Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Sankirtana! Caridade para Todos os Seres - Sankirtana! Welfare for All Being



Artigo originalmente publicado na revista Back to Godhead [Volta ao Supremo] – fundada por Srila Prabhupada no ano de 1944
Sankirtana! Caridade para Todos os Seres
Sankirtana! Welfare for All Being
Por Dayananda Dasa


Alex, meu barbeiro, trabalha no salão Pilatos no Queen, Nova Iorque, no começo do bairro hispânico. O salão tem, em sua maioria, cabeleireiros e clientes latinos, e é muito alegre e colorido, muitas vezes com salsa tocando em um som ambiente. Em uma visita recente ao salão, ao invés de salsa, estava tocando o mantra om namo bhagavate vasudevaya, que significa “reverências ao Supremo Senhor Krsna”. Comentei com Alex que este era uma das canções dos Hare Krsnas. Ele e eu conversamos algumas vezes sobre a consciência de Krsna, e ele ficou um pouco interessado. Parece que o CD era uma compilação européia de várias canções e orações exóticas de todo o mundo, e fora Alex quem o trouxera para o salão.
Ele me perguntou sobre o cantar. Eu lhe expliquei que a base da religião Hare Krsna é o sankirtana, ou a glorificação do Senhor em tudo o que se faz. Uma forma de sankirtana é o cantar dos Santos Nomes do Senhor.
Alex havia visto uma vez um grupo cantando nas ruas, e perguntou “Cantar é tudo o que sua religião faz? Vocês não fazem caridades ou trabalhos voluntários?”.
“Nós fazemos esse tipo de trabalho”, eu respondi, “mas nossa caridade é para a alma”.
Caridade para a Alma
Em uma conversa anterior, eu havia explicado para o Alex que não somos esses corpos; que somos almas. A alma é o veículo da alma. Ainda assim a idéia de caridade ou compaixão pela alma o deixou confuso, então lhe expliquei que meu guru, Prabhupada, compara a caridade motivada por compaixão ao corpo a salvar o casaco de uma pessoa que está se afogando e deixá-la se afogar, enquanto que a caridade motivada por compaixão pela alma seria salvar a pessoa que se afoga. Contudo, Alex, visivelmente, não podia imaginar como algo poderia ser feito para o benefício da alma.
Eu lhe expliquei que o próprio cantar é a maior atividade beneficente, porque ele invoca a presença do Senhor na forma de Seu nome. Quando cantamos em público, todos aqueles que escutam são beneficiados com a associação do Senhor. Assim, lembre-se: sankirtana é caridade. Alex, que é Católico e de Costa Rica, disse que algumas das freiras que ele conheceu em sua escola costumavam cantar o rosário quase que o dia inteiro. Ele estava imaginando se isso era algo parecido com o nosso sankirtana.
“Sim”, eu respondi, “é similar ao sankirtana. Prabhupada certa vez disse que o cantar do nome de Allah feito pelos muçulmanos também é como sankirtana”.
Alex disse que não queria me ofender, mas ele disse ter notado que muitas pessoas que vêm os Hare Krsna cantando não entendem o que eles estão fazendo.
Ele perguntou, “como isso pode ser benéfico se as pessoas não entendem?”.
Expliquei, então, que o efeito do cantar não depende de nossa compreensão. Dei o exemplo de um remédio que tomamos para curar uma doença. Nós temos que tomar as pílulas, mas não temos de saber como elas funcionam. Depois de certo tempo, o remédio faz efeito e a doença some. Similarmente, o cantar cura a alma de sua doença, que é se prender em maya.
Alex se lembrou que havíamos falado sobre maya em nossa última conversa.
“Sim”, eu disse, “maya é ilusão, e ela nos mantém focados neste mundo, enevoando nossa tendência de estarmos conectados com Krsna”.
Ele gostou da minha explicação do misterioso efeito do cantar, mas ele continuou achando imprático cantar no meio de pessoas que não faziam a menor idéia de estarem sendo curadas de maya.
“De fato”, eu expliquei, “nós dizemos, sim, sobre maya e Krsna. Nosso trabalho beneficente inclui a disseminação dos ensinamentos e glórias de Krsna. E, sim, você está certo: quando as pessoas entendem Krsna, elas recebem um benefício maior de nossa caridade na forma de sankirtana”.
Eu adicionei que a distribuição de livros é nosso meio mais efetivo de informar as pessoas do significado do sankirtana.
Ele perguntou, “Vocês vendem livros no metrô, como os Cientologistas e os testemunhas de Jeová?”.
Eu expliquei que temos alguns livros:
“Um deles é chamado Gita, que contém as instruções de Krsna, e outro seria o Bhagavatam, que é uma coleção de livros contendo as glórias de Krsna. E nós os distribuímos amplamente, algumas vezes, mesmo no metrô”.
Tocado pela minha sinceridade, Alex se lamentou pelo fato de uma religião na qual todos simplesmente cantam o tempo todo não parecesse prática.
“Bom”, eu disse, “alguns de nossos santos são exemplos de pessoas que cantavam continuamente, mas Prabhupada me sugeriu não seguir este caminho. Ele me sugeriu cantar por cerca de uma hora e meia ou duas horas por dia como dever de discípulo, mas ele disse que usar as demais horas do dia para trabalhar para Krsna seria tão bom quanto cantar. Ele me preveniu dizendo que preguiça poderia fazer as pessoas cantarem para evitarem tal trabalho. Porque eu era um pai de família, Prabhupada me encorajou a ter uma profissão honesta e usar meu empenho e dinheiro para o sankirtana”.
A Fórmula da Caridade Transcendental
Alex ficou com o pé atrás quando mencionei dinheiro. Ele disse que sacerdotes católicos que ele conhece estão sempre pedindo dinheiro, e que ele não gosta muito disso. Eu expliquei que Caitanya havia prescrito um espécie de fórmula da caridade transcendental que abrangia sua questão:
“Caitanya instou todos a fazerem caridade na forma de sankirtana através de oferecer palavras, inteligência, riqueza e vida. Ele ensinou que a base para a caridade em foram de sankirtana são a oferenda de palavras, incluindo o cantar público ou a distribuição da palavra impressa. Inteligência também é usada na caridade, organizando-se festivais de mantras e estratégias para distribuição de livros. Por exemplo, todo ano aqui em Nova Iorque, nós temos uma grande procissão descendo a quinta avenida chamada Rathayatra, com grandes e coloridos carros adornados com bandeiras e dosséis. Vários Hare Krsnas dedicam sua inteligência em conseguir autorização para o festival, organizando mostruários de livros, preparando comida ou organizando a limpeza”.
Pelo espelho, eu pude ver o rosto de Alex ganhar vida. Ele parou de mexer no meu cabelo e me disse que havia acompanhado a parada do Rathayatra em Junho de 2002, alguns meses depois do ataque ao World Trade Center. Ele comentou que a devastação do ataque havia o deixado um tanto deprimido, mas ele sentiu como se o Rathayatra tivesse rejuvenescido sua alma. Ele também se lembrou de procissões Católicas em Costa Rica.
Sem perder o foco, ele perguntou, “E quanto ao dinheiro que você mencionou? Quem fica com o dinheiro?”.
Eu respondi, “O ponto importante é que a doação de dinheiro tem por base a oferenda de palavras e da inteligência, assim, nós devemos usar nossa inteligência quando doamos dinheiro, e não dependermos de outros para decidirem ou intercederem. Nosso dinheiro está nos festivais de mantras e na distribuição de livros. Nós também o usamos para manter os templos, que são centros de distribuição da máxima caridade, o sankirtana. Prabhupada ensinou que deveríamos nos certificar que nossas oferendas para o sankirtana não fossem usadas de forma inapropriada. Parte da missão da organização que ele fundou – a Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna – é administrar devidamente o uso das contribuições. É especialmente importante oferecer dinheiro, porque Krsna ensina no Gita que tal oferenda é parte de uma yoga chamada karma-yoga”.
Quando mencionei yoga, Alex me disse que ele fazia um pouquinho de yoga em casa e que, algumas vezes, ia a aulas. Expliquei, então, que karma-yoga é diferente de exercícios de yoga.
“Karma-yoga é a oferenda de seu esforço e dinheiro para Krsna como uma forma de se conectar a Ele. Krsna ensina que usar dinheiro para o benefício próprio é a causa do condicionamento material, mas sacrificar sua riqueza para caridade liberta a pessoa de maya. Também, Krsna ensinou que karma-yoga é uma parte essencial da mais alta e poderosa yoga, bhakti yoga ou serviço devocional. Bhakti-yoga é a mais alta yoga porque redesperta o amor por Krsna”.
Meu corte de cabelo havia acabado já há alguns minutos, e Alex tinha outro cliente aguardando. Eu apenas o lembrei que tudo é baseado no cantar. Ele perguntou se eu poderia escrever as palavras da oração do CD, então escrevi om namo bhagavate vasudevaya. Em baixo da oração, eu escrevi: Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.
Eu lhe disse que “a oração do CD tinha o poder do nome de Krsna, e que cantá-la iria lhe beneficiar muito. Além do mais, Prabhupada ensinou a seus seguidores que cantar Hare Krsna era algo especialmente recomendado para a era em que vivemos. O cantar de Hare Krsna é mesmo maravilhoso”.
Alex pediu para seu próximo cliente ir para a cadeira de lavar o cabelo, e eu fui para o caixa pagar pelo meu corte. Eu voltei-me para ele mais uma vez e disse que da próxima vez eu traria o Gita de Krsna para ele. Assim ele poderia aprender como oferecer sua inteligência e também o seu cantar. Aí ele brincou que ele estava um pouco longe da parte de oferecer dinheiro. Eu ri.
“Sem problema”, eu disse, “Krsna diz que você pode começar Lhe oferecendo até mesmo uma folha”.
Enquanto eu me preparava para ir embora, Alex me perguntou quanto de dinheiro eu dava para o sankirtana. Eu respondi que Prabhupada havia-me sugerido dar cinqüenta porcento do que eu ganhava, e era o que eu estava tentando dar. Ele ficou surpreso e disse que isso parecia ser bastante.
“Vou lhe dizer com sinceridade, Alex”, eu respondi, “eu estava profundamente grato pelo carinho e treinamento de Prabhupada, e senti que isso era o mínimo que eu podia fazer. Também, Caitanya costumava comprar a caridade do sankirtana à distribuição de uma fruta que cura da velhice e da morte. Eu sou encantado com essa analogia e eu, definitivamente, experienciei o benefício de dar tal fruta e ver os outros tirarei benefício dela”.


Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

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