Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Krsna como Rei (Krishna as King


Da última edição americana de Volta ao Supremo [Back to Godhead] – Vol. 41, No 5 • Setembro / Outubro 2007
Krsna como Rei
Krishna as King

Por Karuna Dharini devi dasi


A deidade de Krsna adorada no templo Hare Krsna de Los Angeles, onde moro, é chamada Dvarakadhisha, “o Senhor de Dvaraka”. Dvaraka é a impoluta ilha que o Senhor Krsna governou em Sua idade adulta. (Embora Krsna tenha vivido em Dvaraka quando presente na Terra há cinco mil anos atrás, Dvaraka existe eternamente no mundo espiritual. Portanto, neste artigo, eu usarei algumas vezes o tempo verbal presente de indicativo quando me referir a Dvaraka ou às atividades de Krsna na mesma). De maneira geral, os devotos de Krsna pensam nEle primeiramente como a Suprema Personalidade de Deus que fala o Bhagavad-gita e executa estonteantes passatempos espirituais na vila pastoril de Vrndavana. Em tal ambiente rural, Ele brinca e desfruta da vida entre vários parentes e amigos. Gaudiya Vaisnavas, ou seguidores de Sri Caitanya Mahaprabhu, sabem que Krsna, como um vaqueirinho, troca os mais íntimos sentimentos amorosos com Seus devotos. Todavia, Krsna é sempre Krsna, e os devotos O amam quando Ele se exibe em outros humores também. Ele é também muito doce e simples em Sua atuação como Dvarakadhisha.
Krsna não é um governante ordinário. Reis ou presidentes representam grandeza e poder neste mundo. Mas, mesmo assim, a mais elegante, educada e incrível personalidade é apenas uma diminuta indicação das opulências da Suprema Personalidade de Deus, cujo corpo é constituído de eternidade, conhecimento e bem-aventurança.
Embora Krsna, como Dvarakadhisha, desfrute de muitas batalhas esportivas, Ele não tem nada ou ninguém a conquistar, sendo sempre completo em si mesmo. Ele sempre sabe exatamente o que fazer no que concerne aos deveres de um rei em relação a seu povo, ministros e soldados. Seu rosto nunca é destorcido pela ansiedade de obrigações diplomáticas.
Embora Krsna governe como um adulto, Ele é de fato nava yauvanam, eternamente jovem. De acordo com o Brihad-bhagavatamrta, de Sanatana Gosvami, o rei de Dvaraka tem “toda a beleza da juventude acentuada por traços de doçura e de inocência”.
Como governante, Dvarakadhisha tem apenas as melhores intenções para com os demais. Seu único objetivo é derrotar as influências demoníacas e proteger Seus puros e rendidos devotos. Sua autoridade é inesgotável e a original. Obedecer a Sua autoridade é a natureza constitucional de toda entidade viva.
Um Reino Extraordinário
O livro Krsna, A Suprema Personalidade de Deus, de Srila Prabhupada, descreve Dvaraka como a mais bela e ostentosa cidade de toda a história. A ilha de Dvaraka é decorada com 900.000 extraordinárias mansões construídas do mais puro mármore, com portões e portas feitas de prata e pedras preciosas. O límpido oceano azul-esverdeado cerca a cidade por todos os lados. Os residentes das mansões, todos devotos puros de Krsna, são de beleza ímpar.
Os inúmeros jardins e parques de Dvaraka são cheios de flores de variados perfumes e cores, e abundam pomares repletos de frutas. Belíssimos pássaros cantores, pavões caminhando como bêbados, e lagos repletos de lírios e lótus são um deleite para os sentidos. Os residentes decoraram todas as ruas e passeios com potes de água, guirlandas, folhas de bananeira e flores fragrantes, apenas um pouco antes de Krsna ir passear por ali.
O Bhakti-rasamrta-sindhu de Srila Rupa Goswami descreve, “Os servos na morada de Dvaraka sempre adoram Krsna como a mais respeitável e venerável Personalidade de Deus. Eles são cativados por Krsna devido a Suas opulências supra excelentes”.
Através do Brihad-bhagavatamrta, aprendemos que, embora Dvarakadhisha seja absolutamente o mais poderoso rei dentre todos os reis, desfrutando de todas as opulências, Ele também é humilde, amigável e cheio de ilimitado amor. Seus devotos, em um extasiante humor de servidão, respeito e reverência, estão absortos em sentimentos amorosos por seu Senhor.
Um exemplo seria Rukmini, a singular e mais exaltada personalidade feminina, a principal rainha do Senhor. Ela é uma expansão da potência de prazer de Deus, sendo assim Deus em uma forma feminina, plena de todas as graciosidades e virtudes imagináveis. Ela manifesta sua beleza primorosa exclusivamente para o prazer do Senhor de Dvaraka.
Sri Rukmini está sempre satisfeita com Seu Senhor e sempre submissa a Ele. Ela compreende todos os Seus humores e guarda dentro de seu coração os detalhes de sua personalidade jovem e inocente. Embora centenas de criadas qualificadas atendam a todas as Suas necessidades, Rukmini abana o Senhor pessoalmente, segurando uma camara branca como a neve com suas jovens mãos ricamente adornadas. Ciúmes e ira nunca a afetam.
Um Rei Extraordinário
Em Sua juventude, Krsna deixou Vrndavana e viajou para a cidade de Mathura, onde assumiu Seu papel na dinastia Yadava. Ele lutou e matou o mais temido tirano de Seu tempo, Kamsa, e libertou Seus pais da prisão de Kamsa. Ele então construiu um forte na ilha de Dvaraka e transferiu todos os cidadãos de Mathura para lá a fim de protegê-los dos impiedosos parentes de Kamsa, que queriam se vingar a qualquer custo.
Mais tarde Krsna raptaria Sua rainha, a jovem princesa Rukmini. O irmão da jovem havia arranjado um casamento para ela como parte de uma aliança política. Mas ela só tinha o desejo de ter Krsna como esposo, então ela pediu a Ele, através de um mensageiro, para vir socorrê-la. Raptar uma princesa era algo comum para os reis daquela época, mas Krsna fez isso totalmente sozinho contra um exército de furiosos príncipes guerreiros. Krsna conseguiu a mão de várias outras princesas belas e estonteantes de várias outras maneiras heróicas. Ele resgatou 16.000 princesas que foram encarceradas pelo cruel rei Bhaumasura. Ele se casou com cada uma delas e forneceu a cada uma um palácio real na ilha de Dvaraka. Por muitas vidas de penitências e austeridades, elas rezaram pelo favor especial de Krsna.
O Néctar da Devoção afirma, “Enquanto Krsna vivia em Dvaraka, Ele expandiu-se em 16.108 formas, e cada uma dessas expansões residia em um palácio com uma rainha. Não só estava Krsna plenamente feliz vivendo com Suas rainhas em Seus palácios, mas Ele dava em caridade para os demais palácios um total de 13.054 vacas completamente decoradas com belas vestes e ornamentos diariamente. Isto significa que 13.054 multiplicado por 16.108 vacas eram dadas em caridade por Krsna todos os dias. Este era o comportamento caridoso exemplar de Krsna enquanto vivia em Dvaraka”.
Várias batalhas incríveis aconteceram entre Krsna e uma variedade de demoníacos reis rivais. O rei Jarasandha, o sogro de Kamsa, atacou Dvaraka com numerosas falanges militares que consistiam de dezenas de milhares de quadrigas, cavalos, elefantes e soldados. Krsna observou a imensa força militar de Jarasandha, que se assemelhava a um oceano prestes a engolir uma praia. Krsna pensou sobre a situação e Sua missão de livrar o mundo de influências demoníacas, e aceitou aquela oportunidade para afrontar e destruir aquelas falanges.
Depois, o Senhor Balarama, irmão de Krsna, prendeu Jarasandha. Krsna fingiu compaixão por Jarasandha e deixou-o ir embora, mas Ele tinha um plano: Jarasandha iria, no futuro, atacar por todos os lados a cidade de Mathura por dezessete vezes, e a cada vez Krsna e Balarama destruiriam centenas de milhares de soldados demoníacos. Jarasandha foi mais tarde vencido, eventualmente, pelo primo de Krsna, Bhimasena.
A Jóia Syamantaka e Outros Episódios
Devida a uma intriga envolvendo a jóia conhecida como Syamantaka, Krsna foi, certa vez, erroneamente difamado. A Syamantaka podia produzir ouro através de seu poder místico. Muitas pessoas cobiçavam a jóia, e quando ela desapareceu, alguns acusaram Krsna de tê-la roubado. A jóia, na verdade, estava nas mãos de uma pessoa que sequer podia cuidar dela e estava quase louco devido ao seu poder. Um cidadão, por fim, entregou tanto a jóia quanto sua filha a Krsna, tendo realizado que tudo o que há de valioso é mera demonstração da benevolência de Krsna e que deveriam ser oferecidas no serviço a Ele.
Um rival louco, chamado Paundraka, estava com tanta inveja das supra excelentes qualidade de Krsna que se convenceu ser o próprio Krsna. Ele se propôs a derrotar Dvarakadhisha vestindo alguns falsos braços extras e carregando imitação das armas que na verdade só são usadas pelo próprio Visnu. Declarando ser ele mesmo Deus, ele estava decidido a matar o Senhor. Eventualmente, Krsna decapitou Paundraka, que alcançou a liberação por ter meditado tão intensamente na Personalidade de Deus em sua ridícula intenção de matá-lO.
O inseparável primo de Dvarakadhisha, Maharaja Yudhisthira, certa vez, fez um grande sacrifício, o qual incluía uma cerimônia de louvor a pessoa mais proeminente na platéia. Embora Krsna estivesse posando como um rei comum, Yudhisthira adorava o Senhor como não outro senão a Suprema Personalidade de Deus, e assim ele escolheu a Ele para ser honrado e adorado na cerimônia. Mas o invejoso primo de Krsna, Sishupala discordou da decisão de Yudhisthira e censurou Krsna. Krsna, por sua vez, cortou eventualmente a cabeça de Sishupala com Seu disco e permitiu à alma de Sishupala a imergir em Seu corpo.
Durante Seu reinado, parte da missão de Dvarakadhisha era entronar Seu grande devoto Yudhisthira, a encarnação da religião, como imperador do mundo. O Senhor de Dvaraka agiu como um pacífico mensageiro em nome de Yudhisthira para tentar prevenir a guerra com os mal intencionados Kurus. Quando as negociações falharam, o irmão de Yudhisthira, Arjuna, ocupou o Senhor como seu quadrigário na batalha. Naquele momento, o Senhor Krsna, adornado com um elmo de ouro, falou o Bhagavad-gita a Arjuna a fim de iluminar a ele (e a nós) e de encorajá-lo a lutar. O Senhor era plenamente capaz de lutar na batalha e vencê-la rapidamente para Arjuna, mas Ele queria servir e aumentar as glórias de Seu devoto Arjuna ocupando-o em lutar por uma questão de dever em consciência de Krsna.
Os Episódios Mais Confidenciais
Se o reinado de Krsna como um rei parece repleto de acontecimentos incríveis, apenas tente imaginar quão incrível Ele parece aos olhos de Seus respeitosos servos em Dvaraka. Eles são sempre surpreendidos por Seu comportamento imprevisível. Eles se lembram de quando Sudama, um amigo de Krsna do tempo de escola, veio visitá-lO. Os guardas e esposas de Krsna testemunharam o que parecia um morador de rua indo para o quarto do Senhor sem nenhum pudor. Para o espanto deles, eles viram como Krsna reagiu com o mais sincero e espontâneo amor ao ver Seu querido e velho amigo.
Embora Sudama fosse muito magro e estivesse vestido com roupas gastas e velhas, Dvarakadhisha o abraçou, sentou-o em Sua própria cama e banhou seus pés enquanto Rukmini o abanava. Quando Sudama timidamente ofereceu a Krsna sua única posse, um saquinho com arroz branco ressecado, as rainhas de Dvaraka observaram espantadas a forma com que o Senhor aceitou o arroz: como se fosse o mais irresistível de todos os presentes.
Mais motivos para surpresa podem ser encontrados no Uddhava-sandesha, onde Rupa Gosvami diz que Dvarakadhisha se torna muito emotivo lembrando Sua família e amigos em sua antiga casa na vila pastoril. Ele tem muita saudade deles. Ele pede a Uddhava, Seu primo e amigo mais íntimo, para enviar uma mensagem Sua a eles. Embora fosse um rei com muitas esposas e um enorme reino a governar, para o espanto de Uddhava, o Senhor lembrava detalhadamente de cada pessoa que Uddhava deveria encontrar em seu serviço de mensageiro pela vila pastoril.
Talvez, o mais surpreendente episódio tenha ocorrido em um grande festival realizado em Kuruksetra durante o eclipse solar, quando os residentes de Dvaraka encontraram os residentes de Vrndavana. Os simples vaqueirinhos e vaqueirinhas de Vrndavana sentiram-se extremamente afortunados por poderem ver Krsna novamente. De dentro de seus corações, eles recontaram espontaneamente todos os passatempos infantis de Krsna. Infelizes ao ver Krsna vestido como rei, eles não podiam se imaginar voltando para Vrndavana sem Ele, então Krsna ficou em Kuruksetra por mais tempo do que havia planejado. Por verem o amor puro por Krsna dos aldeões de Vrndanva, os residentes de Dvaraka sentiram grande êxtase. O festival de Rathayatra do Senhor Jagannatha comemora esse passatempo. Em Krsna, Srila Prabhupada escreve, “O festival de Rathayatra observado pelo Senhor Caitanya é o processo emocional de levar Krsna de volta a Vrndavana”.
O Rei dos Reis
Krsna não é uma pessoa material, e Suas atividades não são atividades deste mundo. Seu ilimitado e sem paralelo passatempo de gozar da associação de Seus simples amigos e parentes vaqueiros é o coração do Vaisnavismo Gaudiya.
O Senhor Caitanya ensina que acima da adoração reverencial a Deus, está o amor puro nas relações de maior intimidade, como um amigo, um filho ou amante. Se o Senhor deixou de lado Sua adoração real em reverência e deslumbramento por causa da doçura, familiaridade e espontaneidade do amor dos habitantes de Vrndavana, isto é mais um exemplo de Seu amor transcendental como o Deus que é leal e devotado a Seus devotos.
Krsna é o original e supremo desfrutador. Meditar em Sua forma como o rei dos reis é sólido alimento espiritual. Isto nos ajuda a entender a dimensão ilimitada de puro poder e puro amor em suas formas espirituais originais. Os passatempos de Dvarakadhisha nos dão realização transcendental acerca do amor, poder e compaixão do maior herói e líder espiritual de toda a eternidade.


Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

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