Dedicado a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedenta Swami Prabhupada e Gurudeva Srila Dhanvantari Swami

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Jagad Guru Srila Prabhupada

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A Verdadeira Erudição


A Verdadeira Erudição


Por Bir Krishna Prabhu (DVS), Facilitador do Instituto Bhaktivedanta para Auto-Realização – IBAR. Uberaba, MG. 19/10/2007.


Eu tenho tentado por vezes ouvir o Bhagavad-gita como se eu tivesse ali presente no cenário de Kuruksetra, espreitando a memorável conversa entre as duas grandes almas, Krishna e Arjuna. É dito que devemos nos espelhar no humor dos grandes devotos para conseguirmos ter um vislumbre de suas realizações. Pessoalmente, ao adotar esta atitude de ouvir deste modo o Bhagavad-gita, inspirei-me no exemplo de Sanjaya, o narrador do Bhagavad-gita que dirigindo-se a seu amo Dhritarastra, a quem relatava os acontecimentos na frente de batalha em Kuruksetra, diz: “Ó rei, à medida que vou recordando este magnífico e santo dialogo transcorrido entre Krishna e Arjuna, sinto prazer e a cada momento fico emocionado” (Bg. 18.76).

Vejamos, de fato, o que acontece conosco quando somos testemunhos de uma conversa muito edificante? A minha experiência tem me mostrado que me sinto transportado pela atmosfera que cerca este evento e me emociono em diversos pontos altos da conversa. E mesmo dias após ter participado deste momento ímpar a semelhança de Sanjaya, sou ainda capaz de recordar cada palavra de tal conversa e ser de novo mexido intimamente por profundos, sutis e saborosos sentimentos. O Prabhupada-lilamrta, a biografia autorizada do fundador-acharya da Sociedade Internacional para Consciência de Krishna (ISKCON), relata que as conversas de Srila Prabhupada com diversas personalidades formadoras de opinião, em suas caminhadas matinais, eram acompanhando por muitos devotos seniores que se embebiam com os assuntos discutidos naquelas ocasiões e até hoje se rememoram das mesmas em suas aulas nos templos da ISKCON ao redor do mundo. Eu pessoalmente, como tantos outros devotos, tive a feliz oportunidade de ouvir essas memoráveis conversas de Prabhupada por intermédio de seus discípulos íntimos como Hridayananda das Goswami e Jayapataka Swami.

Meu desejo, neste artigo, querido leitor, é compartilhar com você, um dos pontos altos, direi o primeiro, na conversa entre Krishna e Arjuna. Este último ocorre no exato momento em que o Senhor Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, após acolher o pedido formal de Arjuna para o discipulado, assume de fato seu papel como mestre espiritual e repreende de modo incisivo o seu mais novo aluno dizendo:

asocyan anvasocas tvam
prajna-vadams ca bhasase
gatasun agatasums ca
nanusocanti panditah
(Bg. 2.11).

“Enquanto falas palavras sábias, estás lamentando aquilo que não precisa te afligir. Os sábios não lamentam nem os vivos nem os mortos”.

Eu que ali estava espreitando a conversa entre os dois ilustres personagens, fui sacudido pela gravidade das palavras do Senhor Krishna, mas ao mesmo tempo numa atitude de muita reverência, acolhi aquela repreenda como dizendo respeito a mim mesmo. Às vezes, quando o mestre espiritual corrige a atitude errônea de um discípulo diante de um outro, em vez, deste ultimo fazer disto mais tarde motivo de chacota, deve ao contrario aproveitar pessoalmente a lição. Portanto, imbuído deste estado de espírito, pus-me a meditar sobre o significado da fala do Senhor Krishna naquele momento. Embora, transportado pela atmosfera da sagrada conversa, os comentários de Srila Prabhupada logo vieram a meu auxilio para clarear-me a mente.

Arjuna, como príncipe guerreiro havia recebido uma educação primorosa em todos os ramos do conhecimento védico, como ética, princípios religiosos, etiqueta, política, etc., e fizera valer, portanto, tal conhecimento em sua argumentação enquanto questionava diante do Senhor Krishna a validade da batalha e inclinava-se a recusar-se a luta para não ter de enfrentar seus próprios entes queridos e correr o risco de perdê-los durante os confrontos. A esse respeito, Srila Prabhupada comenta: “Arjuna não sabia que o conhecimento sobre a matéria, a alma e o Supremo é ainda mais importante do que as praxes religiosas. E porque lhe faltava esse conhecimento, ele não devia tentar fazer-se passar por homem muito instruído. Como de fato não era um homem muito erudito, conseqüentemente ele estava lamentando algo que era indigno de lamentação. O corpo nasce e está destinado a perecer hoje ou amanhã, logo, o corpo não é tão importante como a alma. Aquele que sabe disso é realmente erudito, e qualquer que seja a condição do corpo material, ele não tem motivo para lamentação”. Eis o significado da verdadeira erudição, estar ciente da supremacia do espírito sobre a matéria, e melhor ainda, conhecer nossa posição constitucional enquanto alma como serva eterna do Senhor Krishna, assim ocuparmo-nos ininterruptamente em presta-Lhe serviço com muita devoção e amor.


HARE KRISHNA

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