Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Sannyasa-yoga - Ocupando-nos em Satisfazer Única e Exclusivamente o Senhor Krishna



Sannyasa-yoga




Ocupando-nos em Satisfazer Única e Exclusivamente o Senhor Krishna




Por Bir Krishna Prabhu (DVS), Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização.


29/11/2007.




Ocorreu-me esses dias meditar sobre alguns princípios básicos da consciência de Krishna e encontrei no transcorrer do meu estudo diário do Bhagavad-gita, esta definição de Srila Prabhupada para sannyasa-yoga que, creio eu, resume um dos preceitos fundamentais do cultivo do amor à Pessoa Suprema, Sri Krishna. Assim, Srila Prabhupada explica que sannyasa-yoga significa que a pessoa deve procurar conhecer sua posição constitucional como entidade viva, e agir em conformidade. Vejamos o que quer dizer isso? Srila Prabhupada esclarece mais adiante a sua fala dizendo: “O ser vivo não tem identidade separada independente. Ele é uma energia do Supremo. Quando está acorrentado a energia material, é condicionado, e quando consciente de Krishna, ou está inteirado da energia espiritual, então, está em seu verdadeiro estado de vida”. E prosseguindo em sua definição de sannyasa-yoga, Srila Prabhupada pontua: “Portanto, quando alguém está em conhecimento completo, cessa todo o gozo dos sentidos materiais, ou renuncia a todas as espécies de atividades que produzem o gozo dos sentidos. Isto é praticado pelos yogis que eliminam dos sentidos o apego material. Mas quem é consciente de Krishna não deixa aparecer a oportunidade de ocupar seus sentidos em algo que não seja para o propósito de Krishna. De modo que pode se considerá-lo ao mesmo tempo como um sannyasi (renunciante) e um yogi”. Srila Prabhupada expõe tudo isso como uma preliminar a seu significado para o verso do Bhagavad-gita que se segue e elucida ainda mais o termo sannyasa-yoga: yam sannyasam iti prahur yogam tam viddhi pandaya na hy asannyasta-sankalpo yogi bhavati kascana (Bg. 6.2). “Fica sabendo que aquilo que se chama renuncia é o mesmo que yoga, ou união com o Supremo, ó filho de Pandu, pois só pode tornar-se um yogi quem renuncia ao desejo de gozo dos sentidos”. O conceito de sannyasa-yoga é bastante significativo para aquele que cultiva o amor a Deus, pois, no momento histórico que atravessamos, onde cada vez mais os ditames do consumo e da gratificação irrestrita dos sentidos se alastram por toda parte, fico aqui pensando o quanto é trabalhoso não se deixar arrastar por tal mentalidade avassaladora. Portanto, situarmo-nos em sannysasa-yoga, isto é, conhecer nossa posição constitucional como partes integrantes e servos eternos do Senhor e ocuparmo-nos em satisfazê-lO única e exclusivamente através de todas nossas atividades rotineiras, revela-se de fundamental importância para uma vida bem sucedida. A este respeito, Srila Prabhupada declara: “O verdadeiro objetivo da auto-realização é que a entidade viva abandone toda a satisfação egoísta e esteja preparada para satisfazer o Supremo. O devoto consciente de Krishna não deseja nenhuma espécie de gozo pessoal. Ele sempre se preocupa em dar prazer ao Supremo. Quem não tem nenhuma informação sobre o Supremo fatalmente ocupa-se em buscar sua satisfação, porque ninguém pode permanecer inativo. Todos os propósitos se cumprem perfeitamente através da prática da consciência de Krishna”. Portanto, sannyasa-yoga ou bhakti se cumpre quando ouvimos sobre Krishna em livros tais como o Bhagavad-gita e o Srimad-bhagavatam, cantamos os Seus santos nomes, nos associamos com os Seus devotos, comemos prasada (alimento oferecido ao Senhor), prestamos algum serviço na missão de Srila Prabhupda (como distribuir os seus livros), adoramos as deidades ou visitamos os lugares sagrados onde o Senhor desempenhou alguns de Seus passatempos eternos. Isso é facil, muito simples e agradável de ser praticado.




HARE KRISHNA

O Gita Condensado - The Gita Condensed



Artigo originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo] – Revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944




O Gita Condensado The Gita Condensed




por Kalakantha Dasa




Em 1968, Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada publicou o Bhagavad-gita Como Ele É, que desde então vendeu dezenas de milhões de cópias em várias línguas. Como um devoto de Krsna em tempo integral e sanscritólogo perito, Srila Prabhupada reportou com todas as letras a clara conclusão do Gita, que muitos comentadores obscurecem com suas traduções liberais, e por terem também outros importantes afazeres em suas agendas. Os significados de Srila Prabhupada iluminam para nós os versos falados por Krsna e Arjuna. A versão condensada desse diálogo histórico que será aqui apresentada combina pontos chaves de versos e significados na mesma seqüência em que aparecem no original. Os versos não são citações diretas, e por isso não substituem o Bhagavad-gita Como Ele É em sua versão original. Em vez disso, esta versão provém uma visão geral do tratado filosófico do Gita. Ela está em conformidade com a compreensão apresentada por Srila Prabhupada e pode ser usada com fim introdutório ou para revisão. Parte 1: Ação Arjuna: Krsna, por favor, conduza minha quadriga até o meio de ambos os exércitos. Deixe-me ver quais seguidores do infrator das leis, Duryodhana, vieram até aqui para lutar. Krsna (Guiando a bela quadriga dourada para o meio dos dois gigantescos exércitos que se contemplavam no campo de batalha): Apenas veja, meu primo, todos os grandes guerreiros aqui reunidos. Arjuna (horrorizado): Krsna, eu não posso lutar contra esses parentes queridos, professores e mais velhos. Toda a minha família seria destruída. Prefiro morrer, ou simplesmente viver como um mendigo. Krsna (sorrindo gentilmente): Você esqueceu-se que todos são almas eternas, e não corpos físicos. Você pode matar o corpo, mas não a alma. Arjuna: Krsna, como eu poderia matar esses homens dignos de adoração? Qualquer possível vitória seria maculada pelo derramamento do sangue deles. Eu não sei o que fazer. Por favor, instrua-me. Krsna: Meu amigo, você é um guerreiro. Lute, mas não para seu prazer pessoal. Lute para o prazer do Supremo. Então você estará agindo como a alma eterna que você de fato é. Lute contra todas as variedades de materialismos e seja um yogi. Arjuna: O que fazem os yogis? Como eles agem? Krsna: Os yogis executam seus deveres externos sem apego, porque eles se tornaram senhores de seus sentidos e mente. Eles desfrutam de uma felicidade interior, que está esquecida por muitos. Arjuna: Você está me dizendo para ser feliz interiormente e ao mesmo tempo pedindo que eu lute. Isso é contraditório. Krsna: Você não pode viver sem agir, Arjuna. Ao invés de agir para seu prazer pessoal, faça o que você faz como um sacrifício ao Supremo. Assim, você será feliz. Arjuna: O que é isso que me faz agir egoistamente? Krsna: Luxúria, Arjuna, nascida de desejos inesgotáveis. A luxúria destrói sua habilidade de pensar claramente. Por muitos anos Eu venho ensinando as pessoas a como usar a yoga para que se livrem da luxúria. Eu ensinei ao deus do sol, que ensinou ao seu filho, que começou uma longa corrente de professores. De alguma forma, todavia, o conhecimento original se perdeu, por isso, hoje, Meu caro amigo, Eu irei ensinar este conhecimento para você. Arjuna: Como Você pode ter ensinado algo ao deus do sol, que é muito mais velho do que Você? Krsna: Corpos comuns envelhecem e morrem, Arjuna, mas Meu corpo é espiritual e jamais se deteriora. De tempos em tempos, Eu apareço na sociedade para ajudar as pessoas boas e aniquilar as más. As pessoas boas tornam-se livres da luxúria e direcionam seu amor para Mim. Mas existem vários tipos de pessoas, e Eu reciproco a cada uma individualmente. Aja em harmonia com Meu plano, Arjuna. Quando assim o fizer, tudo o mais – seu trabalho, seu equipamento, seu conhecimento – se tornarão parte de uma bem-aventurada oferenda, um sacrifício para o Supremo. Há vários tipos de sacrifício, Arjuna, por isso você deve encontrar um guru verdadeiramente iluminado para que lhe ajude explicando cada sacrifício. Agir sem apego e agir para o Meu prazer são ambas formas de yoga. Todavia, agindo para Mim, você automaticamente age sem apego. Lembre-se que sou Seu amigo, o proprietário de tudo, que todas as ações se destinam a mim. Então você terá interminável paz interior. Você cumprirá seu dever em perfeita yoga, ou união coMigo. Para isso, você talvez ache útil executar as longas austeridades do processo místico da yoga e da meditação. Arjuna: Fazer a mente sentar-se quieta é como tentar controlar os ventos. A yoga mística parece muito difícil para mim. Krsna: Sim, ela é difícil, mas não impossível. Arjuna: E se eu começar a trilhar o caminho da yoga e falhar? Eu então serei um perdedor, tanto material quanto espiritualmente. Krsna: Como pode haver perda, quando se faz o que deve ser feito? No mínimo, sua próxima vida será melhor. Por outro lado, se você conseguir aprender a Me amar, na hora da morte virá a Mim e deixará para trás este mundo terrível. Parte 2: Devoção Krsna: Arjuna, escute o que tenho a lhe dizer. Você é uma das poucas almas que querem conhecer a verdade. Apenas tente entender estes pontos: Tudo emana de Mim, Arjuna, até mesmo os três tipos de materialismos, que afetam a todos, exceto a Mim, que os criei. Pessoas que sejam materialistas, arrogantes, pseudo-sábios ou tolos, ignoram-Me. As pessoas buscam por Mim quando estão curiosas, desesperadas, tristes ou quando são sábias. Pessoas que pensam que sou apenas uma manifestação do Brahman, o espírito sem forma, jamais Me conhecem pessoalmente. Mas os sábios que servem a Mim, vêm a Mim após a morte. Arjuna: Fale-me, por favor, sobre este espírito sem forma, bem como dos deuses, da alma, do karma, e de Sua presença em meu coração. E, por favor, diga-me como posso conhecê-lo na hora da morte. Krsna: O espírito sem forma, ou Brahman, é minha refulgência espiritual, e as almas espirituais - ou centelhas individuais – são da mesma natureza espiritual. Por natureza, as almas individuais são servos, mas, se elas decidem servir a este temporário mundo material, elas sofrem com a lei do karma. Quanto aos deuses, eu os criei para administrarem este mundo material. E, sim, Eu vivo em seu coração como a Superalma, Arjuna. Para lembrar-se de Mim à hora da morte, pratique lembrar-se de Mim enquanto luta. Em outros momentos, pense em mim como o mais velho e sempre jovem, grande e minúsculo, mas sempre como uma pessoa, radiante como o sol. Os yogis místicos se submetem a longos, profundos e mecânicos processos de meditação para deixarem seus corpos em um momento exato. Isso os ajuda a irem ao Meu encontro no mundo espiritual – o único mundo livre da miséria dos repetidos nascimentos e mortes. Mas lhe é possível chegar lá simplesmente por lembrar-se de Mim. De fato, por servir a Mim, você obtém tudo o que por ventura ganharia através do estudo, da austeridade, da caridade, renúncia ou de qualquer outra atividade religiosa. Diria mais. Essa instrução é o rei da educação, Arjuna. Porque você não Me inveja, você é qualificado para receber este conhecimento. Você deve apenas ouvir com fé. Eu crio o universo e tudo o mais dentro dele, mas Eu continuo um indivíduo, intocado por Minha criação. Tolos me vêm como um homem comum, mas as grandes almas se curvam perante Mim e Me servem com amor. Outros, ao contrário, oferecem grandes sacrifícios aos deuses, porque têm interesse nos prazeres materiais que os deuses podem lhes dar. Mas se alguém me oferece apenas um pouco de água ou uma flor ou algum alimento vegetariano, Eu aceito. Mesmo que você cometa erros, Eu lhe aceitarei; Sou equânime para com todos, mas parcial para com Meus devotos. Seja Meu devoto, e Eu lhe prometo que virá a Mim. Em resumo, apenas saiba que Eu crio tudo. Sempre Me sirva e fale sobre Mim, e você será feliz, pois Eu, situado dentro de seu coração, destruirei com a luz brilhante do conhecimento a escuridão nascida na ignorância. Arjuna: Eu sinto muito prazer em ouvi-lO, Krsna. Parece-me que apenas Você pode conhecer a Si mesmo. Como poderia eu conhecê-lO? Krsna: Quando você se deparar com o melhor de algum grupo – como o tubarão entre os peixes, ou o leão entre as feras, por exemplo – lembre-se de Mim. Lembre-se que qualquer beleza que você contemple neste mundo é apenas uma centelha de Meu verdadeiro esplendor. Arjuna: Krsna, Você gentilmente desfez minha ilusão. Embora eu possa vê-lO agora como Você é, se Você acha que sou capaz de contemplar essa forma, mostre-me Sua forma na qual Você é todo este universo e tudo o que há dentro dele. Krsna: Sim, Arjuna. Eu lhe darei agora olhos divinos para contemplar essa visão divina. Contemple-a! Arjuna (espantado): Krsna, eu vejo os grandes deuses com suas armas e jóias, vejo inumeráveis planetas, tudo é deslumbrante, com todas as cores imagináveis. A refulgente glória de tudo isto está me cegando. Mesmo os deuses se curvam com medo perante Você. Você é mesmo a origem de tudo, Krsna! Você testemunha a tudo com Seus olhos, que são o sol e a lua. (com medo) Agora posso vê-lO destruindo os corpos de todas as entidades vivas com Seus dentes afiados e assustadores. Meus parentes, meus amigos – todos estão indo em direção a seus dentes! Por que está fazendo isso? Krsna: Eu sou o tempo, a morte de tudo. Todos estes guerreiros já estão mortos por meu arranjo, Arjuna. Lute como Meu instrumento e tenha para si a fama eterna! Arjuna (tremendo): Grandioso Senhor, ofereço-Lhe minhas reverências de todas as formas! Toda entidade viva deveria glorificá-lO, mas eu tolamente Lhe tratei como um amigo. Por favor, perdoe-me, assim como um pai perdoa um filho ou uma esposa perdoa o marido. E, por favor, permita-me vê-lo novamente como Krsna. Krsna: Minha forma universal lhe assustou, Arjuna. Fique calmo. Contemple novamente a forma que lhe é querida. Arjuna, mesmo que uma pessoa execute todo tipo de atividade piedosa, ela não pode ver-Me assim, como Krsna. Apenas através do serviço devocional é possível conhecer-Me como sou. Arjuna: Meu Senhor, eu devo contemplá-lO como Krsna ou como o infinito, como o espírito sem forma? Krsna: Alguns meditam em Mim como o espírito sem limites. Este tipo de meditação é problemática, mas eles acabam Me alcançando. Mas se você pensar diretamente em Mim, Eu prontamente lhe resgatarei do oceano de nascimentos e mortes. Se você não é capaz de pensar sempre em Mim, então escute e cante minhas glórias através da prática de bhakti, ou serviço devocional. Se você não pode fazer isso, então trabalhe para Mim, ou ao menos trabalhe em caridade, porque desapego da mentalidade egoísta traz paz – mais do que traz o mero conhecimento. Pessoas que pensam em Mim com devoção desenvolvem grandes qualidades, como gentileza, tolerância, estabilidade emocional e determinação. Elas amam a Mim, e Eu as amo. Parte 3: O Conhecimento Espiritual Arjuna: Krsna, qual a relação do corpo e da alma? Krsna: A alma é como um campo de atividades para a alma. Uma alma comum se interage com o corpo usando os sentidos para experimentar diferentes emoções, como a luxúria e o ódio. Todavia, com a ajuda de um mestre espiritual [guru], uma alma sábia se torna desapegada do corpo material. Tal pessoa é humilde, equilibrada e verdadeiramente livre. Como a Superalma, Eu ofereço instrução para todas as almas, sejam elas sábias ou não. Toda alma pode escolher entre Mim e o materialismo. Aqueles que escolhem o materialismo sofrem repetidos nascimentos e mortes em diferentes espécies de vida. Aqueles que escolhem a Mim, passam a conhecer todas as coisas: espirituais e materiais. Deixe-Me falar-lhe mais sobre a energia material. Ela se manifesta em três variedades, ou modos: bondades, paixão e ignorância. Como o Pai que dá a semente, Eu animo a matéria inerte dando a ela as almas espirituais. Então os modos controlam o resto. O modo da bondade condiciona a alma à felicidade temporária, o da paixão à ambição, e o da ignorância à ilusão. Os três modos da natureza competem entre si pela supremacia, levando você, a alma eterna, de uma condição material para outra. Apenas quando estiver livre do controle desses modos, você poderá provar o sabor da felicidade verdadeira. Arjuna: Como alguém se situa acima dos três modos? E tendo conquistado os três modos, como a pessoa se comporta? Krsna: Para conquistar os modos e ficar livre tanto do bom karma quanto do mau karma, simplesmente ame e sirva a Mim em todas as circunstâncias. Assim, quando os oscilantes modos irem e virem, você apenas os observará, sem apego ou aversão. Nesse estado, você será inabalavelmente calmo e tratará a todos com equanimidade. Arjuna, imagine este mundo como uma grande e ancestral figueira de bengala, cujos galhos crescem para baixo e se transformam em raízes. É impossível dizer onde esta árvore começa ou termina. Se você quiser escapar do enredamento desses galhos, você deve cortar esta árvore. Então, você poderá entrar em Minha morada auto-refulgente, na qual não há necessidade de luz solar ou eletricidade. Quando você chegar à Minha morada, você não terá saudades dessa árvore mortal. Eu quero que todos venham à Minha morada, por isso Eu sento-Me no coração de todos como a Superalma, e ofereço instrução espiritual. Eu também escrevo a literatura Védica para que as pessoas possam conhecer a Mim. Eu sou superior tanto aos materialistas quanto às almas iluminadas. Se você conhecer a Mim, você se tornará sábio, e tudo o que fizer redundará em perfeição. Eu acabei de lhe dizer algo sobre as almas iluminadas: elas são honestas, puras, auto-controladas e desapegadas. Você está entre essas pessoas, Arjuna, mas deixe-Me falar-lhe um pouco sobre os materialistas, os desvirtuados ateístas. Pessoa não-divinas não sabem o que deve ser feito ou o que não deve ser feito. Elas são sujas, desonestas e exageradamente interessadas em sexo. Pensando que Minha criação na verdade pertence a eles, eles constroem armas destrutivas e se sentem poderosos e orgulhosos. Suas ocasionais manifestações de religiosidade e caridade são destituídas de significado, pois são escravos da luxúria. Presos no materialismo pela avareza e irá, eles caem em formas inferior de vida nascimento após nascimento. As escrituras sagradas, que podem salvá-los desse fado, não lhes interessam. Arjuna: O que acontece com aqueles que não se baseiam nas escrituras sagradas [Vedas], mas criam seus próprios processos de adoração? Krsna: Uma religião imaginada é produto dos três modos. No modo da bondade a pessoa adora os deuses; no modo da paixão, políticos e homens poderosos; e na ignorância, fantasmas que podem lhe fazer favores. Os três modos afetam a tudo, mesmo sua comida. Sucos, gordura natural e alimentos integrais são do modo da bondade; alimentos amargos, salgados, ácidos e picantes são do modo da paixão; e alimentos putrefatos, frios ou velhos são da ignorância. Os modos também influenciam o tipo de caridade que você dá e qual tipo de disciplina você estabelece para si mesmo. Mesmo assim, você não deve abandonar os atos de caridade e penitência. Arjuna: O que significa, portanto, ser renunciado? Krsna: Renúncia significa desapego aos frutos do trabalho. Uma pessoa no modo da bondade trabalha por uma questão de dever, renunciando aos resultados. Outra, no modo da paixão, renuncia o trabalho quando ele apresenta algum obstáculo. Outra ainda, no modo da ignorância, trabalha com preguiça e de forma confusa. Vendo outros como almas espirituais e agindo com esse conhecimento, você se situará no modo da bondade. Isso requer um esforço da mente, mas a dificuldade inicial logo é retribuída com a chegada da felicidade verdadeira. Felicidade no modo da paixão parece esplendida no começo, mas termina sendo dolorosa. Felicidade no modo da ignorância, como o uso de drogas, é amarga do começo ao fim. Aqueles que agem no modo da bondade, ou brahmanas, normalmente são juízes, professores ou sacerdotes. Ksatriyas, aqueles que trabalham no modo da paixão, normalmente são administradores, policiais ou soldados. Paixão e ignorância se combinam para produzir os vaisyas, comerciantes e agricultores. Aqueles com predominância do modo da ignorância são chamados sudras, e trabalham como artesãos, operários ou subordinados. Independente do melhor tipo de trabalho que se adéqüe a você, trabalhando para o Supremo, seu trabalho é yoga, e portanto é divino. Assim, é melhor cumprir seu dever, mesmo que imperfeitamente, do que cumprir o dever de outrem com perfeição. Meu querido Arjuna, apresentarei agora um resumo de tudo o que ensinei até então. Servindo a Mim, você aprenderá a agir e a viver com conhecimento e de forma simples, controlando sua mente e seus sentidos e renunciando os frutos de seu trabalho. Muito em breve você desfrutará de paz e obterá internamente uma felicidade sem precedentes, e apreciará todas as entidades vidas. Em tal estado de consciência, você alcançará Minha morada. Pense sempre em Mim e mantenha-se devotado a Mim; Eu livrarei seu caminho de qualquer obstáculo. Se você tornar-se egoísta e pensar que pode trilhar esse caminho sozinho, você se perderá. Você é um guerreiro, Arjuna; devido a sua natureza você terá invariavelmente que lutar por algo. Lute para Mim e você retornará para Minha morada. Acabei de lhe dizer os segredos da perfeição. Pense em tudo o que lhe falei, e faça aquilo que for de seu desejo. Como você é muito, muito querido a Mim, eu concluo aqui: Pense sempre em Mim. Torne-se Meu devoto. Adore-Me e ofereça-Me suas homenagens, e você retornará a Mim. Abandone todas as suas outras ocupações, Arjuna, e se submeta a Mim. Não tema: Eu lhe livrarei dos resultados de qualquer erro do passado. Por favor, repita essas Minhas palavras, mas apenas para pessoas piedosas. Isso garantirá plenamente que você voltará a Mim, pois ninguém pode ser-Me mais querido do que aquele que distribui esta mensagem. E todo aquele que ouve está mensagem com fé, sem nenhum sentimento de inveja, alcança o mundo dos piedosos. Arjuna, você entendeu o que Eu lhe disse? Arjuna (confiante): Infalível Krsna, você destruiu minhas ilusões e dúvidas. Por Sua misericórdia, eu pude lembrar-me quem eu sou. Agora, seguindo suas instruções, estou pronto para lutar.




Tradução por Bhagavan dasa (DVS)

Acordando do Sonho


Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundadapor Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944Acordando do SonhoWaking from the Dream


por Jahundvipa Dasa


Nós, almas que habitamos o mundo material, estamos sob a influência da potênciailusória de Krsna, Maya Devi. Assim como uma pessoa esquece sua vida enquantosonha a noite, nós que vivemos no mundo material vivemos em ignorância de nossaidentidade verdadeira, e por isso se diz que estamos dormindo. A "realidade" aqual estamos tão acostumados é apenas um sonho. Nossa existência espiritual,aquela da qual nos esquecemos - nossa existência eterna no reino espiritual - éa realidade.Como podemos distinguir entre realidade e ilusão? Em um sonho, tudo parece maisou menos real. Nós experimentamos os mesmos registros de emoções e impressõesde quando estamos acordados. Sonhos parecem bastante reais. O que, então, fazdo sonho irreal? No Bhagavad-gita, o Senhor Krsna responde dizendo querealidade é aquilo que existe sem cessação, que existe de forma contínua eeterna. Um sonho, portanto, uma vez que tem começo e fim, não pode ser real. Aexistência real é contínua."Aqueles que são videntes da verdade concluíram que não há continuidade para oinexistente [o corpo material] e que não há interrupção para o existente [aalma]. Eles concluíram isto estudando a natureza de ambos". (Bhagavad-gita2.16)Quando o Senhor Krsna se refere ao corpo material como "inexistente", Ele estádizendo que ele é temporário; sua existência não é um fato permanente."Inexistente" não quer dizer que o corpo e o mundo material simplesmente nãoestejam aqui, ou que são "falsos", como afirmam alguns impersonalistas.Em contraste com a existência eterna, nossa atual existência é efêmera einsubstancial - apenas um breve momento, como um sonho. Por mais longa que sejaa vida dentro deste sonho, ela encontrará fim, e, no reino da eternidade, nossaduração de vida de sessenta ou oitenta anos não é mais que um piscar de olhosna vastidão da eternidade, que sequer registra esse tempo. Essa verdade seaplica também ao computador que estou usando agora para escrever. Mesmo que eufosse embora e deixasse o computador aqui sozinho, sem nunca mais tocar nele, otempo iria destruí-lo, e sua identidade, ou forma, deixaria de existir.Para nós, mil ou um milhão de anos pode parecer uma quantia de tempoconsiderável, mas, do ponto de vista, digamos, do Senhor Brahma, o primeiro servivo criado no universo (que vive inimagináveis 311.040 trilhões de anos),certamente o meu computador, a mesa que sustenta meu computador, bem como acasa que abriga a mesa, não podem ser tidas como existentes. Antes que o SenhorBrahma tenha terminado sua higiene matinal, nós teremos nascido e morridomilhares de vezes.A vida do Senhor Brahma dura tanto quanto o universo no qual estamos vivendo.Ou seja, ele vive enquanto o universo existe. Então, em relação à percepção detempo do Senhor Brahma, nossas vidas são tão curtas e insignificantes que, paratodos os fins, elas praticamente não existem. De forma similar, no tempo eternodo reino espiritual, o Senhor Brahma e o universo no qual vivemos são tãoinsignificantes e inexistentes quanto nós somos em relação ao universo. Krsnaexplica isso no Bhagavad-gita (8.17-20):"Pelo cálculo humano, quando se soma um total de mil eras, obtém-se a duraçãode um dia de Brahma. E esta é também a duração de sua noite"."No início do dia de Brahma, todos os seres vivos se manifestam a partir doestado imanifesto, e depois, quando cai a noite, voltam a fundir-se noimanifesto"."Repetidas vezes, quando chega o dia de Brahma, todos os seres vivos passam aexistir, e, com a chegada da noite, são desamparadamente aniquilados"."Entretanto, há uma outra natureza imanifesta, que é eterna e transcendental aesta matéria manifesta e imanifesta. Ela é suprema e jamais é aniquilada.Quando todo este mundo é aniquilado, aquela região permanece inalterada". Outro PlanoKrsna diz existir um reino eterno, transcendental a este mundo temporário emanifesto. Aqui neste plano todas as nossas experiências e atividades sãosimilares as de um sonho porque, com o tempo, são reduzidas a uma lembrançavaga, e, então, perdem-se completamente como se nunca tivessem existido. E, porfim, dormimos na morte. Mas, nos plano espiritual, desfrutamos de umaexperiência contínua de eternidade - tendo acordado para nossa vida real.Por isso nossa presente existência em um corpo que muda da infância para ajuventude e em seguida para a velhice é irreal e semelhante a um sonho. Nossavida neste determinado corpo tem começo e fim, e por isso se trata de um sonho.Nossa vida não é irreal no sentido de que não tenha seu papel e posição. Éclaro que tem. Se eu bater minha cabeça contra a parede, ela vai doer, e essador é bastante real. Portanto, o fator de irrealidade do corpo é que ele acabae que ele nunca poderá cumprir sua promessa de nos dar a felicidade que tantoansiamos.Essa é a verdadeira ilusão do mundo material. Uma pessoa talvez considere odesfrute no mundo material como algo substancial. O que há de errada em sedesfrutar? O que há de errado em se buscar felicidade? A resposta é que oprazer da vida sempre acaba. É isso que há de errado. Tal prazer jamais poderásatisfaze o eu, porque o eu é eterno e, portanto, anseia por prazer eterno."Uma pessoa inteligente não se envolve com as fontes de miséria, que se devemao contato com os sentidos materiais. Ó filho de Kunti, tais prazeres têmcomeço e fim, e, por tanto, o sábio não busca prazer neles". (Bhagavad-gita5.22)Como podemos ver pelas palavras de Krsna acima, não só não podemos encontrarsatisfação nos prazeres temporários, mas os mesmos objetos de prazer nos trazemsofrimento. A miséria sempre acompanha a felicidade material. Sendo a almaeterna por constituição, não podemos encontrar satisfação no temporário. A vidano mundo material nunca irá nos satisfazer, não importa o quanto degratificação sensorial consigamos. É exatamente como um sonho. Podemosexperimentar alguma felicidade sensorial enquanto nos envolvemos com atividadesprazerosas, mas sempre temos que acordar para a realidade cheia de miséria elamentação. De um sonho, acordamos para a nossa vida diária; e de nossa vida,acordamos para doenças, velhice, morte e outras calamidades. Lembranças que se Apagam Na vida, as atividades a que nos dedicamos se tornam memórias, e essas memóriasse tornam sonhos. Todas as experiências que tivemos, boas e ruins, são apenasmemórias agora - fracas e sem substância - como um sonho que tivemos. Nós asesquecemos como se, de fato, nunca tivessem existido. Em essência, não hádiferença entre um sonho que tivemos e as experiências que de fato aconteceramconosco. Quando um homem velho senta-se na praça e fica contemplando as jovensque passam apressadas, não lhe é muito agradável lembrar de todo o prazer quesentiu quando tinha a companhia de mulheres. Algumas pessoas, às vezes, dizem que viveram plenamente, que têm boaslembranças para se apoiarem. Mas, de fato, as memórias do passado não sãosuficientes para nos satisfazer. As lembranças de momentos de desfrute quetivemos no passado ou a esperança de tê-los no futuro não podem satisfazer aprofunda carência que existe em nossos corações. Nossos sentidos e nossa mentepodem encontrar algum alívio em relacionamentos, ou mesmo em posses, mas porpouco tempo. Mesmo que amemos fielmente a mesma pessoa por toda a nossa vida eaquela pessoa reciproque nosso amor, a felicidade não será eterna -obrigatoriamente haverá separação, e a miséria tomara espaço novamente. Não hámaneira de evitar isto: a vida material é um poço de lamentações.Krsna diz: "Partindo do planeta mais elevando do mundo material e descendo aomais baixo, todos são lugares de miséria, onde ocorrem repetidos nascimentos emortes. Mas quem alcança a Minha morada, ó filho de Kunti, jamais volta anascer". (Bhagavad-gita 8.16)Agora, se não houvesse alternativa para a vida material, a existência seriaalgo realmente sombrio. Muitas pessoas que não têm conhecimento da alternativapositiva da consciência de Krsna acham a verdade acerca do mundo material algomuito deprimente. Mas, da mesma forma que um sonho denota algo real, nossa vidamaterial temporária é nada um reflexo distorcido de nossa vida real e eterna.O véu de nossa percepção material cobre, atualmente, nossa consciência e nossamentalidade. É isso que faz com que acreditemos ser possível encontrarfelicidade no mundo material através do corpo temporário. A alma deixa seu meiooriginal e eterno e entra no mundo temporário da matéria. Srila Prabhupadacompara tal posição como a de um peixe fora d'água. Fora de seu meio natural, opeixe não pode desfrutar, e logo morre. Não importa quanto prazer sejaoferecido ao peixe: ele não poderá desfrutar estando fora de seu meio natural.De forma similar, temos que morrer repetidas vezes, debatendo-nos por poucosmomentos inconseqüentes na praia do tempo. Esse ciclo só encontra fim quandoacordamos para nossa existência real.Nós viemos ao mundo material porque desejamos imitar a posição de Krsna como osupremo desfrutador e controlador. Como jamais poderemos usurpar a posição deKrsna, Ele bondosamente nos coloca para dormir na vida material para quepossamos sonhar que somos os desfrutadores e controladores.O processo espiritual genuíno da consciência de Krsna ajuda a alma que dorme nocolo de Maya a acordar para a realidade - a realidade da vida espiritual. Emrealidade, somos eternamente plenos de conhecimento e bem-aventurança. Mas,dormindo, não podemos realizar isso, senão que tentamos encontrar felicidade emnossos sonhos - sejam eles a busca pelo amor, a família, o sucesso, a riquezaou qualquer outra solução dentre diversas soluções temporárias. Procuramos afelicidade fora de nós, sendo que ela está o tempo todo dentro de nós. Somocomo um cervo que ignora o riacho próximo e corre para o deserto em busca deágua.Os sábios nos informam que a solução para essa lastimável condição, a maneirade se livrar dessa ignorância existencial, é o cantar do mantra Hare Krsna. Porisso, os membros do movimento Hare Krsna anseiam em ver todos cantando HareKrsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama,Hare Hare. O Kali-santarana Upanisad diz sobre o cantar do maha-mantra: "Essa éa única maneira de se combater os males de Kali-yuga. Mesmo que se busque portodos os Vedas, não se encontrará uma forma de religião mais sublime".


Tradução por Bhagavan dasa (DvS)