Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Acordando do Sonho


Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundadapor Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944Acordando do SonhoWaking from the Dream


por Jahundvipa Dasa


Nós, almas que habitamos o mundo material, estamos sob a influência da potênciailusória de Krsna, Maya Devi. Assim como uma pessoa esquece sua vida enquantosonha a noite, nós que vivemos no mundo material vivemos em ignorância de nossaidentidade verdadeira, e por isso se diz que estamos dormindo. A "realidade" aqual estamos tão acostumados é apenas um sonho. Nossa existência espiritual,aquela da qual nos esquecemos - nossa existência eterna no reino espiritual - éa realidade.Como podemos distinguir entre realidade e ilusão? Em um sonho, tudo parece maisou menos real. Nós experimentamos os mesmos registros de emoções e impressõesde quando estamos acordados. Sonhos parecem bastante reais. O que, então, fazdo sonho irreal? No Bhagavad-gita, o Senhor Krsna responde dizendo querealidade é aquilo que existe sem cessação, que existe de forma contínua eeterna. Um sonho, portanto, uma vez que tem começo e fim, não pode ser real. Aexistência real é contínua."Aqueles que são videntes da verdade concluíram que não há continuidade para oinexistente [o corpo material] e que não há interrupção para o existente [aalma]. Eles concluíram isto estudando a natureza de ambos". (Bhagavad-gita2.16)Quando o Senhor Krsna se refere ao corpo material como "inexistente", Ele estádizendo que ele é temporário; sua existência não é um fato permanente."Inexistente" não quer dizer que o corpo e o mundo material simplesmente nãoestejam aqui, ou que são "falsos", como afirmam alguns impersonalistas.Em contraste com a existência eterna, nossa atual existência é efêmera einsubstancial - apenas um breve momento, como um sonho. Por mais longa que sejaa vida dentro deste sonho, ela encontrará fim, e, no reino da eternidade, nossaduração de vida de sessenta ou oitenta anos não é mais que um piscar de olhosna vastidão da eternidade, que sequer registra esse tempo. Essa verdade seaplica também ao computador que estou usando agora para escrever. Mesmo que eufosse embora e deixasse o computador aqui sozinho, sem nunca mais tocar nele, otempo iria destruí-lo, e sua identidade, ou forma, deixaria de existir.Para nós, mil ou um milhão de anos pode parecer uma quantia de tempoconsiderável, mas, do ponto de vista, digamos, do Senhor Brahma, o primeiro servivo criado no universo (que vive inimagináveis 311.040 trilhões de anos),certamente o meu computador, a mesa que sustenta meu computador, bem como acasa que abriga a mesa, não podem ser tidas como existentes. Antes que o SenhorBrahma tenha terminado sua higiene matinal, nós teremos nascido e morridomilhares de vezes.A vida do Senhor Brahma dura tanto quanto o universo no qual estamos vivendo.Ou seja, ele vive enquanto o universo existe. Então, em relação à percepção detempo do Senhor Brahma, nossas vidas são tão curtas e insignificantes que, paratodos os fins, elas praticamente não existem. De forma similar, no tempo eternodo reino espiritual, o Senhor Brahma e o universo no qual vivemos são tãoinsignificantes e inexistentes quanto nós somos em relação ao universo. Krsnaexplica isso no Bhagavad-gita (8.17-20):"Pelo cálculo humano, quando se soma um total de mil eras, obtém-se a duraçãode um dia de Brahma. E esta é também a duração de sua noite"."No início do dia de Brahma, todos os seres vivos se manifestam a partir doestado imanifesto, e depois, quando cai a noite, voltam a fundir-se noimanifesto"."Repetidas vezes, quando chega o dia de Brahma, todos os seres vivos passam aexistir, e, com a chegada da noite, são desamparadamente aniquilados"."Entretanto, há uma outra natureza imanifesta, que é eterna e transcendental aesta matéria manifesta e imanifesta. Ela é suprema e jamais é aniquilada.Quando todo este mundo é aniquilado, aquela região permanece inalterada". Outro PlanoKrsna diz existir um reino eterno, transcendental a este mundo temporário emanifesto. Aqui neste plano todas as nossas experiências e atividades sãosimilares as de um sonho porque, com o tempo, são reduzidas a uma lembrançavaga, e, então, perdem-se completamente como se nunca tivessem existido. E, porfim, dormimos na morte. Mas, nos plano espiritual, desfrutamos de umaexperiência contínua de eternidade - tendo acordado para nossa vida real.Por isso nossa presente existência em um corpo que muda da infância para ajuventude e em seguida para a velhice é irreal e semelhante a um sonho. Nossavida neste determinado corpo tem começo e fim, e por isso se trata de um sonho.Nossa vida não é irreal no sentido de que não tenha seu papel e posição. Éclaro que tem. Se eu bater minha cabeça contra a parede, ela vai doer, e essador é bastante real. Portanto, o fator de irrealidade do corpo é que ele acabae que ele nunca poderá cumprir sua promessa de nos dar a felicidade que tantoansiamos.Essa é a verdadeira ilusão do mundo material. Uma pessoa talvez considere odesfrute no mundo material como algo substancial. O que há de errada em sedesfrutar? O que há de errado em se buscar felicidade? A resposta é que oprazer da vida sempre acaba. É isso que há de errado. Tal prazer jamais poderásatisfaze o eu, porque o eu é eterno e, portanto, anseia por prazer eterno."Uma pessoa inteligente não se envolve com as fontes de miséria, que se devemao contato com os sentidos materiais. Ó filho de Kunti, tais prazeres têmcomeço e fim, e, por tanto, o sábio não busca prazer neles". (Bhagavad-gita5.22)Como podemos ver pelas palavras de Krsna acima, não só não podemos encontrarsatisfação nos prazeres temporários, mas os mesmos objetos de prazer nos trazemsofrimento. A miséria sempre acompanha a felicidade material. Sendo a almaeterna por constituição, não podemos encontrar satisfação no temporário. A vidano mundo material nunca irá nos satisfazer, não importa o quanto degratificação sensorial consigamos. É exatamente como um sonho. Podemosexperimentar alguma felicidade sensorial enquanto nos envolvemos com atividadesprazerosas, mas sempre temos que acordar para a realidade cheia de miséria elamentação. De um sonho, acordamos para a nossa vida diária; e de nossa vida,acordamos para doenças, velhice, morte e outras calamidades. Lembranças que se Apagam Na vida, as atividades a que nos dedicamos se tornam memórias, e essas memóriasse tornam sonhos. Todas as experiências que tivemos, boas e ruins, são apenasmemórias agora - fracas e sem substância - como um sonho que tivemos. Nós asesquecemos como se, de fato, nunca tivessem existido. Em essência, não hádiferença entre um sonho que tivemos e as experiências que de fato aconteceramconosco. Quando um homem velho senta-se na praça e fica contemplando as jovensque passam apressadas, não lhe é muito agradável lembrar de todo o prazer quesentiu quando tinha a companhia de mulheres. Algumas pessoas, às vezes, dizem que viveram plenamente, que têm boaslembranças para se apoiarem. Mas, de fato, as memórias do passado não sãosuficientes para nos satisfazer. As lembranças de momentos de desfrute quetivemos no passado ou a esperança de tê-los no futuro não podem satisfazer aprofunda carência que existe em nossos corações. Nossos sentidos e nossa mentepodem encontrar algum alívio em relacionamentos, ou mesmo em posses, mas porpouco tempo. Mesmo que amemos fielmente a mesma pessoa por toda a nossa vida eaquela pessoa reciproque nosso amor, a felicidade não será eterna -obrigatoriamente haverá separação, e a miséria tomara espaço novamente. Não hámaneira de evitar isto: a vida material é um poço de lamentações.Krsna diz: "Partindo do planeta mais elevando do mundo material e descendo aomais baixo, todos são lugares de miséria, onde ocorrem repetidos nascimentos emortes. Mas quem alcança a Minha morada, ó filho de Kunti, jamais volta anascer". (Bhagavad-gita 8.16)Agora, se não houvesse alternativa para a vida material, a existência seriaalgo realmente sombrio. Muitas pessoas que não têm conhecimento da alternativapositiva da consciência de Krsna acham a verdade acerca do mundo material algomuito deprimente. Mas, da mesma forma que um sonho denota algo real, nossa vidamaterial temporária é nada um reflexo distorcido de nossa vida real e eterna.O véu de nossa percepção material cobre, atualmente, nossa consciência e nossamentalidade. É isso que faz com que acreditemos ser possível encontrarfelicidade no mundo material através do corpo temporário. A alma deixa seu meiooriginal e eterno e entra no mundo temporário da matéria. Srila Prabhupadacompara tal posição como a de um peixe fora d'água. Fora de seu meio natural, opeixe não pode desfrutar, e logo morre. Não importa quanto prazer sejaoferecido ao peixe: ele não poderá desfrutar estando fora de seu meio natural.De forma similar, temos que morrer repetidas vezes, debatendo-nos por poucosmomentos inconseqüentes na praia do tempo. Esse ciclo só encontra fim quandoacordamos para nossa existência real.Nós viemos ao mundo material porque desejamos imitar a posição de Krsna como osupremo desfrutador e controlador. Como jamais poderemos usurpar a posição deKrsna, Ele bondosamente nos coloca para dormir na vida material para quepossamos sonhar que somos os desfrutadores e controladores.O processo espiritual genuíno da consciência de Krsna ajuda a alma que dorme nocolo de Maya a acordar para a realidade - a realidade da vida espiritual. Emrealidade, somos eternamente plenos de conhecimento e bem-aventurança. Mas,dormindo, não podemos realizar isso, senão que tentamos encontrar felicidade emnossos sonhos - sejam eles a busca pelo amor, a família, o sucesso, a riquezaou qualquer outra solução dentre diversas soluções temporárias. Procuramos afelicidade fora de nós, sendo que ela está o tempo todo dentro de nós. Somocomo um cervo que ignora o riacho próximo e corre para o deserto em busca deágua.Os sábios nos informam que a solução para essa lastimável condição, a maneirade se livrar dessa ignorância existencial, é o cantar do mantra Hare Krsna. Porisso, os membros do movimento Hare Krsna anseiam em ver todos cantando HareKrsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama,Hare Hare. O Kali-santarana Upanisad diz sobre o cantar do maha-mantra: "Essa éa única maneira de se combater os males de Kali-yuga. Mesmo que se busque portodos os Vedas, não se encontrará uma forma de religião mais sublime".


Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

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