Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Cantar e Estudar

Cantar e Estudar
Definição:
Carta enviada por Srila Prabhupada à J.F.Staal em 15/02/70:"...Quanto ao Bhagavad Gita 9.14,

Kirtayantah certamente significa glorificar, cantar, recitar e conversar, como o Senhor disse; mas glorificar, cantar ou recitar sobre quem?Certamente que é sobre Krsna.A palavra usada a este respeito é Mam ["a Mim"].Portanto, nós não discordamos quando uma pessoa glorifica Krsna, como Sukadeva Goswami fez no Srimad Bhagavatam.Isto também é Kirtanam.A mais elevada entre todas as literaturas védicas é o local adequado para tal glorificação do Senhor Supremo, Krsna, e isso deve ser bem entendido pelo verso:"Ó homens expertos e pensativos, saboreai o Srimad Bhagavatam, o fruto maduro da árvore dos desejos das literaturas védicas.Ele emanou dos lábios de Sri Sukadeva Goswami.Portanto, este fruto tornou-se ainda mais saboroso, embora seu suco nectáreo já fosse saboroso para todos, inclusive as almas liberadas." Srimad Bhagavatam 1.1.3Sri Caitanya Caritamrta Adi 2.117siddhanta baliya citte na kara alasaiha ha-ite krsne lage sudrdha manasa"Um estudante sincero não deve negligenciar a discussão de tais conclusões, considerado-as controversas, porque tais discussões fortificam a mente.Desta forma, a mente torna-se atraída à Krsna."Significado por Srila Prabhupada"...Se devido a preguiça uma pessoa não compreende Krsna conclusivamente, esta mesma pessoa será desviada do culto da devoção,......Para criar esta mudança no coração, as discussões conclusivas sobre Sri Krsna e Suas potências é algo absolutamente necessário....Da mesma forma, outros falsos devotos pensam que estudar os livros dos Acaryas prévios é desaconselhável, comparando-os a filosofias secas empíricas.Mas Srila Jiva Goswami, seguindo os Acaryas prévios, colocou as conclusões das escrituras nas seis teses chamadas Sat Sandarbhas."Portanto:Vaisnava = Aquele que Simultaneamente Canta e Estuda "Existe uma seita de Kaivalyanath Ram Thakur, que diz a seus seguidores para cantarem Hare Krsna e nada mais.Eles nunca falam sobre a Filosofia - a sua resposta as questões são inevitavelmente "Simplesmente Cante Hare Krsna"Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur explica:Devemos estudar o Vedanta?"Devemos estudar o Vedanta, mas não devemos discutir o comentário de Sankaracarya.Receberemos um grande benefício se estudarmos o Vedanta com a ajuda do Sribhasya ou do Govindabhasya.O Srimad Bhagavatam é o comentário original do Vedanta Sutra.Devemos estudar o Vedanta sob a guia do Srimad Bhagavatam.O Vedanta aborda tópicos acerca de cantar o Santo Nome do Senhor.Devemos estudar o Vedanta e também cantar o Santo Nome de Hari."As escrituras são iguais ao Senhor?"Sastra é directamente o Senhor Krsna.É Sua encarnação. O Senhor Krsna pessoalmente manifestou-se neste mundo na forma do Sastra para prover-nos com aquilo que precisamos.sastra-guru-atma'-rupe apanare jananakrsna mora prabhu, trata'jivera haya jnana"As almas condicionadas esquecidas são educadas por Krsna através da literatura Védica, do mestre espiritual realizado e através da Superalma.Através destes, pode-se entender a Suprema Personalidade de Deus como Ele é..."(Cc Madhya 20.123)Se nós tentamos estudar o Sastra perdidos em especulação mental, seremos enganandos.O Sastra revela o seu tesouro somente para as almas rendidas.Pessoas orgulhosas do seu conhecimento não podem entender o verdadeiro significado do Sastra."No "Amrta Vani", Srila Bhaktisiddhanta responde a seguinte pergunta:O que é um especulador mental?"Especuladores mentais são aqueles que ousam atacar a Verdade Absoluta num humor de desafio.Especulação mental, o caminho da argumentação, é o oposto do que é ensinado no Bhagavad Gita (4.34) jnaninas tattva darsinah.Existem dois tipos de pessoas, aqueles que tornam-se inclinados em direcção a Krsna por ouvir de um mestre espiritual autêntico o qual glorifica a Verdade Absoluta,e aqueles que querem desafiar a Verdade Absoluta transcendental utilizando a força do conhecimento que adquiriram através dos seus sentidos.Os primeiros pertencem ao caminho descendente autorizado da sucessão discipular,e os segundos pertencem ao caminho da argumentação.Aquilo que é aceito diretamente é o caminho da sucessão discipular, e aquilo que é aceito indiretamente é o caminho da argumentação.Os cinco tipos de trabalho filosófico (Darsanas) são baseados no argumento.Somente o Vedanta Darsana aceita o caminho autorizado da sucessão discipular.Os Vaisnavas não confundem as coisas e não falam a partir da sua imaginação.Muito pelo contrário, eles encaminham as pessoas para os pés de lótus do Guru.Além disso, a Verdade Absoluta não requer e nem necessita do desafio de ninguém."Caitanya Caritamrta Adi 7.72:"Especuladores filosóficos que querem fazer da filosofia Vedanta uma carreira acadêmica, são considerados como estando dentro da energia material.No entanto, uma pessoa que sempre canta o Santo Nome do Senhor, já está além do oceano de ignorância, e portanto mesmo uma pessoa nascida em família inferior que se ocupa em cantar o Santo Nome do Senhor é considerada como estando além do estudo da Filosofia Vedanta.O Srimad Bhagavatam explica:"Se uma pessoa nascida numa família de comedores de cachorro, canta o Santo Nome de Krsna, deve-se compreender que em vidas passadas deve ter executado todos os tipos de austeridade e penitência e executado todos os Yajnas Védicos." (SB 3.33.7)"Uma pessoa que canta as duas silabas Ha-ri já estudou os quatro Vedas, Sama, Rk, Yajuh e Atharva."Tomando vantagem destes versos,alguns sahajiyas, que consideram tudo de uma forma muito barata, consideram-se eles mesmos Vaisnavas muito elevados, e não preocupam-se em sequer tocar no Vedanta Sutra ou na filosofia Vedanta.No entanto, um verdadeiro Vaisnava estuda a filosofia Vedanta. Mas se após estudar a filosofia Vedanta não canta o Santo Nome do Senhor, não é melhor que um Mayavadi......o Senhor Caitanya exibiu Seus conhecimentos do Vedanta nos Seus discursos com Prakasananda Sarasvati......Um devoto tem de saber da importância de simultaneamente entender a filosofia Vedanta e de cantar o Santo Nome.Devotos baratos (sahajiyas) não se importam de estudar a filosofia Vedanta como comentada pelos Quatro Acaryas.Na Gaudiya Sampradaya existe um comentário do Vedanta chamado Govinda Bhasya, mas os sahajiyas consideram este comentário como uma especulação filosófica intocável, e consideram os Acaryas como sendo devotos mistos..."Srila Prabhupada Ki Jaya!!!Nesta passagem Srila Prabhupada está a explicar que existem aqueles que estão interessados unicamente no Vedanta e não cantam Hare Krsna.Por outro lado, existem aqueles que estão interessados unicamente em cantar Hare Krsna e não estudam as escrituras devocionais.No livro "Apasampradayas" de Suhotra Prabhu ele conta:"Existe uma seita de Kaivalyanath Ram Thakur, que diz a seus seguidores para cantarem Hare Krsna e nada mais.Eles nunca falam sobre a Filosofia - a sua resposta as questões são inevitavelmente "Simplesmente Cante Hare Krsna"Srila Prabhupada conclui:"...Um devoto tem que saber da importância de simultaneamente entender a filosofia Vedanta e cantar o Santo Nome."Não é preciso nenhuma qualificação acadêmica ou dispender algum dinheiro para cantar Hare Krsna e estudar profundamente o Srimad Bhagavatam.Os únicos requisitos necessários são humildade e submissão ao Guru, ao Maha Mantra Hare Krsna e ao Srimad Bhagavatam.

Referência: Prahladesh Dasa

Site relacionado: www.bhakti-tattva.blogspot.com

Diferentes Humores - Do livro "Ética para o Novo Milênio


Diferentes Humores
Do livro "Ética para o Novo Milênio", SS Dalai Lama, Círculo de Leitores,1999, páginas128, 130,131.


"É um facto triste na História da Humanidade que a Religião tenha sido uma tão grande causa de conflitos.Ainda hoje indivíduos são mortos, comunidades destruídas e sociedades desestabilizadas como resultado do fanatismo e inimizade religiosa.Não é de espantar que muitos ponham em questão o papel da religião na sociedade humana." "Em relação à afirmação de cada uma como sendo a "verdadeira religião". Como resolver esta dificuldade? É verdade que, do ponto de vista do praticante, um compromisso total com a sua fé é necessário.Também é verdade que esta afirmação é o resultado da convicção profunda que cada indivíduo tem que o seu caminho é o mediador exclusivo da verdade.Mas ao mesmo tempo temos que encontrar a forma de conciliar esta crença com o facto de existirem inúmeras reinvindicações semelhantes.


Em termos práticos, isto implica que os praticantes encontrem uma maneira de, pelo menos, aceitar a validade dos ensinamentos das outras religiões, embora continuando a manter um compromisso total com a sua fé.Quanto à validade das verdades metafísicas pregadas por cada religião, penso que se trata de um assunto interno de cada religião." "... a diversidade existente entre as várias tradições religiosas é uma grande riqueza.Por conseguinte, não é necessário arranjar maneira de dizer que no fundo todas as religiões são iguais.São semelhantes na medida em que todas sublinham a importância do amor e compaixão no contexto da disciplina ética.Mas esta afirmação não significa que todas sejam uma em essência.Apesar das muitas semelhanças práticas que sem dúvida existem, a concepção totalmente oposta da criação e do sem-começo que o budismo, o cristianismo e o hinduísmo têm, por exemplo, significa que num dado ponto, no que toca às afirmações metafísicas, eles se afastam. Estas contradições podem não ser importantes nos estados iniciais da prática religiosa mas, à medida que avançamos no caminho de uma dada tradição, há sempre uma dada altura em que somos forçados a reconhecer as diferenças fundamentais. Por exemplo, o conceito de renascimento no budismo e em várias outras tradições indianas antigas, podem revelar-se imcompatíveis com a idéia de salvação do cristianismo.Mas isto não tem de ser causa de desalento.


Mesmo no seio do budismo, no campo da metafísica, há pontos de vista diametralmente opostos." Fim da citação. Com a permissão dos Vaisnavas e Vaisnavis. A associação entre diferentes denominações religiosas dentro do Gaudiya Vaisnavismo ou fora dele podem e devem ocorrer. Mas sem imposições. Nós temos um amigo zen budista e uma amiga cristã não fundamentalisrta.Quando eles vêm a nossa casa, nós cantamos Hare Krsna e então eu ou minha espôsa lemos um verso do Bhagavad Gita ou do Srimad Bhagavatam e o significado de Srila Prabhupada..Eles sabem que nós pertencemos a uma determinada Instituição dentro do Gaudiya Vaisnavismo.Nós explicamo-lhes isto. E eles não tentam impor nada.Da mesma forma, quando vamos a casa deles participamos dos rituais deles e não tentamos impor nada. Cá em Portugal existe a segunda maior Comunidade Hindu fora da India, depois da Inglaterra. Eles tem um Templo enorme chamado Templo Radha Krsna.Também cá em Portugal existe um lugar muito importante para os Católicos chamado Fátima, aonde Nossa Senhora de Fátima manifestou-se para 3 pastorzinhos..


Certa vez, o Pujari da Comunidade Hindu do Templo Radha Krsna foi visitar Fátima, e no meio do Santuário realizou sem a autorização de ninguém um Arotik completo para Nossa Senhora.Isto gerou bastante desconforto para a comunidade Católica de Portugal.Posteriormente, o Pujari desculpou-se, e agora continua a visitar Fátima sem problemas. Recentemente o Papa Bento XVI ao visitar um Pais muçulmano, participou nas cerimônias em uma mesquita sem interferir.Também o fez numa Igreja Ortodoxa. Certa vez, um discípulo de Bhaktivedanta Swami deixou a associação dos devotos e alguns meses mais tarde voltou.Havia tornado-se cristão.Pediu a Srila Prabhupada para morar novamente no Templo mas gostaria de no Templo continuar suas práticas pessoais.Srila Prabhupada disse que ele teria que seguir o programa do TemploAlgum tempo depois este discípulo foi embora.


Podemos dizer que Srila Prabhupada não foi misericordioso? Srila Prabhupada era muito misericordioso e também muito cuidadoso em relação ao Sincretismo Religioso. O discípulo poderia associar-se com os devotos mas para viver entre eles teria que seguir o programa estabelecido. Na minha singela opinião, quando vamos a uma Igreja, Mesquita, Stupa, Sinagoga ou Matha que não seja a nossa devemos ir para ouvir e respeitar os rituais, mestres e diferentes humores das mesmas.


Vosso servoPrahladesh Dasa

Da Moralidade à Espiritualidade - From Morality to Spirituality





Artigo originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo] – Revista fundada por Srila Prabhupada no ano de 1944.




Da Moralidade à Espiritualidade
From Morality to Spirituality




Por Chaitanya Charana Dasa



Não faltam notícias falando sobre corrupção, nepotismo ou infidelidade. Os políticos dizem, "Uma educação ética e moral é a solução". Mas a maior parte das pessoas já não têm o errado como certo? Eu diria que sim. Elas acham que vão se dar melhor na vida se não seguirem códigos morais. E exortações por parte dos moralistas, ou legislações por parte dos políticos, não parecem inspirar essas pessoas a pensarem diferente.
Viver sob princípios morais é como seguir as leis de trânsito para se ter uma viagem segura e tranqüila. Não se viaja, todavia, com o propósito de se seguir as leis, mas com o propósito de alcançar um destino. Se uma pessoa que está viajando sente que as leis de trânsito atrapalham-no a alcançar seu destino, ela talvez quebre essas leis se acredita que pode ficar impune. Assim como as leis de trânsito, princípios morais promovem ordem, especialmente no âmbito das relações sociais. Mas a educação moderna não nos ensina sobre o objetivo das transações sociais ou sobre o objetivo da vida em si. Assim, as pessoas talvez sigam valores morais motivadas pela cultura ou tradição, mas abandonam estes valores quando seduzidas por algo ou quando as circunstâncias não forem muito favoráveis. Ainda pior, para se obter as incessantemente glorificadas metas da sociedade moderna de consumo - fama, riqueza, luxo, poder, prazer, prestígio - encoraja-se, e às vezes até mesmo se exige, um comportamento imoral. O Bhagavad-gita (16.8-15) explica que uma visão de mundo baseado no materialismo conduz a pessoa à luxúria insaciável e à cobiça, que, por sua vez, conduzem à execução de atos corruptos. Sendo constantemente bombardeadas com os valores materialistas, as pessoas talvez sintam que, se forem morais, perderão muito e não ganharão nada tangível. Além do mais, nossa educação sem valores religiosos não nos dá nenhum conhecimento acerca de qualquer lei superior a do homem. E a incapacidade de reformação de nosso sistema penal também é bem famosa. O resultado? A moralidade parece ser totalmente dispensável, especialmente para os espertos e poderosos. Em tal contexto, como podemos esperar que um simples conselho inspire as pessoas a serem morais?



Amor: A Base da Moralidade



"Moralidade significa falta de oportunidade". Este ditado americano expressa bem a abordagem utilitária da moralidade. Os textos Védicos da antiga Índia afirmam que moralidade sem espiritualidade é algo infundado e, portanto, impermanente. Se nós realmente aspiramos por moralidade em nossa sociedade, precisamos introduzir uma educação sistemática centrada em uma meta de vida positiva. Os textos Védicos nos informam de uma meta de vida espiritual que é universal e não-sectária: desenvolver amor puro por Deus. Somos todos seres espirituais destinados a desfrutar de nossa eterna relação amorosa com o supremo ser espiritual todo-atrativo, Deus. Sendo espirituais por natureza, não podemos encontrar verdadeira felicidade em aquisições materiais, mas unicamente em nosso inato amor por Deus. Quanto mais amamos Deus, mais felizes nos tornamos.
O amor por Deus tem por conseqüência o amor por todas as entidades vivas, sendo essas nossos irmãos e irmãs na grande família universal de Deus. Quando realmente amarmos todos os seres, não iremos querer explorá-los ou manipulá-los para a satisfação de nossos desejos egoístas. Ao contrário, nosso amor por Deus irá nos inspirar a nos amarmos e a nos servirmos mutuamente: criando uma cultura de amor e confiança, que traz o comportamento moral consigo. Já a cultura moderna de alienação e desconfiança, em grande contraste, traz a imoralidade consigo.



Práticas espirituais genuínas, mesmo nos primeiros dias de prática, despertam nosso inato sistema de valores. Nós intuitivamente realizamos que Deus é nosso maior bem-querente. Por conseqüência, de forma voluntária e amorosa, escolhemos seguir os princípios morais da vida espiritual, como sugeridos por Deus, sabendo que são o melhor para nós. E à medida que redescobrimos a felicidade de se amar a Deus, tornamo-nos livres da luxúria, da cobiça e das motivações egoístas. Já não mais achamos faltar algo porque somos morais. A moralidade deixa de ser a escolha "difícil mas necessária", e passa a ser a escolha fácil e natural no nosso caminho de amadurecimento espiritual.



Não se Trata de uma Utopia



Alguns talvez digam, "Isso soa muito bonito, mas não é científico, é utópico". Em outras palavras, vivemos em uma era em que apenas a visão de mundo prática e científica é considerada lógica e aceitável. Mas seria a visão de mundo Védica realmente ilógica e impraticável?
Nós temos sempre que lembrar que a ciência nunca provou a não-existência de Deus ou da alma; mesmo que muitos cientistas escolham a reducionista abordagem do universo como algo destituído de qualquer realidade espiritual. Mas de uma forma um tanto impressionante, mesmo dentro dessa priori reducionista, alguns cientistas aceitam que há fortes evidências que sugerem a existência de um criador supra-inteligente (Deus) e uma fonte de consciência não-material dentro do corpo (alma).
O amor por Deus só pode parecer utópico até o momento em que não conhecemos a coerente filosofia que traça o caminho para sua aquisição. Através de práticas espirituais genuínas, como orações, meditação e o cantar dos nomes de Deus, qualquer um pode experimentar um grande crescimento espiritual. Uma vez que tenhamos experimentado amor imortal, realizaremos que o amor é definitivamente a meta última da vida.



Moral Superior



Alguém que conheça alguns episódios da vida de Krsna e de Seus devotos talvez levante a objeção: "Mas o próprio Krsna, algumas vezes, age de forma imoral. E igualmente agem seus devotos. Como é possível que a adoração a um Deus imoral ajude-nos a nos tornamos morais?".
Para entender isso, precisamos, primeiramente, tecer algumas considerações acerca do propósito último de todos os valores morais. Estamos perdidos na escuridão da ignorância do mundo material, sem saber o que devemos fazer e o que não devemos fazer. Como um archote, os valores morais iluminam nosso caminho. Eles nos protegem de nos perdermos pelo caminho, e nos mantêm na direção de nosso objetivo maior - amar a Krsna e retornar a Ele. Mas Krsna é a fonte de toda a moralidade, assim como o sol é a fonte de toda a luz. Porque Ele é plenamente auto-satisfeito, Ele age unicamente por amor a nós, sem nenhuma mácula de egoísmo. Ele age ou para reciprocar nosso amor ou para ajudar-nos a não nos desviarmos de nosso caminho religioso. Ele não precisa de códigos morais porque não tem sequer o menor vestígio de desejos egoístas. Somos nós quem precisamos de códigos morais, exatamente porque estamos cheios de desejos egoístas. Mas se nos tornamos orgulhosos de nossa moralidade e tentamos examinar Krsna a partir dela, isso é como tentar iluminar o sol usando uma tocha. Isto não só é tolice, mas também perda de tempo.
Quando o sol nasce por seu próprio arranjo, sua refulgência revela toda a sua glória. Similarmente, quando Krsna decide se revelar espontaneamente, podemos entender como são imaculadas Suas glórias e moral. Até lá, o melhor a fazermos é seguirmos escrupulosamente os códigos morais para darmos prazer a Ele, até que, estando satisfeito, Ele se revele a nós. E devemos, também, tomar cuidado para não nos tornarmos orgulhosos de nosso comportamento adequado.
Se aceitarmos a posição de Krsna como o Senhor Supremo, podemos entender um pouco sobre como Suas atividade são morais. Krsna, por exemplo, rouba manteiga das casas das vaqueiras de Vrndavana. Mas como se pode considerá-lO um ladrão quando foi Ele quem criou tudo e portanto é o proprietário de tudo? Ele assume o papel de uma criança para reciprocar o amor maternal de Seus devotos. Seus furtos, executados como a diversão de uma criança travessa, aumentam o apego e afeto de Seus devotos amorosos. Como isso pode ser comparado aos nossos furtos, que têm por conseqüência o sofrimento, a dor e a punição?
De forma similar, Krsna aceita o papel de um belo jovem para reciprocar o amor dos devotos que anseiam por uma relação conjugal com Ele. Seu amor pelas gopis, as jovens vaqueirinhas, não é baseado na beleza de seus corpos, mas na devoção de seus corações. Algumas pessoas alegam que os passatempos de Krsna com as gopis são como as relações luxuriosas entre garotos e garotas comuns. Mas, então, por que grandes santos que renunciaram completamente o amor sexual deste mundo, aceitando-o como insípido e grosseiro, iriam adorar os passatempos de Krsna com as gopis. Mesmo hoje, milhares de pessoas ao redor de todo o mundo estão se livrando dos desejos luxuriosos por cantarem os nomes de Krsna e por adorá-lO. Se Krsna fosse controlado pela luxúria, como seria possível para Ele livrar Seus devotos da mesma?
Na batalha contra os Kauravas, Krsna insta os Pandavas a agirem imoralmente Mas isso é como uma autoridade instar um policial a exceder o limite de velocidade para que ele prenda bandidos que estão dirigindo acima do limite develocidade. O policial está (aparentemente) infringindo a lei para servir ao verdadeiro objetivo da lei. Similarmente, os Pandavas quebram valores morais para servirem ao objetivo superior de Krsna: estabelecer leis morais tirando os imorais Kauravas do poder.
Em circunstâncias excepcionais, os devotos de Krsna talvez tenham que agir de forma aparentemente imoral para cumprirem seu dever, que visa o benefício último de todas as entidades vivas. Mas, de forma geral, os devotos seguem códigos morais como uma oferenda devocional a Krsna. De fato, sem devoção, nós não teríamos a força interior necessária para manter por toda a vida os valores morais que aceitamos.
Nós temos que ser cautelosos ao tentarmos entender as ações de Krsna, que estão acima da moralidade. De outra forma, nós podemos entendê-lO errado e rejeitar Seu amor, condenando-nos, assim, a ficarmos longe da verdadeira moral e a sofrermos as reações karmicas provenientes de nossas compreensões equivocadas.
Se queremos ser morais de forma constante, exortações vazias e uma legislação ineficaz não bastam. Enquanto se incentivar às pessoas a conquistarem metas materiais, elas verão a moralidade como algo imprático ou até mesmo indesejável. Apenas quando tomarem o amor por Deus como a meta da vida é que a moralidade se tornará desejável e coerente. Portanto, em um nível sociológico, temos que introduzir a prática e a educação espiritual genuína, que conduzirá as pessoas ao amor por Deus e a objetivos interiores. E, em um nível individual, reconhecer a base espiritual da moralidade é algo muito motivador. Essa consciência permite-nos agir livre da necessidade de aprovação de outros, da apatia ou da indignação por ser o único a agir corretamente. Em um tecido cancerígeno, uma célula saudável pode ativar o processo de cura das demais. Similarmente, quando o câncer da imoralidade aflige a sociedade moderna, cadaum de nós pode, por conduzir sua própria vida de forma espiritual e íntegra, ativar o processo de cura da sociedade.



Tradução por Bhagavan dasa (DvS)