Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Um Retiro Espiritual na Vila Saranagati



Artigo originalmente publicado no periódico Volta ao Supremo [Back to Godhead] Julho/Agosto - 2007


Um Retiro Espiritual na Vila Saranagati
A Spiritual Summer Retreat in Saranagati Village

Por Vishakha Devi Dasi


Cerca de quarenta e cinco anos atrás, nas águas azuis do lago do acampamento Kawakee, depois de muita prática e bater de pernas, eu coordenei meus membros, cabeça e corpo e consegui a seqüência de movimentos necessários. Finalmente eu podia nadar. Os quatro verões que passei naquele pequeno acampamento ao norte de Nova Iorque foram suficientes para que eu me apaixonasse pela natureza, por caminhadas e pela vida sem carros ou televisão. Lá eu me tornei consciente da importância da amizade e da solicitude. Aprendi a como ressuscitar alguém, a como cuidar de feridas, e a como sobreviver com o mínimo de recursos. Mas nunca me ocorreu de perguntar qual era a meta da vida ou como alcançá-la. E olhando para trás agora, eu acho que nenhum outro no acampamento Kawakee, colega ou instrutor, também se perguntou sobre isso. Para mim, essas perguntas seriam respondidas muitos anos depois – quando entrei em contato com os ensinamentos de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada.
Srila Prabhupada explicava repetidamente que este corpo é temporário, e a alma, eterna. Na forma de vida humana, podemos, se assim desejarmos, abandonar os compromissos materiais e executarmos serviço devocional aos pés de lótus do Senhor Krsna sem desejar recompensas mundanas. Servindo ao Senhor com devoção, diz Srila Prabhupada, iremos, aos poucos, tornando-nos elegíveis a voltar ao lar, voltar ao Supremo. Ele também diz que não devemos nos tornar pais ou mães a não ser que possamos salvar nossos filhos dos repetidos nascimentos e mortes – do ciclo de transmigração da alma – ocupando-os no serviço devocional ao Senhor Supremo, Sri Krsna.
Essas instruções são claras e são confirmadas pelas escrituras. E, para nós que somos pais, a última é especialmente um grande desafio. A futilidade das atividades materiais e a necessidade de vida espiritual talvez sejam bem evidentes para nós, mas nossos filhos querem diversão e agitação – do tipo fornecida pelo acampamento Kawakee – especialmente durantes suas férias de verão.
Em uma carta para seus discípulos, Srila Prabhupada ofereceu uma solução prática para essa dificuldade: “A criança deve ser instruída de forma a se tirar vantagem de sua tendência a brincar. Ensine às crianças jogos e brincadeiras de Krsna. Elas podem ser vaqueirinhos, vacas, pavões, demônios, etc.. Se elas pensarem em Krsna enquanto brincam, como se estivessem de fato com Ele, então elas se tornaram conscientes de Krsna mui rapidamente”. Ele adicionaria mais tarde, “Deixem-nas aprenderem algo, cantarem, dançarem e comerem muita prasadam se quiserem; e não se preocupem com a natureza de brincar que elas têm. Deixem elas brincarem e correrem. Isso é natural”. Essas instruções formam a base do acampamento infantil de verão na Vila Saranagati, British Columbia, Canadá.
Livre da algazarra e tensão da vida urbana, Saranagati, a quatro horas e meia de carro de Vancouver, é uma área de 650 hectares abençoada um com lago cristalino, cujos moradores são dedicados ao princípio de vida simples e têm como meta progredir gradualmente na vida espiritual seguindo as instruções de Srila Prabhupada.
O acampamento infantil de verão, iniciado por Mataji Radha Kunda e Prabhu Kartamasa Delaney, começa suas atividades diárias com os campistas cantando japa, e em seguida fazendo um kirtana para as pequenas deidades de Krsna-Balarama do casal, ambos filhos de discípulos de Prabhupada. Apoiados nas diretrizes de Srila Prabhupada (“alguns exercícios são necessário para o bom desenvolvimento”, Prabhupada disse), eles organizam o dia das crianças com exercícios físicos e trabalhos de equipe: tudo a céu aberto. Os pequenos campistas aprendem a fazer velas, aprendem a usar arco e flecha, e ajudam uns aos outros através de um percurso com obstáculos. Eles nadam e caminham, criam dioramas com as atividades de Krsna e, para o prazer dos moradores de Saranagati, exibem um peça teatral com os passatempos do Senhor.
Em 2006, quando o trabalho de Radha e Kartamasa como professores impediu que eles continuassem na direção do acampamento, Amrta Devi tornou-se a conselheira chefe do acampamento com o apoio dos pais dos campistas e de vários moradores de Saranagati. Assim como Radha e Kartamasa, Amrta queria que as crianças se divertissem, desenvolvessem novas habilidades, e se tornassem mais conscientes de Krsna.
Sentada em uma cabana de madeira artesanal, Amrta diz, “A primeira instrução de Prahlada Maharaja para seus colegas de sala foi que, assim como os adultos, as crianças também podem executar as atividades próprias do serviço devocional. Há diversos corpos nos quais as entidades vivas podem habitar, e é muito raro conseguir um nascimento humano. Embora a forma humana seja temporária – como todos os corpos materiais – ela é significativa por permitir à entidade viva servir a Krsna com devoção. Mesmo um pequeno sincero serviço devocional pode dar à criança a mais elevada perfeição.
Amrta para um instante para ajudar um campista no seu projeto de construção com madeira.
“Nós queremos que os campistas saibam que o serviço devocional é algo natural”, ela continua. “Queremos que eles saibam que o Senhor Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, é o amigo mais querido e o benquerente de cada um deles. Ao invés de ficarem confusas durante a infância, perdendo tempo e se envolvendo com más companhias, essas crianças estão tendo a oportunidade de servirem ao Senhor. O relacionamento dessas crianças com a Pessoa Suprema é um fato, e elas podem agir e falar de modo a dar prazer a Ele. O Senhor Krsna está além da concepção do conhecimento material, mas Ele pode ser entendido até mesmo por uma criança que O sirva com amor”.
Um dia depois do encerramento das atividades do acampamento de 2006, um dos campistas, Rasamandala, de onze anos, disse, “Eu adorei tudo aqui, do começo ao fim. Eu nem sei dizer qual foi minha atividade favorita, porque foram todas muito boas”.
Seu pai, Yoginatha Dasa, disse, “Esse acampamento é uma oportunidade para a nova geração de devotos aprenderem a se relacionarem bem, a praticar atividades devocionais, para aprenderem novas maneiras de servir a Krsna; e tudo isso enquanto se divertem. De fato, isso não se trata de um mero acampamento de verão no final das contas, mas é, na verdade, um retiro espiritual.


Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

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