedi o conselho deles, se eu deveria raspar ou manter o cabelo.

Prabhupada: De quem é esse conselho absurdo? Quem é esse patife? “Conselho”. Mantendo cabelo você fica bonito e é vitimado. “Conselho”. Isso é... Sem conselho, essa mentalidade está prosseguindo lá fora, manter o cabelo. Somos conhecidos pelo cabelo raspado, toda a sociedade.

Hari-sauri: Venho raspando a minha cabeça uma vez ao mês. Faz cerca de três semanas desde que eu...

Prabhupada: Toda quinzena. Pela menos. Antes de ir para a Europa, seis anos atrás, você estava mantendo cabelo: “Eu tenho que ir para a Europa”. Isso eu vi. Em toda parte. Aqueles que... Vocês gostam de manter cabelo. Essa mentalidade hippie continua. Isso é certo. Isso é bom: razão muito inteligente. De fato, cabelo grande mantido... (?) Todos estão dando algum conselho. Gurudasa está dando: “Ele está mantendo. Ele está...”. Gargamuni. Todos têm alguma explicação. Eu não sei como vocês podem abandonar essa mentalidade hippie. Hippie. Lavanyam kesa-dharanam. Kali-yuga. Vítimas de Kali-yuga. Não são... Não são todos ainda, mas os fracos, vitimados por Kali-yuga... Há muitíssimas coisas para vitimarem as entidades vivas em Kali-yuga, e um desses itens é que ele pensará: “Eu me tornei muito muito bonito, atrativo por manter o cabelo longo”. Kesa. Isso já está declarado ali. Vocês estão vitimados por esta Kali-yuga. Isso é tudo. Nada de explicações. Nossa marca registrada é limpidamente raspados. Somos conhecidos pelo cabelo raspado. Por que vocês deveriam se vitimar? Vocês são conhecidos pelo cabelo raspado. Não são? Hm? Eles dizem que “Pessoal Hare Krsna, cabelo raspado”?

Hari-sauri: Cabeça raspada.

Prabhupada: Cabelo raspado. Por que, então, vocês deveriam se vitimar mantendo cabelo? Que vitória irão obter? Conquistarão o mundo inteiro, o Império Romano, mantendo cabelo? Mentalidade hippie, isso é tudo. Isso está no âmago do coração. Assim que obtêm alguma oportunidade... Assim como, durante o verão, o campo parece seco. E, tão logo haja alguma chuva, ah, está verde, imediatamente verde. Então as coisas já estão lá. Hm? Não é assim?

Hari-sauri: É.

Prabhupada: Agora você vê o campo. Eles estão todos secos. Mas tão logo há chuva na vila: tudo verde. Assim, as sementes estão ali, sementes hippies. Assim que há alguma oportunidade, aparecem, verde: “Sim, eu sou lindo. Apareça”. Mas, na corte, eles nunca se dirigiram. O juiz nunca perguntou que: “Por que vocês usam a cabeça raspada?”. Houve alguma pergunta assim?

Hari-sauri: Na verdade, quando ele foi pela primeira vez à corte, eles estavam se perguntando por que ele tinha cabelo.

Prabhupada: Hm?

Hari-sauri: Quando Adi-kesava foi à corte pela primeira vez...

Prabhupada: Sim.

Hari-sauri: …ele estava de terno e tinha cabelo, e eles se perguntavam por que ele estava vestido daquele jeito.

Prabhupada: Sim. Portanto, enganador.

Hari-sauri: Sim, eles acusaram...

Prabhupada: Isso significa, é claro, que eles fizeram o palpite indireto de que “Agora você está enganando. Vocês são conhecidos pela cabeça raspada. Agora você mantém cabelo. Qual é o propósito senão enganar?”. [pausa] Ideais se tornam um líder. Ele se tornará. Tem de haver alguns homens fortes. Tilaka tem sempre que estar presente. Esse é o nosso grande estandarte. Kanthi-mala. Toda quinzena você deve limpar-se [raspar a cabeça] - Conversa matinal, 29 de maio de 1977, Vrndavana

Como uma tática geral para pregação, sikha e cabeça raspada é preferível. Aprimorar a imagem pública não significa vestir-se como o público comum por conformidade.

“Agora, para a nossa vida prática, somos conhecidos por todo o mundo pela cabeça raspada. Não é assim? Agora estamos nos tornando cabeludos. Estamos esquecendo a raspagem por causa da tendência de ceder aos desejos dos outros. Imediatamente coisas erradas estão rastejando para dentro. Assim, devemos ser conhecidos pela cabeça raspada, não por cabelos longos. Isso é discrepância. Pelo menos uma vez ao mês vocês devem estar com a cabeça limpidamente raspada. Na luminosa quinzena do dia de purnima, quatro dias após ekadasi, uma vez ao mês na luminosa quinzena vocês devem estar raspados... De mãos postas, eu peço a vocês: não se tornem hippies novamente deixando o cabelo crescer. Mantenham a cabeça limpa ao menos uma vez ao mês. Esse é o meu pedido”. - Aula do Srimad-Bhagavatam 5.6.3, 25 de novembro de 1976, Vrndavana

Foi levantada a questão de se Srila Prabhupada queria que seus discípulos grhasthas também adotassem a sikha e cabeça raspada. Ele sim queria. A maior parte dos chefes de família durante o tempo de Srila Prabhupada estava presente alegremente usando sikha e cabeça raspada.

“Os Vaisnavas, com tilaka, com kanti, com contas de cantar; tão logo você vê... E, na prática, você sabe. Tão logo eles vêem essas pessoas do movimento Hare Krsna, eles também cantam: “Hare Krsna” - dando a chance a outros. A vestimenta também é necessária. Vocês devem estar sempre equipados com tilaka, kanti e sikha, sutra. Então, tão logo um homem comum vê: 'Ah, aqui está um homem Hare Krsna'. 'Hare Krsna', ele vai cantar. Automaticamente, você dá a chance de cantar Hare Krsna”.

“Assim, isso é necessário. Os patifes tolos, eles dizem que: ‘Qual é a necessidade disso, daquilo?’. Não. Isso é necessário. Vocês devem sempre se manter vestidos como Vaisnavas. Isso é necessário. Assim, prekshaniya: “é muito bonito de se ver”. De outro modo, como eles se impressionarão? Eles imediatamente se tornam tão piedosos que eles cantam Hare Krsna. O cantar de Hare Krsna não é tão fácil”. - Aula do Srimad-Bhagavatam 3.28.19, 29 de outubro de 1975

Srila Prabhupada comentou que ficaria contente vendo seus discípulos grhasthas falando sobre a consciência de Krsna com tilaka e sikha.

“Uma noite, Prabhupada conduziu uma cerimônia de casamento Védico e uma iniciação diante de milhares de pessoas. O casamento foi arranjado entre Vegavan, que era sueco, e Padmavati dasi, que era australiana. Eles encantaram completamente toda a audiência – ela com seu ornado sári vermelho e jóias indianas – inclusive uma argola de nariz – e ele com seus belos dhoti e kurta brancos e com a cabeça impecavelmente raspada”. - Srila Prabhupada Lilamrita 33: Muito Chão pela Frente

Sikhas para Sishyas

Srila Prabhupada considerava a aceitação da veste Vaisnava como uma qualificação necessária para ser iniciado. Isso segue a regra geral estabelecida exemplificada por Sanatana Gosvami, que raspou sua cabeça e seu rosto de bom grado antes de receber a iniciação.

Siddha-svarupa: Há muitos devotos aqui que seguem os princípios, mas não pode completamente... [pausa] ...raspada, e eles vestirão roupas de karmi na maior parte, mas eles são limpos, eles são devotos, e, deste modo, eles estão atraindo muitos dos moradores locais, porque eles são capazes de se relacionar com eles.

Prabhupada: Então...

Siddha-svarupa: Eles não estão abaixo do padrão do senhor.

Prabhupada: Não, naturalmente, mas quando eles são iniciados, eles têm que raspar. Eles têm que se manter no padrão. Se alguém é iniciado e continua mantendo a forma hippie, isso não parece bom. Você acha que está tudo bem? Não, isso não é bom. Assim, enquanto vindo como estranhos, juntando-se ao kirtana, eles podem manter sua própria roupa, isso não importa. Eles estão vindo para o kirtana, eles devem ser [incompreensível]. Mas, quando estão para ser iniciados, eles devem seguir as regras e regulações dadas pelo mestre espiritual.

Siddha-svarupa: Então...

Prabhupada: De outro modo, eles não devem ser iniciados. Isso é algo simples. Deixe que eles continuem cantando, tomando prasadam; não temos [incompreensível]. Mas quando estão para ser iniciados, eles têm que seguir. Essa é a clara [incompreensível]. Se você não quer incomodá-los, deixe que eles venham, cantem, dancem, tomem prasadam. Não temos objeção. Mas não os recomende para iniciação a não ser que eles concordem com as regras e regulações dadas pelo mestre espiritual. Onde está o erro? Onde está a dificuldade? Você pode falar com ele assim.

Siddha-svarupa: Acho que eles apenas sentem que, porque...

Prabhupada: Sem sentir, se você... quando você está se rendendo ao mestre esp... Sishyas te ’ham sadhi mam prapannam. Encontre este verso. Tad viddhi pranipatena pariprasnena sevaya.

Hari-sauri: tad viddhi pranipatena pariprasnena sevaya/ upadekshyanti te jnanam jnaninas tattva-darsinah.

Hari-sauri: “Apenas tente aprender a verdade aproximando-se de um mestre espiritual. Faça-lhe perguntas com submissão e preste-lhe serviço. As almas auto-realizadas lhe podem transmitir conhecimento porque viram a verdade”.

Prabhupada: Você tem que se submeter. Você não pode permanecer independente. Esta é a primeira condição. Sishyas te ’ham, sishya. Sishya significa voluntariamente aceitar as regras oferecidas pelo mestre espiritual. Isso é sishya. “Ah, sim, eu aceito ater-me às suas ordens”. Ele, então, torna-se sishya. De outra forma, não há espaço para... “Estou pensado assim, estou achando que...”. Tão logo você esteja pensando diferente, você não tenta se tornar sishya. Você permanece do lado de fora e você é bem-vindo: cante, dance, tome prasadam e permaneça independente. Essas coisas o convencem. Então, você não se torna sishya. Permaneça como amigo, não há mal nisso. Assim como muitíssimas pessoas, elas vêm. - Conversa em 3 de maio de 1976, Honolulu

Srila Prabhupada intencionava que os devotos aceitando iniciação dentro da ISKCON adotariam as regulações bramânicas.

“Este é um dos itens do nosso movimento. Se alguém quer ser iniciado, ele deve raspar a cabeça. Assim, Sanatana Gosvami tinha a cabeça raspada”. - Aula do Caitanya-caritamrta, Madhya-lila 20.98-10, 27 de abril de 1976, Auckland, Nova Zelândia

Após uma aula em Bhubanesvara, um cavalheiro expressou sua opinião a Srila Prabhupada de que um guru não tinha que usar sikha e cabeça raspada e kanti no pescoço. Sua Divina Graça esclareceu que somente os paramahamsas, ou aqueles no mais elevado nível, eram eximidos de usar os sintomas Vaisnavas. Se alguém age como guru, então ele está realizando os deveres de um madhyama-adhikari, e, como tal, ele deve se vestir como um Vaisnava exemplar.

“Uttama-adhikaris talvez fiquem sem kanti, sem sikha, sem sintomas Vaisnavas. Ele é paramahamsa. Mas quando ele vem para a plataforma de pregação, ele deve se tornar um madhyama-adhikari, não imitar o uttama-adhikari, pois ele tem que ensinar. Ele não pode se desviar dos princípios de ensino. Então, o que você está dizendo, que “Sem sikha, sem kanti, pode-se tornar guru”, isso é fato para os paramahamsas, não para os pregadores. Um pregador deve se comportar muito bem”. - Aula do Sri Caitanya-Caritamrta, Madhya-lila 8.128, Bhubanesvara, 24 de janeiro de 1977

Com relação a novos devotos aceitando a sikha e cabeça raspada, certamente Sua Divina Graça esperava que todo homem que desejasse viver dentro das propriedades da ISKCON iriam fazê-lo. Ele estipulou um período de teste de três dias, no qual uma pessoa nova poderia experimentar viver no templo antes de tomar a decisão. De forma geral, Srila prabhupada queria manter a cultura Védica, e a sikha e cabeça raspada é uma importante parte dessa cultura.

Akshayananda: Um garoto veio algumas semanas atrás. Ele tinha o cabelo longo, mas, no dia seguinte, ele voltou e raspou. Ele é um devoto agora. Ele está fazendo tudo muito bem.

Prabhupada: Isso é bom.

Akshayananda: Então, eles continuarão vindo. Eles podem se tornar devotos. Está tudo bem então.

Prabhupada: Hare Krishna. [pausa]

Akshayananda: ...fazendo, Srila Prabhupada. Se eles vêm e eles têm cabelo longo - mas, se existe a chance, eles devem se tornar devotos -, eu digo a eles que devem prender o cabelo de tal forma que o senhor não possa ver.

Prabhupada: Está tudo bem quanto a isso. Se muitos vêm assim para se tornar devoto, então isso se torna um lugar de devotos, er [digo], um lugar de hippies. Você dá a eles a chance de se tornarem devotos. Com o curso do tempo, aqui se torna conhecido como um recanto de hippies.

Harikesa: Isso sempre foi um problema aqui.

Prabhupada: Isso não é problema. Você pode deixar por três dias apenas. Se ele não mudou seu hábito, então ele deve ir. - Caminhada Matinal, 3 de dezembro de 1975, Vrndavana

Limpeza

Há uma atração sutil por manter cabelo que é impelida por Kali-yuga em pessoa. Distante das considerações de ocupação ou implicância, às vezes a pessoa tende a desejar deixar o cabelo crescer para parecer mais atrativo aos outros. Essa não é uma boa razão para se evitar a sikha e cabeça raspada.

“Um brahmacari, quer tenha a cabeça raspada, quer mantenha seu cabelo sem nenhum cuidado. São dois processos. Jata-kamandalun. Não que 'manterei meu cabelo'. Agora, em Kali-yuga, o cabelo é algo muito valioso, a vida e a alma. Vejo alguns de nossos discípulos. Tão logo ele está fora desse campo, imediatamente: cabelo. Imediatamente. Vi muitos. Quando ele estava dentro do campo: muito avançado, supostamente; mas, tão logo ele está – um dia depois – ele mantém cabelo. Imediatamente. A tendência está ali. Porque, nesta era, entende-se que, se a pessoa mantém cabelo, um maço de cabelo, não muito bom, mas simplesmente o cabelo o fará bonito. Lavanyam kesa-dharanam. Embora ele não tenha lavanya alguma — ele não tem nenhuma beleza – ainda assim, ele pensa: ‘Tornei-me muito bonito mantendo este cabelo’. Assim, isso deve ser evitado... Assim, é melhor manter-se de cabeça bem raspada. Não há incômodo, não precisa cuidar do cabelo, nenhuma complicação é necessária”. - Srila Prabhupada, aula do Srimad-Bhagavatam 7.12.4, 15 de abril de 1976, Bombaim

Uma importante razão para se manter a cabeça raspada é a limpeza, e, outro nome dos brahmanas é suci, ou “limpo”, visto que todo o seu porte é de simplicidade e limpeza. Às vezes se pergunta se devotos pais de família vivendo e trabalhando em uma sociedade secular devem ser considerados brahmanas. Se eles mantêm seus princípios Vaisnavas, usando o estágio da vida de grhastha como um asrama para se avançar espiritualmente, então são Vaisnavas, o que inclui as qualificações bramânicas.

Repórter (2): E, finalmente, uma questão bastante trivial. O uniforme, o corte de cabelo; por que isso?

Prabhupada: Este raspar?

Repórter (2): Sim, por quê?

Prabhupada: Isso é muito bom. O raspar deixa a cabeça fresca, não com grandes maços de cabelo, um fardo. Sentimos isso como um fardo. Quando há maços de cabelo, sentimos que é um peso extra. Na verdade, se você se mantém limpo, então sua mente também é limpa. Se você se mantém bastante limpo e leve, então sua mente irá trabalhar muito bem. É um sistema Védico. Todos os brahmanas raspam a cabeça. Sistema Védico. Desta forma, estamos tentando nos manter na plataforma da cultura bramânica. Trata-se, portanto, de um dos elementos essenciais. - Entrevistas com repórteres da Macmillan e vários repórteres ingleses, 12 de setembro de 1973, Londres

Sua Divina Graça de fato deixou uma concessão de que os devotos poderiam, se “absolutamente necessário”, adiar o uso da sikha, mas o cabelo deveria ser mantido curto.

“A não ser que absolutamente necessário, a pessoa deve manter a cabeça raspada e não deixar que o cabelo fique comprido. Se absolutamente necessário, a pessoa pode se vestir como uma cavalheiro americano, com cabelo curto, mas cabelo longo é proibido. A razão para alguém com cabelo comprido não ser meu discípulo é porque ele é contra o princípio. A não ser que absolutamente necessário, a pessoa deve manter o cabelo curto, e, se necessário, a pessoa deve vestir-se como um cavalheiro americano com cabelo curto. Não se espera que todos irão concordar. Por essa razão, não podemos fazer concessões. A tendência para ser hippie está lá”. - Carta de Srila Prabhupada a Dhrstaketu, 17 de julho de 1976, Nova Iorque

Por exemplo, antes de Ramiya dasa ser iniciado, Srila Prabhupada queria uma razão convincente para ele não estar de cabeça raspada e sikha.

Pusta Krsna: Randy prabhu?

Prabhupada: Ah, ele não está de cabeça raspada? Você não raspou a cabeça? Por que você não raspou sua cabeça?

Randy: Umm, porque eu tenho um trabalho de expediente integral. Eu trabalho em uma companhia.

Prabhupada: Hmm? Qual é o seu trabalho de expediente integral?

Madhavananda: Ele está trabalhando em um emprego muito respeitável.

Prabhupada: Em algum lugar. Onde?

Madhavananda: Na corporação Burrows [Burroughs?].

Prabhupada: Tudo bem. Então, quais são as regras e regulações? - Iniciações, 15 de junho de 1976, Detroit

DO HOMEM #3: BARBA (sem)

Srila Prabhupada desejou que seus discípulos não mantivessem pêlos faciais, isto é, barba ou bigode, etc., e ele pessoalmente demonstrou essa prática.

“Kirtanananda é o primeiro homem em nossa sociedade que raspou completamente e manteve a sikha no topo da cabeça, e agora ele começou a manter a barba novamente. Isso não é bom. O que quer que ele esteja fazendo agora não tem a minha sanção”. - Carta a Brahmananda, 11 de outubro de 1967, Calcutá

A manutenção de cabelo facial pode ser vista como uma extensão do princípio kesa-dharanam, a saber, manter o cabelo longo e considerar-se bonito. O devoto prefere manter-se barbeado e evitar a tentação de submeter-se às tendências da moda pública.

“Em nosso movimento da consciência de Krsna, pessoas da moda são ensinadas a adotar uma moda: a veste de um Vaisnava com a cabeça raspada e tilaka. Elas são ensinadas a estarem sempre limpas na mente, na veste e na alimentação a fim de que se fixem na consciência de Krsna. Qual é a utilidade de mudar a própria roupa, às vezes usando cabelo longo e barba longa e às vezes se vestindo de modo diferente? Isso não é bom. A pessoa não deve desperdiçar seu tempo com atividades tão frívolas. Ela deve estar sempre fixa em consciência de Krsna e aceitar a cura do serviço devocional com firme determinação”. - Srimad-Bhagavatam 6.5.15 Significado.

Quando Sanatana Gosvami, um devoto de Krsna extraordinariamente avançado, aproximou-se de Sri Caitanya Mahaprabhu como um discípulo, o guru quis que ele entrasse nos conformes do padrão das vestes Vaisnavas e estabelecesse o exemplo para os outros.

“As palavras bhadra karana são significativas neste verso. Devido ao seu cabelo longo, ao seu bigode e à sua barba, Sanatana Gosvami parecia um daravesa, ou hippie. Uma vez que Sri Caitanya Mahaprabhu não gostou dos atributos hippies de Sanatana Gosvami, Ele imediatamente pediu a Candrasekhara que fizesse sua barba e cortasse seu cabelo. Qualquer um com cabelo longo ou barba que queira juntar-se a este movimento da consciência de Krsna e viver conosco, ele deve, similarmente, barbear-se e cortas o seu cabelo completamente. Os seguidores de Sri Caitanya Mahaprahu consideram cabelos longos como censuráveis”. - Caitanya-Caritamrta, Madhya 20.70 Significado

E Quanto ao Bigode de Srila Prabhupada?

Foi levantada a questão de chefes de família manterem pêlos faciais uma vez que o próprio Srila Prabhupada usava bigode, como se vê em uma propaganda de seus produtos farmacêuticos, Linimento dos Des. Contudo, Srila Prabhupada explicou que a fotografia em discussão havia sido tirada antes dele ser iniciado como um discípulo de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura.

Prabhupada: Eu não o aceito porque você está mantendo cabelos.

Devoto (2): Eu não sabia disso.

Prabhupada: Sim.

Devoto (2): O senhor nunca me disse isso no Havaí.

Prabhupada: Agora eu digo, repetirei que todo aquele que está mantendo o cabelo longo, ele não é mais meu discípulo.

Devoto (2): Tudo bem.

Prabhupada: Essa é a primeira condição.

Devoto (1): Isso também se aplica ao dharma de chefe de família ou se refere simplesmente ao dharma de brahmacari? Até mesmo o senhor... Eu tenho fotos do senhor no Bhagavatam de quando o senhor não usava a cabeça raspada, com um bigode, quando o senhor estava trabalhando no comércio como um chefe de família. Assim, isso se aplica a chefes de família ou apenas a brahmacaris, isso de que o chefe de família também deve manter a cabeça raspada ou é que...?

Prabhupada: Naquela época, eu não era iniciado. Você estava vendo a minha foto, bigode; naquela época, eu não era iniciado. Desde que fui iniciado, eu raspo.

Devoto (1): Bem, na Índia, onde a pessoa pode fazer negócios...

Prabhupada: Eu posso. Por que você está trazendo essa questão? Vocês perguntaram: “Por que você tinha bigode?”. Eu digo que, quando eu tinha bigode, naquele tempo, eu não era iniciado. Esta resposta está dada. Isso é tudo. - Conversa em 26 de junho de 1975, Los Angeles

E Quanto à Barba de Advaita Acarya?

Todos os devotos estão se deleitando com a barba branca de Advaita Acarya no Panca-tattva; Srila Prabhupada, no entanto, informa-nos que a barba de Advaita foi certamente uma exceção permitida pelo Senhor Caitanya por amor e respeito pelo acarya mais velho.

“Assim, Tapana Misra o convidou a tomar, aceitar prasadam em seu local, e o Senhor Caitanya disse que 'Antes de mais nada, leve-o a um barbeiro e limpe-o fazendo, fazendo sua barba e cortando o seu cabelo, que cresceram por muitíssimos anos. Deixe que ele se torne um cavalheiro'. O Senhor disse que 'Deixe-o se tornar um cavalheiro'.”.

“candrasekharere prabhu kahe bolana ei vesha dura kara, yaha inhare lana”.

“'Apenas lhe forneça um barbeiro, e raspe, raspe completamente'. De acordo com a sampradaya de Caitanya Mahaprabhu, eles se mantêm limpidamente raspados. E existe apenas um caso, Advaita Prabhu. Ele tinha sua barba. E Caitanya Mahaprabhu nunca lhe pediu que a tirasse. Porque... uma razão é que Advaita Prabhu era contemporâneo de Seu pai, então Ele não queria dar ordens. Mas, de outra forma, todos os Seus discípulos, eles eram completamente barbeados”. - Aula de Srila Prabhupada do Sri Caitanya-caritamrita, Madhya-lila 20.66-96, 21 de novembro de 1966, Nova Iorque

E a Barba de Outros Acaryas?

Em fotografias, às vezes vemos acaryas recentes, como Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura e Srila Gaura Kisora dasa Babaji, etc., que deixaram a barba crescer. Isso porque eles estavam observando o vrata de quatro meses de Caturmasya, no qual a pessoa faz o voto de praticar sérias austeridades a fim de fazer avanço espiritual. Um dos itens menos importantes que eles aceitam é não se barbearem durante esse período, ao passo que um dos aspectos mais significativos do voto é diariamente comer apenas alguns poucos punhados de arroz e dahl fervidos sem tempero. Mas a tendência à transigência nos permite fazermos refeições completas e deixar a barba crescer, em todos os períodos do ano.

“Quando os acaryas são vistos de barba, isso é durante o Caturmasya, de julho a setembro. Se observado estritamente, não é apenas barba. Há muitíssimas regras e regulações. Não se pode comer uma variedade de alimentos. Apenas kitri preparado e derramado no chão e então lambido. Há também muitas outras regras. Não é sempre que eles mantêm a barba”. - Carta de Srila Prabhupada a Dhrstaketu, 17 de julho de 1976, Nova Iorque

DO HOMEM #4: BRINCOS (sem)

Homens usando brincos em imitação aos brahmanas do sul da Índia tornou-se uma mania social entre dos devotos. Isso me lembrou dos meus dias no ensino médio, quando muitos estudantes (até mesmo estudantes judeus) começaram a usar medalhões de São Cristóvão. Sua Divina Graça preferia que seus seguidores não inventassem ou aceitassem tendências de roupas, o que ele considerava um sintoma de se estar retornando para a mentalidade hippie.

Akshayananda: [pausa] ...cordão da Deidade, o cordão sagrado velho, e eles o amarram no pulso. Eles o amarram aqui.

Prabhupada: Quem?

Akshayananda: Alguns devotos começaram a fazer isso agora.

Prabhupada: Por quê?

Akshayananda: Eu não sei. É como usar contas. O cordão sagrado da Deidade, após substituírem, eles pegam o velho e o usam aqui.

Prabhupada: Quem disse a eles?

Akshayananda: Eu não sei.

Prabhupada: Então por que...

Akshayananda: Bem, eu disse a um garoto que parasse, e, como não pude citar nenhuma autoridade, ele continua usando...

Prabhupada: Não, não. Não há um autor... Onde está a autoridade dele?

Akshayananda: Sim.

Prabhupada: Essa bobagem deve parar.

Akshayananda: Sim, eu achei que estava errado. Por isso eu mencionei. Eu queria ter certeza.

Prabhupada: Parem com isso.

Akshayananda: Certo. Com certeza.

Hari-sauri: Eu acho que a idéia deles é que, como é prasadam, é da Deidade, [eles acham] que eles podem usar.

Prabhupada: Isso é outra invenção. O cordão sagrado não é para ser usado assim, na mão.

Akshayananda: Eu achei que estava errado. Parece alguma coisa de moda ou algo assim, uma moda inventada.

Hari-sauri: [pausa] ...pequenas contas negras que os devotos estão usando do Radha-kunda. Eles têm um cordão de contas feito de argila do Radha-kunda. Elas são...?

Prabhupada: Argila do Radha-kunda não é ruim.

Hari-sauri: Então, está tudo bem em usá-las?

Prabhupada: Não com muita constância.

Pushta Krishna: Às vezes, eu acho, Srila Prabhupada, que o senhor está preocupado que uma coisa levará a outra. De fato, tudo o que temos que fazer é seguir o seu exemplo.

Akshayananda: Sim, não temos que adicionar nada. O que podemos adicionar?

Pushta Krishna: Qual é a utilidade disso?

Akshayananda: O que podemos adicionar?

Prabhupada: Existe um provérbio em bengali de que as gralhas, elas comem fezes. Mas, quando a gralha é muito nova, ela come mais fezes. [pausa] ...tendência sempre, como se tornar hippie, tão logo há uma pequena oportunidade.

Akshayananda: Sim, é algo do que temos que nos resguardar muito cuidadosamente.

Prabhupada: Não permita a eles. Não permita todas essas coisas.

Akshayananda: Até mesmo na Índia as pessoas dizem assim: “Ah, vocês são hippies?”.

Prabhupada: Tão logo você se torna hippie; imediatamente, todo o seu prestígio se vai.

Akshayananda: Terminado, sim.

Prabhupada: Muito cuidadosamente.

Hari-sauri: O ponto é que, um monte de devotos, eles não estão muito conscientes de que eles estão sendo observados pelos... muito meticulosamente pelo público. - Caminhada Matinal, 7 de abril de 1976, Vrndavana

Conquanto seja um fato que o Senhor Krsna e ksatriyas como Karna e Arjuna usassem belos brincos; uma vez que estamos fazendo o papel de brahmanas dentro da sociedade, não devemos usá-los. Na conversa citada, Srila Prabhupada indica que ele não aprova o use de cordões de brahmana das Deidades no próprio pulso porque isso é uma invenção. Similarmente, propomos que é preferível que os homens da ISKCON se privem do uso de brincos, mantendo em mente que Srila Prabhupada não introduziu o uso dos mesmos.

DA MULHER #1: O SÁRI

Sári: veste tradicional indiana vestida por mulheres hindus – 5,50 metros de comprimento, obrigatoriamente. A vestimenta da mulher Védica.

Não é nenhum segredo que Srila Prabhupada esperava que suas filhas e netas – etc. – espirituais preferissem sáris a outros tipos de trajes.

“Alguns homens e mulheres do Ananda Ashram passaram por nós. Uma mulher estava vestindo um sári. Prabhupada voltou-se para as outras mulheres e disse: ‘Uma mulher que veste sári parece muito feminina’.”. - Srila Prabhupada Lilamrta 19: Plantando a Semente

Por que ele enfatiza o sári? Sáris são mais modestos, simples, fáceis de serem mantidos limpos, sempre na moda e Védicos. Adotando uma tradição Védica, como vestir sári, a pessoa também adota, em certa medida, a cultura.

“Quando há um profuso suprimento de leite, iogurte, mel, grãos alimentícios, ghi, melaço, dhotis, sáris, roupas de cama, assentos e ornamentos, os residentes são verdadeiramente opulentos”. – Srimad-Bhagavatam 5.16.24 Significado

Sáris Importados do Mundo Espiritual

A contraparte feminina do Senhor, Srimati Radharani, estabelece o exemplo eterno por Se vestir com belos sáris para o prazer de Seu Senhor.

“A sabedoria divina da jnana pura é Seu sári de seda, e a prática de yoga do serviço devocional é a excelente fragrância de Seu corpo. Adornada por essas qualidades, essa bela e casta mulher rouba a mente do próprio Krsna”. – Gitavali, Srila Bhaktivinoda Thakura: Canção 3

Uma vez que atrair Krsna é Sua única meditação, é significativo que Sua timidez seja exibida por meio do uso do sári.

“Após Seu banho do meio-dia, Radharani banha-Se mais uma vez no néctar do lustre corpóreo, e Ela coloca a veste da timidez, que é Seu sári negro de seda”. – Caitanya Caritamrta, Madhya 8.168

No mundo espiritual, Radharani e Yasoda e suas devotas usam sáris, trança, tilaka, etc.; assim, quando vêm a este planeta para a realização de passatempos, naturalmente vestem o mesmo.

“Vestida em um sári amarelo açafroado, com um cinto preso ao redor de todo o seu quadril, mãe Yasoda puxava a corda de bater manteiga”. - Srimad-Bhagavatam 10.9.3

“Vasudeva recebeu iniciação juntamente com suas esposas, que vestiam sáris de seda e estavam adornadas com pulseiras, colares, guizos de tornozelo e brincos”. - Srimad-Bhagavatam 10.84.49

A genialidade de Srila Prabhupada foi tamanha que ele transportou o mundo espiritual para o mundo material e mostrou como aquele é superior. Suas discípulas ocidentais avidamente aderiram de coração aos divinos sáris e receberam a aprovação de Srila Prabhupada. Assim procedendo, as devotas da ISKCON simultaneamente abandonaram as decadentes vestes que vitimam o mundo.

“Ao contrário, essas moças, quando se vestem da maneira indiana, elas parecem mais bonitas. Isso vocês terão que admitir. Sim. Então, as moças, as mulheres, elas gostam de ser mais bonitas. Assim, como se trajando de outra maneira elas parecem mais bonitas, por que vocês deveriam pedir a elas que não se vistam assim?” – Conversa com Srila Prabhupada, 9 de junho de 1974, Paris

É dito que é preciso uma vila para se criar uma criança, mas Srila Prabhupada criou seus novos filhos Vaisnavas sem a ajuda de uma vila Védica – sem a ajuda de sequer uma mãe. Ele, portanto, teve que pessoalmente trazer sáris e mostrar às suas filhas como vesti-los.

“Com a volta, ele havia trazido alguns presentes. Para as moças, ele trouxe sáris. Ele levantava os tecidos finos de algodão um de cada vez, chamava o nome de cada discípula iniciada, e entregava a ela um sári. Um sári era branco com estampa vermelha e preta, outros eram brancos com bordas de uma única cor”. - Srila Prabhupada Lilamrta 56

Após ter estabelecido sáris para suas discípulas, Sua Divina Graça perpetuou seu uso encomendando-os de Benares.

“Similarmente, se seu amigo supre dhotis e sáris de Benares, isso será um excelente arranjo”. – Carta de Srila Prabhupada a Radharamana Sharanji, 25 de junho de 1970, Los Angeles

Sem Mais Jeans e Vestidos

Sua Divina Graça não apreciava as vestes das mulheres ocidentais, e por que deveria? Quanto mais a sociedade afasta-se da cultura Védica, mais suas vestes se tornam degradadas, seguidas de sexo ilícito, divórcio, aborto, etc.

“O svamiji havia comentado que ele não gosta das vestes das mulheres ocidentais, e, ao pedido dele, Yamuna foi vestida com um sári”. - Srila Prabhupada Lilamrta 22

Quando devotas vestem sáris, elas declaram-se em favor da castidade e da cultura de Krsna. Sáris são mais modestos se comparados ao estilo do vestuário ocidental, que frequentemente tem como objetivo incitar desejos luxuriosos.

Nandarani devi dasi conta o dia do seu casamento em São Francisco (1976): “Terminei de cozinhar naquela tarde por volta das quatro horas, e então fui para casa para me vestir para o casamento. Embora eu nunca tivesse vestido algo diferente de vestidos antigos e jeans, o Svamiji havia sugerido às outras moças que dessem um jeito de me colocar em um sári para o casamento. Assim, trouxemos um tecido de seda para usarmos como sári. Fui à casa da Malati. Ela ia me ajudar a colocá-lo. Como eu não conseguia mantê-lo no corpo, ela teve que o costurar em mim. Então, elas me decoraram com flores, levaram-me até o Svamiji e me mostraram para ele. Ele ficou muito feliz. ‘Essa é a aparência que nossas mulheres sempre devem ter. Sem mais jeans e vestidos. Elas devem sempre vestir sáris”. – Srila Prabhupada Lilamrta 22: O Svami Convida os Hippies

De outro modo, abandonando o seguro e culturalmente casto sári em favor de outra vestimenta, arriscamo-nos a cair novamente nas covas da gratificação sensorial.

“Hoje, tornou-se uma moda muito divulgada àquela de uma mulher sair quase nua, cobrindo a parte de baixo de seu corpo apenas levemente, a fim de atrair a atenção de um homem para suas partes privadas para o desfrute sexual”. – Srimad-Bhagavatam 6.5.14 Significado

Infelizmente, em nossa família de mães da ISKCON, estilos ocidentais ou derivados oriente-ocidente de Panjabi ganham popularidade sobre o sári Vaisnavi. Srila Prabhupada deu a seus discípulos o melhor de tudo por meio da cultura de Krsna.

“Janaki: O Svamiji disse que eu deveria me vestir de sári para o meu casamento, e ele disse que ele deveria ser de seda. E perguntei a ele de que cor, e ele disse vermelho. Desta maneira, Mukunda trouxe para mim um sári absolutamente elegante e algumas jóias muito boas”. – Srila Prabhupada Lilamrta 19: Plantando a Semente

Portanto, deixemos que as mulheres da ISKCON mantenham o padrão que Srila Prabhupada introduziu e continuem a vestir sáris castos, belos e culturais.

“O cantar público do santo nome realizado pelos seguidores de Srila Prabhupada, vestidos com tradicionais dhotis e sáris indianos, é agora uma visão familiar nas ruas das principais cidades do mundo”. – Sri Namamrita: Introdução

DA MULHER #2: CABELO TRANÇADO (partido)

Outro aspecto da cultura Védica é que as mulheres mantêm seus cabelos presos em uma trança. Assim como os devotos homens devem estar dispostos a suportar a austeridade de eventuais escárnios pelo uso da cabeça raspada e da sikha, as devotas devem suportar a austeridade de pretensos escárnios por serem excessivamente tradicionais em razão do uso do cabelo longo trançado.

“Pobre cakravaki, mesmo após fechar seus olhos, você continua a chorar tristemente pela noite em virtude de seu par desaparecido. Ou o que acontece é que, como nós, você se tornou serva de Acyuta e anseia por usar em seu cabelo trançado a guirlanda que Ele abençoou com o toque de Seus pés?”. - Srimad-Bhagavatam 10.90.16

Para as mulheres castas, usar o cabelo solto é algo a ser feito apenas privadamente, enquanto que, em público, o cabelo deve ser trançado. É o nosso máximo interesse adotar estes princípios Védicos que nos ajuda a nos mantermos na posição transcendental.

“Você não deve sair à noite ou com o cabelo solto, nem deve sair a não ser que esteja apropriadamente decorada com ornamentos. Você não deve sair de casa a não ser que esteja muito grave e suficientemente coberta”. - Srimad-Bhagavatam 6.18.50

O significado a esse verso é o seguinte: “Kasyapa Muni aconselhou sua esposa a não sair à rua a não ser que estivesse bem decorada e bem vestida. Ele não encorajava as minissaias que agora se tornaram tão na moda. Na civilização oriental, quando uma mulher sai à rua, ela deve estar completamente coberta, de forma que nenhum homem reconheça quem ela é. Todos esses métodos devem ser aceitos para a purificação. Se alguém adota a consciência de Krsna, ele é plenamente purificado, e, assim, ele se mantém sempre transcendental à contaminação do mundo material”.

“Krsna gosta que as mulheres usem cabelo longo” é o que dizemos aos convidados que perguntam se as mulheres na consciência de Krsna devem raspar a cabeça, como fazem os homens.

“Se você quer, você pode cortar seus cabelos, mas não há necessidade. Seria melhor se você pudesse vestir sári; você pode aprender com a Jadurani. Você deve permanecer como uma boa garota. O vestir e a aparência são convenções sociais da sociedade”. – Carta de Srila Prabhupada a Madhavi Lata, 20 de junho de 1968, Montreal

Até mesmo a forma com que uma mulher parte o seu cabelo é algo significativo na cultura Védica. A mulher casta parte seu cabelo no meio, começando da testa e recuando.

“Quando a simanta... Como se chama isso em inglês, simanta? Isso? Partir. Se não é no meio; do lado, ela é uma prostituta. Assim, a mulher deve se vestir de tal maneira que o homem compreenderá... Assim, de qualquer forma, esses são costumes sociais da civilização Védica”. – Aula de Srila Prabhupada do Srimad-Bhagavatam 1.8.47, 9 de maio de 1973, Los Angeles

DO HOMEM E DA MULHER #1: TILAKA

“Bela tilaka”, Prabhupada disse, “significa bela pessoa”. No Caitanya Caritamrta (Madhya 24.332), o Senhor Caitanya Mahaprabhu instruiu Sanatana Gosvami a escrever um livro sobre o comportamento Vaisnava, e um dos itens era o uso de tilaka.

“Você também deve descrever como a pessoa deve prestar serviço ao mestre espiritual e pintar o próprio corpo em doze partes com urdhva-pundra [tilaka]”.

O devoto marca doze partes do corpo como templos de Visnu – para proteção, santificação e decoração –, com argila branca, cinza ou branca amarelada (gopi chandana). Usar tilaka é um elemento significativo de sadacara-sampanna ou o enriquecido bom comportamento de um devoto.

“Após a iniciação, o nome do discípulo deve ser mudado para indicar que ele é um servo do Senhor Visnu. O discípulo também deve começar imediatamente a marcar seu corpo com tilaka [urdhva-pundra], especialmente sua testa. Trata-se de marcas espirituais, sintomas de um Vaisnava perfeito”. – Padma Purana, Uttara-khanda

Aqueles desejosos de serem iniciados dentro da ISKCON devem estar cientes de que Srila Prabhupada esperava que eles sempre usassem tilaka. Um estudante iniciado não deve se envergonhar de usar a veste de um Vaisnava – se for esse o caso, é melhor que esperem até terem desenvolvido mais confiança na cultura do Vaisnavismo.

Prabhupada: Peça-lhe para sempre usar tilaka.

Prithu-putra: Aquele, aquele garoto que veio.

Prabhupada: Não, aquele homem que veio. Peça que...

Prithu-putra: ...para sempre usar tilaka. Ele tem a kanthi-mala, mas eu não...

Prabhupada: Sem tilaka.

Prithu-putra: Sem tilaka.

Satsvarupa: Ele não usa tilaka.

Prabhupada: Então, ele tem que usar tilaka. Peça a ele: “Antes de qualquer coisa, use tilaka”. Veja. De outra forma, não aceitaremos.

Satsvarupa: Jaya Srila Prabhupada.

Prabhupada: Jaya. – Caminhada Matinal, 29 de janeiro de 1977, Bhubaneshwar

Similarmente, quando alguém avança na consciência de Krsna, ele continua a usar tilaka.

“O maha-bhagavata é aquele que decora seu corpo com tilaka e cujo nome o indica como um servo de Krsna pela palavra dasa”. – Caitanya Caritamrta, Madhya 24.330

Visnujana Svami costumava chamar a tilaka de “pintura de paz”, fazendo um trocadilho com a pintura corporal dos índios americanos, chamada de “pintura de guerra”.

“Usar tilaka na testa é especialmente importante. Esta é a restrição de Caitanya Mahaprabhu. Não veja um rosto se não houver tilaka. Ele costumava dizer que isso é um crematório. Sim, sem tilaka. A tilaka deve estar presente”. – Conversa com Srila Prabhupada, 31 de março de 1977, Bombaim

A Tilaka de Krsna e Radha

“Até mesmo a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Krsna, usa tilaka diariamente. Um dia, o vaqueirinho admitiu a Krsna que ele havia sido derrotado pelos belos atributos de Krsna, que incluíam as marcas verticais de tilaka em Sua testa. Tio Akrura pensou em como ele era afortunado por estar prestes a visitar Vrndavana, onde ele poderia ver ‘o belo rosto de Krsna, cujos testa e nariz são marcados com tilaka’. Antes de Krsna poder colocar tilaka sozinho, Sua mãe, Yasoda, religiosamente aplicava a tilaka em seu filho em doze partes”. – Lankara-raksha-tilakasanadibhih

“Portanto, Ó Maharaja Parikshit, como requerido pelo cronograma cíclico de Seus passatempos, Krsna retornou à noite, entrou na casa de um dos vaqueirinhos e comportou-Se exatamente como os garotos; vivificando, desta forma, suas mães com prazer transcendental. As mães cuidaram dos garotos massageando-os com óleo, banhando-os, passando polpa de sândalo no corpo deles, decorando-os com ornamentos, cantando mantras de proteção, decorando seus corpos com tilaka e alimentando-os. Desta forma, as mães serviram Krsna pessoalmente”. – Srimad-Bhagavatam 10.13.24

Sri Ramananda Raya descreveu a marca de tilaka de Srimate Radharani em Sua bela fronte como o sinal de Sua grande fortuna. No Terceiro Canto do Srimad-Bhagavatam, o senhor Brahma narra como as moças nos planetas Vaikuntha, que são tão belas quanto a deusa da fortuna em pessoa, vêem seus rostos decorados com tilaka (su-alakam) refletidos nos reservatórios d’água.

Lembrando Outros de Krsna

No momento de abandonar seu corpo em 1970, a mãe de Kartikeya dasa perguntou ao seu filho se Krsna estava presente. Srila Prabhupada disse que ela se liberou lembrando-se do Senhor naquele momento crítico; ele atribuiu isso à bondade e à aparência Vaisnava de seu discípulo, especialmente seu uso de tilaka.

“Em relação ao que é um Vaisnava, Vaisnava significa que, quando outros o verem, eles também cantarão Hare Krsna. Por que, então, não usarmos contas, tilaka e sikha para dar a eles a chance de verem?”. – Carta de Srila Prabhupada a Sudama, 10 de dezembro de 1973, Bombaim

“E, em relação aos nossos sinais ou marcas no corpo; assim como passamos tilaka, temos contas – isso é... Assim como isso é prático. Quando eu estava em Montreal e em outras cidades, quando passávamos pela rua, as crianças, as pessoas, elas também diziam: ‘Hare Krsna!’. Assim, essas marcas e essa representação simbólica lembram outros da consciência de Krsna. Assim como um policial; assim que ele aparece em suas vestes: ‘Ah, aqui está um policial’; então, similarmente, esses itens também são necessários para se lembrar outros. O nosso processo é arrecadar pessoas para a consciência de Krsna. Então, se por meio da representação simbólica, alguém imediatamente se lembra de Krsna, aí está o nosso sucesso”. – Entrevista com Srila Prabhupada, 24 de setembro de 1968, Seattle

DO HOMEM E DA MULHER #2: KANTHI-MALA (contas de pescoço)

Outro item da veste Vaisnava é usar kanthi-mala, ou pequenas contas de Tulasi ao redor do pescoço.

No Padma Purana, há uma declaração descrevendo como um Vaisnava deve decorar seu corpo com tilaka e contas: “Pessoas que colocam contas de Tulasi no pescoço, que marcam doze lugares do corpo como templos de Visnu com representações simbólicas de Visnu [os quatro itens segurados pelas quatro mãos do Senhor Visnu – a concha, a maça, o disco e o lótus], e que usam visnu-tilaka na testa, devem ser compreendidas como os devotos do Senhor Visnu neste mundo. A presença deles torna o mundo purificado, e, onde quer que fiquem, tornam tal lugar tão bom quanto Vaikuntha”. – Néctar da Devoção, Capítulo 9

O padrão da ISKCON é que seguidores não-iniciados usem uma volta, e, discípulos iniciados, o mínimo de três voltas.

“Depois disso, você deve descrever como a pessoa deve decorar seu corpo com gopicandana, usar contas de pescoço...”. – Caitanya Caritamrta, Madhya-lila 24.333; Sri Caitanya dirigindo-Se a Rupa Gosvami

No momento da iniciação, espera-se que o devoto tenha três voltas ao redor de seu pescoço quando a cerimônia começa. Em Detroit, um discípulo esperando receber seu nome espiritual para se tornar um discípulo iniciado por Sua Divina Graça teve, repentinamente, sua vez adiada por não estar usando contas de pescoço.

“Então, o próximo. Onde está...? Sem conta de pescoço? Como é isso? Onde está a conta de pescoço? Huh? Ah, essas coisas não são boas. Deve-se estar bem equipado. De outro modo, qual é o significado da iniciação? Dar... Sem conta de pescoço? Em frente. Antes de mais nada, obtenha contas de pescoço”.

“Quem é o próximo? Você tem contas de pescoço? Então está tudo bem. Visvakarma. Visvakarma é o engenheiro deste universo. Hare Krsna. Jaya. Você sabe quais são as regras e regulações? Está certo”. – Srila Prabhupada dando iniciações em Detroit, 18 de julho de 1971

Como estava fazendo o papel de um devoto, o Senhor Caitanya usou pessoalmente contas de pescoço.

punarapi eka-bara asiha nilacale”
eta bali’ kantha-mala dila tanra gale

“Sri Caitanya Mahaprabhu concluiu: ‘Volte novamente para Nilacala [Jagannatha Puri]’. Após dizer isso, o Senhor colocou Seu próprio cordão de contas no pescoço de Raghunatha Bhatta”. – Caitanya Caritamrta, Antya 13.115

As contas de pescoço devem ser usadas no pescoço justas (embora não tão justas que cheguem a sufocar), e não frouxas e caindo em direção ao peito.

Prabhupada: Não. Todos são de Krsna. Onde estão suas contas de pescoço?

Gurudasa: Ah, aqui.

Prabhupada: Por quê?

Gurudasa: Elas vieram, elas vieram solta, e então eu as juntei assim.

Prabhupada: Você deve colocar suas contas, as contas de pescoço justas.

Gurudasa: Bem ao redor do pescoço?

Prabhupada: Sim. – Aula de Srila Prabhupada, 16 de outubro de 1972, Vrndavana

Um sannyasi Mayavadi veio a Boston e desejou ficar no templo. Uma das condições que Srila Prabhupada estabeleceu para autorizar a permanência do sannyasi no templo foi que ele aceitasse o padrão das vestes Vaisnavas, o que inclui o uso de contas de pescoço.

“Se o sannyasi que veio ao nosso refúgio raspar a cabeça e mantiver uma sikha, ficar com contas no pescoço, e cantar o mantra Hare Krsna pelo menos 16 voltas, e mudar sua veste, então ele pode ser autorizado a ficar conosco”. – Carta de Srila Prabhupada a Satsvarupa, 28 de dezembro de 1970, Surat

O uso de contas de pescoço também é apropriado para devotos que não vivem no templo. Abaixo, Sua Divina Graça aconselha um devoto que está estudando em uma universidade a sempre usar contas de pescoço.

“Você também deve usar sempre contas kanthi ao redor do pescoço e usar a marca de tilaka. As pessoas irão indagá-lo e você pode lhes falar sobre a consciência de Krsna e também vender livros para essas pessoas”. – Carta de Srila Prabhupada a Niranjana, 23 de abril de 1974, Hyderabad

Cães de Krsna

George Harrison, dos Beatles, usava com freqüência contas de pescoço, e, quando indagado sobre elas, ele dizia que as contas indicavam que ele era um cão de Krsna, e que aquilo era sua coleira. Essa idéia veio de Srila Prabhupada.

“Alguém me perguntou que: ‘Svamiji, por que essas contas de Tulasi no pescoço do senhor ou no pescoço de seus devotos?’. Então, eu respondi: ‘Assim como um cão de estimação tem uma coleira; similarmente, somos cães de estimação de Deus. Temos esta coleira. E Yamaraja entenderá que ‘Ele é cão de Deus. Ele não deve ser abatido’.”. (risos) – Aula de Srila Prabhupada do Srimad-Bhagavatam 6.1.34-39, 19 de dezembro de 1970, Surat

Assim como o Mestre Supremo ama Seus servos e lhes dá cordões de identificação (kanthi-mala), os servos amam o Mestre e alegremente concordam em ser Seus cães obedientes ou cães de Seus amados servos.

vaishnava thakura, tomara kukkura, baliya janaha more

“Meu caro Vaisnava Thakura, gentilmente me aceite como seu cão”. – Srila Bhaktivinoda Thakura, Saranagati 19

Na cerimônia de iniciação, dois tipos de contas são santificadas e presenteadas ao discípulo, a saber, as contas de canto e as contas de pescoço.

“Na noite passada, houve cerimônia de iniciação, na qual suas contas foram santificadas. Você receberá um cordão de pequenas contas para usar em seu pescoço, e, nas contas maiores, você pode cantar de acordo com as regras”. – Carta de Srila Prabhupada a Indira (Iris Mendoza), Ekayani (Esther Mendoza), 17 de dezembro de 1967, San Francisco

A ISKCON é um ramo completamente emplumado da árvore de Caitanya, e, como tal, está de acordo com as práticas dos Gaudiya Vaisnavas.

“Todas [referindo-se às Deidades do Panca-tattva] devem usar contas kanthi de Tulasi, não menos do que duas voltas. Três, quatro voltas, ou meu Guru Maharaja tinha cinco voltas”. – Carta de Srila Prabhupada a Govinda, 20 de novembro de 1971, Delhi

Nota: Em casos extraordinários, que possa trazer perigo ao devoto, o uso de contas de pescoço e/ou de outras vestes devocionais pode ser negligenciado.

DO HOMEM E DA MULHER #3: SEM COURO

Às vezes, algumas pessoas nos abordam enquanto estamos cantando em harinama e perguntam por que estamos usando couro se somos vegetarianos. É uma pergunta válida; eu, então, mostro que as sandálias que estou usando são, na verdade, feitas pelo homem, e não de couro – o indagador fica satisfeito.

Sentado a alguns centímetros de Prabhupada sobre a saída-de-praia na areia, Satsvarupa fez uma pergunta em nome de todos os devotos de Nova Iorque.

“Svamiji, é admissível o uso de couro?”.

“Não”.

“E se alguém nos tiver dado sapatos de couro?”.

“Couro significa violência”, Prabhupada disse. Ele apontou para os sapatos de Satsvarupa, não custosos e de material feito pelo homem. “O país de vocês é muito bom. Por meio da tecnologia, vocês podem obter esses sapatos facilmente sem usarem couro”. Para Satsvarupa e os demais, a questão estava respondida para toda a vida, e o momento e o lugar se tornaram uma referências, como um capítulo e o número de um verso nas escrituras – Srila Prabhupada Lilamrta 25: Long Branch, 1967, Nova Jersey

Quando um recém-chegado perguntou se ele deveria renunciar o uso de sapatos de couro, Sua Divina Graça delicadamente adiou o estabelecimento de uma política estrita, mas gentilmente explicou que, evitar couro, era preferível.

Ian Polsen: Há uma outra questão, Vossa Graça. Eu uso sapatos de couro, e sei que eles vêm de animais...

Prabhupada: Huh?

Ian Polsen: ...que foram abatidos por isso. Eu devo parar de usar sapatos de couro?

Prabhupada: Bem, isso você também pode continuar. Isso não é... Assim como estamos usando muitíssimas coisas feitas de pele. Mas, tanto quanto possível, evite. Há muitíssimos sapatos sem pele, hoje em dia eles são disponíveis. Antes de mais nada, tente entender filosofia. – Conversa e entrevista com Srila Prabhupada, 31 de julho de 1972, Londres

A um discípulo pregando em um clima frio na Alemanha, Sua Divina Graça permitiu o uso de calçados de couro; contudo, sua esmagadora preferência era que se evitasse, a todo custo, o uso de couro. Em 1972, uma das sandálias pessoais de Srila Prabhupada foi roubada por um macaco, que a mastigou e fez buracos nela. Sua Divina Graça, entretanto, continuou a usá-la. Duas semanas mais tarde, em Hyderabad, o Sr. Pithi, um membro vitalício muito rico, notou as sandálias de Srila Prabhupada. Srutakirti, o então servo pessoal de Prabhupada, explicou a ele o que havia acontecido, e o Sr. Pithi enviou seu servo para comprar sandálias novas. Quando o novo par foi presenteado a Srila Prabhupada, ele as aceitou graciosamente, mas, depois, ele disse ao seu servo: “Não posso usá-las. Elas são feitas de couro”. Ele continuou usando suas danificadas sandálias por semanas, até que ele chegou a outro templo, onde os devotos trouxeram sandálias sem couro ao gosto de Srila Prabhupada e ele dispensou as outras.
CONCLUSÃO: VIDA E VESTES VÉDICAS

Humildemente aconselhamos aqueles desejosos de avançar no serviço devocional que usem as vestes Védicas e vivam a consciência de Krsna. Aqui estão mais algumas razões a se considerar:

A CULTURA DE KRSNA:

As vestes Védicas nos unem à cultura eterna de Krsna, e as coisas relacionadas a Krsna são transcendentais.

CASTIDADE:

As vestes Védicas promovem a modéstia e a castidade em termos de pensamento e ação.

ECONOMIA:

As vestes Védicas poupam o dinheiro que seria gasto com compras da moda e custosos penteados.

ENTUSIASMO:

Assim como um soldado se sente mais soldado quando trajando o seu uniforme, os devotos certamente se sentem como devotos quando usando as vestes Védicas.

LIMPEZA:

As vestes Védicas são simples e fáceis de serem lavadas diariamente.

ATRAÇÃO:

As vestes Védicas são mais atrativas do que as demais vestes.

PREGAÇÃO:

As vestes Védicas lembram outros de Krsna e notificam outros que somos representantes dEle.

AGRADAM PRABHUPADA:

Usar as vestes Védicas é uma maneira fácil e segura de agradar o Senhor Krsna satisfazendo Seu querido devoto Srila Prabhupada.

EXEMPLO:

Usando as vestes Védicas, estabelecemos o exemplo desejado para as gerações atuais e futuras de devotos.

FAMA:

O mundo conhece e adora os devotos Hare Krsnas em suas vestes tradicionais. Pelo uso das vestes Védicas, essa fama é ampliada.

“Esse é o defeito da civilização moderna. Você faz o seu próprio padrão, eu faço o meu próprio padrão, ele faz o seu próprio padrão. E, em conseqüência, há briga entre os líderes. Mas, de acordo com a nossa concepção Védica, há um padrão. Estamos insistindo que: ‘Adote este padrão Védico, então você será perfeito’. E, se você segue manufaturando seu próprio padrão, você nunca será perfeito”. – Conversa com Srila Prabhupada, 10 de julho de 1975, Chicago

Om tat sat. Hare Krsna.


Tradução de Bhagavan dasa (DvS)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Brahma-Samhita - Verso 1
















TEXTO 1
isvarah paramah krsnahsac-cid-ananda-vigrahahanadir adir govindahsarva-karana-karanam
isvarah—o controlador; paramah—supremo; krsnah—o Senhor Krsna; sat—consistente em existência eterna; cit—conhecimento absoluto; ananda—e bem-aventurança absoluta; vigrahah—cuja forma; anadih—sem começo; adih—a origem; govindah—o Senhor Govinda; sarva-karana-karanam—a causa de todas as causas.
TRADUÇÃO
Krsna, que é conhecido como Govinda, é o Senhor Supremo. Ele possui um corpo espiritual bem-aventurado e eterno. Ele é a origem de tudo. Ele não possui nenhuma outra origem e é a causa primeira de todas as causas.
SIGNIFICADO DE SRILA JIVA GOSVAMI
Krsna
O Srimad-Bhagavatam (1.3.28) explica:
ete camsa-kalah pumsah krsnas tu bhagavan svayam
“Todas as encarnações mencionadas anteriormente são ou porções plenárias ou porções de porções plenárias do Senhor, mas o Senhor Sri Krsna é a Personalidade de Deus original”.
O Brahma-samhita começa com uma similar declaração da supremacia do Senhor Krsna. Neste verso, a Suprema Personalidade de Deus é especificamente identificada como o Senhor Krsna. Assim como o nome do Senhor Krsna é falado primeiro na passagem que começa com “Krsnavatarotsava” e em outras declarações de Srila Sukadeva Gosvami e de outros grandes sábios, assim como o nome de Krsna é apresentado primeiro na afirmação “krsnaya vasudevaya devaki-nandanaya” do Sama Upanisad, assim como o nome de Krsna é falado primeiro na revelação de Garga Muni dos santos nomes do Senhor, e assim como também se dá o exemplo “payasa kumbham purayati”; este verso do Brahma-samhita apresenta o nome “Krsna” primeiro porque a forma do Senhor Krsna é a origem de todas as outras formas de Deus.
Que Krsna é o nome mais importante da Suprema Personalidade de Deus é explicado no Padma Purana, Prabhasa-khanda, onde, em uma conversa entre Narada e Kusadhvaja, as seguintes palavras da Suprema Personalidade de Deus são reproduzidas:
namnam mukhyatamam nama krsnakhyam me parantapa
“Ó Arjuna, de todos os Meus santos nomes, Krsna é o mais importante”.
A importância do nome “Krsna” também é confirmada no Brahmanda Purana, Sri Krsnastottara-sata-nama-stotra, onde o Senhor Krsna diz:
sahasra-namnam punyanam trir-avrttya tu yat phalam
ekavrttya tu krsnasya namaikam tat prayacchati
“Os resultados piedosos auferidos por meio do cantar dos mil nomes do Senhor Visnu três vezes podem ser obtidos através de uma única repetição do santo nome de Krsna”.
No primeiro verso do Brahma-samhita, o nome “Govinda” também é apresentado. Este nome é dado ao Senhor Krsna porque Ele é o mestre das vacas surabhis espirituais. Uma vez que o Senhor Krsna é todo-poderoso, o primeiro verso do Brahma-samhita O descreve como “isvara”.. O Senhor Krsna também é descrito nestas palavras do Srimad-Bhagavatam (10.8.13 e 15).
asan varnas trayo hy asya grhnato 'nuyugam tanuh
suklo raktas tatha pita idanim krsnatam gatah
“Seu filho Krsna aparece como uma encarnação em todo milênio. No passado, Ele assumiu três diferentes cores: branca, vermelha e amarela, e agora Ele aparece em uma cor enegrecida”.
bahuni santi namani rupani ca sutasya te
guna-karmanurupani tany aham veda no janah
“A partir deste seu filho, há muitas formas e nomes de acordo com Suas qualidades e atividades transcendentais. Isto é conhecido por mim, mas as pessoas em geral não as compreendem”.
Nestes versos, a palavra “asya” (dEle) se refere ao Senhor Krsna, “anuyugam” significa “em todo milênio”, “tanuh” significa “as formas de várias encarnações”, “grhnatah” significa “manifesta”, “varnas trayah” significa “as cores começando com ‘branco’”, e “asan” significa “manifestas”. Nestes versos, Garga Muni diz: “Em Satya-yuga e em outras yugas, o Senhor apareceu em uma forma branca e em formas de outras cores, mas, agora (idanim), Ele aparece em Sua forma original, a forma do Senhor Krsna (krsnatam gatah)”. Porque o Senhor Krsna é a forma original, a melhor forma da Personalidade de Deus, o nome Krsna é o mais importante de Seus nomes, e as outras formas do Supremo (bahuni rupani) são manifestas a partir da forma original, Krsna. O fato de que as qualidades transcendentais do nome “Krsna” fazem dele o mais importante dos nomes de Deus é confirmado na seguinte declaração da literatura Vaisnava:
krsir bhu-vacakah sabdo nas ca nirvrtivacakah
tayor aikyam param brahma krsna ity abhidhiyate
“‘krs’ é o aspecto atrativo da existência do Senhor, e ‘na’ significa ‘prazer espiritual’. Quando o verbo ‘krs’ é adicionado ao afixo ‘na’, o resultado é ‘Krsna’, que indica a Verdade Absoluta”.
Desta forma, o nome “Krsna” é descrito. O verso da literatura Vaisnava não aceita nenhum outro nome como o nome mais importante de Deus. No Astadasaksara-mantra-vyakhya tanto do Upasana Tantra quanto do Gautamiya Tantra, o seguinte verso similar pode ser encontrado:
krsi-sabdas ca sattartho nas cananda-svarupakah
sukha-rupo bhaved atma bhavananda-mayatvatah
“‘krs’ significa ‘existência transcendental eterna’, e ‘na’ significa ‘prazer espiritual’. Quando o verbo ‘krs’ é adicionado ao afixo ‘na’, o resultado é ‘Krsna’, que indica a Verdade Absoluta eternamente bem-aventurada”.
A palavra “bhu” vem do verbo “bhu”, que pode significar “ser” ou “atrair”. Na citação da literatura Vaisnava, a palavra é interpretada com o significado de “atração”, e, na citação do Gautamiya Tantra, “bhu” é interpretada com o significado de “existência”.
A palavra “bhu” pode, portanto, ser interpretada com o significado de “existência”, mas, neste caso, não pode ser interpretada com o significado de “movimento” ou “generalidade”. O significado primário é “atração”. O significado secundário é “existência”.. Os significados “movimento” e “generalidade” não podem ser aceitos aqui.
A palavra “nirvrtti” significa “bem-aventurança”. A frase “tayor aikyam” significa “quando as duas sílabas são unidas em uma palavra”. “Param brahma” significa “a substância que é a maior de todas”. Na frase “krsna ity abhidhiyate”, uma leitura alternativa substitui a palavra “abhidhiyate” por “iryate” (chama-se).
Deixando de lado essas considerações, o significado primário das duas sílabas “Krsna” é que “krs” significa “atração” e “na” significa “bem-aventurança transcendental”. A palavra “krs” significar “atrair” deve ser entendido como significando “aquilo que atrai”, assim como no provérbio “ayur ghrtam” [ghi é vida longa], no qual ghi é igualado à vida longa porque comer alimentos preparados no ghi faz a pessoas viver muito.
Várias explicações para a palavra “param-brahma” são apresentadas nas escrituras. O Visnu Purana (1.12.57), por exemplo, declara:
brahma-sabdasya tat-tad-arthatvam ca brhattvad brmhanatvac ca tad brahma paramam vidur
“Os eruditos sabem que a palavra ‘param-brahma’ significa ‘Aquele que é o maior’ e ‘Aquele que nutre e protege todas as entidades vivas’.”.
O Gautamiya Tantra também apresenta a seguinte explicação para a palavra “param-brahma”:
krsi-sabdas ca sattartho nas cananda-svarupakah
satta-svanandayor yogat cit param brahma cocyate
“‘krs’ significa ‘existência transcendental eterna’, e ‘na’ significa ‘prazer espiritual’. Estas duas sílabas, significando existência eterna e prazer espiritual, unem-se para se tornar a palavra ‘Krsna’, o nome do param-brahma”.
Os advaitavadis (monistas) pensam que a frase “satta-svanandayor yogat” deste verso significa “distinções como existência eterna e a bem-aventurança transcendental perdem sua distinguibilidade e tornam-se um no absoluto impessoal”. Porque as palavras “sat” e “ananda” possuem significados diferentes, e porque, mesmo se essas palavras fossem ser aceitas como sinônimas, sua repetição em uma sentença seria sem sentido – como se repetíssemos a palavra “vrksa” e “taru”, ambas significando “árvore”, em uma mesma sentença –, a conclusão dos impersonalistas tem, obrigatoriamente, que ser falsa.
A palavra “sat” (eterno) é usada aqui para indicar “o Eterno Supremo, aquele que é a fonte de todos os outros eternos”. Isto é descrito nestas palavras do Sruti-sastra:
sad eva saumyedam agra asid
“Ó nobre estudante; no começo, apenas o eterno (sat) existia”. (Cha. 6.2..1)
O verso do Gautamiya Tantra pode ser explicado da seguinte maneira. A primeira metade do verso descreve o Senhor Krsna, que é todo-atrativo e pleno de bem-aventurança transcendental. A segunda metade afirma que, porque o Senhor Krsna é bem-aventurado e todo-atrativo, Ele deleita todas as entidades vivas. Por esta razão, as escrituras declaram:
tatra hetu-bhavah prema tanmayanandatvad
“Porque eles encontram bem-aventurança transcendental nEle, os devotos se apaixonaram por Sri Krsna”.
Deste modo, a palavra “Krsna” deve ser compreendida como significando “Aquele que é pleno de bem-aventurança transcendental e cujas belíssima forma e qualidades transcendentais atraem todas as entidades vivas”. Dentro dessa forma de raciocínio, o uso popular interpreta a palavra “devakinandana” como significando “Aquele que dá prazer a Devaki”. O ato de Sri Krsna deleitar a todos pode ser visto na seguinte afirmação do Vasudeva Upanisad:
devaki-nandano nikhilam anandayat
“O Senhor Krsna, o filho de Devaki, deleita a todos”.
Afirma-se que “O Senhor Krsna é independentemente perfeito, eternamente imutável e a origem de toda bem-aventurança transcendental”.
Por estes motivos, a explicação popular da palavra “Devakinandana”, “Aquele que dá prazer a Devaki”, deve ser aceita, e não rejeitada em favor da visão dos filólogos pedantes. Isto é confirmado pela seguinte declaração de grandes estudiosos:
“Quando o uso popular interpreta uma palavra de modo muito apropriado para o objeto que ela descreve, tal interpretação deve ser aceita. Quando a etimologia científica interpreta uma palavra de modo inapropriado para o objeto descrito, tal significado não deve ser aceito”.
Que Sri Krsna é o Brahman Supremo é afirmado nas palavras do Srimad-Bhagavatam (7.15.58):
gudham param brahma manusya-lingam
“A forma do Brahman Supremo é a forma de Sri Krsna, a qual se assemelha à forma humana”.
No Srimad-Bhagavatam (10.14.32), também se declara:
yan-mitram paramanandam purnam brahma sanatanam
“Quão imensamente afortunados são Nanda Maharaja, os vaqueiros e todos os habitantes de Vrajabhumi! Não há limite para sua boa fortuna, pois a Verdade Absoluta, a fonte da bem-aventurança transcendental, o eterno Brahman Supremo, tornou-Se amigo deles”.
No Visnu Purana, afirma-se:
yatravatirnam krsnakhyam param brahma narakrti
“O Brahman Supremo, o qual possui uma forma similar à humana e que atente pelo nome ‘Krsna’, descendeu a este mundo”. (4.11.2)
No Bhagavad-gita (14.27), o Senhor Krsna declara:
brahmano hi pratisthaham
“Eu sou a base do Brahman impessoal”.
No Gopala-tapani Upanisad, é dito:
yo ’sau param brahma gopalah
“O vaqueirinho Krsna é o Brahman Supremo”.
Isvara
Voltemos, agora, ao primeiro verso do Brahma-samhita. Agora que explicamos a palavra “Krsna”, prosseguiremos para a palavra “isvara”. “Isvara” significa “o controlador supremo de todos”. Isto é visto na seguinte descrição da palavra “Krsna” no Gautamiya Tantra:
athava karsayet sarvam jagat sthavara-jangamam
kala-rupena bhagavan tenayam krsna ucyate
“A Suprema Personalidade de Deus, o controlador supremo, controla (krs) todos os seres móveis e imóveis. Seu nome, portanto, é ‘Krsna’”.
Neste verso, a palavra “kala” significa “controlador”. Ela deriva do verbo “kal”, que significa “controlar”. O fato de Sri Krsna ser o controlador supremo também é confirmado nas seguintes palavras do Srimad-Bhagavatam (3.2.21):
svayam tv asamyatisayas tryadhisah svarajya-laksmy-apta-samasta-kamah
balim haradbhis cira-loka-palaih kirita-koty-edita-pada-pithah
“O Senhor Sri Krsna é o Senhor de todas as espécies de trios [três mundos, três modos da natureza material, três purusas, etc.] e é independentemente supremo por meio da aquisição de toda sorte de fortuna. Ele é adorado pelos eternos mantenedores da criação, que Lhe oferecem a parafernália de adoração tocando seus milhões de elmos a Seus pés”.
No Bhagavad-gita (10.42), o Senhor Krsna declara:
vistabhyaham idam krtsnam ekamsena sthito jagat
“Com um mero fragmento de Mim mesmo, Eu penetro e sustento todo este universo”.
No Gopala-tapani Upanisad (1.19), declara-se:
vasi sarvagah krsna idyah
“Sri Krsna é o adorável e todo-penetrante Senhor Supremo”.
Parama
Agora que a palavra “isvara” já foi explicada, descreveremos a palavra “parama”. “Para” significa “supremo” e “ma” significa “mãe”. “Para-mas”, portanto, são as deusas da fortuna, que são as potências internas do Senhor Krsna. Elas são descritas nestas palavras do Srimad-Bhagavatam (10.59.43):
reme ramabhir nija-kama-sampluto
“Embora plenamente satisfeito dentro de Si mesmo, Ele desfrutou com Suas aprazíveis esposas”.
No Srimad-Bhagavatam (10.47.60), também se afirma:
nayam sriyo ’nga u nitanta-rateh prasadah
svar-yositam nalina-gandha-rucam kuto ’nyah
rasotsave ’sya bhuja-danda-grhita-kantha-
labdhasisam ya udagad vraja-vallabhinam
“Quando o Senhor Sri Krsna estava dançando com as gopis na rasa-lila, as gopis foram abraçadas pelos braços do Senhor. Esse favor transcendental não foi concedido sequer à deusa da fortuna ou às outras consortes no mundo espiritual. Tal evento jamais foi nem mesmo imaginado pelas belíssimas moças dos planetas celestiais, cujo lustre e aroma corpóreos lembram a flor de lótus; para não dizer das mulheres mundanas, mesmo que sejam muito bonitas de acordo com a estimativa material”.
No Srimad-Bhagavatam (10.33.6), também se afirma:
tatratisusubhe tabhir
bhagavan devaki-sutah
madhye maninam haimanam
maha-marakato yatha
“Embora o filho de Devaki, a Suprema Personalidade de Deus, também seja o reservatório de toda beleza; quando está entre as gopis, Ele torna-Se ainda mais belo, assemelhando-Se a uma jóia marakata rodeada por ouro e outras jóias”.
No Brahma-samhita (5.56), declara-se:
sriyah kantah kantah parama-purusah
“Em Svetadvipa, as Laksmis, em sua essência espiritual imaculada, praticam o serviço amoroso ao Supremo Senhor Krsna tendo-O como seu único objeto de amor”.
No Gopala-tapani Upanisad, afirma-se:
krsno vai paramam daivatam
“O Senhor Krsna é adorado pela deusa da fortuna”.
Adi
Sri Krsna é descrito como “adi” (a origem de tudo). Isto é explicado nas seguintes palavras do Srimad-Bhagavatam (10.72.15):
srutvajitam jarasandham nrpater dhyayato harih
ahopayam tam evadya uddhavo yam uvaca ha
“Ouvindo que Jarasandha não havia sido derrotado, Maharaja Yudhisthira começou a pensar em um plano para derrotá-lo. Neste momento, o Senhor Hari, a origem de tudo, falou o plano que já havia sido formulado por Uddhava”.
adyo harih sri-krsna
“A palavra ‘hari’ se refere a Sri Krsna, a origem de tudo”.
O fato de Sri Krsna ser o Supremo e a origem de tudo é declarado nestas palavras dos sastras:
adyam krsna-samjnam nato ‘smi
“Ofereço minhas respeitosas reverências a Sri Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, a origem de tudo”.
Anadi
Então, novamente, Sri Krsna não é “adi”, mas “anadi” (Aquele sem origem). Isto é descrito no Gopala-tapani Upanisad, que declara:
sarvagah krsna idyah ity uktvaha nityo nityanam
“Sri Krsna é o principal eterno entre muitos eternos”.
Sarva-karana-karanam
Em seguida, “sarva-karana-karanam” significa “a causa primeira de todas as causas”, o que indica que Ele é o criador do universo e a origem do purusa-avatara. Isto é descrito no Srimad-Bhagavatam 10.85.31, onde Devaki diz ao Senhor Krsna.
yasyamsamsamsa-bhagena visvotpatti-layodayah
bhavanti kila visvatmams tam tvadyaham gatim gata
“Ó Senhor do universo, Ó Pessoa Original e Suprema, Você, por uma porção de uma porção de uma porção de Si, cria, mantém e destrói os universos materiais. Neste momento, refugio-me em Você”.
Sridhara Svami comenta este verso com as seguintes palavras: “A primeira porção mencionada aqui é o purusa-avatara. Uma porção dEle é a potência ilusória maya. Uma porção de maya são os modos da natureza. Através de uma porção dos modos da natureza, os universos são criados, mantidos e destruídos. “Tva” significa “de Você”, e “gatim gata” significa “eu aceito o refúgio”.
Que Sri Krsna é a origem do purusa-avatara também é descrito na seguinte oração do Senhor Brahma (Srimad-Bhagavatam 10.14.14):
narayano ‘ngam nara-bhu-jalayanat
“Ó Senhor Krsna, Narayana se refere a alguém cuja morada é na água nascida de Nara (Garbhodakasayi Visnu), e tal Narayana é Sua porção plenária”.
A palavra Narayana também é explicada nestas palavras:
“Manifestos do Senhor Garbhodakasayi Visnu (Nara), os elementos materiais inertes se chamam ‘nara’. Como a Suprema Personalidade de Deus é o lugar de repouso último (ayana) para tais elementos materiais (nara), Ele é conhecido como Narayana”.
Estas palavras, portanto, significam “Ó Senhor, Narayana é uma porção de Seu corpo”. O fato de que Sri Krsna é a origem do purusa-avatara, uma porção de quem cria, mantém e destrói os universos, também é confirmado no Bhagavad-gita 10.42, onde o Senhor Krsna declara:
vistabhyaham idam krtsnam ekamsena sthito jagat
“Com um simples fragmento de Mim mesmo, Eu penetro e mantenho todo este universo”.
Por meio de tudo isto, a explanação apropriada da palavra Krsna é apresentada. Através das duas sílabas “krs” e “na”, a bem-aventurada Suprema Personalidade de Deus é descrita. Através da palavra “isvara” e outras palavras, as potências transcendentais do Senhor Krsna são descritas. Declara-se que Ele é o Supremo, aquele irrivalizável, aquele que é a causa primeira de todas as causas, e aquele que é o mestre de Suas potências internas. Suas potências são descritas nestas palavras do Sruti-sastra:
anando brahma
“O Brahman Supremo é pleno de bem-aventurança transcendental”.
No Sruti-sastra, declara-se ainda:
ko hy evanyat kah pranyad yad esa akasa anando na syat
“Quem pode encontrar bem-aventurança transcendental se não a encontrar na Suprema Personalidade de Deus?”.
No Svetasvatara Upanisad (6.8), afirma-se:
na tasya karyam karanam ca vidyate na tat-samas cabhyadhikas ca drsyate
parasya saktir vidhaiva sruyate svabhaviki jnana-bala-kriya ca
“A Suprema Personalidade de Deus não possui uma forma corpórea como aquela de uma entidade viva comum. Não há diferença entre Seu corpo e Sua alma. Ele é absoluto. Todos os Seus sentidos são transcendentais; cada um de Seus sentidos pode executar a ação de qualquer outro sentido. Destarte, ninguém é maior do que Ele ou igual a Ele. Suas potências são multifárias, e, portanto, Seus feitos são automaticamente executados como uma seqüência natural”.
Sac-cid-ananda-vigraha
Neste momento, alguém talvez levante a seguinte objeção: “Se Krsna é todo-atrativo e pleno de bem-aventurança transcendental suprema, então Ele não tem, obrigatoriamente, que ser destituído de forma? Afinal, formas não contêm bem-aventurança transcendental”.
A esta objeção, a seguinte resposta pode ser oferecida: Sim. Isso é verdade. Formas materiais não comportam bem-aventurança transcendental. Contudo, a maravilhosa forma do Senhor Krsna é repleta de bem-aventurança transcendental e perfeita. Isto é descrito no primeiro verso do Brahma-samhita com as palavras “sac-cid-ananda-vigraha”. Esta verdade também é confirmada nas seguintes palavras do Srimad-Bhagavatam (10.14.22):
tvayy eva nitya-sukha-bodha-tanav anante
“Ó Krsna, Sua forma, que é transcendental e eterna, é plena de conhecimento e bem-aventurança”.
No Gopala-tapani Upanisad e no Hayasirsa-pancaratra, declara-se:
sac-cid-ananda-rupaya krsnayaklista-karine
“Ofereço minhas respeitosas reverências ao Senhor Krsna, cuja forma transcendental é eterna e plena de conhecimento e bem-aventurança, e que resgata Seus devotos da aflição”.
No Brahmanda Purana, Astottara-sata-nama-stotra, afirma-se:
nanda-vraja-jananandi sac-cid-ananda-vigrahah
“A forma transcendental do Senhor Krsna é eterna e plena de conhecimento e bem-aventurança. O Senhor Krsna deleita os residentes de Vraja, a terra de Nanda Maharaja”.
Sat
Neste verso, a palavra “sat” deve ser compreendida como “eterna e imutável”. Que a forma do Senhor Krsna é eterna e imutável é confirmado nas seguintes palavras dos semideuses no Srimad-Bhagavatam (10.2.26):
satya-vratam satya-param tri-satyam
“Ó Senhor Krsna, Você nunca Se desvia de Seu voto, que é sempre perfeito porque o que quer que Você decida é perfeitamente correto e não pode ser parado por ninguém. Estando presente nas três fases da manifestação cósmica – criação, manutenção e aniquilação –, Você é a Verdade Absoluta”.
No Srimad-Bhagavatam (10.3.25), Devaki explica:
naste loke dvi-parardhavasane
maha-bhutesv adi-bhutam gatesu
vyakte ‘vyaktam kala-vegena yate
bhavan ekah sisyate ‘sesa-samjnah
“Após milhões de anos, no momento da aniquilação cósmica, quando tudo – manifesto e imanifesto – é aniquilado pela força do tempo, os cinco elementos grosseiros entram na concepção sutil, e as categorias manifestas entram na substância imanifesta.. Nesse momento, somente Você permanece, e Você é conhecido como Ananta Sesa-naga”.
No Srimad-Bhagavatam (10.3.27), Devaki também declara:
martyo mrtyu-vyala-bhitah palayan
lokan sarvan nirbhayam nadhyagacchat
tvat padabjam prapya yadrcchayadya
susthah sete mrtyur asmad apaiti
“Ninguém neste mundo material livrou-se dos quatros princípios do nascimento, da morte, da velhice e da doença, nem mesmo fugindo para vários planetas. Entretanto, agora que Você apareceu, meu Senhor, a morte está fugindo com medo de Você, e as entidades vivas, tendo se refugiado a Seus pés de lótus por Sua misericórdia, estão dormindo em completa paz mental”.
Nas escrituras, também é dito:
eko ‘si prathama
“Ó Senhor Krsna; no começo, somente Você estava manifesto”.
O Senhor Brahma também declara:
tad amitam brahmadvayam sisyate
“No fim, apenas o Brahman Supremo, que é livre de todas as dualidades, permanece”.
No Bhagavad-gita (14.27), o Senhor Krsna declara:
brahmano hi pratisthaham amrtasyavyayasya ca
sasvatasya ca dharmasya sukhasyaikantikasya ca
“E Eu sou a base do Brahman impessoal, que é imortal, imperecível e eterno, e que é a posição constitucional de felicidade última”.
No Bhagavad-gita (15.18), o Senhor Krsna também declara:
yasmat ksaram atito ‘ham aksarad api cottamah
ato ‘smi loke vede ca prathitah purusottamah
“Porque sou transcendental, além do falível e do infalível, e porque sou o maior, sou celebrado tanto no mundo como nos Vedas como a Pessoa Suprema”.
No Gopala-tapani Upanisad, é dito:
janma-jarabhyam bhinnah sthanur ayam acchedyo ‘yam yo ‘sau saurye tisthati
yo’ sau gosu tisthati, yo ‘say gah palayati, yo ‘say gopesu tisthati
“A Suprema Personalidade de Deus é sempre livre das transformações materiais, a saber, o nascimento, a morte, a velhice e a doença. Ele é eterno e imutável, e não pode ser cortado em pedaços ou morto por alguém. Permanecendo em Vrndavana, Ele fica entre os vaqueiros e as vacas e as protege”.
No Gopala-tapani Upanisad, também se declara:
govindan mrtyur bibheti
“A morte teme o Senhor Krsna”.
Neste verso, a palavra “saurya” significa “a terra de Vrndavana”. “Surya” significa “o deus sol”, “sauri” significa “o rio Yamuna, que é a filha do deus sol”, e “saurya” significa “a terra de Vrndavana, ao longo da qual corre o Yamuna”.
Cit
Neste primeiro verso do Brahma-samhita, a palavra “cit” se refere à forma espiritual do Senhor Krsna, a qual Ele revela a outros quando assim deseja. Esta forma é descrita pelo Senhor Brahma nestas palavras do Srimad-Bhagavatam (10.14.23):
ekas tvam atma purusah puranah satyah svayam-jyotir
“Você é a Alma Suprema, a Verdade Absoluta, a Pessoa Suprema e Original. Você é o Supremo, aquele irrivalizável. Você é a fonte do original brahmajyoti”.
Essa forma de Krsna também é descrita nessas palavras do Gopala-tapani Upanisad (1.26):
yo brahmanam vidadhati purvam yo vidyastasmai gopayati sma krsnah
tam ha daivamatmabuddhiprakasam mumuksurvai saranamanuvrajeta
“Foi Krsna quem, no começo, instruiu Brahma no conhecimento Védico e que disseminou o conhecimento Védico no passado. Aqueles que almejam se tornar liberados rendem-se a Ele, a Suprema Personalidade de Deus outorgadora de conhecimento transcendental a Seus devotos”.
No Sruti-sastra, é dito:
na caksusa pasyati rupam asya
“Com olhos materiais, ninguém pode ver a forma da Suprema Personalidade de Deus”.
No Svetasvatara Upanisad, afirma-se:
yam evaisa vrnute tena labhyas tasyaisa atma vrnute tanum svam
“Por meio de Seu desejo pessoal, a Suprema Personalidade de Deus Se releva a quem Ele escolhe”.
Ananda
Em seguida, discutiremos a explicação de que o corpo transcendental do Senhor Krsna é pleno de bem-aventurança (ananda). A forma do Senhor Krsna é plena de bem-aventurança porque Seus membros são a morada do amor sem limites. Que Sri Krsna é a venturosa Suprema Personalidade de Deus é explicado nas perguntas e respostas do Srimad-Bhagavatam (10.14.49-58). O mesmo também é explicado nestas palavras de Maharaja Vasudeva (Srimad-Bhagavatam 10.3.13):
vidito ‘si bhavan saksat purusah prakrteh parah
kevalanubhavananda- svarupah sarva-buddhi-drk
“Meu Senhor, Você é a venturosa Pessoa Suprema, além da existência material, e Você é a Superalma. Sua forma pode ser concebida pelo conhecimento transcendental, através do qual Você pode ser compreendido como a Suprema Personalidade de Deus. Agora, eu entendo Sua posição perfeitamente”.
No Sruti-sastra, também se afirma:
anandam brahmano rupam
“A forma da Suprema Personalidade de Deus é plena de bem-aventurança”.
Desta forma, prova-se que o Senhor Krsna possui um corpo perfeito, eterno, venturoso e espiritual; Ele não possui um corpo material como aqueles das almas condicionadas.. Isto é descrito no Srimad-Bhagavatam (10.14.55), onde Srila Sukadeva Gosvami diz:
krsnam enam avehi tvam atmanam akhilatmanam
jagad-dhitaya so ‘py atra dehivabhati mayaya
“Você deve conhecer Krsna como a alma original de todas as almas (entidades vivas). Para o benefício do universo inteiro, Ele, em virtude de Sua misericórdia imotivada, aparece como um ser humano comum. Ele faz isso com a força de Sua própria potência interna”.
Este verso estabelece que, pela misericórdia do Senhor Krsna, Ele manifesta passatempos como aqueles de um ser humano comum, possuidor de um corpo material. A palavra “mayaya”, neste verso, pode ser aceita com o significado de “por Sua misericórdia”. O dicionário Visva-prakasa declara:
maya dambhe krpayam ca
“A palavra ‘maya’ pode significar ‘ilusão’ ou ‘misericórdia’.”.
Govinda
O Senhor Krsna desfruta de muitos diferentes passatempos em Sua forma transcendental. Algumas vezes, Ele aceita o papel de um rei na dinastia Vrsni, e, algumas vezes, Ele Se torna Govinda, o protetor das vacas surabhis. Isto é descrito no Srimad-Bhagavatam (12.11.25):
sri-krsna krsna-sakha vrsny-rsabhavani-dhrug-
rajanya-vamsa-dahananapavarga-virya
govinda gopa-vanita-vraja-bhrtya-gita
tirtha-sravah sravana-mangala pahi bhrtyan
“Ó Krsna, Ó amigo de Arjuna, Ó líder dos descendentes de Vrsni, Você é o destruidor daqueles grupos políticos que estão perturbando os elementos desta Terra. Sua proeza jamais se deteriora. Você é o proprietário da morada transcendental, e Suas sacratíssimas glórias, que são cantadas pelos vaqueiros e vaqueiras de Vrndavana e pelos servos deles, concedem toda auspiciosidade simplesmente por serem ouvidas. Ó Senhor, por favor, proteja Seus devotos”.
Em razão de Seu próprio desejo, a Suprema Personalidade de Deus manifesta Sua forma adorável de Govinda e desfruta de passatempos transcendentais específicos com associados eternos específicos. O aspecto Govinda do Senhor será glorificado no Brahma-samhita a partir do verso 29. Govinda também é descrito no Srimad-Bhagavatam (10.27.20-23), onde, no começo do Govinda-abhiseka, a vaca surabhi ora:
tvam na indro jagat-pate
“Ó Senhor do universo, Você é o nosso rei, o nosso Indra”.
Com o término do abhiseka, o Srimad-Bhagavatam explica:
govinda iti cabhyadhat
“O Senhor, então, recebeu o nome Govinda”.
Após narrar estes passatempos, Srila Sukadeva Gosvami orou (Srimad-Bhagavatam 10.26.25):
priyan na indro gavam
“Que o Senhor Govinda, o rei das vacas surabhis, fique satisfeito comigo”.
Embora o Senhor Krsna seja o mestre e o abrigo de todos, Ele é especialmente o mestre das vacas surabhis. Por este motivo, o nome Govinda não deve ser pouco estimado. A importância das vacas é descrita nestas palavras do Go-sukta:
gobhyo yajnah pravartante gobhyo devah samutthitah
gobhir vedah samudgirnah sad-anga-padaka-kramah
“Os yajnas Védicos são realizados para adorar as vacas. Os semideuses levantam-se em respeito às vacas. Os quatro Vedas, os seis Vedangas, e o método pada de recitação são todos manifestos das vacas”.
O Senhor Krsna, por conseguinte, é o mestre das vacas surabhis, que são almas liberadas advindas do planeta Goloka Vrndavana do céu espiritual a este mundo. O Senhor Brahma também adora o aspecto Govinda do Senhor, como Brahma pessoalmente declara nestas palavras do Gopala-tapani Upanisad (1.38):
“Oferecendo orações na companhia dos Maruts e de outros semideuses, sempre satisfaço a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Govinda, cuja forma é eterna e plena de conhecimento e bem-aventurança, e que Se senta sob uma árvore-dos-desejos”.
As gloriosas vacas surabhis e outros residentes de Vrndavana também são glorificados nestas palavras faladas por Brahma (Srimad-Bhagavatam 10.14.34):
tad bhuri-bhagyam iha janma kim apy atavyam
yad gokule ‘pi katamanghri-rajo-‘bhisekam
yaj-jivitam tu nikhilam bhagavan mukundas
tv adyapi yat-pada-rajah sruti-mrgyam eva
“Meu querido Senhor, estou orando muito humildemente a Seus pés de lótus para que Você, por favor, dê-me qualquer sorte de nascimento dentro desta floresta de Vrndavana para que eu talvez possa ser favorecido pela poeira dos pés de alguns dos devotos de Vrndavana. Mesmo que me seja dada a oportunidade de crescer apenas como a humilde grama desta terra, isso será, para mim, um glorioso nascimento. Se, no entanto, não sou tão afortunado a ponto de poder nascer dentro da floresta de Vrndavana, imploro a permissão de nascer na área imediatamente fora de Vrndavana para que, quando os devotos saiam, eles caminhem sobre mim. Mesmo isso me seria uma grande fortuna. Aspiro apenas um nascimento no qual eu possa ser coberto pela poeira dos pés dos devotos. Posso ver que todos aqui são simplesmente plenos de consciência de Krsna. Eles não conhecem nada além de Mukunda. Todos os Vedas estão, na verdade, buscando pelos pés de lótus de Krsna”.
O Senhor também é conhecido como Nandanandana, o filho de Maharaja Nanda. Este aspecto do Senhor é descrito nestas palavras de Brahma (Srimad-Bhagavatam 10.14.1):
“Meu caro Senhor, Você é o único Senhor Supremo e adorável, a Personalidade de Deus. Estou, portanto, oferecendo minhas humildes reverências e orando a Você apenas para agradá-lO. Seus traços corpóreos são da cor de nuvens repletas de água. Você está brilhando com clarões elétricos de cor prata, os quais emanam de Suas vestes amarelas. Que eu possa oferecer minhas respeitosas e repetidas reverências ao filho de Maharaja Nanda, Ele que está de pé diante de mim com brincos de búzio e uma pena de pavão sobre a cabeça. Seu rosto é lindo. Ele está vestindo um elmo, está enguirlandado por flores silvestres, e segura um punhado de comida em Sua mão. Ele está decorado com um bastão, uma flauta e uma corneta de chifre de búfalo. Com Seus pequenos pés de lótus, Ele Se encontra agora de pé diante de mim”.
Deste modo, Govinda e os outros nomes transcendentais do Senhor são explicados. Para concluir esta descrição do Senhor Krsna como o “isvara” (controlador) e o “paramesvara” (controlador supremo), citaremos agora a explicação do Gautamiya Tantra ao dvadasaksara-mantra:
“No dvadasaksara-mantra, a palavra gopi significa ‘natureza material’, e ‘jana’ significa ‘o aspecto original do mahat-tattva’. A palavra ‘vallabha’ significa ‘a Suprema Personalidade de Deus, que é o refúgio tanto da natureza material quanto do mahat-tattva, que é pleno de bem-aventurança transcendental, que é refulgente, e que, porque é o criador original de tudo e é todo-penetrante dentro da criação material, é conhecido como ‘isvara’, o controlador”.
“Outra interpretação é que a palavra ‘gopi’ significa ‘a natureza material’, e ‘jana’ significa ‘as expansões Visnu-tattva do Senhor’. A palavra ‘vallabha’ significa ‘querido a ambos’, e se refere ao Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, que é o mestre de todas as causas e efeitos e que é glorificado nos Vedas”.
“Outra interpretação é que a palavra ‘gopijana’ significa ‘as gopis, as quais obtiveram perfeição espiritual após muitos nascimentos’. O Senhor Krsna é, portanto esposo delas. Deste modo, o Senhor Krsna, que é o filho de Nanda Maharaja e que deleita os três mundos, é descrito”.
Nestes versos, a palavra “prakrti” significa “a potência chamada Maya, que cria os universos materiais”. A palavra “tattva-samuhaka” significa “o aspecto original do mahat-tattva”.. A Suprema Personalidade de Deus, que é referida pelas palavras anayor asrayah e sandanandam param jyotih, é descrito como vallabhah. A palavra “prakrtih”, usada no segundo verso, significa a potência Maha-Laksmi, que se manifesta da própria forma do Senhor Supremo, que é transcendental ao toque da energia material e que aparece no mundo espiritual de Vaikuntha. “Amsa-mandalam” significa “as três expansões primárias de Visnu do Senhor começando com o Senhor Sankarsana”. As palavras “aneka-janma-siddhanam” referem-se ao ciclo sem começo de nascimentos descrito pelo Senhor Krsna nestas palavras do Bhagavad-gita (4.5):
bahuni me vyatitani janmati tava carjuna
“Tanto Eu como você, Ó Arjuna, já passamos por muitos nascimentos”.
Nesta última interpretação, a palavra “vallabha” deve ser compreendida com o significado de “o Senhor Krsna, o filho de Maharaja Nanda”. A paternidade de Maharaja Nanda para com o Senhor Krsna é explicada da seguinte maneira. Garga Muni disse a Maharaja Nanda (Srimad-Bhagavatam 10.8.14):
prag ayam vasudevasya kvacij jatas tavatmajah
“Por muitas razões, este belo filho seu apareceu algumas vezes anteriormente como o filho de Vasudeva”.
Porque Ele apareceu no coração de Vasudeva, o Senhor Krsna também é filho de Maharaja Vasudeva. Isto é descrito nas seguintes palavras (Srimad-Bhagavatam 10.2.16):
avivesamsa-bhagena mana anakadundubheh
“A Suprema Personalidade de Deus entrou na mente de Vasudeva em opulência plena”.
O Senhor Krsna é também o filho do rei de Vraja, pois, ao mesmo tempo em que Ele apareceu perante Vasudeva, o Senhor Krsna também apareceu perante Nanda Maharaja. Este fato é descrito em muitas escrituras. Por conseguinte, o amor parental que Nanda Maharaja dedica ao Senhor Krsna é muito apropriado. O Senhor Krsna nasceu como o filho de Vasudeva e como o filho de Nanda no mesmo momento, assim como o Senhor Varaha manifestou-Se simultaneamente em Varahaloka e como o filho de Brahma. O amor de Maharaja Nanda por Krsna era puro e sem misturas, mas o amor de Maharaja Vasudeva era misturado com o conhecimento da divindade e da opulência transcendental de seu filho. Deste modo, a explicação do Srimad-Bhagavatam 10.8.14 é apropriada. Assim o Senhor Krsna é visto no mantra de doze sílabas.

Tradução de Bhagavan dasa (DvS)