Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

terça-feira, 24 de abril de 2007

Aos Pés de Lótus do Mestre Espiritual


Aos Pés de Lótus do Mestre Espiritual


Por Bir Krishna Prabhu (DVS), Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização – IBAR. Uberaba, MG. 20/04/2007.

Aproximar-se de um mestre espiritual, creio que longe de ser uma mera questão de modismo ou algo impulsionado por qualquer outra motivação material significa sem duvida estar imbuído de uma forte vontade de resolver as grandes questões existenciais: de onde eu vim? Porque estou sofrendo? Para onde eu vou após a morte? E, ademais, expressa um imenso anseio por ouvir o som transcendental da boca de semelhante alma auto-realizada e ser por fim digno de sua misericórdia. Por isso o próprio Senhor Krishna aconselha:

tad viddhi pranipatena
pariprasnena sevaya
upadeksyanti te jnanam
jnaninas tattva-darsinah
(Bg. 4.34).

“Tenta aprender a verdade aproximando-te de um mestre espiritual. Faze-lhe perguntas com submissão e presta-lhe serviço. As almas auto-realizadas te podem transmitir conhecimento porque viram a verdade”.

Ao comentar esta instrução do Senhor Krishna, Srila Prabhupada alerta: “Condenam-se neste verso, a obediência cega e as perguntas absurdas. Não só é necessário ouvir com rendição o mestre espiritual, mas também se deve obter dele um entendimento claro, com submissão, serviço e indagações. Um mestre espiritual autentico é por natureza muito bondoso para o discípulo. Portanto, quando o aluno é submisso e está sempre disposto a prestar serviço, a troca de conhecimento e perguntas torna-se perfeita”.

Mas alguém poderá objetar, então que tipo de perguntas deve ser feito ao mestre espiritual? Creio que se seguirmos o exemplo de Arjuna, o estudante perfeito do Bhagavad-gita, poderemos espelhar-nos nas perguntas bastante significativas que endereça ali ao Senhor Krishna. Assim por entre diversas perguntas formuladas por Arjuna, no Bhagavad-gita, uma particularmente me parece bastante relevante para quem deseja investigar os caminhos tortuosos que levam ao labirinto da psique humana, e podendo também ser objeto de investigação sobre a natureza das perguntas que devem ser dirigidas ao mestre espiritual.

atha kena prayukto yam
papam carati purusah
aniccham api varsneya
balad iva niyojitah
(Bg. 3.36).

“Ó descendente de Vrshni, que impele alguém a atos pecaminosos, mesmo contra a sua vontade, como se ele agisse à força?”.

Creio que este tipo de indagação já passou pela mente de muitos de nós, na seguinte forma, “eu não queria ter feito isso, no entanto fiz, o que agora me envergonha e entristece, porque isso?”. É dito que uma pergunta bem formulada é meio caminho em direção as respostas certas. Portanto se examinarmos a pergunta de Arjuna, ela poderá nos revelar muitos aspectos de como devemos nos dirigir ao mestre espiritual em busca do conhecimento. Assim a indagação feita ao guru deve principalmente mostrar:

a profunda reverência e confiança que temos pelo mestre espiritual. A confiança é o termômetro da relação mestre-discípulo, se ela inexistente a corrente de transmissão de conhecimento é interrompida. É preciso, portanto, abandonar a armadura completamente diante do mestre espiritual e ficar aberto e receptivo;

uma atitude de inocência. Quando uma pergunta é considerada inocente? Se a resposta existe na mente do discípulo, a pergunta não é inocente, ela é ardilosa. Neste caso, ainda que o mestre espiritual responda, a resposta não alcançará o coração do discípulo, pois, este ultimo não está suficientemente vazio para receber a resposta. Inexiste um encontro de almas;

um grande anseio por saber, uma grande duvida. Na realidade um discípulo deve perguntar sabendo bem que não sabe. Isto é, ele está de fato com sede e pede água. Ele está com fome e pede comida;

Na realidade quando alguém formula uma pergunta assim como a de Arjuna, que contempla os aspectos acima assinalados, ele se torna um discípulo na verdadeira acepção da palavra. Quando não se sabe, se é humilde. Quando se sabe, se é na grande maioria das vezes, puro falso ego. Uma pergunta como a de Arjuna encontra um interlocutor na pessoa do mestre espiritual disposto a transmitir o conhecimento. Por isso, o Senhor Krishna responde de modo preciso à pergunta de Arjuna que é inocente, e surge em sua essência da ignorância, assim Ele esclarece-o, pois, o mestre é naturalmente bondoso com o discípulo:

kama esa krodha esa
rajo-guna-samudbhavah
mahasano maha-papma
vidhy enam iha vairinam
(Bg. 3.37).

“É somente a luxuria, Arjuna, que nasce do contato com o modo material da paixão e mais tarde se transforma em ira, e que é o inimigo pecaminoso que tudo devora neste mundo”. A resposta do mestre espiritual tal qual uma semente tem de encontrar uma terra fértil para poder germinar e produzir frutos. Isto é o significado do discipulado. Meditemos nisso.



HARE KRISHNA