Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami
Jagad Guru Srila Prabhupada

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A Doutrina de Sri Chaitanya


Todas as glórias a Śrīla Prabhupāda!
Todas as glórias a Śrī Śrī Guru e Gaurānga!
Extraído do livro "Bhaja Govindam"por Chandramukha Swami
“O Conhecimento Védico é realmente volumoso e contém uma variedade de obras védicas, que abarcam tanto o conhecimento material como o espiritual. Certamente, a essência do conhecimento védico é a auto-realização e a realização de Deus e, conforme a doutrina de Sri Chaitanya Mahaprabhu, estas duas realizações são simultaneamente uma e diferentes.
A essência do Vedanta é apresentada por Sri Chaitanya em Sua doutrina conhecida como achintya-bhedabheda-tattva : a Verdade Absoluta é simultaneamente igual e diferente da Sua criação.
Toda criação é simultaneamente Deus e também não é Deus. Sob a forma de Sua expansão energética, ela é Deus, mas porque a Personalidade de Deus situa-se à parte de Sua criação, ela não é Deus. Em outras palavras, tudo não passa de uma emanação de Deus e de Sua energia.
Basicamente existem três tipos de energias do Senhor: a energia material (constituída de terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e ego falso); a energia marginal (ou os seres vivos que se tornaram encobertos por esta energia material); e a energia espiritual ou interna de Deus (que manifesta o céu espiritual muito além de nossa visão).
Por carregar o calor e luminosidade do sol, a luz do sol é uma extensão do sol e, num sentido, é também considerada como sendo o próprio Sol. De modo semelhante, todas as energias são extensões de Deus. Isto significa que, como Sua extensão, elas são Deus também, mas simultaneamente não são Deus, por que Ele existe à parte de Suas energias. Como o próprio Senhor declara no Bhagavad-gita (9.4):
maya tatam idam sarvam, jagad avyakta murtina mat sthani sarva bhutani, na caham tesv avasthitah.
"Em Minha forma imanifesta (paramatma) Eu penetro todo este universo. Todos os seres estão em Mim (brahmajyoti), mas Eu (bhagavan) não estou neles".- Bhagavad-gita 9.4
Desse modo, as entidades vivas são unas com Deus em qualidade espiritual, mas são diferentes d'Ele. Ele é o Todo Completo, e a entidade viva é Sua parte e parcela, minúscula em quantidade. A Verdade Absoluta é compreendida em três estágios como Brahman, Paramatma, e Bhagavan. É bem conhecido que as escrituras védicas pregam que Brahman é a grande Verdade. Mas não é tão conhecido (especialmente no ocidente) que Brahman é somente o estágio inicial de auto-realização. Realização do Brahman significa compreender que nosso eu é uma partícula minúscula de energia transcendental do Senhor, que está existindo dentro de um corpo material.
O corpo material é feito de energias grosseiras; terra, água, fogo, ar e éter; e de energias sutis: mente, inteligência e ego falso. O eu (que é consciente) na verdade nada tem haver com estas coberturas grosseiras e sutis. O corpo material é cheio de designações, tais como, "Sou negro", "Sou branco", "Sou chinês", "Sou americano", "Sou rico", "Sou triste", "Sou um ser humano", "Sou um cachorro", "Sou um anjo", etc. Isso tudo não passa de fachada externa. Todas as entidades vivas estão iludidas por maya (ou ilusão) levando-as a pensar que "Eu sou este corpo". Na verdade, o eu é a alma consciente dentro do corpo. O eu é Brahman, espírito eterno. De uma maneira ou de outra, a alma caiu no mundo material e está passando pelas dores do corpo e da mente.
Ela está falsamente se identificando com o corpo e a mente, pensando que está sofrendo as dores do nascimento, velhice, doença e morte. A alma, portanto, está reencarnando de um corpo para outro, criando uma civilização iludida voltada para satisfazer os sentidos materiais temporários, enquanto que o eu real está adormecido lá dentro. Pela prática do desapego, pela meditação filosófica e por mantermo-nos indiferentes à energia material, podemos chegar a realizar Brahman e compreender nossa identidade espiritual eterna, à parte da cobertura do corpo e da mente. Assim situado transcendentalmente, nosso eu pode progredir ao próximo estágio de auto-realização, a compreensão de Paramatma.
Uma alma auto-realizada deve pensar: "Qual a natureza, o dever ou a atividade do verdadeiro eu espiritual?" Segundo a literatura Védica, o eu é uma partícula minúscula do Eu Supremo, o Todo Completo; portanto, sua função é cooperar com o Todo Completo. Quando a alma auto-realizada entra dentro de si e aproxima-se da Alma Suprema, a Alma Suprema pode manifestar-se dentro do coração do eu individual.
A expansão de Deus que está dentro do coração de todos seres vivos e, ao mesmo tempo, dentro de cada átomo da criação, é conhecida como Paramatma, ou Vishnu. Conforme declarado no Bhagavad-gita (18.61), isvarah sarva-bhutanam, hrid-deshe'rjuna tisthati : "O Senhor Supremo está sentado dentro do coração de todos os seres vivos e está dirigindo suas andanças pelo universo". Também se afirma nos Upanishads: dva suparna sayujya sakhaya : o Senhor acompanha os seres vivos em sua jornada pelo mundo material, encorajando-os a olhar para dentro e buscar Deus. Desse modo, d hyanavasthita tad gatena, manasa pasyati yam yoginah : a forma Vishnu do Senhor dentro do coração é a meta verdadeira da meditação.
Primeiramente, auto-realização significa compreender nossa natureza eterna, espiritual, divina. No próximo estágio, realizamos que o eu é uma parte e parcela minúscula do Senhor Supremo. Assim como a alma individual tem forma e personalidade, semelhantemente o Todo Completo, a Verdade Absoluta, também tem forma e personalidade. É um conceito errôneo pensar que a auto-realização consista em abandonar nossa identidade.
Possuímos uma identidade espiritual eterna. Precisamos simplesmente aprender a deixar esta identidade temporária, designada corporalmente. Por apreciar nossa identidade espiritual e também a grandeza da Identidade Suprema e realizá-lO dentro de nosso coração, podemos avançar ao estágio mais elevado de realização.
Este estágio mais elevado de realização é a realização da forma suprema do Senhor Supremo, a fonte de todas energias. D'Ele emanam todas as energias materiais e espirituais e é dEle que nos expandimos, d'Ele Se expandem as formas Vishnu do Senhor e dEle Se expandem todas encarnações do Senhor que agraciaram este planeta através da história. O Senhor Brahma explica no Brahma-samhita:
isvarah paramah krishnah, sac-cid-ananda vigrahah anadir adir govinda, sarva karana karanam
"A Suprema Personalidade de Deus é Krishna. Ele possui uma forma eterna de êxtase e conhecimento. Ele não possui origem, mas é a origem de tudo, a causa de todas causas".
O Senhor Brahma continua explicando o Senhor Supremo assim, venum kvanantam aravinda-dalayataksham : "Ele é de uma cor espiritual azul, estando de pé no céu espiritual na Sua forma curvada em três pontos, tocando Sua flauta, atraindo a todos por Sua beleza, poder, misericórdia, etc.". Esta forma pessoal do Senhor é conhecida como Krishna ou Govinda, que é a Pessoa Suprema de quem todas as religiões autênticas estão direta ou indiretamente se aproximando. Compreendê-lO e aproximar-se dEle numa relação devocional, num estado rendido, é a meta mais elevada da vida.
Compreender a Personalidade de Deus só é possível pela prática de bhakti-yoga, ou serviço devocional, conforme declarado no Bhagavad-gita (18.55), bhaktya mam abhijananti yavan yas chasmi tattvatah : "Somente pelo serviço devocional exclusivo Eu posso ser conhecido como sou".
Desapego, conhecimento e pensamento puro poderão ajudar-nos a compreender Brahman e a meditação pode-nos elevar até realizarmos Paramatma. Mas, somente o serviço devocional rendido pode elevar-nos à realização plenamente satisfatória e completa de nossa relação eterna com Deus.
A prática do serviço devocional é descrita especialmente no Srimad-Bhagavatam como sravanam-kirtanam vishnu smaranam, etc.: "Devemos nos ocupar em ouvir, cantar, meditar e adorar Vishnu ou Krishna". São práticas essenciais o estudo da literatura védica conforme dada pelos devotos puros de Krishna (não por especuladores mentais), adoração do Senhor na forma de Sua Deidade e glorificação do Senhor pelo canto de Seu Santo Nome. O melhor mantra para cantar, conforme ensinado nos Puranas e exemplificado por Sri Chaitanya Mahaprabhu, é o maha-mantra, o grande cantar da liberação:
Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare
Portanto, aqueles que desejam compreender a realidade a respeito de si próprios e a verdade sobre a vida devem ser justos e verazes, viver uma vida interna e externamente limpa e ocupar-se na verdadeira atividade da vida, a auto-realização espiritual. Auto-realização é plenamente manifestada na compreensão de que jivera svarupa haya, krishnera nitya dasa: "A entidade viva é a serva eterna de Krishna". Dedicando todas as atividades espirituais e materiais ao serviço de Krishna, servindo-O diretamente e cantando Seus nomes, chegaremos à perfeição da vida.”


Publicado por Anadi Devi

Nenhum comentário:

Postar um comentário